Eu atravessava a selva do silêncio noturno da Av. Marechal Floriano, no Centro do Rio. Sim, Forista sem Fé, há nos libertinos um traço do sangue dos antigos bandeirantes misturado à hemoglobina dos velhos navegantes que se aventuraram para descobrir novos continentes. Porém, o que nos guia não são bússolas nem sextantes, nosso farol é a fome imortal do orgasmo. O gozo é o nosso Norte, as vaginas o nosso destino.
Caminhando pelo Centro após às 20h, não pude evitar de me sentir num cenário tenebroso da série Walking Dead, com moradores de rua transitando feito fantasmas sem esperança, ratos cortando as calçadas e o ambiente de sombras causado pelos galhos das árvores frondosas cobrindo a iluminação no alto dos postes. Se, naquele momento, eu escutasse o uivo de um lobo, seria morte certa por parada cardíaca. Apesar de tudo isso, um libertino se guia pela coragem, mesmo que possa sofrer um ataque covarde de algum morto-vivo que venha pelas costas. Somos espermatozoides numa corrida caótica em busca da luz vermelha de qualquer bordel, o nosso útero desejado.
Após percorrer alguns metros, entro à esquerda na rua da Conceição e subo as escadas da pequena entrada do número 114, uma boate cavernosa que nos oferece o prazer de corpos mornos a preços populares. A atmosfera é de penumbra, mulheres de todos os tipos, algumas com seios à mostra, bebem e dançam na pista. Homens com fisionomia de operários desolados ostentam baldes repletos da cerveja em promoção. Sento-me num canto e observo...
Estrelas insistem em brilhar mesmo quando mergulhadas em trevas absolutas, foi assim que avistei Laiza, seu brilho teimoso rebolava como enguia erótica ao som do funk da vez. Mulata bonita, alta, seios médios, coxas grossas e bunda que poderia estar numa capa de qualquer revista de entretenimento masculino. Uma mulher bonita e que transpirava sensualidade. Laiza, praticamente, se escolheu para mim. Depois de alguns segundos de flerte, sentou-se ao meu lado e bebemos algumas cervejas enquanto conversávamos. Simpática e sedutora, o convite à alcova foi inevitável. Subimos à masmorra da 114.
Há dois tipos de homens no mundo, aquele que é simplesmente homem e que está sempre tentando se autoafirmar com falsas histórias e gestos ridículos que imprimam a ele a ideia de força e há os homens que mijam em pé. Os verdadeiros valentes são os que mijam em pé e somente esses são capazes de enfrentar o desgosto amargo de entrar num dos quartos deste bordel na rua da Conceição. A falta de lâmpadas oculta cômodos sujos, de lençóis não trocados e falta de banho. Nada disso detém a fome ancestral do libertino. Ele tira a roupa e se prepara para o atrito de peles como se estivesse num hotel cinco estrelas em Paris. Homens que mijam em pé não fazem questão de lençóis de cetim e travesseiro de pena de ganso.
Laiza entrou nua no quarto e avança num beijo afrodisíaco. Desci a boca para chupá-la e senti um gosto de cereja em sua boceta que me fez ficar ali por algum tempo, até que o sabor se tornasse enjoativo. Ela veio para o boquete e mostrou que gosta e sabe fazer. Não nego, meu querido mundano, tudo foi muito rápido, por algum motivo que não consigo explicar, o tesão foi intenso. Ela fica de quatro e ao testemunhar aquele rabo de proporções colossais, imaginei Ulisses escrevendo um segundo volume da Odisseia. Meti como quem se atira a um abismo, Laiza gemeu e empinou ainda mais a bunda. Mantive as estocadas e senti aquele pressentimento vulcânico que precede a sagrada ejaculação. Gozei de ficar zonzo.
Mais alguns beijos e nos despedimos. Quando encontro a rua, fiquei com a sensação de estar num planeta deserto, desabitado. Fiz sinal para o primeiro táxi que passou. Ao passarmos pela Central do Brasil, o relógio apontava para as horas da madrugada e o rádio do carro transbordou um som que me invadiu os tímpanos eufóricos...
Extreme Ways
A fome estava saciada, mas voltaria sem freio. Uma nova aventura é inevitável e é ela que nos une entre meretrizes e cavernas libidinosas. Condenados, somos um misturados a muitos, companheiro libertino.