Meu caro Karhu,
Sim, a princípio a linha de raciocínio "negar até à morte" é bastante salutar e o benefício da dúvida é um eficiente remédio para cura das feridas. O que os homens devem entender, é que as mulheres têm consciência que o estado de cornitude está inserido nos gametas femininos. No fundo elas sabem que são cornas, mas racionalmente precisam de alguma desculpa, mesmo que de polichinelo, para de alguma forma se justificar perante suas consciências e à sociedade.
Assim sendo, invente uma merda, uma merda qualquer, mas sustente-a com convicção, a plenos pulmões e se a cara com óleo de peroba permitir, simule indignação, muita indignação, por ela estar duvidando de sua palavra. E mais, mostre-se ciumento em relação a ela.
Neste ponto abro uma parênteses para comentar que todas as pessoas extremamente ciumentas que conheci eram notórios(as) corneadores(as). Eu mesmo tive uma regra 3 que, apesar de adornar a testa do marido, não deixava o cornudo olhar para nenhuma mulher. Curioso, não? E minhas observações não se resumem a ela, mas a muitas outras pessoas. Uma das poucas exceções sou eu mesmo, que detesto faniquitos de ciúmes, até porque consegui dúzias de cornos com ataques de ciúmes.
Ocorre, no entanto, que o negar até a morte tem limites, que é exatamente a situação do pêgo em flagrante. Ouso dizer que até o batom na cueca pode ter justificativas. Mesmo em relação a uma gravação você pode dizer: "Mas esta voz não é minha. Se você duvidar faço questão de fazer uma perícia para provar que estou dizendo a verdade." Depois é só acertar os honorários do perito.
Somente a pica na buça é irremediável. Mas também ouso dizer que, mesmo nesta situação você pode fazer uma cara de zumbi e quando a patroa te der um tapa na cara, você finge acordar do "transe" e diz: "Meu Deus, que lugar é esse? Quem é essa mulher? O que estou fazendo aqui? O que está acontecendo? Cadê minhas roupas? Cadê o whisky que eu estava bebendo? Por que minha cabeça está tão confusa? Amor, por Deus, me leve embora daqui!"