Meu caro Casadão.
Assaz interessante e oportuno seu questionamento.
Em minha infância e juventude - e isso já se perde na História - eu ficava impressionado com as narrativas de meus colegas infantes. Era um tal de comer as meninas do bairro, as primas e as empregadas, que não tinha fim. Apesar da tenra idade parecia que os Dom Juans de fraldas estavam imersos em um filme pornô sueco em Super 8 ou numa revista do Carlos Zéfiro, que era o máximo de sacanagem que se via então.
Eu, pobre diabo, me julgava um merda. As meninas era simpáticas comigo, brincavam de "mãe-da-rua", "esconde-esconde" e até a "brincadeira-do-copo", em que conversávamos com espíritos obsessores. Mas trepar que é bom, ninguém trepava.
Certa vez, cansado de minha inatividade sexual, reuni coragem com uma menina ainda em formação e disse a ela no melhor estilo "Rubens Castilho": "Fulana, dá o cu pra mim?" Ela me acertou uma pedrada na testa.
Curioso é que as crianças daquela época pensavam sempre em comer o cu, mas não a buceta.
Bem, cu ou buceta, não importa, o fato é que não se comia nada, a não ser algumas empregadas domésticas mais dadivosas, que tornavam-se a alegria da garotada. Mas eu só ouvia falar delas, não comi nenhuma.
O tempo passou, eu cresci, meus colegas cresceram e também as meninas viraram mulheres. Dessas mulheres, algumas se tornaram respeitáveis, outras galináceas, mas tudo dentro das estatísticas normais.
No entanto, aqueles pequenos garanhões que comiam todas, esses eu percebi com o tempo, tornaram-se, via de regra, grandes embrulhões, estelionatários com capivaras respeitáveis ou simplesmente idiotas de mau-caráter mesmo. Os que não comiam ninguém e não se vangloriavam de nada, tornaram-se pessoas normais.
Este nosso GPGuia nada mais é do que uma reedição da vida. Os relatos impressionantes que você lê, com tudo dando certo, em fodas dignas de um épico de Cecil B. De Mille, nada mais são do que lorotas de mentes de dementes sem noção. Quem lê tais relatos tem a impressão que a puta trabalha por amor à arte e que o tal forista Pantaleão achou a mulher dos sonhos.
Se você ler meus TDs perceberá a quantidade de negativos que eu posto. Em suma, continuo o mesmo fodido de quando era criança e adolescente. Todos se dão bem, menos eu. E olha que nos casos em que dou positivo é porque julgo que a meretriz realizou seu serviço a contento e não porque ela se tornou inesquecível e que eu fui especial entre centenas, quiçá milhares. Se algumas putas têm consideração por mim - e isso acontece - é mais pelo que eu escrevo do que por meu desempenho sexual. Ou seja, sou mais considerado pela minha literatura rasteira que pela minha língua brejeira.
Agora, respondendo às suas perguntas:
(1) Qual o truque pra ficar mais tempo, já que mesmo eu fazendo cara de coitado, demonstrando carência, chorando, ou segurando os pés das putas, depois do tempo combinado, as vagabundas vão embora?
Resposta: Enfie a mão no bolso e extraia mais duas garoupas. Não tem erro.
(2) Por que os foristas não fazem TD quando estão tranqüilos? É todo mundo tão ocupado assim?
Resposta: Bem, neste caso há duas variáveis possíveis. A primeira é a daqueles foristas que, embora se digam muito machos, se cagam de medo da Dona Patroa e por isso não podem ficar muito tempo fora do ar.
A segunda variável é profissional: é pura propaganda enganosa, da mesma forma que faziam com relação às meninas do bairro. Afirmam-se muito importantes no trabalho, insubstituíveis até. Sabem, porém, que se ficarem fora muito tempo, seus superiores perceberão que não fazem a mínima falta e, ao retornar, receberão o bilhete azul.
(3) E como fica Michel Foucault, para quem a liberdade moderna nada mais é do que a internalização de práticas sociais disciplinares?
Resposta: Foucault está para a putaria, assim como Carla Perez está para a Filosofia. A única prática social de internalização que interessava a Foucault, era a internalização do membro viril masculino em sua saída de esgoto. Concluo, portanto, que neste contexto de liberdade moderna, Michel Foucault obviamente e por questão de coerência ficaria de quatro.