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#211 Mensagem por Maestro Alex » 23 Mai 2006, 18:51

Ter, 23 Mai - 16h26
Ao completar 65 anos, Bob Dylan continua a surpreender

Por Gary Hill

NOVA YORK (Reuters) - Bob Dylan não anunciou planos para o seu 65o aniversário, nesta quarta-feira, mas, em todo o mundo e na cidade natal que ele mal pôde esperar para deixar, o músico que sempre fez questão de resistir a rótulos será comemorado como a voz de uma geração.

O porta-voz de Dylan, Elliott Mintz, respondeu a perguntas sobre o aniversário e os planos de turnê do artista, dizendo apenas que repassou a questão para Dylan.

Para comemorar o aniversário, entretanto, há uma série de eventos: o lançamento de um novo livro de compilação de entrevistas de Dylan; estações de rádio -- desde a Noruega até a Austrália -- vão transmitir homenagens; o Hall da Fama do Rock and Roll montou uma exposição especial; e os moradores de sua cidade natal -- Hibbing, no Minnesota --, preparam bolos, na esperança de que Bob Dylan comemore o dia por ali.

Ao longo do seu percurso, o cantor e compositor, que também é autor, cineasta, ator, e, mais recentemente, disc-jóquei de rádio, já trocou de nome, religião e estilos musicais. Em alguns momentos ele chocou seus fãs, mas sempre os conservou na expectativa de novidades, enquanto compunha canções que iriam modificar toda uma cultura, como "Blowin in the Wind" e "Like a Rolling Stone".

"Que vocês continuem jovens para sempre" era o que ele desejava a seu público, e seu lema sempre foi "quem não está ocupado nascendo, está ocupado morrendo". Hoje, quando já atingiu uma idade própria para a aposentadoria e acumula centenas de canções e quase 50 álbuns, Bob Dylan continua a se apresentar constantemente em turnês e está prestes a iniciar uma pela Europa.

"Não vejo porque não seria possível durar por tanto tempo quanto se quer", ele teria dito, segundo "Bob Dylan, The Essential Interviews", editado por Jonathan Cott.

"Tudo o que posso fazer é ser eu mesmo -- seja quem essa pessoa for."

O livro acompanha a trajetória de Dylan, desde o adolescente obcecado pelo rock'n'roll dos anos 1950, até o jovem cantor e compositor folk que deu voz ao movimento jovem contra a guerra e o racismo, na década de 1960.

Ele rapidamente renunciou ao título de "cantor de protesto" e se tornou um roqueiro elétrico, engajado numa exploração pessoal do cristianismo, judaísmo e muitas outras questões de identidade pessoal.

DIAS DE DYLAN

"Assim que todos nós começamos a pensar que já o conhecemos e conhecemos aquilo que ele representa, ele nos surpreende com uma novidade", diz Warren Zanes, do Hall da Fama do Rock and Roll, em Cleveland, Ohio, cujos dois andares superiores foram dedicados à mostra "A Viagem Americana de Bob Dylan: 1956-1966".

A exposição, que acaba de ser inaugurada e ficará aberta por 15 semanas, inclui o livro do ano do colegial no qual Bobby Zimmerman diz à garota que se sentava à sua frente na aula de matemática que ela é linda -- e que ele provavelmente nunca mais tornará a vê-la.

Quem espera revê-lo são os moradores de Hibbing, onde a comemoração de Dylan Days (Dias de Dylan) começou de maneira informal em 1991 no Zimmy's Fine Bar and Restaurant -- "o único bar e restaurante do mundo aberto em homenagem a Bob Dylan".

Haverá concertos e leituras, uma tour de ônibus por Hibbing e uma oportunidade única de os fãs carimbarem suas correspondências com um selo especial criado pelos Correios norte-americanos apenas para esse dia.

E, é claro, haverá o bolo de aniversário. "Temos bolo em toda parte na cidade", disse a co-proprietária do Zimmy's, Linda Hocking, acrescentando que este é o primeiro ano em que Dylan não se encontra em turnê durante os "Dylan Days".

A Internet também é território de Bob Dylan. Um site, Expecting Rain, (http://www.expectingrain.com/), compila entre 10 e 20 itens por dia de interesse para os fãs de Dylan.

Uma "Enciclopédia Bob Dylan" com 850 verbetes está prevista para sair em junho, e o fascínio com o cantor e compositor não dá sinais de diminuir.

"É difícil acreditar que Dylan é um cidadão na terceira idade, porque ele realmente é 'Forever Young', mesmo quando é ranzinza, o que acontece com alguma frequência", diz Jonathan Cott.

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Maestro Alex
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#212 Mensagem por Maestro Alex » 23 Mai 2006, 21:27

continuando com os clássicos:


Johannes Brahms
1833-1897

No dia 7 de maio de 1833, em Hamburgo, nasceu Johannes Brahms. Seu pai, Johan Jacob, era contrabaixista e ganhava a vida tocando nos bares e nas tavernas da cidade portuária. Logo ele percebeu os dotes incomuns do filho e quando este completava 7 anos, contratou o excelente professor Otto Cossel para dar-lhe aulas de piano. Aos 10 anos, fez seu primeiro concerto público, interpretando Mozart e Beethoven.

Não tardou em recebeu um convite para tocar nas cervejarias da noite hamburguesa, ao lado de seu pai. Enquanto trabalhava como músico profissional, Johannes tinha aulas com Eduard Marxsen, regente da Filarmônica de Hamburgo e compositor. Foi Marxsen quem lhe deu as primeiras noções de composição, para sua grande alegria.

Na noite, Brahms conhece Eduard Reményi, violinista húngaro que havia se refugiado em Hamburgo. Combinam uma turnê pela Alemanha. Foi um sucesso, mas por causa dos excessivos malabarismos de Reményi. Johannes não fica muito contente com esta postura, mas usufrui a viagem - acaba conhecendo Joseph Joachim, famoso violinista, que se tornaria um de seus maiores amigos, Liszt e, principalmente, os Schumann.

Em sua casa em Düsseldorf, no ano de 1853, Robert e Clara Schumann o receberam como gênio. Robert logo tratou de recomendar as obras de Brahms aos seus editores e escreveu um famoso artigo na Nova Gazeta Musical, entitulado Novos caminhos, onde era chamado de "jovem águia" e de "Eleito". Quanto a Clara, existem muitas hipóteses de que os dois teriam tido um relacionamento amoroso, mas nenhuma prova - ambos destruíram cartas e outros documentos que poderiam afirmar isso. Restou apenas a dúvida.

Brahms ficou alguns anos perambulando entre as cidades da Alemanha, "fixando-se" em duas residências - a de Joachim em Hannover e a de Schumann em Düsseldorf. Esta vida de errante haveria de terminar em 1856, com a trágica morte de Schumann. Foi quando conseguiu o emprego de mestre de capela do pequeno principado de Lippe-Detmold.

Em 1860, comete um grande erro: assina, junto com Joachim e outros dois músicos, um manifesto contra a chamada escola neo-alemã, de Liszt e Wagner, e sua "música do futuro". Embora Brahms nunca fosse afeito a polêmicas, acabou entrando nessa, o que lhe valeu a pecha de reacionário, derrubada apenas no nosso século pelo famoso ensaio de Schoenberg, Brahms, o progressista.

Então, três anos mais tarde, resolve morar em Viena. Seu primeiro emprego na capital austríaca foi como diretor da Singakademie, onde regia o coro e elaborava os programas. Apesar do relativo sucesso que obteve, pediu demissão em um ano, para poder dedicar-se à composição. A partir daí, sempre conseguiu sustentar-se apenas com a edição de suas obras e com seus concertos e recitais.

