VATICANO x CÓDIGO DA VINCI

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#31 Mensagem por Warbronte » 07 Fev 2006, 23:21

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/ ... u6286.jhtm

"07/02/2006
Lançamento de "O Código da Vinci" nos cinemas provoca angústia na Opus Dei
Organização conservadora teme ter sua imagem ainda mais afetada

Laurie Goodstein
Em Nova York

Quando "O Código da Vinci" se tornou um sucesso editorial, os líderes da organização católica Opus Dei perceberam que tinham nas mãos um problema de imagem. O assassino no best-seller de suspense é um monge albino da Opus Dei chamado Silas, e o grupo é retratado como uma seita poderosa, mas cercada de sigilo, cujos membros praticam a autotortura ritualística. Em um prefácio intitulado "O Fato", Dan Brown disse que o livro era mais do que mera ficção.


O ator Tom Hanks, durante gravações de "O Código da Vinci" nas ruas de Paris
Quando foram revelados os planos para o lançamento de um filme baseado no livro, os líderes da Opus Dei tentaram persuadir a Sony Pictures a retirar qualquer menção ao grupo, e enviaram uma carta ao estúdio no ano passado, afirmando que o livro é "uma distorção grosseira e uma grave injustiça".

Os esforços da organização não deram em nada.

Com a estréia do filme, cujo astro é Tom Hanks, marcada para 19 de maio, a Opus Dei está tentando saciar o interesse público e apresentar o grupo de uma forma bem diferente daquela como é descrita no livro: o lar religioso de um assassino ficcional.

O grupo está promovendo um blog por meio de um padre da Opus Dei em Roma, reformulando o seu site e até promovendo entrevistas com um membro que seria o único "Silas real" na Opus Dei --um corretor nigeriano de fundos públicos que mora no Brooklyn.

Silas Agbim, o corretor, diz que a Opus Dei ensina os seus membros a se comportarem segundo os mais altos padrões. "Se você fizer bem o seu trabalho, estará agradando a Deus", afirma Agbim, que é um pai, de cabelos grisalhos, de três filhos adultos, sendo casado com uma professora de biblioteconomia. "E se alguém pensa que se tornará santificado se recitar dez rosários por dia e fizer o seu trabalho de forma descuidada, está completamente equivocado". Agbim diz que leu o livro, e garante: "É um veneno. Ele influencia aquelas pessoas que têm dúvidas na mente".

Mesmo assim, o filme "O Código da Vinci" com certeza reavivará um antigo debate entre os católicos sobre se a Opus Dei se constitui em uma influência positiva ou negativa para a Igreja. Os críticos dizem que embora o grupo seja relativamente pequeno, alguns dos seus membros ocupam postos importantes no Vaticano --incluindo o de porta-voz do papa.

As dúvidas quanto a um possível aumento desproporcional da influência da Opus Dei cresceram quando o papa João Paulo 2º conferiu ao grupo um status único na Igreja em 1982, e quando dez anos depois inseriu o seu fundador em uma rota rápida rumo à canonização.

A reputação de sigilo da Opus Dei surgiu em parte devido à tradição do grupo, segundo a qual os membros não podem divulgar publicamente a sua afiliação. Perguntas como, "Ele é ou não da Opus Dei?", costumam ser feitas com relação a figuras proeminentes, especialmente em Washington.

Uma controvérsia estourou no ano passado na Inglaterra quando foi divulgado que Ruth Kelly, a jovem nova secretária de Educação no liberal Partido Trabalhista, era afiliada à Opus Dei. Ela não repeliu a informação, mas nunca esclareceu qual é a natureza da sua ligação com o grupo, o que gerou ainda mais críticas. Robert P. Hanssen, um agente do FBI que se declarou culpado ao ser acusado, em 2001, de ter espionado para a União Soviética, confirmou ser um membro, e admitiu ter confessado os seus crimes aos seus padres.

Os líderes da Opus Dei dizem que não são nem secretos, nem particularmente poderosos, e tampouco ferrenhamente conservadores. Eles afirmam que o grupo é uma rede descentralizada composta de 84.541 católicos leigos e 1.875 padres em todo o mundo, números relativamente pequenos em uma Igreja de mais de 1,1 bilhão de fiéis.

Eles garantem que não aspiram controlar o Vaticano, e acreditam que a sua missão é viver em devoção a Deus, ao realizar bem os seus trabalhos, seja de porteiro, de senador ou de dona-de-casa. Opus Dei é o termo em latim para "o trabalho de Deus".

