Entardecer no Paraíso .
Não mais do que de repente eu abri as pálpebras, a visão turva prenunciava vultos entrelaçados.
Aos poucos recobrei a consciência, e pude ouvir gritinhos abafados pela cascata de
granito africano ao meu lado.
O colchão d'água, de maciez imprevista, trazia reminiscências de alguns minutos antes, um anjo moreno sussurrando doces palavras.
A confusão em minha mente, que provavelmente decorria daquele
whisky Green Label apreciado uma hora antes, me fez acreditar que eu me encontrava em um parque de diversões. Mas era um parque diferente.
Algumas mulheres brincavam de montanha russa, mas não descobri brinquedos. Havia homens por baixo com os olhos revirados de prazer, achei meio estranho.
Outras garotas só queriam pirulito e estavam com a cabeça abaixada, olhando mais de perto eu as vi com a boca cheia de um líquido sendo jorrado pelos meus companheiros , não entendi direito.
Acho que tinha gente doida, pois não paravam de sorrir nem por um minuto. Isso não podia ser real !
Na mesa central uns derramados se divertiam com pães italianos e franceses, pães com gergelim e com nozes e passas, frios (copa, presunto parma, lombo canadense, presunto, queijo gouda, gorgonzola, Grana Padano, ementhal, mozzarela de bufala, azeitonas) e patês diversos, Red e água Perrier.
Um
banquete japonês deu ares de perfeição ao encontro:
Sashimis: robalo, atum, salmão e polvo
Sushis: salmão skin, camarão, califórnia e Filadélfia
Molhos: teriyaki e shoyu
Hossomaki: salmão e camarão
Wasabi, gengibre
Fitei o horizonte e avistei o que parecia ser um túnel enfumaçado. Mais de perto a fragrância de eucalipto denunciava uma
sauna. O vapor dos
cristais de eucalipto encobria corpos desnudos, e a porta entreaberta revelava leves suspiros. Aproximei-me e vi um trenzinho. Mas todo mundo estava de pé, o trem ia pra frente e pra trás, pra frente e pra trás, em movimentos intermináveis. Trem moderno esse, né ?
Continuei meu passeio pelo local e cheguei em um parque aquático, com um brinquedo tradicional: um carrossel. Pelo menos uma atração conhecida, imaginei eu ! Mas em vez de estruturas metálicas, eu vi umas seis pessoas com as mãos dadas, se esfregando e saboreando um
Champagne Codorniu.
Do outro lado as pessoas saltitavam e faziam acrobacias em uma pista de dança (mas esse não era um local pueril ?). O som psicodélico deixava os presentes mais excitados, e os carregava por ondas desconhecidas.
Para finalizar os momentos fora do comum, um brando chuviscar me levou para um canto, onde dois casais se deleitavam com uma gangorra e um balanço. Um amigo pegou o óleo de amêndoas e ali estava ele a brincar de escorregador com uma gata loira.
Enquanto na
hidro holandeza uma intensa movimentação ocorria, as gotas celestes deram tons
violáceos ao ocaso solar.
Subitamente me chamaram: "amor, vem aqui me fazer carinho, estou com saudade ! " E nesse momento eu me lembrei que aquilo não era um parque, mas sim uma festa. Aquele local era o Paraíso. E eu estava passando o
Entardecer no Paraíso .
Fotos do evento:
http://s994.photobucket.com/albums/af69 ... avermelho/