Em Viena, conseguiu o apoio e admiração do importante crítico Eduard Hanslick (mais um Eduard em sua vida!), mas isso não era suficiente para garantir-lhe fama. Foi só a partir da estréia do Réquiem alemão, em 1868, que Brahms começou a ser reconhecido como grande compositor. O reflexo disso é que, em 1872, foi convidado para dirigir a Sociedade dos Amigos da Música, a mais célebre instituição musical vienense. Ficaria lá até 1875.

Em 1876, um fato marcante: estréia sua Primeira Sinfonia, ansiosamente aguardada. Foi um grande sucesso e Brahms ficou marcado como sucessor de Beethoven - o maestro Hans von Bülow até apelidou a sinfonia de Décima.

Como alguém já observou, a vida de Brahms vai-se ralentando em razão contrária de sua produção. Os anos que se seguem são tranqüilos, marcados pela solidão (manteve-se solteiro), pelas estréias de suas obras, pelas longas temporadas de verão e pelas viagens (principalmente à Itália).

Em 1890, após concluir o Quinteto de cordas op. 111, decide parar de compor e até prepara um testamento. Mas não ficaria muito tempo longe da atividade; no ano seguinte, encontra-se com o clarinetista Richard Mülhfeld, e, encantado com o instrumento, escreve inúmeras obras de câmara para clarinete.

Sua última obra publicada foi o ciclo Quatro canções sérias, onde praticamente despede-se da vida. Ele deu a coletânea a si mesmo de presente no aniversário de 1896. Johannes Brahms viria a morrer um ano depois, em 3 de abril de 1897.


SUA OBRA

Brahms dedicou-se a todas as formas, exceto balé e ópera, que não lhe interessavam - seu domínio era realmente a música pura, onde reinou absoluto em seu tempo. Podemos dizer que Brahms ocupou o espaço deixado por Wagner, que se dedicava à ópera, e com ele dominou a música da segunda metade do século XIX.

A obra brahmsiana representa a fusão da expressividade romântica com a preocupação formal clássica. Em uma época onde a vanguarda estava com a música programática de Liszt e o cromatismo wagneriano, Brahms compôs música pura e diatônica, e ainda assim conseguiu impor-se. Talvez este seja um de seus maiores méritos.

Porém, a contragosto, Brahms viu-se no meio da querela entre os conservadores, capitaneados pelo crítico Hanslick, e os "modernistas", principalmente Hugo Wolf, sendo adotado pelo lado "reacionário". Como os wagnerianos acabaram por dominar a maior parte da crítica na virada do século, demorou muito para que a obra de Brahms fosse colocada no lugar que merecia.

Um dos que mais contribuiram para mudar esse estado de coisas foi Arnold Schoenberg, pai do dodecafonismo. Ele expôs, em uma conferência realizada nos Estados Unidos, em 1933, o quanto Brahms era inovador e até mesmo revolucionário. Hoje em dia, esta é a idéia predominante, e Brahms é um dos compositores mais apreciados.

Os estudiosos dividem em quatro fases a obra brahmsiana. A primeira é a juventude, onde apresenta um romantismo exuberante e áspero, como no Concerto para piano no. 1. Ela vai até 1855. A segunda corresponde à fase de consolidação como compositor, que culmina no triunfo do Réquiem alemão, em 1868. Aqui, ele toma gosto pela música de câmara e pelo estudo dos clássicos. A terceira fase é a maturidade, das obras sinfônicas e corais. Brahms atinge a perfeição formal e grande equilíbrio. O último período começa em 1890, quando, no final da vida, pensa em parar de compor. As obras tornam-se mais simples e concentradas, com destaque para a música de câmara e pianística. O Quinteto para clarinete é exemplo típico dessa fase outonal.

Música Pianística
Brahms dedicou grande parte de sua obra ao piano, principalmente na juventude e na velhice. As obras juvenis, como as três sonatas (em fá sustenido maior, dó maior e fá menor), são vigorosas e apaixonadas, superabundantes em termos temáticos.

Resolvidos os desafios da sonata, Brahms entrou no gênero em que se revelaria um mestre: a variação. O primeiro conjunto publicado foi a das 16 variações sobre um tema de Schumann, escritas em 1854, onde já demonstra seu domínio técnico. Mas foi com as 25 variações e fuga sobre um tema de Handel que Brahms atingiu o máximo no campo. Outras obras-primas são os dois grupos de Variações sobre um tema de Paganini, de dificílima execução, e as Variações sobre um tema de Haydn, para dois pianos, que ficariam célebres em sua versão orquestral.

No campo das formas mais livres, destacam-se na produção pianística de Brahms as Baladas op. 10, da juventude, os Intermezzos op. 117 e as Klavierstücke op. 118 e 119, da velhice.

Música de Câmara
Este foi o gênero brahmsiano por excelência, tendo exemplares em todas suas quatro fases. Entre as primeiras, destacam-se o ardente Trio op. 8, que seria revisado 35 anos mais tarde, o impressionante Sexteto de cordas no. 1 e o exuberante Quarteto para piano op. 25 - o último seria orquestrado por Schoenberg, que queria demonstrar as potencialidades sinfônicas da obra.

Mais maduros, os dois Quartetos de cordas op. 51 demonstram a capacidade de síntese e concentração que viria a caracterizar a maturidade artística de Brahms. O terceiro quarteto, opus 67, seria menos tenso. Composto já no final da vida, o Quinteto de cordas op. 111, considerado perfeito pelo compositor, é mais vigoroso e alegre.

Este Opus 111 levou Brahms a ensaiar uma aposentadoria, mas ela não veio. Ainda comporia mais quatro obras camerísticas, todas dedicadas ao clarinete. Destaque para o quinteto e para as duas sonatas compostas para o instrumento, suas últimas peças no gênero.

No campo da sonata de câmara, Brahms compôs três grandes sonatas para violino e piano (a primeira é a mais conhecida) e duas sonatas para violoncelo e piano.

Música Vocal
Brahms foi um grande compositor de canções. Numericamente, os lieder formam a maior parte da obra brahmsiana. Entre os ciclos mais conhecidos encontram-se Romanzen aus Magelone e as Quatro canções sérias, este último sua obra derradeira.

Na música coral de Brahms, destacam-se o Réquiem alemão, talvez sua obra mais famosa, que o consagrou definitivamente, a Canção do destino e a Rapsódia para contralto, magnífica peça que encantou até Hugo Wolf, habitual crítico.

Música Orquestral
Brahms levou relativamente um longo tempo para compor suas obras orquestrais: apenas na sua fase madura é que o gênero é explorado em peças de fôlego.

Sua primeira obra-prima no campo é o majestoso Concerto para piano no. 1, que tem um caráter quase de sinfonia. As duas serenatas, opus 11 e 16, são bem mais leves e têm um sabor clássico.

Mas foram as Variações sobre um tema de Haydn em sua versão orquestral que realmente impulsionaram Brahms no gênero e abriram terreno para sua Primeira Sinfonia. Solene e dramática, esta sinfonia tem forte afinidade com as similares de Beethoven, principalmente com a Terceira e Quinta.

Já a Segunda Sinfonia é mais mozartiana e pastoral - chega a lembrar a Sexta de Beethoven - com sua orquestração leve e brilhante. A Terceira, com dois movimentos lentos e um finale sombrio, que retoma as idéias do início, é, das suas sinfonias, a mais pessoal e enigmática.

A Quarta Sinfonia é a mais conhecida delas, e talvez a maior de todas. Sua orquestração compacta e a monumental chacona do finale remetem o ouvinte à música pré-clássica, principalmente Bach.

Além das sinfonias, Brahms escreveu também duas aberturas. A Abertura festival acadêmico é uma obra alegre e circunstancial, em contraste com a a Abertura trágica, composta ao mesmo tempo, uma obra de uma nobreza quase sombria.