Lynn Frank, uma integrante da Opus Dei em Walden, no Estado de Nova York, mãe de sete filhos e dona de uma empresa de alimentos naturais, afirma: "A determinação que tenho vem, sem dúvida alguma, da minha vocação junto à Opus Dei, porque todos os dias na Opus Dei você acorda e diz, 'Estou dando 100% do meu dia para você, Senhor'. E é melhor trabalhar direito, porque Deus não é um tipo de patrão para se enganar".

Desde a sua fundação em 1928 por um padre espanhol, Josemaria Escriva, o grupo caiu nas graças de vários papas, especialmente João Paulo 2º, cuja ênfase teológica na santidade, na importância da família e da dignidade do trabalho se coadunaram bem com as crenças de Escriva. Em 1982, João Paulo concedeu à Opus Dei o status de uma "prelatura pessoal", e ela continua sendo a única do gênero na Igreja, o que significa que o grupo conta com o seu próprio bispo, que responde diretamente ao papa. Depois, em 1992, Escriva passou à frente de outros candidatos a santo e foi beatificado apenas 17 anos após a sua morte. Ele foi canonizado em 2002.

Joaquin Navarro-Valls, o antigo porta-voz de João Paulo 2º, e agora do papa Bento 16, é membro da Opus Dei, e foi um dos autores de um polêmico documento do Vaticano divulgado em 2000, o "Dominus Iesus", sobre a primazia do cristianismo. Quando o papa quis sanear uma diocese austríaca na qual foi encontrada material pornográfico em um computador do seminário, ele designou um novo bispo da Opus Dei para a missão.

Um outro fator que alimenta a impressão de influência do grupo é a sede da Opus Dei nos Estados Unidos, um edifício de 17 andares na esquina da Avenida Lexington com a Rua 34, no qual o grupo investiu US$ 69 milhões para a compra do terreno, a realização das obras de construção civil e a aquisição do mobiliário.

A menção do local no livro "O Código da Vinci" trouxe uma enxurrada de curiosos e adeptos das teorias conspiratórias até as portas do edifício, explica o porteiro, Robert A. Boone. "Eu lhes digo: 'Vocês acham que eu trabalharia aqui se existissem tipos como Silas circulando pela área?'".

Alguns membros da Opus Dei ficaram furiosos com a forma como o livro, que é um best-seller há três anos, apresentou não só o grupo, mas também o cristianismo.

Mas os líderes da Opus Dei estão adotando uma abordagem menos confrontadora. O líder da Opus Dei nos Estados Unidos, reverendo Thomas G. Bohlin, disse: "Não queremos que a controvérsia gere mais publicidade para o filme". Bohlin enviou a carta à Sony Pictures pedindo que não se fizessem menções à Opus Dei na fita, e disse que recebeu uma resposta "educada, mas descomprometida".

Jim Kennedy, porta-voz da Sony Pictures, disse: "Nós vemos 'O Código da Vinci' como um trabalho de ficção, que não tem como objetivo prejudicar qualquer organização. No seu cerne, o filme é um suspense, e concordamos que ele realmente proporciona uma oportunidade única para que a Opus Dei e outras organizações permitam que a população aprenda mais sobre os seus trabalhos e suas crenças".

Após pesquisar a Opus Dei para escrever um livro, John L. Allen, o correspondente no Vaticano da revista "The National Catholic Reporter", concluiu que o poder e a riqueza do grupo foram grandemente exagerados. O número de membros da Opus Dei em todo o mundo é mais ou menos equivalente ao de católicos na Diocese de Hobart, na ilha da Tasmânia, explica Allen.

A Opus Dei não conta com um registro financeiro central, mas utilizando um pesquisador financeiro, Allen determinou que a instituição vale cerca de US$ 2,8 bilhões, uma cifra que o porta-voz do grupo diz ser provavelmente correta. Metade das despesas com a sede de Nova York foi paga com uma única doação, conta Brian Finnerty, um dos porta-vozes da Opus Dei.

"A Opus Dei certamente é uma força em expansão nas questões da Igreja, e ela provavelmente conta com um número desproporcional de cargos importantes, mas não se devem criar mitos em torno deste fato", adverte Allen, autor do livro "Opus Dei: An Objective Look Behind the Myths and Reality of the Most Controversial Force in the Catholic Church" ("Opus Dei: Uma Olhada Objetiva por Trás dos Mitos e da Realidade da Força mais Controvertida na Igreja Católica").

