Tenho feito romaria por diversas casas de amor livre do Rio e o que encontrei foi um cenário de desolação. A verdade é que os bordéis cariocas nunca deram valor ao cliente, o atendimento é frio, as instalações desconfortáveis, as meninas fazem o que querem e os preços são abusivo. Então, veio a crise. Nunca antes vi bordéis serem afetados por crise econômica, mas sucumbiram diante do quadro de milhões de desempregados, funcionários públicos com salários atrasados, fechamento de empresas e corte na remuneração. Mais do que a crise, o que vem afetando os haréns do Rio é uma mudança no comportamento do cliente. O dinheiro é raro, o cidadão agora pensa antes de gastá-lo ou se quer gastar em algo fugaz como o coito numa cabine apertada.
Certa vez um professor me disse que o bom comerciante é aquele que vende amor, mas os cafetões continuam querendo vender somente sexo e destilados. Os clientes que restaram guardam o desejo íntimo de se sentirem exclusivos, querem ser VIPs, querem benefícios e qualidade. Vejam como o Uber implanta seu marketing nas cidades, se aproveita das falhas no serviço de táxi para vender uma ideia de qualidade e tratamento diferenciado com preço menor. Mesmo que seja mentira, colhe o lucro com isso.
Os gerentes de randevus não querem ter o trabalho de encantar os clientes, de tratá-los como sua verdadeira fonte de renda, abrem uma casa e deixam no modo automático. Isso não cola atualmente. Ninguém mais quer encarar garota de programa fresca, malcriada ou mal-humorada; ninguém suporta mais meninas que ameaçam clientes; ninguém quer mais ser explorado no bar das boates; ninguém quer trepar numa cabine apertada e com aspecto ruim. Ou mudam ou irão continuar fechando as portas em toda a cidade.
Passei de carro em São Cristóvão, pela Av. Francisco Eugênio, na altura do Batalhão da PM, levei um susto. Existem colônias imensas de meninas da Vila Mimosa fazendo ponto na pista. A Vila Mimosa, praticamente, se transferiu para a rua em frente ao Batalhão, o que prova a teoria que exponho aqui. Qual a mente insana que irá pagar 70 reais para fazer um programa no ambiente insalubre da zona? Podem até restar alguns que ainda paguem, mas o movimento caiu assustadoramente, fazendo com que as mocinhas precisassem pescar incautos na pista.
As boates de Copacabana estão em extinção, sempre voltaram a atenção para os gringos e desprezavam a presença de brasileiros. O turismo diminuiu, os brasileiros não pagam o que eles cobram e o resultado é que faliram. Cafetão prefere falir a se adaptar.
Não sei como estão os privês, mas o formato Termas está acabando por conta de uma ganância que não oferece contrapartida aos frequentadores.
No Brasil, neste século 21, as casas de mulheres precisam ser administradas como uma empresa que oferece um serviço e que necessita da satisfação dos clientes. Não dá mais para abrir um puteiro e tocá-lo para frente como um boteco administrado por qualquer lusitano grosseiro. Termas ou boates liberais não podem parecer com auditório do programa do Chacrinha.