No campo do concerto, a primeira obra da maturidade é o Concerto para violino, de difícil execução mas de grande expressividade. É uma de suas peças mais populares. O Concerto para piano no. 2 remete ao primeiro, composto 23 anos antes, em seu caráter sinfônico, com seus grandiosos quatro movimentos.

A última obra orquestral de Brahms é o Concerto duplo para violino e violoncelo. É uma de suas obras mais apaixonantes. O diálogo entre os solistas no movimento lento é um dos pontos altos de toda a produção brahmsiana, e vale como um resumo de sua obra: os mais complexos e contraditórios sentimentos são aqui pintados em delicados meios-tons.

Como bem disse Romain Goldron, "nada é deixado ao acaso nessas páginas onde reinam as penumbras, os meios-tons, os mistérios da floresta, na qual, a todo instante, parece que vamos nos perder".

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Brahms

#213 Mensagem por McAnd » 24 Mai 2006, 08:58

Em sua casa em Düsseldorf, no ano de 1853, Robert e Clara Schumann o receberam como gênio. Robert logo tratou de recomendar as obras de Brahms aos seus editores e escreveu um famoso artigo na Nova Gazeta Musical, entitulado Novos caminhos, onde era chamado de "jovem águia" e de "Eleito". Quanto a Clara, existem muitas hipóteses de que os dois teriam tido um relacionamento amoroso, mas nenhuma prova - ambos destruíram cartas e outros documentos que poderiam afirmar isso. Restou apenas a dúvida.
Ao que se sabe, Brahms realmente comia direto a Clara, versão que os historiadores mais sustentam. O sujeito era bom de piano - e de trepada... :lol:
Como alguém já observou, a vida de Brahms vai-se ralentando em razão contrária de sua produção. Os anos que se seguem são tranqüilos, marcados pela solidão (manteve-se solteiro), pelas estréias de suas obras, pelas longas temporadas de verão e pelas viagens (principalmente à Itália).
Como solteiro, foi difamado pelos conservadores invejosos daquela época, que começaram a chamá-lo de boiola... Mas isso lhe inspirou muitas obras e trepadas, com mulheres que iriam conferir se isso era verdade.... :o

McAnd

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Re: Brahms

#214 Mensagem por Maestro Alex » 24 Mai 2006, 09:24

McAnd escreveu:
Em sua casa em Düsseldorf, no ano de 1853, Robert e Clara Schumann o receberam como gênio. Robert logo tratou de recomendar as obras de Brahms aos seus editores e escreveu um famoso artigo na Nova Gazeta Musical, entitulado Novos caminhos, onde era chamado de "jovem águia" e de "Eleito". Quanto a Clara, existem muitas hipóteses de que os dois teriam tido um relacionamento amoroso, mas nenhuma prova - ambos destruíram cartas e outros documentos que poderiam afirmar isso. Restou apenas a dúvida.
Ao que se sabe, Brahms realmente comia direto a Clara, versão que os historiadores mais sustentam. O sujeito era bom de piano - e de trepada... :lol:
Como alguém já observou, a vida de Brahms vai-se ralentando em razão contrária de sua produção. Os anos que se seguem são tranqüilos, marcados pela solidão (manteve-se solteiro), pelas estréias de suas obras, pelas longas temporadas de verão e pelas viagens (principalmente à Itália).
Como solteiro, foi difamado pelos conservadores invejosos daquela época, que começaram a chamá-lo de boiola... Mas isso lhe inspirou muitas obras e trepadas, com mulheres que iriam conferir se isso era verdade.... :o

McAnd
Grande McAnd!!!!!!!!! Bem-vindo à turma! Pois é... todos os grandes artistas passavam a vara na mulherada... sem dó...
Teus posts serão de grande valia... e quando queiras falar de vinhos... estamos a disposição... este tópico dá pra tudo...

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#215 Mensagem por Maestro Alex » 24 Mai 2006, 09:48

continuando com os clássicos:

(esse deve ter papado umas belas branquelas...)


Johann Strauss Jr
1825-1899


Enquanto for lembrado, o nome de Johann Strauss Jr. estará sempre ligado ao do pai, Johann Strauss, e ao dos irmãos, Eduard e Josef. Apesar de ser claramente o maior deles, Strauss Jr. é mais o símbolo de uma entidade ainda maior: a família Strauss.

O patrono da dinastia dos "reis da valsa", Johann Baptist Strauss, nasceu em Viena no dia 14 de março de 1804, filho de um taverneiro, Franz Strauss. Iniciou desde cedo carreira de violinista, tocando na orquestra de dança de Joseph Lanner. Depois de firmar sua reputação, fundou em 1825 sua própria orquestra. Em algum tempo, já era o mais célebre compositor e intérprete de dança em Viena. Em 1846, tornou-se diretor dos bailes da corte vienense. Johann Strauss morreu em 25 de setembro de 1849.

Johann Strauss foi o principal criador da valsa vienense. Baseada principalmente na dança camponesa austríaca ländler, a valsa ganhou características bastante peculiares nas mãos de Strauss: elegância, mas robustez e muita vivacidade. Embora sendo uma dança graciosa e aristocrática, a valsa de Johann Strauss não escondia suas origens populares.

Strauss compôs centenas de polcas, marchas, quadrilhas, galopes e, claro, valsas. Sua peça mais conhecida é a Marcha Radetzsky, composta em 1848. Porém, é inegável que sua maior obra seja mesmo o filho Johann Strauss Jr.

Johann Strauss Jr. nasceu em 25 de outubro de 1825, em Viena. Embora seu pai não quisesse que o filho seguisse carreira musical, os impulsos de Johann Jr. o fizeram contrariar a vontade do pai. Estudou música com Joseph Dreschler, e quando o pai abandonou a casa da família para viver com uma chapeleira, em 1842, sentiu-se estimulado a competir com ele no mundo da valsa vienense.

Em 1844, quando tinha apenas 19 anos, Johann Jr. fundou uma orquestra de danças, que estreou no outubro do mesmo ano. O repertório era formado por valsas e outras danças de vários autores, inclusive algumas peças de seu pai e outras de sua própria autoria. Foi um enorme sucesso. Tanto que, para atingir aos pedidos do entusiasmadíssimo público, uma das composições de Johann Jr. teve de ser repetida 19 vezes.

A carreira de Strauss Jr. foi impulsionada desde então por um sucesso tão vertiginoso quanto o ritmo rodopiante das valsas que compunha. Ele e sua orquestra viajavam em grandes e animadas excursões por toda a Europa, e em 1872 Strauss Jr. se apresentou nos Estados Unidos. Seus concertos atraíam tanto o público quanto compositores consagrados como Liszt, Wagner e Brahms, que gostava tanto de suas obras que chegou a lamentar o fato do Danúbio Azul não ser de sua autoria.

Mesmo com essa agenda cheia, Johann Strauss Jr. ainda encontrava tempo para compor uma interminável lista de obras - mais de 200 valsas, 32 mazurcas, 140 polcas e 80 quadrilhas, num total de 479 obras publicadas, mais dezenas de peças manuscritas e outras realizadas em parceria com seus irmãos. Suas danças são, de longe, as mais bem realizadas de sua época. Johann Strauss Jr. elevou a valsa a níveis máximos de qualidade e sofisticação musical: grandes introduções, quase sinfônicas, codas elaboradas, detalhismo na orquestração, elementos nunca vistos antes - nem mesmo em Strauss pai - na escrita de valsas.

Ao mesmo tempo, Strauss Jr. levava uma vida privada bastante agitada. Como que seguindo o caminho do pai, casou-se três vezes, mantinha inúmeras aventuras sexuais e ficava constantemente doente tanto por "excessos amorosos" como por seu ritmo intenso de trabalho. Os registros dão conta de um grande colapso nervoso e diversos tratamentos de icterícia, gota, intoxicação por nicotina, nevralgia, desfalecimentos...