Porém, alguns ex-membros acusam a Opus Dei de se comportar como uma seita, com técnicas agressivas de recrutamento e controle excessivo sobre as vidas dos seus membros que optam por morar nos centros do grupo. Tammy DiNicola, que entrou para a Opus Dei quando era aluna da Faculdade de Boston, e que saiu em 1990, após ficar dois anos no grupo, diz que para atrair pessoas idealistas e muito espiritualizadas a organização as engana.

"Eles não nos informam que não passaremos os feriados com a família, que a nossa correspondência pode ser lida pelos líderes, que o nosso salário é entregue a eles, e que não poderemos assistir a televisão ou ouvir rádio, e nem mesmo deixar as instalações sem permissão", diz DiNicola, que ajudou a fundar a Rede de Conscientização Quanto à Opus Dei, a fim de auxiliar os ex-membros.

Finnerty, o porta-voz da Opus Dei, disse que, ao contrário das acusações feitas por alguns ex-integrantes do grupo, a independência e a liberdade individual são as doutrinas centrais.

Dentre os membros da Opus Dei, 70%, como Lynn Frank e Silas Agbim, são pessoas trabalhadoras, geralmente casadas, que moram nas suas próprias casas, um tipo de afiliação conhecida como "supernumerário". Embora eles sigam uma agenda diária rigorosa de orações e leituras espirituais, se confessem semanalmente e se reúnam com um diretor espiritual, esses membros têm as suas próprias vidas e profissões.

Cerca de 20% são "numerários", que dedicaram as suas vidas inteiramente à organização, fazendo um voto de celibato, e vivendo em um centro Opus Dei. Alguns possuem empregos externos, mas muitos trabalham em tempo integral em instituições afiliadas, como hospitais e escolas. E 10% são "associados", que são celibatários, mas que vivem em suas próprias casas.

Grande parte da mística assustadora que cerca a Opus Dei deriva do fato de os numerários praticarem a "mortificação corporal". Em "O Código da Vinci", Silas, o monge assassino, chicoteia o próprio corpo até sangrar, e usa uma corrente de cravos tão apertada em volta da cintura que provoca sangramento.

Na realidade, os numerários realmente usam um "cilice", uma corrente com pontas, sob as calças, cerca de duas horas por dia. Uma vez por semana, eles chicoteiam as próprias costas com uma pequena corda enquanto recitam uma oração. A Opus Dei afirma que a mortificação corporal é uma antiga prática católica que promove a penitência e a identificação com o sofrimento de Cristo.

DiNicola, a ex-integrante, diz que o uso do cilice é supostamente opcional, mas que os membros numerários acabam se sentindo culpados se não o usarem. "Ele corta, e deixa de fato pequenas marcas sangrentas", diz ela.

Apesar do tenebroso retrato do grupo em "O Código da Vinci", os líderes da Opus Dei reconhecem que a atenção advinda do livro resultou em alguns benefícios. A Doubleday, editora do livro, está prestes a lançar "The Way" ("O Caminho"), uma coletânea de escritos espirituais do fundador da Opus Dei. Finnerty, o porta-voz do grupo, diz que foi "O Código da Vinci" que abriu as possibilidades para o lançamento do novo livro. "

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O livro sobre o Opus Dei

#32 Mensagem por Warbronte » 13 Fev 2006, 12:12

Folha de SP de hoje:

"JOHN ALLEN JR.

Autor de livro sobre o Opus Dei diz que há uma grande diferença entre a imagem e a realidade da prelazia

Opus Dei não é tão poderoso como se pensa, diz vaticanista

kkkkkkkkk CHIOSSI
DA REDAÇÃO

Em seu livro "Opus Dei - an objective look behind the myths and reality of the most controversial force in the catholic church" (Opus Dei, um olhar objetivo por trás dos mitos e da realidade da força mais controversa na Igreja Católica), lançado recentemente nos EUA, o jornalista americano John Allen Jr., especialista na cobertura da Igreja Católica, compilou dados e críticas sobre o Opus Dei, bem como a defesa de seus membros contra as acusações que lhes são feitas.
Para Allen Jr., o grupo criado em 1928 pelo espanhol Josemaría Escrivá -que foi canonizado pelo papa João Paulo 2º- é como uma variedade "extra stout" de uma conhecida marca de cerveja escura irlandesa: "É forte, tem um gosto peculiar e claramente não é para todo mundo".
A metáfora da cerveja, segundo a qual o Opus Dei se diferencia do catolicismo "light" ou "diet" que alguns fiéis praticam, diz respeito à organização e aos princípios dessa prelazia pessoal, que mistura uma constituição laica a orientações de caráter monástico e à qual ex-membros têm acusado de abrir mão de práticas como a imposição de restrições às liberdades individuais e o exercício de pressão psicológica.
À Folha, Allen Jr. contou que, embora o Opus Dei, cujos membros têm de se empenhar em aplicar os ensinamentos de Cristo às atividades do dia-a-dia, tenha problemas ao lidar com as pessoas que nele ingressam e não se adaptam aos seus princípios e orientações, o movimento é muito menos poderoso do que se acredita. O que mais o impressionou ao pesquisar para a confecção do livro, diz o jornalista, foi "a distância entre a imagem e a realidade do movimento.
Leia abaixo trechos da entrevista com John Allen Jr.


