Grande Giva,
Parabéns para a iniciativa de abrir um tópico sobre este seriado, que na minha opinião, é o melhor humorístico da TV americana e o melhor exemplo do humor judeu novaiorquino, ao lado dos filmes do Wood Allen. Os personagens, os atores, os roteiros são perfeitos, magníficos.
Interessante o fato de que, diferentemente da maioria das séries, os episódios do Seinfeld melhoravam conforme avançavam as temporadas (normalmente, os seriados vai decaindo de qualidade e acabam enjoando). Os atores pareciam passar a conhecer melhor o personagem e improvisavam mais, sei lá.
Jerry Seinfeld é um grande criador de enredos e o seu parceiro nos scripts, Larry David, é genial com as palavras e os diálogos. Aliás como bem lembrou o Giva, o personagem George Constanza foi inspirado no próprio Larry David, valendo acrescentar que também o personagem Kramer é real.
Kramer era um maluco vizinho de Larry que depois veio a criar problemas porque literalmente “acampou” na porta da CBS exigindo “direitos autorais”(hehehe). Michael Richards, na minha opinião, é o maior humorista da década de 1990. Um dos maiores palhaços da história. Assiti a uma entrevista em que ele disse que se incorporava totalmente o personagem, segundo ele, o avesso de si mesmo.
Nunca vi atores tão capazes de desempenhar um papel, durante anos a fio, sem se repetir ou se enganar. Salvo engano meu, durante a década de 1990, os atores Michael Richards (Kramer) e Julia-Louise Dreyfuss (Elaine) foram recordistas de prêmios como melhores humoristas.
E Julia-Louise Dreyfuss é um caso apartado, porque nunca ri tanto com uma mulher na minha vida. Ela tem um incrível senso de como deveria conduzir as expressões e os diálogos. Elaine é a típica “loser”, que não consegue arrumar namorado que preste por causa da sua neurose e da sua incompetência para o convívio social. É uma estúpida incompetente que, no entanto, sempre arruma emprego porque, segundo ela mesmo “está rodeada de gente imbecil” e mais desqualificada do que ela. Basta lembrar dos seus patrões (não me recordo dos nomes): o dono da editora, que num episódio “comeu o rabo dela” por causa da sua mania de por pontos de exclamação em todas as frases de livros que ela revisava; o dono da holding para quem ela trabalhou como secretária particular e era obrigada a comprar meias ou gravuras que despertavam ilusão de ótica; o dono da empresa de catálogos de lojas de departamentos, para quem ela era obrigada a escrever absurdos e poéticos textos para descrever os produtos mais banais. Além disso, ela vivia dando em cima de homens que simplesmente a ignoravam, como um médico amigo de um casal em cuja casa de praia passou um feriado, no mesmo episódio hilário em que George foi visto nu logo após ter passado horas na piscina. Pra variar, justo a mulher de quem ele estava a fim viu o seu “bilau” encolhido e caiu na gargalhada, para o seu desespero (hahaha).
George Constanza é baixinho, gordinho, míope, careca e pobre, crianção, vive com os pais, inseguro, tarado, típico medíocre profissional e intelectual, mesquinho, preguiçoso, mal-intencionado que vive se dando mal, mas que nunca aprende a lição. É o zero a esquerda.
Também os atores coadjuvantes são fantáticos, como os pais de George, o carteiro Newman e os rotativos namoradas da Elaine. Fato curioso é que vários atores ou humoristas em começo de carreira fizeram um estágio no seriado, seja como namorado da Elaine, seja como namorada do Seinfeld (duas das atrizes do "Desperade Housewifes" e a Mônica do seriado "Friends", por exemplo).
Vários são os episódios meus preferidos:
1.Aquele em os 4 apostam quanto tempo conseguem ficar sem sexo e a Elaine não resiste ao ex-namorado. É demais a cena em que ela, já “falida” depois de pagar inúmeras vezes ao Seinfeld pelas suas recaídas, pede dinheiro emprestado ao ex-namorado, com o cabelo todo embaraçado.
2.O episódio em que o Kramer resolve jogar golfe na praia e uma bola entope o respirador de uma baleia, que é salva justamente pelo George, se fingindo de zoólogo marinho pra impressionar uma garota.
3.Aquele em que na lanchonete o George vai chupar uma laranja e acaba espirado no olho. Daí por diante ele passa o episódio inteiro dando uma piscadinha com o olho direito. Ele trabalhava no escritório dos Yankees e sempre que o chefe lhe perguntava uma coisa ele respondia e dava uma piscadinha. Por causa disso, um colega quase perdeu o emprego e a mulher dele o botou para fora de casa depois que o George disse a ela que ele estava fazendo uma massagem, seguido de uma piscada de olho.
4.O episódio em que o Kramer vai tirar satisfações com o Calvin Klein sobre um perfume que ele acha ter sido da sua criação. Chegando lá, é convidado para ser o novo garoto propaganda das cuecas Calvin Klein, que descreve Kramer como “o modelo ideal, alto, atlético, seguro de si e sem o menor senso do ridículo”, enquanto Kramer desfila pelo salão da agência de cueca, meias brancas e sapatos. Nesse epísódio, a claque (o pessoal que faz as risadas de fundo) literalmente veio abaixo.
5. Aquele em que a noiva do George morre na véspera do casamento.
Além de uma porção de outros episódios, iria passar noite toda citando...
Ôpa, essa lembrança levantou meu astral agora, penso até em comprar algumas caixas com as temporadas do seriado em DVD, porque as reprises no canal Sony passam num horário ingrato (16h, só pra vagabundo).
Forte abraço,
Barak