Na década de 1870, a vida - e, principalmente, a obra - de Strauss adentrou em um novo rumo. Ele, induzido pelos diretores do Theater an der Wien, casa de espetáculos viensense, e inspirado pelo estrondoso sucesso que a excursão de Offenbach pela cidade fez, começou a escrever operetas.

As duas primeiras foram Indigo, de 1871, e O carnaval de Roma, em 1873, mas não encontraram grande sucesso. A obra-prima definitiva viria apenas em 1874, com O morcego, com libreto de Carl Haffner e Richard Genée, a partir de O réveillon, de Meilhac e Halévy, ambos libretistas de Offenbach. Foi um sucesso que se mantém até hoje. O morcego transcendeu sua existência de opereta cômica e hoje pertence ao repertório tradicional das grandes casas de ópera em todo o mundo.

A partir de O morcego, Strauss Jr. passou a ser tanto o compositor e regente dos animados bailes vienenses, quanto o autor de inúmeras operetas de sucesso nos teatros da cidade: Uma noite em Veneza, de 1883, O barão cigano, de 1885, Sangue vienense, de 1899, entre outras obras.

O Strauss Jr. da opereta é, no entanto, o mesmo da valsa. Stéphane Goldet faz uma observação bastante interessante: "não apenas a opereta inspirou algumas de suas valsas de maior sucesso, como também formou um corpo tão coeso com a valsa que se pode adiantar a seguinte hipótese: a opereta vienense é definitivamente uma espécie de gigantesca encenação de idéia de valsa".

Johann Strauss Jr. morreu, em Viena, no dia 3 de junho de 1899, poucos meses antes dos 50 anos da morte do pai.

A maior contribuição de Strauss Jr. - e, por extensão, da família Strauss - à música não se enquadra na concepção atual de "música erudita", no sentido de um Bach, de um Beethoven. De fato, a música dos Strauss sempre foi, por definição, uma música popular, mesmo quando dançada nos salões do imperador: ritmos contagiantes, memoráveis melodias, alegria inebriante. Nessas valsas, não há muito o que pensar, o que refletir. O que interessa é dançar, aproveitar o momento, sentir a vertigem dos rodopios e a alegria de viver à vienense.

E, para coroar esse espírito imensamente popular, as peças mais famosas dos Strauss - Marcha Radetzky, Valsa do imperador, Vozes da primavera, Tritsch tratsch polka, Relâmpagos e trovões, Vida de artista, Pizzicato polka, Bombons vienenses, Contos dos bosques de Viena, o indefectível Danúbio azul, entre outras obras - se não se encontram até hoje "na boca do povo", certamente são instaneamente reconhecidas.

Se de maneira nenhuma faz parte da galeria dos "grandes" compositores, Johann Strauss Jr. faz, sem dúvida nenhuma, parte da galeria dos músicos mais amados pelo público de todos os tempos. E não há prêmio mais importante para um artista do que esse.

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Maestro Alex
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#216 Mensagem por Maestro Alex » 24 Mai 2006, 10:37

Os Mutantes em londres fazem sucesso!

http://oglobo.globo.com/jornal/suplemen ... 395350.asp

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#217 Mensagem por Maestro Alex » 24 Mai 2006, 21:56

continuando com os clássicos...

joseph haydn

Rohrau, 31 março 1732
Viena, 31 maio 1809


Compositor austríaco. Filho de um fabricante de rodas de carros, recebeu aprendizado como menino de coro e foi levado para o coro da Catedral Sto. Estêvão, Viena, onde cantou de cerca de 1740 a cerca de 1750. Trabalhou em seguida como músico independente, tocando violino e instrumentos de teclado, acompanhando aulas de canto dadas pelo compositor Porpora, que o ajudou e o estimulou. Nessa época, escreveu algumas obras sacras, música para comedias teatrais e música de câmara. Em cerca de 1759 foi nomeado diretor musical do conde Morzin; mas logo passou para o serviço de vice-Kapellmeister de uma das mais importantes famílias húngaras, os Esterházy, tornando-se Kapellmeister após a morte de Wemer, em 1766. Foi diretor de um conjunto de 15-20 músicos, com responsabilidade sobre a música e os instrumentos, devendo compor sempre que seu empregador— a partir de 1762, o príncipe Nikolaus Esterházy — o solicitasse. Viveu a princípio em Eisenstadt, cerca de 50 quilômetros a sudeste de Viena; em 1767 a residência principal da família, e principal local de trabalho de Haydn, foi o novo palácio em Eszterháza. Em seus primeiros anos, Haydn escreveu sobretudo música instrumental, incluindo sinfonias e outras peças para os concertos dados duas vezes por semana e para a Tafeimusik do príncipe, e obras para o instrumento tocado pelo príncipe, o baryton (uma espécie de viola da gamba), para o qual compôs cerca de 125 trios em dez anos. Escreveu também cantatas e um pouco de música eclesiástica. Após a morte de Wemer, a música eclesiástica tornou-se predominante, assim como, após a inauguração de um novo teatro de ópera em Eszterháza, em 1768, a ópera. Algumas das sinfonias a partir de cerca de 1770 mostram Haydn expandindo seus horizontes musicais de um estilo ligeiro e de entretenimento para peças mais amplas e originais, por exemplo, as n.26, 39, 49, 44 e 52 (muitas delas em tonalidades menores, de clima dramático, dentro das tendências da sinfonia contemporânea na Alemanha e na Áustria). Também de 1768-72 são três grupos de quartetos de cordas, provavelmente não escritos para a casa dos Esterházy, mas para um outro patrono, ou talvez para publicação (Haydn só podia escrever para outros que não os Esterházy mediante permissão); o op.20 mostra claramente o início de um gênero de quarteto mais ousado e integrado.

Entre as óperas desse período encontram-se Lo spewle (para a inauguração do novo teatro), Uïnfe-deltà delusa (1773) e // mondo delia luna (1777). A atividade operística foi se tomando cada vez mais absorvente, a partir de meados dos anos 1770, à medida que récitas regulares foram sendo apresentadas no novo teatro. Fazia parte do trabalho de Haydn preparar a música, adaptando-a ou arranjando-a para as vozes dos cantores residentes. Em 1779, o teatro foi destruído por um incêndio; Haydn compôs La fedeltà premiata para sua reinauguração em 1781. Até então, suas óperas vinham sendo em grande parte no gênero cômico; suas duas últimas para Eszterháza, Orlando paladino (1782) e Armida (1783), são nos gêneros misto ou dramático. Apesar de suas óperas nunca terem alcançado um público maior, a fama de Haydn a essa altura já havia crescido muito e se tomado internacional. Grande parte de sua obra fora publicada em todos os principais centros musicais europeus; mediante uma ré visão de contrato com os Esterházy, seus empregadores já não tinham mais direitos exclusivos sobre sua música.

As obras dos anos 1780, que difundiram ainda mais seu nome, incluem sonatas para piano, trios para piano, sinfonias (as de n.76-81 foram publicadas em 1784-5, e as n.82-7 foram escritas por encomenda para uma organização de concertos em Paris, 1785-6) e quartetos de cordas. Seus influentes quartetos do op.33, apresentados em 1782, foram qualificados como sendo escritos "em um modo absolutamente novo e especial": alguns acreditam que isso se refira ao uso dos instrumentos ou ao estilo de desenvolvimento temático, mas poderia referir-se à introdução de scherzos, ou simplesmente um recurso publicitário. No final da década, surgiram mais quartetos, os do op.50 (dedicados ao rei da Prússia e freqüentemente tidos como influenciados pêlos quartetos que Mozart dedicou a Haydn) e dois grupos (os opp.54-5 e 64) escritos para um e x- violinista dos Esterházy, que tornou-se negociante em Viena. Todas essas obras mostram crescente engenho, originalidade e liberdade de estilo, além de fluência melódica, domínio da forma e humor. Entre outras obras que levaram a fama de Haydn para além da Europa central incluem-se concertos e noturnos para um tipo de viela de roda, escritos por encomenda do rei de Nápoles, e As sete últimas palavras de Cristo, encomendada para a Semana Santa pela Catedral de Cadiz e que existe não apenas em sua forma orquestral original, mas também para quarteto de cordas, para piano e (mais tarde) para coro e orquestra.