Folha - O Opus Dei é o grupo mais conservador da Igreja Católica?
John Allen Jr. - Não. Bom, é claro que depende do que você quer dizer com conservador. Mas eu diria que não. Mesmo entre outros grupos, novos movimentos ou novas realidades na igreja. Há grupos mais conservadores dentro da igreja, mais tradicionalistas. Muitas pessoas diriam que o Opus Dei está na ala conservadora da igreja, mas provavelmente não é o mais conservador.


Folha - Em certa passagem do livro o senhor afirma que, quando foi criado por santo Escrivá, o Opus Dei era um grupo revolucionário. Em que sentido?
Allen Jr. - Há dois pontos. Um deles é que o grupo foi criado em 1928, na Espanha, onde havia naquela época uma cultura católica muito clerical. O papel dos laicos era concebido como o de obedecer aos clérigos. Então o Opus Dei fez duas coisas revolucionárias. Primeiro, eles disseram que é na "rua", mais do que dentro das igrejas, que a vida religiosa tem de ser vivida. Ou seja: você tem de viver sua fé nas ruas, assim como na igreja. O que era uma mudança para a cultura católica espanhola. A segunda é que eles deram importância à autonomia dos laicos, que eles deviam descobrir por si próprios coisas como as estratégias políticas que os católicos têm de adotar ou como devem conduzir seus negócios. E isso foi de fato uma revolução, considerando a cultura da época. E é por isso que, no início, o Opus Dei era visto como um movimento de esquerda na Espanha; eram considerados como um tipo de "avant garde". O que faz com que seja um tanto irônico o fato de seu perfil atual ser considerado conservador.


Folha - E esse caráter revolucionário permanece no movimento?
Allen Jr. - Sim, mas isso se tornou um denominador comum na Igreja Católica. De forma geral, principalmente depois do Concílio Vaticano 2º (1962-65), a igreja adotou essas idéias. Assim, não é mais apenas o Opus Dei que as pratica. É por isso que as pessoas do Opus Dei dizem freqüentemente que Escrivá, de certa forma, antecipou o concílio. Nesses dois pontos sua visão foi amplamente adotada pela igreja.


Folha - Por que, mesmo os membros do Opus Dei sendo poucos em proporção à comunidade católica (cerca de 85.400, segundo o Vaticano, entre aproximadamente 1,1 bilhão de fiéis no mundo), o grupo povoa a imaginação das pessoas?
Allen Jr. - Esse é o grande mistério sobre o Opus Dei. Estamos falando de um grupo, liderado por um punhado de pessoas, que não é tão significante, tem muito menos poder do que as pessoas acreditam e muito menos dinheiro. Então, como eles se tornaram esse alvo de teorias conspiratórias? Tudo o que posso dizer é que houve um tipo de combinação perfeita de vários fatores diferentes. Um deles é o fato de que, logo no começo de sua história, o Opus Dei se envolveu em rivalidades com os jesuítas - a ordem religiosa mais poderosa e importante da igreja. E, como eles estão presentes no mundo todo, essas impressões sobre o Opus Dei foram exportadas para todo o mundo católico. O segundo fato é que, como o Opus Dei cresceu na Espanha de Franco, há essa tendência muito natural de associar o Opus Dei ao fascismo. Isso lhes deu uma certa reputação de controvérsia. O terceiro é que, no período posterior ao Vaticano 2º, o Opus Dei se tornou o símbolo central das posições ideológicas mais enraizadas da Igreja Católica; ele se tornou um símbolo do que as pessoas viam como a reação direitista ao concílio. Assim, se você é um católico liberal, quase que automaticamente se opõe ao Opus Dei. Mesmo que não saiba nada sobre ele. Portanto é a uma imagem mais do que à realidade que muitas pessoas reagem. O Opus Dei é um grupo tão pequeno, que a maioria das pessoas jamais encontrou algum de seus membros. E se encontraram uma pessoa e tiveram uma experiência ruim com essa pessoa, eles pensam que a coisa toda é ruim. E vice-versa. Provavelmente as duas verões são exageradas.


