""Muitas pessoas usam os rituais de sadomasoquismo para dar uma certa 'apimentada' ou quem sabe, variar suas relações sexuais, que podem julgar estar precisando de algo diferente e no intuito de melhorar, mudar suas relações, porque não mencionar aqui, o experimentar. A experimentação por novas formas de se obter prazer, seja talvez a característica mais comum entre as pessoas que buscam os rituais sadomasoquistas. Embora nesses casos, deva existir total e amplo consentimento de ambas as partes e de até mesmo, que regras sejam respeitadas, visto que o sadomasoquismo é considerado como uma parafilia.
O conceito da palavra parafilia, deriva de raízes gregas que significam "lado a lado" e "amor" - para descrever a categoria dos comportamentos sexuais, que anteriormente eram rotulados de perversões, desvios ou aberrações, constituindo uma tentativa de minimizar essas dificuldades.
Sendo assim, o sadomasoquismo, não irá se tornar apenas uma experimentação sexual saudável, se fugir aos critérios de aceitação da outra pessoa envolvida.
Nesse campo da sexualidade, se torna bastante complicado determinar o que pode ser considerado normal do anormal, visto que as diferenças começam pelas pessoas em si, suas histórias e vivências, cultura e sociedade, e até mesmo a religião.
Já foi citado aqui que no sadomasoquismo deve estar presente o consentimento mutuo, já que para esta prática sexual é necessária a existência de dois parceiros.
Podemos pensar na hipótese de que os elementos de prazer sádico ou masoquista provavelmente existam em quase todas as pessoas, porém há uma certa dificuldade semântica em definir as fronteiras para a terminologia apropriada: o morder, o arranhar o apertar ou provocar, que facilita a responsividade sexual são diferentes em tipo, das formas mais óbvias de sadomasoquismo, tais como o espancamento, a as amarrações e as chicotadas.
"É claro, que existe um extremo, em sádicos que infligem seus ataques a parceiros não dispostos, como no caso de estupros, homicídio sexual, e até mesmo torturas.
Assim como existem os masoquistas que derivam prazer de serem submetidos a atos dramáticos e aparentemente bizarros de escravização, humilhação, amarração e abuso físico, no extremo oposto, (estão as pessoas que podem participar de episódios bem encenados de comportamentos sádico ou masoquista brando ou mesmo simbólico), nos quais apenas quantidades mínimas de desconforto são geradas, enquanto que a satisfação deriva principalmente de uma combinação de fantasia, experimentação e segurança por saber que o parceiro compreende as regras e não transgredirá os limites pré-combinados.
Sobre o funcionamento dinâmico do sadomasoquismo, podemos referir que, no parceiro sádico ocorre à existência de uma negação de seus sentimentos profundos de inferioridade e fraqueza com a seguinte fórmula inconsciente: 'hei de provar o meu poder, a minha força, forçando-te a submeter-te a sofrimento e indignidade'. Em outras palavras, o sádico está afirmando a si mesmo que não é impotente, nem vulnerável; ele é 'poderoso e capaz de infligir sofrimento a outrem...'. Já no parceiro masoquista, em seu interior, está presente um grande sofrimento, que está ligado inconscientemente ao medo de não merecer amor, sentindo, assim que essa é a única forma de ganhar atenção e amor, sendo submisso a outrem. Na sua fórmula inconsciente, está: 'hei de me submeter-me, preciso submeter-me a toda espécie de agressão ou humilhação para ser amado'.
Verifica-se com isso, que tanto no sádico quanto no masoquista, a relação sexual serve para a tranquilização inconsciente.""
Adriana Sommer da Costa
Sexologa