Nikolaus Esterházy morreu em 1790; Haydn (ao contrário da maioria dos outros músicos) foi mantido no palácio pelo filho de Nikolaus, mas tendo a liberdade de morar em Viena (que ele havia visitado muitas vezes) e de viajar. Foi convidado pelo empresário e violinista J.P. Salomon para ir a Londres escrever uma ópera, sinfonias e outras obras. Acabou indo a Londres duas vezes, em 1791-2 e em 1794-5. Compôs suas 12 últimas sinfonias para serem apresentadas naquela cidade, onde desfrutou de um enorme sucesso; também escreveu uma sinfonia concertante, peças corais, trios para piano, sonatas para piano e canções (algumas sobre textos ingleses), bem como arranjos de canções folclóricas britânicas para editores em Londres e Edimburgo. Mas, devido a intrigas, sua ópera L'anima dei filosofo, baseada na história de Orfeu, não foi encenada. Foi homenageado (com um doutorado em música, Oxford) e generosamente festejado, tendo sua música sido executada, cantada e regida para a família real. Haydn também assistiu a apresentações da música de Haendel, com grandes coros, na Abadia de Westminster.

De volta a Viena, retomou o trabalho para o neto de Nikolaus Esterházy (cujo pai já havia morrido); sua função principal era produzir missas para o dia do onomástico da princesa. Escreveu seis obras, firmemente apoiadas na tradição austríaca da missa, mas reforçadas e revigoradas pelo seu domínio da técnica sinfônica. Entre outras obras desses últimos anos incluem-se novos quartetos de cordas (os opp.71 e 74, entre as visitas a Londres, o op.76 e o par do op.77) mostrando grande densidade de estilo e seriedade de conteúdo, conservando ainda assim sua vitalidade e fluência de expressão; alguns têm caráter mais "público", admitindo a nova utilização dos quartetos de cordas, tanto em concertos quanto em execuções domésticas. A obra mais importante, no entanto, é seu Oratório A criação, em que seu senso de júbilo sincero e natural em relação ao Homem, ao Animal e à Natureza, e sua gratidão a Deus pela criação dessas coisas em nosso benefício, são transfigurados em parte da experiência universal devido a seu tratamento desses sentimentos em um oratório à maneira de Haendel, com uma densa escrita coral de um tipo que ele nunca tentara antes. A este seguiu-se um novo oratório, As estações, de teor semelhante, porém construído como uma série de episódios atraentes sem formar um todo consistente.

Haydn morreu em 1809, após ditar duas vezes suas memórias e preparar um catálogo de suas obras. Era um homem reverenciado internacionalmente, ainda que, por essa época, sua música fosse antiquada em comparação à de Beethoven. Foi imensamente prolífico: algumas de suas obras continuam sem ter sido publicadas, ou são pouco conhecidas. Suas óperas nunca conseguiram se manter no repertório. Mas é considerado, com bastante justiça, o pai da sinfonia e do quarteto de cordas: levou ambos os gêneros, desde suas origens, a um alto nível de sofisticação e expressão artística, mesmo que não lhes tenha dado origem. Deu-lhes, sim, um novo peso intelectual, e seu estilo de desenvolvimento, firmemente elaborado, lançou as bases para as estruturas mais amplas de Beethoven e outros compositores posteriores.

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Maestro Alex
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#218 Mensagem por Maestro Alex » 25 Mai 2006, 16:10

Continuando com os músicos clássicos:

Carl Nielsen
1865-1931


Carl August Nielsen nasceu em 9 de junho de 1865, em Sortelung, pequeno vilarejo da ilha de Funen, uma das 406 ilhas que compõem o território da Dinamarca. De origem pobre, um dos doze filhos do pintor de paredes Niels, nada indicaria que o pequeno Carl se tornaria uma das figuras mais importantes da história da arte de seu país e seu maior compositor. A Dinamarca, país pequeno e isolado no norte da Europa, não viu muitos de seus filhos obter fama e prestígio internacionais. A única exceção era, até aquela data, o escritor Hans Christian Andersen - curiosamente, também natural de Funen.

Niels vivia uma vida pacata como pintor e decorador até conseguir um segundo emprego como violinista. Tal ocupação paralela mudou o destino de Carl, que começou a aprender alguns rudimentos de música com seu pai. O interesse do menino era tanto que logo lhe contrataram um professor de violino chamado Petersen. Quando tinha oito anos, tocou em um baile sua primeira "composição", uma polca. Niels reprovou a obra: "ninguém poderia dançá-la".

Carl iria começar a trabalhar como auxiliar de padeiro quando, estimulado pelo pai, obteve um posto na banda militar de Odense, capital da ilha de Funen. Em Odense, Carl logo tornou-se o melhor músico da banda, atraindo a atenção de muita gente importante. Tanto que, em 1883, quando completava 18 anos, um grupo reuniu fundos para que Carl viajasse para Copenhagen, capital da Dinamarca, localizada na ilha de Sjaelland, extremo leste do país. Lá, conheceu o mais importante compositor dinamarquês da época, Niels Gade, que o encaminhou para o Conservatório de Copenhagen. Em janeiro de 1884, Carl Nielsen deixava definitivamente Funen - uma etapa de sua vida se cumpria.

Nielsen conseguiu estudar por três anos no Conservatório, com todas as despesas pagas pelos patronos de Odense. Em 1888, estreou com grande sucesso sua primeira obra de peso, a Pequena suíte para cordas, que batizou de Opus 1. A imprensa fez inúmeros elogios: foi a primeira crítica positiva de sua carreira. No ano seguinte, obteve o posto de violinista da Orquestra do Teatro Real de Copenhagen e uma bolsa de estudos para viajar a Alemanha. Nielsen ficou em Berlim até 1891. Em uma das inúmeras viagens que fez pela Europa no período, foi a Paris, onde conheceu a escultora Anne Marie Brodersen. Poucos meses depois se casaria com a artista, que seria sua companheira até o final da vida.

A carreira de Nielsen como compositor evoluía rapidamente. Em 1903 assinou seu primeiro contrato de publicação de suas obras e dois anos depois renunciava ao posto no Teatro Real para se dedicar excluisivamente à composição. Nesse período, compôs suas duas primeiras sinfonias, dois quartetos de cordas, a cantata Hymnus amoris e a ópera Saul e Davi. Em 1906 estreou a comédia Maskarade, que fez imenso sucesso - tornou-se a ópera nacional dinamarquesa por excelência. O êxito da apresentação, regida pelo próprio compositor, fez com que Nielsen recebesse o convite para ser o diretor musical do Teatro Real, posto que ocupou por vários anos.

Foi como regente da Orquestra Real Dinamarquesa que Nielsen divulgou sua terceira sinfonia, dita Sinfonia espansiva, de 1911, que chegou a apresentar em Amsterdã e que ganhou carreira internacional. A fama de Nielsen como compositor e regente só crescia. Em 1915, deixou a Orquestra Real e tornou-se diretor da Sociedade de Música de Copenhagen, cargo anteriormente ocupado por Niels Gade. Em 1916 tornou-se conselheiro titular do Real Conservatório de Música, onde dava aulas. A reputação de Nielsen como "músico nacional" levou o governo de seu país a encomendar inúmeras obras. Uma das mais famosas é a cantata Primavera em Funen, escrita para os 1000 cantores da Sociedade Coral Dinamarquesa e que celebra a ilha onde o compositor nasceu.