Folha - E quanto às pessoas que, ao deixarem o Opus Dei, criticam-no com veemência, acusado-o de lavagem cerebral e restrição às liberdades?
Allen Jr. - Para cada pessoa que teve uma experiência ruim com o Opus Dei é possível encontrar alguém que teve uma experiência boa. Mas eu creio que essas experiências ruins são reais, pois esses relatos vêm de muitas pessoas diferentes, de diversas partes do mundo; eles têm de ser considerados seriamente. E eu creio que isso significa que o Opus Dei não tem feito sempre um bom trabalho ao lidar com as pessoas que têm dúvidas. Eu acho que eles são muito bons em cuidar da vida espiritual dos entusiastas, mas não são tão bons ao lidar com pessoas que estão lutando com suas dúvidas.


Folha - Por que eles não são bons ao lidar com essas pessoas?
Allen Jr. - Eu creio que a maioria das pessoas que estão em posições de liderança no Opus Dei estão tão completamente satisfeitas com suas experiências, tão convencidas da importância da mensagem de Escrivá que eles não conseguem às vezes entender as pessoas que não estão.


Folha - Então a faculdade da razão é às vezes bloqueada pela experiência que eles estão vivendo?
Allen Jr. - Eu só quero dizer que, psicologicamente, às vezes é difícil para eles entender de onde vêm essas pessoas que têm dúvidas e que estão em conflito.


Folha - Esses problemas não estão ligados à configuração de uma instituição laica com características monásticas?
Allen Jr. - Particularmente entre os numerários [membros do movimento que vivem nos centros do Opus Dei e aceitam o celibato], as demandas das tarefas do Opus Dei podem ser muito pesadas, algo similar à experiência monástica. Mas eu diria que, para a grande maioria das pessoas do Opus Dei, dos numerários, eles sabiam ao que estavam se associando e achavam isso muito positivo. Mas há, sem dúvida, uma minoria que entra em conflito com isso. E, historicamente, freqüentemente o Opus Dei não tem sabido muito bem o que fazer com os membros em conflito. E eu acho que o Opus Dei melhorou e aprendeu nesse aspecto com o passar dos anos.


Folha - O fato de eles cultivarem uma atmosfera de segredo não prejudica sua imagem?
Allen Jr. - Sim. Mas o fato é que eles não vêm isso como segredo, mas como o viver sua própria espiritualidade. Assim, não tentam ser sigilosos, mas eu acho que, para as pessoas que estão fora, eles aparecem como um grupo secreto porque não fazem um trabalho muito bom para se explicarem. Isso os afeta. E é claro que, com o livro, eu estava os tentando desafiar a enfrentar isso.


Folha - Qual foi a reação do Opus Dei ao seu livro?
Allen Jr. - Oficialmente o Opus Dei não fez nenhum comentário. Extra-oficialmente, algumas pessoas do Opus Dei gostaram e outras não. Algumas acharam que ajudou a mostrar e esclarecer as coisas, outras que ele só fez alarde.


Folha - As pessoas que acharam que ele só fez alarde deram alguma razão para isso?
Allen Jr. -Muitas pessoas dizem que os assuntos dos quais eu trato -a atmosfera de segredo, o dinheiro, o poder etc.- são secundários, não estão no âmago do Opus Dei. Elas dizem também que têm falado sobre isso por décadas, então qual o sentido de abordar esses assuntos de novo?


Folha - Como o sr. reagiu a essas críticas?
Allen Jr. - "Escutem, essas são as perguntas que as pessoas fazem. Vocês não podem ter uma conversa franca sobre o Opus Dei sem as considerar e dar a respostas a elas. E, enquanto vocês não o fizerem, as perguntas permanecerão". Então, gostem eles ou não, isso faz parte da vida das pessoas.


Folha - O que mais o surpreendeu sobre o Opus Dei enquanto pesquisava para escrever o livro?
Allen Jr. - A distância entre a imagem e a realidade [do movimento]. A imagem é a de um grupo todo-poderoso que está por trás de tudo o que acontece na Igreja Católica. E isso não é verdade. É um movimento muito mais modesto, menor, menos significante do que sugere a imagem."

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1302200613.htm

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Código Da Vinci em julgamento

#33 Mensagem por MaosDeFada » 10 Mar 2006, 18:57

Sexta, 10 de março de 2006, 18h06
Julgamento do "Código Da Vinci" tem discussões acaloradas


http://exclusivo.terra.com.br/interna/0 ... 18,00.html

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