Sou a favor da existência, mas contra a "glamurização" delas. Exemplifico:
Em qualquer lugar do país, onde há jogo com a presença de torcidas organizadas, há grande mobilização de policiamento, uma "reserva" não-oficial de vagas para essas torcidas e outras regalias menores que já presenciei, como preferência para entrada e saída desses torcedores nos estádios, pontos que deveriam ser POR DIREITO direcionados a TODOS os torcedores, mas não são.
A "glamurização" que eu cito, tem como exemplo maior a torcida "Gaviões", mas a listagem a seguir serve para todas as outras, ainda que em menor escala, e tem causa/efeito diretamente ligados ao comportamento da imprensa:
1 - Quando há brigas, são "marginais"; quando há festa, são fiéis; (esse rótulo é usado pela imprensa de acordo com suas necessidades de IBOPE)
2 - Costumam ser tratados a pão de ló pelas diretorias, principalmente em tempos de "paz", com doação de ingressos e outras regalias que já citei, tirando de certa forma a oportunidade do João e da Maria, torcedores comuns, de irem ao estádio.
3 - São usados pela diretoria e imprensa, especialmente a Gaviões da Fiel, como instrumento de marketing. O que é uma ideia inteligente, mas com alguns pontos interessantes, que comento a seguir.
O Efeito "Fiel Torcida"
Eu chamo assim esse fenômeno que tenho acompanhado nos últimos anos e é protagonizado pela maior "organizada" do Corinthians. Antes sempre em pé de guerra com a diretoria, de alguns anos para cá, tem se tornado a principal fonte de marketing gratuito do time.
É notório que o torcedor alvinegro sempre foi apaixonado, mas há algum tempo - de maneira inteligente - essa paixão tem sido usada meticulosamente pela diretoria para atrair mídia - e novos "fiéis" - para a equipe.
Um exemplo peculiar, muito comentado nas rodas de bar etc, é a característica "única" que a torcida do CORINTHIANS tem de cantar - e apoiar - o jogo TODO. Uma falácia explorada a esmo pela mídia e pela diretoria, pois quem faz isso é a Gaviões da Fiel, um seja, uma parcela da torcida, inclusive com a ajuda de um ROTEIRO, que circula facilmente na internet, com os cantos organizados e cronometrados (desde o 1º minuto até o apito final). Com isso, a diretoria levanta a bola e a imprensa chuta pro gol: criando o mito da torcida MAIS fiel, que empurra o time o tempo todo, inclusive com uma câmera apontada para ela o jogo inteiro. Quem já foi ao pacaembu com uma tv portátil sabe, que é só o time tomar um gol que o estádio se cala, mas a Gaviões continua no roteiro, e a TV continua mostrando a "festa" da organizada como se fosse o estádio todo em apoio.
Um exemplo recente: a "despedida" no aeroporto. Todos sabemos que ali a MINORIA é de torcedores comuns e praticamente 99% eram da Gaviões e outras organizadas menores, mas a mídia (no G1, R7, Folha, Globo etc) afirma, quase com um gozo, que quem estava ali era o "fiel torcedor corinthiano, a nação de 3 bilhões bla bla bla". Dessa forma, a marca se expõe, o torcedor comum acredita que também faz parte daquele teatro, absorve seus produtos e todos ganham: diretoria, anunciantes, imprensa e "torcida".
Enquanto isso, o João Comum segue sua vida, esbravejando por todo canto que seu time é melhor, maior, com a torcida mais apaixonada, maior receita e bla bla bla, mas tomando no cú quando chega em casa e vê a geladeira cheia... de água.
Espero ter colaborado.