Ao mesmo tempo, Nielsen tornou-se figura conhecida e requisitada no exterior. Freqüentemente trabalhava como maestro convidado da Orquestra Sinfônica de Gotemburgo, na Suécia, e da Orquestra do Concertgebouw de Amsterdã, na Holanda. Em 1926, o Conservatório de Paris promoveu um Concerto Nielsen, que o compositor descreveu como uma das maiores experiências de sua vida. No programa, o Concerto para violino, a Sinfonia espansiva, a Suíte Alladin e a estréia mundial do Concerto para flauta.

A essa altura, Carl Nielsen já era uma celebridade dentro e fora da Dinamarca. Participava de concursos e congressos de música internacionais - em um festival em 1919, conheceu Jean Sibelius; em um concerto em 1925, encontrou-se com Igor Stravinsky; no Festival de Música de Frankfurt, em 1927, conheceu Béla Bartók e Arnold Schoenberg, além de ter sua Quinta Sinfonia regida por Wilhelm Furtwängler. Quando completou 60 anos, em 1925, foi festejado como herói nacional.

Também de herói foi seu funeral. Carl Nielsen faleceu na noite de 3 de outubro de 1931, de falência cardíaca. Em sua cerimônia fúnebre, na Catedral de Copenhagen, foi tocado o último movimento de seu Quinteto para sopros, um conjunto de variações sobre o hino luterano Meu Jesus, faz meu coração amar. Não poderia haver homenagem mais apropriada.

SUA OBRA

Carl Nielsen é dono de uma das mais vivas e originais obras do início do século XX. De personalidade simples e otimista, deixou marca sempre reconhecível em todas as suas composições. Um dos traços mais marcantes da obra de Nielsen é a busca constante por sinceridade e pureza de concepção. Nesse sentido, evitou sempre a vanguarda de sua época, que considerava "anti-natural": dessa maneira, Nielsen poderia ser facilmente considerado um conservador.

Mas se tal "conservadorismo" corresponde bem às suas primeiras obras (aproximadamente a fase que se extende da Pequena suíte até o Concerto para violino), não explica as peças de seu segundo ciclo criativo (da Quarta Sinfonia ao Concerto para clarinete), muito livres na forma, na harmonia e extremamente originais no contraponto intenso e na orquestração. A Sexta Sinfonia e o Concerto para clarinete, além das últimas obras para piano, por exemplo, são peças que nada devem à vanguarda "oficial" dos anos 1920.

Nielsen se destacou em três gêneros: a sinfonia, o concerto e a música de câmara. Essas são suas obras mais freqüentemente executadas mundo afora. Na Dinamarca, porém, são especialmente apreciadas suas canções e hinos, suas duas óperas (Saul e Davi e Maskarade)e as demais obras vocais. E há um campo menos conhecido, mas de grande qualidade, dentro de sua vasta produção: as obras para piano.

Sinfonias
Carl Nielsen, juntamente com Gustav Mahler e Jean Sibelius, é um dos últimos herdeiros da forma sinfônica criada por Haydn e Mozart no século XVIII. Enquanto Mahler tentava fazer da cada sinfonia um mundo, compondo obras desafiadoras - tanto em suas durações como em suas temáticas - e enquanto Sibelius tentava obter a forma perfeita que fizesse da sinfonia um "todo" orgânico e unificado, Nielsen compunha sinfonias mais tradicionais e ligadas à tradição germânica.

É comum a afirmação de que suas primeiras sinfonias compartilham muito o clima das obras de Brahms e Dvorák, mas isso só é completamente verdadeiro para a Rapsódia sinfônica, obra de 1889, e para a Primeira Sinfonia, composta em 1892. Entretanto, Nielsen já tem voz própria. Poucos compositores do século XX iniciariam uma sinfonia de maneira tão direta quanto o início de sua Primeira. Essa maneira assertiva de ir direto ao assunto se tornaria uma das marcas registradas de Nielsen e já está presente em sua primeira obra sinfônica de fôlego.

As três sinfonias subseqüentes se iniciam de maneira similar, sem rodeios. Mas nenhum início é tão explosivo quanto o da Segunda Sinfonia, de 1902, dita Os quatro temperamentos. É uma verdadeira explosão de ira musical, digna da curiosa marcação Allegro collerico. Nessa obra, as presenças de Brahms e Dvorák são totalmente substituídas pela voz própria, forte e marcante, do próprio Nielsen.

O subtítulo Os quatro temperamentos explica perfeitamente o "programa" da sinfonia. O primeiro movimento representa o homem impetuoso e colérico; o segundo, o homem indolente, bem-humorado; o terceiro, o homem melancólico, introspectivo; o quarto, o homem alegre e divertido, um tanto bobalhão. Nielsen inspirou-se em uma pintura rústica que viu na parede de um bar. No quadro, retratados os quatro diferentes tipos de pessoas que compõem o imaginário popular.

A Terceira Sinfonia tem também subtítulo: Espansiva. Seria essa uma sinfonia ainda mais expansiva que as duas irmãs mais velhas? Não. Curiosamente, a Sinfonia espansiva é a mais relaxada das três. O termo espansivo (em italiano) refere-se ao otimismo irrefreável da obra, que é puro amor à vida e à natureza (com a descrição idílica da ilha de Funen no segundo movimento, que conta com a participação de uma soprano e um barítono). Ao contrário das demais sinfonias, na Espansiva não há conflito.

A Quarta Sinfonia, dita A inextingüível, é certamente a mais popular das obras de Nielsen. É sua sinfonia mais romântica e a mais épica de suas obras. O subtítulo curioso se refere à vida e à força da natureza, que, segundo Nielsen, apenas a música pode representar com eficácia. Se na Sinfonia espansiva não há conflito, na Quarta tudo é conflito e resolução. Para representar o ciclo infinito vida-morte-renascimento, Nielsen encadeia todos os quatro movimentos tradicionais da sinfonia em um só, e amarra todos os temas a um belo motivo principal, que representa a vida. A luta é representada por um duelo épico de dois conjuntos de tímpanos, colocados em lados opostos da orquestra, que acontece no último movimento. No final, a vida vence e seu tema ressurge de maneira grandiosa e emocionante. É uma das mais épicas sinfonias de toda a história.

A Quinta Sinfonia é obra ainda mais audaciosa. Ela não tem título nem "programa" facilmente distingüível, mas é possível detectar sua temática principal, o conflito. Mas, ao contrário do que acontecia na Quarta, o conflito aqui é mais humano e difícil de resolver: a guerra. Nielsen compôs a Quinta em 1922, pouco após a Primeira Guerra Mundial, e a tragédia da luta mais sofrida da história ecooa em toda a sinfonia. É, juntamente com a Sexta, a única sinfonia de Nielsen que se inicia suavemente. É também a única do ciclo que tem uma estrutura não-ortodoxa: seis movimentos, encadeados em duas partes. Apesar da sinfonia começar psicologicamente muito mal, termina muito bem. Nielsen, apesar de todos os questionamentos, é um otimista incurável. Todas suas sinfonias se resolvem, e essa impressionante Quinta não poderia ser diferente. A obra, sem dúvida, é a mais ambiciosa do compositor, e uma das maiores, mais complexas e mais profundas sinfonias do século.

A Sexta Sinfonia, dita Semplice, é totalmente diversa. Nielsen é um compositor muito direto, sincero; mas, neste caso, ele adota meios oblíquos para passar sua mensagem. O subtítulo - que chegou a ser suprimido pelo autor, mas que foi adotado pela posteridade -, as melodias, a orquestração: enfim, todas as características superficiais da sinfonia fazem crer que esta é uma peça pastoral ou mesmo simplória. Nielsen alimentou o próprio engodo, ao dizer que desejava compor uma obra "de caráter completamente idílico". Que nada! O ouvinte observador percebe claramente: tudo nessa sinfonia é dito às avessas, como num grande enigma. O segundo movimento é o mais curioso e leva o nome de Humoreske. É uma sátira arguta à vanguarda musical do início do século. Orquestrado para flautim, clarinete, fagote, trombone e percussão, é música maluca, que zomba do modernismo forçado, artificial, que Nielsen desprezava.

