PARA MIM VALE A PENA!
A entrada do cine é R$5.
O cine fica perto da praça da Sé.
PAGO,FODO E SAIO!
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Em outro ponto do centro da cidade, no Cine Astor, o gerente da noite vai contabilizar 374 pessoas pela roleta depois de quatro sessões. É um número sem explicação razoável para um dia de semana, no local que registra 200 espectadores por dia. Inaugurado em abril de 1953, com o nome de Cinema Art, tinha revestimento acústico, tela de porcelana e um marketing capaz de elevá-lo a bibelô dos cinemas soteropolitanos. Reformado para Astor, em 1973, com 450 lugares e dois andares, permaneceu por uma década como local de boa freqüência até virar simplesmente o Palácio do Sexo. No prédio da Rua da Ajuda, com característica mais asseada que o similar Tupy, casais homossexuais se espalham por escadinhas e corredores revestidos em madeira.
Dentro da sala, as atitudes são as mesmas, as demandas tornam-se despudoradas e a semi-escuridão é reveladora. A tela exibe o mesmo tipo de filme, só que em imagem mais límpida e áudio sedutor. Na escada, um senhor grisalho, com aparência de turista dinamarquês, encoxa um mulato esguio. Eles se lambem com sofreguidão no pescoço e saem dali para o hotelzinho em frente.
Enquanto isso, os olhares continuam buscando interessados no Tupy. Se houver correspondência, nem vai ser preciso uma palavra. Outro celular toca, mas desta vez o jovem, ligeiramente fora de forma, mas tentando parecer atraente, atende sem sair do lugar. Avisa a alguém que está no cinema e pergunta se o interlocutor já dispensou a namorada. Antes de desligar, relembra que vai dormir “aí mesmo”.
Um mulato magro, com pinta de lateral direito de baba de bairro, se recompõe fechando zíper e botão da bermuda jeans. Antes de passar pelo saguão de saída, que já foi ornamentado por peças de Juarez Paraíso, está arrumado e na rua vai voltar a ser “Reginaldo, o craque do XV de Novembro”. O gordinho sincero ao celular se encosta em um senhor negro, estilo de sapateiro eminente na década de 70. Aos poucos, ele já está fazendo propostas quase inaudíveis para quem está a dois metros de distância da dupla em pé. O alvo das investidas sorri e cede a chance de receber algumas carícias no pescoço.
Na segunda fileira, um senhor de cabelos totalmente brancos segura a cabeça de um mais moço no colo. Em pouco tempo, a cena se inverte e em seguida os dois vão para o banheiro, um recinto que materializa em alguns metros quadrados as palavras “público” e “excremento”. Um roteiro de um filme impressionista europeu seria insuficiente para tentar traduzir odores, umidade e permissividade do local. Com um estreito corredor de entrada no formato de “u”, só descobre-se o que está sendo feito lá dentro depois de estar lá dentro. E o que se faz no interior de um banheiro como o do Cine Tupy não é muito distinto do que se faz na própria sala de projeção – ou se exibe na tela. A diferença é que em um espaço de seis metros quadrados, com uma permanente camada de água no chão, um cheiro forte e iluminação fosforecente, as cenas viram dantescas. No mictório, dois ou três clientes ficam em intermináveis mímicas de urina com o pênis fora da calça e a observação atenta de quem entra e sai do lugar. Nas cabines, todo o resto é permitido.
Nas poltronas, tipos exóticos se refestelam, como o rapaz que batuca na perna no mesmo ritmo das estocadas de outro ator. Os travestis são em três e ficam rodando o ambiente à procura de fregueses. Usam roupas com estampa de zebra, dois de calça de cotton e o terceiro de saia longa. Estão com menos sorte do que o jovem com aspecto de secundarista e bermudão de nylon que por duas vezes já foi intimado a descer algumas fileiras abaixo. E aceitou.
Na penumbra, qualquer cédula vira pagamento, qualquer ato mais libidinoso pode ser lucrativo. Um senhor de cabelos brancos e lisos, quase a imagem de um tabelião respeitado, também faz a ronda e se retira ajeitando a calça na cintura. Outro parecido com um comerciante galego oferece cigarro a um esguio taxista. É bem no momento em que o filme mostra que o manicômio foi transformado em um grande salão branco, onde o almoxarife arranca a calcinha da chefe do plantão, o diretor do sanatório é sodomizado por duas enfermeiras e o único interno se livra da camisa-de-força para se masturbar ordenando que uma das moças toque os seios da outra. Definitivamente, ninguém é de ninguém.
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Você só frequenta o Cine Astor? Nunca viu outros lugares pra descrever?Viciadinincú escreveu: Eu já tive lá 14 vezes e
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