— O que seria isso, desocupado Dante — questionaria o forista implicante.
Explico. A profissional do sexo é competente, faz o que se propõe, geralmente não impõe restrições que afastam, mas por algum motivo não nos faz feliz, só nos faz gozar. A garota emocional é diferente e rara, ela possui instinto, sabe como tocar o cliente além do sexo, é sedutora, assemelha-se sempre a uma promessa de paixão. Ouso dizer que a garota emocional acumula uma quantidade de clientes fixos muito maior do que a garota profissional, por motivos óbvios. Não tentem explicar isso para uma garota profissional, ela não enxerga, é inútil. A garota profissional trabalha com rotatividade, a emocional com fidelização.
Foi nas minhas andanças recentes que consolidei a teoria. Já me dizia um antigo mestre, que muito me ajudou a visualizar o universo libertino através da filosofia: A garota profissional aluga o corpo, a emocional vende amor.
Bingo! Uma é comércio e a outra é ilusão. Uma é máquina de calcular a outra é faz conta de cabeça. Não é à toa que quando um forista desavisado se apaixona quando cruza com uma garota de programa emocional. Leva para morar junto, faz contrato de união estável e pensa em ter filhos. No fim, termina em um pé-sujo da Lapa escutando Amado Batista e planejando suicídio porque foi abandonado. A garota emocional é uma miragem de êxtase e dor.
Quando escrevo um relato e classifico a garota como “boa profissional”, podem ter certeza de que não irei repetir o encontro. Foram poucas as garotas emocionais que encontrei no meu percurso, dessas que vendem a ilusão do amor. Acabei me envolvendo e me estrepando como tantos foristas que caíram na mesma armadilha. Ossos do ofício, é o currículo do libertino. Fui sensato, nunca casei com nenhuma delas, mas conheço uma rapaziada que chamou o padre e o sacristão para abençoar o enlace e dizer “até que a morte nos separe”. Geralmente, não é a morte que separa, mas a grana, a neurose e a incapacidade que algumas dessas meninas possuem para manter relacionamentos longos. É uma ilusão boa de viver (eu já vivi), mas sempre há um preço a pagar. Mephisto não faz pacto de graça.
Estou em busca constante pelas garotas emocionais. Fujo das profissionais, mesmo que sejam as melhores do ramo. Sou um velho viking, e a terceira idade quer sexo com romance, isso as profissionais não oferecem.
Há outro tipo, as que simulam as virtudes das garotas emocionais, mas são apenas caça-níqueis. É a pior espécie. Podem enganar por alguns instantes, mas se revelam rápido. Impostoras.
Creio que seja difícil para uma garota de programa desenvolver amor, elas já leram o dicionário masculino de papo-furado até a última página e acabam associando homens a dinheiro. Não que civis não sejam assim, algumas são até piores, mas na garota de programa isso é um exercício diário que acaba corrompendo qualquer ideia romântica. É apenas uma suposição que faço. Já houve meninas que ficaram com ódio de mim por verbalizar essa ideia, mas fórum é um espaço de discussão, eu me permito.
Que venham outras opiniões.