Em 2009, quando lancei um dos meus livros que versava sobre a prostituição, me surpreendi. Na Lapa, coração carioca, local onde ocorreu o lançamento, apareceram sociólogos, psicólogos, cineastas, estudantes de cinema e alguns escritores. Eu não os conhecia, eles foram atraídos pelo título da obra. E depois foi interessante constatar que este meu livro foi um dos que mais vendi e vendo até hoje. Com o tempo, recebi contatos de produtoras de filmes querendo comprar direitos de algumas histórias e outras propostas que visavam a transformar o livro em audiovisual.
Após o episódio do lançamento, percebi que a prostituição também é prostituída como um derivado comercial e teórico. É um mercado cultural e acadêmico que pode render títulos, grana e visibilidade. De lá para cá, diários de garotas de programa foram publicados, filmes e séries foram realizados e inúmeros estudos universitários foram concluídos. A prostituição virou vitrine, mas isso não se reverteu em benefícios ou dignidade para a profissional do sexo, mas deu grana, fama e respeitabilidade para todos os que exploraram o tema.
Para não dizer que ninguém tentou, Gabriela Leite, uma ex-prostituta que ganhou a mídia com o livro “Filha, mãe, avó e puta”, levantou uma proposta de legalização que foi encampada por alguns políticos. Gabriela faleceu em 2013 e a legalização que levaria mais segurança e dignidade às profissionais do sexo não deu em nada. Gabriela também criou a DASPU, uma grife de roupa que era voltada para as prostitutas e que colaborou para tirar o tema da prostituição da marginalidade. Hoje, nestes tempos dos “cidadãos de bem”, o assunto não tem a menor chance de voltar à discussão.
A luta contra a hipocrisia deve ser associada também à luta contra o oportunismo, que faz da prostituição e das prostitutas um celeiro que gera dinheiro, títulos acadêmicos, lugar ao sol e nenhum final feliz para as protagonistas, que continuam exiladas como mulheres da vida. Fala-se tanto em minorias, os LGTBs continuam conquistando espaço e mídia, mas a prostituição não evoluiu na direção de qualquer direito ou proteção. O meretrício é o mote preferido daqueles que usam uma causa somente em causa própria.
Após o episódio do lançamento, percebi que a prostituição também é prostituída como um derivado comercial e teórico. É um mercado cultural e acadêmico que pode render títulos, grana e visibilidade. De lá para cá, diários de garotas de programa foram publicados, filmes e séries foram realizados e inúmeros estudos universitários foram concluídos. A prostituição virou vitrine, mas isso não se reverteu em benefícios ou dignidade para a profissional do sexo, mas deu grana, fama e respeitabilidade para todos os que exploraram o tema.
Para não dizer que ninguém tentou, Gabriela Leite, uma ex-prostituta que ganhou a mídia com o livro “Filha, mãe, avó e puta”, levantou uma proposta de legalização que foi encampada por alguns políticos. Gabriela faleceu em 2013 e a legalização que levaria mais segurança e dignidade às profissionais do sexo não deu em nada. Gabriela também criou a DASPU, uma grife de roupa que era voltada para as prostitutas e que colaborou para tirar o tema da prostituição da marginalidade. Hoje, nestes tempos dos “cidadãos de bem”, o assunto não tem a menor chance de voltar à discussão.
A luta contra a hipocrisia deve ser associada também à luta contra o oportunismo, que faz da prostituição e das prostitutas um celeiro que gera dinheiro, títulos acadêmicos, lugar ao sol e nenhum final feliz para as protagonistas, que continuam exiladas como mulheres da vida. Fala-se tanto em minorias, os LGTBs continuam conquistando espaço e mídia, mas a prostituição não evoluiu na direção de qualquer direito ou proteção. O meretrício é o mote preferido daqueles que usam uma causa somente em causa própria.