Obra muito complexa, a Sinfonia semplice não é das sinfonias mais imediatamente palatáveis de Nielsen. Mas, com paciência, o ouvinte percebe que suas surpresas são deliciosas e que valem muitas audições. Eis uma obra que nunca perde o encanto: sempre sobra uma peça para encaixar no quebra-cabeça.

Concertos
Carl Nielsen não foi apenas um grande sinfonista, mas também um excelente compositor de concertos. Escreveu três. O primeiro é o glorioso Concerto para violino, composto em 1911. Os demais concertos foram inspirados pela amizade de Nielsen com o Quinteto de Sopros de Copenhagen. Planejou compor um concerto para cada membro do quinteto, mas morreu antes de terminar o ciclo. Compôs apenas os concertos para flauta e clarinete. Foi uma perda trágica: os três concertos restantes (para trompa, oboé e fagote) certamente transformariam o repertório para esses instrumentos.

O Concerto para violino é o menos conhecido dos concertos. Difícil saber o motivo desse esquecimento. É uma obra memorável, repleta de grandes melodias, cheia de clima. O crítico David Hurwitz arrisca um palpite: para ele, a obra - organizada em dois movimentos que agrupam dois andamentos cada - perde seu apelo no segundo movimento, pois o primeiro é tão maravilhosamente conclusivo que parece não precisar de complemento. Talvez, mas é grande música mesmo assim!

O Concerto para flauta é mais desafiador para o ouvinte. Tem também dois movimentos, mas sua estrutura é muito menos ortodoxa. Para acompanhar o solista, um trombone passa a importunar a pobre flauta, como se estivesse zombando de seu timbre suave. Dá até para ouvir as gargalhadas! Obra interessantíssima, rica e cheia de constrastes, o Concerto para flauta é o mais conhecido dos concertos de Nielsen.

Apesar das grandes virtudes dos demais concertos, o Concerto para clarinete é que é a sua mais importante obra concertante. Ele tem apenas um movimento e suas subdivisões não são facilmente perceptíveis. Podemos notar duas partes principais, uma rápida e outra moderada. Cada uma das partes tem um tema inicial principal, no qual todos os outros temas são baseados. Não há grande contraste entre as seções, mas ao final dos 25 minutos da obra, o ouvinte tem a sensação de que todos os tipos de movimentos de concertos foram abordados. (A Sétima Sinfonia de Sibelius, também em movimento único, passa exatamente a mesma impressão.)

Música de câmara
Nielsen compôs quatro quartetos de cordas, um Quinteto de cordas de juventude, um famoso Quinteto para sopros e um sem-número de obras menores para conjuntos de câmara. Os dois últimos quartetos, opp. 14 e 44, sua segunda Sonata para violino e piano, além do já citado Quinteto, são as obras principais.

O Quarteto op. 14, composto em 1898, tem uma veia dvorakiana evidente. A obra se inicia de maneira ampla, bem à maneira do Nielsen da primeira fase, com o memorável tema inicial e um impulso contrapontístico absolutamente formidável. O segundo movimento é um belo Andante sostenuto. Um Allegretto pastorale serve de intermezzo para o agitado finale, que tem a marcação Allegro coraggioso, bem nielseniana.

O Quarteto op. 44 é mais original e introspectivo que o op. 14. Ele foi composto em 1906 e representa bem o amadurecimento de Nielsen e a busca de uma linguagem pessoal. O primeiro movimento é memorável, com sua característica e hipnótica melodia. O andamento lento é menos indolente e mais sério. O terceiro movimento é marcado Allegretto moderato ed innocente e está entre as páginas mais interessantes escritas por Nielsen para quarteto de cordas.

A Sonata para violino e piano no. 2 foi composta em 1912, um pouco antes de Nielsen iniciar o trabalho na Quarta Sinfonia. É uma obra tremendamente original, que o compositor inglês Robert Simpson - nielseniano dedicado - considerava o pórtico de entrada de Nielsen em sua segunda fase criativa. A tonalidade não é clara, as melodias são angulosas e a parte do piano é percussiva, de escrita muito pessoal. O finale é extremamente reduzido e começa com um tema aparentemente pastoral, que leva a um desenvolvimento caótico: o piano toca oitavas marteladas que lembram indiscutivelmente o "duelo" de tímpanos da Quarta Sinfonia.

Já o Quinteto para sopros é a obra camerística mais famosa e executada de Carl Nielsen. Ela teve origem, quem diria, em uma ligação telefônica! Em 1921, Nielsen telefonou para a casa do amigo pianista Christian Christiansen, que no momento estava ensaiando a Sinfonia concertante para quatro sopros e orquestra, K. 297b, de Mozart, com membros do Quinteto de Sopros de Copenhagen. Enquanto Christiansen atendia o telefone, os sopros continuaram a ensaiar. Nielsen ouviu a música ao fundo e ficou tão encantado que foi à casa do amigo especialmente para acompanhar o ensaio. Ao final, dirigiu-se ao oboísta do grupo, Svend Christian Felumb, e disse que comporia um quinteto para eles.

Nielsen escreveu o seguinte a respeito do Quinteto: "tentei nele representar as diferentes características dos cinco instrumentos. Há passagens em que um tenta interromper o outro, e outras em que todos soam juntos". Nielsen não diz, mas certamente há muito da personalidade dos próprios membros do Quinteto de Copenhagen nessas caracterizações. (Aliás, a fascinação do compositor por personagens característicos é bem sentida em diversas outras obras, mais notavelmente na Segunda Sinfonia, dita Os quatro temperamentos, toda baseada nessa idéia.) Nesse sentido, o coração do Quinteto para sopros é o último movimento, uma série de onze variações sobre um hino luterano da autoria do próprio Nielsen, Meu Jesus, faz meu coração amar. Cada variação tenta representar um diferente aspecto de cada um dos instrumentos ou do conjunto como um todo. As variações 7 e 9, por exemplo, são para fagote e trompa solistas, respectivamente. Ao final das variações, o tema coral é novamente tocado, por todo o conjunto.

Música para piano
Nielsen é principalmente lembrado por suas sinfonias e concertos, mas era um autor extremamente prolífico - não há gênero ao qual não tenha se dedicado. Em sua produção há lugar inclusive para o piano - embora tenha sido freqüentemente acusado de ser um compositor "antipianístico". Suas melhores obras para o instrumento são a Suíte, op. 45, as moderníssimas Três peças para piano, op. 59, a Chacona, op. 32, o conjunto de Tema e variações, op. 14 e as extremamente divertidas peças de Música para jovens e velhos, op. 53.

A Suíte foi composta em 1920 e dedicada ao grande pianista Artur Schnabel, que nunca executou a obra. Uma pena! A peça é certamente uma das melhores compostas para piano no século. Dividida em seis partes, ela tem dois centros de gravidade, o terceiro movimento e o final, que acabam tornando a suíte bastante simétrica. O último movimento é de uma força impressionante e revela traços de Brahms - aliás, a suíte compartilha com as Baladas, op. 10 do mestre hamburguês o mesmo clima cinzento e nebuloso. Curiosamente, Nielsen deu originalmente à obra o título de Luciferiana, relacionando-a com o personagem da mitologia grega, portador da luz. Acabou retirando o título porque o público pensou que ele se referia ao diabo...

As Três peças para piano foram compostas em 1927, após o Festival de Música de Frankfurt, onde Nielsen encontrou-se com Schoenberg e Bartók. A obra é tão ou mais ousada que a Sexta Sinfonia ou que o Concerto para clarinete, com seus ritmos pontuados, temas fragmentados e inúmeras sugestões de atonalidade. É uma música difícil, mas de grande clima, muito atraente.

A Música para jovens e velhos é totalmente diferente. Composta em 1929 para a Sociedade de Professores de Música da Dinamarca, foi pensada como um meio de educação musical. São dois livros contendo 12 pequenos prelúdios sendo os em tom maior seguidos por outro em sua relativa menor. No primeiro livro, o terceiro prelúdio foi dividido em duas partes. Com proposta didática e suas relações tonais, a obra remete claramente ao Cravo bem temperado de Bach, sem ser tão ambiciosa, claro. Há inclusive uma pequena homenagem ao mestre de Leipzig no sétimo prelúdio do segundo livro, dito Alla Bach, onde uma fuga caricata brinca com o estilo bachiano. Para o ouvinte, a impressão é de um desfile imaginário de tipos e situações. Delicioso.

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#219 Mensagem por Maestro Alex » 25 Mai 2006, 16:14

Um pouco de bom Jazz para ouvir com um bom Whisky na mão:

Dave Brubeck

O pianista, o compositor e bandleader Dave Brubeck é mais que um artista de jazz. Ele compôs e gravou vários trabalhos em larga escala, incluindo pelo menos dois balés, um musical, um oratório, quatro cantatas, uma missa e obras para grupos de jazz e orquestra. Além de tudo isso, Brubeck possui um estilo de piano bem personalista dentro do cenário do jazz, combinando um senso lírico agudo e uma força musical dramática que advém dos anos de execução. Acrescente-se a isso a sua clara conexão clara com a história do piano no jazz, incluindo o stride e o honky tonk, e você vai encontrar um iconoclasta popular e controverso.

Nascido em Concord, California, no dia seis de dezembro de 1920, Brubeck recebeu treinamento em música clássica desde pequeno com sua mãe e aos treze já estava tocando como um profissional. Ele estudou composição clássica com Darius Milhaud; em 1949 gravou com o Jazz Workshop Ensemble (também conhecido como Dave Brubeck Octet), além de formar o Dave Brubeck Trio com Cal Tjader e Norman Bates. Em 1951, Paul Desmond se uniu ao trio, formando um quarteto junto com Ron Crotty ( substituto de Bates).

As maiores realizações de Brubeck começaram com a época do jazz nos campus durante os anos cinqüenta. Este foi o quarteto "clássico" de Brubeck, um grupo que duraria até 1967 e que gravou alguns dos eternos clássicos do jazz: "Take Five" e "Blue Rondo A La Turk". A partir dos anos setenta Brubeck se concentrou em composição e formou várias bandas, inclusive uma com Gerry Mulligan.

Discografia
1949 Brubeck Trio with Cal Tjader Fantasy
1951 Stardust Fantasy
1952 Dave Brubeck & Paul Desmond Fantasy
1953 Jazz At Oberlin Fantasy
1954 Jazz Goes To College Columbia
1954 Dave Brubeck at Storyville Columbia
1957 Dave Digs Disney Columbia/Legacy
1959 Time Out Columbia
1961 Time Further Out Columbia
1962 Countdown: Time in Outer Space Columbia
1967 Bravo! Brubeck! (live) Columbia/Legacy
1970 Live at Berlin Philharmonic Sony
1972 We're All Together Again Atlantic
1975 Brubeck & Desmond A&M CD 3290
1979 Back Home Concord Jazz
1981 Paper Moon Concord Jazz
1986 Blue Rondo Concord Jazz
1994 Just You, Just Me Telarc
1997 One Alone Telarc
2000 The Crossing

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#220 Mensagem por Maestro Alex » 25 Mai 2006, 17:45

Continuando com Jazz para ouvir com um bom whisky:

Bill Evans

Bill Evans recebeu as influências pianísticas de Bud Powell,Ravel e Chopin e as levou para o jazz, o que resultou numa revolução na técnica de executar baladas. Evans nasceu em Plainfield, N.J., no dia 16 de agosto de 1929. O início de seu aprendizado foi com a música clássica; enquanto estudava na Southeastern Louisiana University ele participava como pianista em várias bandas de Dixieland. Suas primeiras apresentações em New York foram nos grupos de Mundell Lowe, Red Mitchell, George Russell e Charles Mingus. Em 1956 assinou com a Riverside, selo onde gravou seus primeiros grandes álbuns. A formação desse revolucionário trio tinha como baterista Paul Motian e o baixista Scott La Faro, cujo virtuosismo nos improvisos com violoncelo realçavam as interações harmônicas e melódicas do grupo. Dois anos depois trabalhou com Miles Davis, que compartilhava o amor de Evans pelos impressionistas franceses Ravel e Debussy, num período muito criativo, que teve sua expressão mais plena na obra-prima do jazz modal "Kind of Blue", com destaque para a balada "Blue In Green".
Em 1959, Evans retomou o trio, obtendo muito sucesso nas apresentações no Village Vanguard (1961) e se tornando um dos mais conceituados pianistas do jazz moderno. Essas obras-primas do trio de Bill Evans estão reunidas no album “The Village Vanguard Sessions (Riverside/Milestone)”:"Waltz for Debby" e "My Romance", são exemplos típicos do estilo impressionista de Evans e da interação de seu trio.
Depois de deixar o grupo de Davis, Evans trabalhou com seu trio até 1961 quando LaFaro morreu tragicamente em um acidente automobilístico. Vivendo uma transição, Evans gravou uma obra prima intimista, “Conversations with Myself”. Ao longo dos anos sessenta, Evans conduziria algum formações excepcionais ao lado de Jack DeJohnette, Eddie Gomez e Marc Johnson. Antes da sua morte no dia 15 de setembro de 1980, motivada por uma úlcera perfurada, Evans gravou com Philly Joe Jones, Jim Hall, Cannonball Adderley e Tony Bennett. Suas concepções harmônicas meticulosas e pianismos em tons pastéis inspiraram legiões de músicos, como Herbie Hancock, Chick Corea e Keith Jarrett.

Discografia
1956 New Jazz Conceptions Riverside
1958 Everybody Digs Bill Evans Riverside/OJC
1959 Portrait in Jazz Riverside/OJC
1961 Sunday at the Village Vanguard Riverside
1961 Waltz for Debby(live) Analogue
1961 Explorations Riverside/OJC
1962 Moonbeams Riverside/OJC
1963 Conversations with Myself Polygram
1963 Undercurrent Blue Note
1964 Trio '64 Verve
1966 Intermodulation Verve
1967 California, here I come Verve
1968 Bill Evans at the Montreux Jazz Festival Verve
1969 What's New? Verve
1971 Bill Evans Album Columbia/Legacy
1975 The Tony Bennett/Bill Evans Album Fantasy
1977 Cross-Currents Fantasy/OJC
1978 Affinity Warner
1979 We Will Meet Again Warner
1979 Paris Edition, vol. 1-2

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Dica de hoje

#221 Mensagem por McAnd » 26 Mai 2006, 02:28

Como amante da música erudita, entusiasta e estudioso do violão clássico, vou deixar a minha dica de hoje. :D

Andrés Segóvia, violonista espanhol, gravação original, interpretando Fernando Sor (variações da Flauta Mágica de Mozart)....

Nem vou comentar, é só ouvir.... :shock:

Acho bem melhor que a eguinha Pocotó.....

Fui..... :lol:

http://www.youtube.com/watch?v=-nnWLWLt ... %20segovia

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#222 Mensagem por xana-town » 26 Mai 2006, 06:51

Musica de putanheiro.. o HARD BOP!

Art Blakey and the Jazz Messengers...com Wayne Shorter (ele foi casado com a brasileira Ana Maria). MY PASSY

O prazer de se sentir homen...DAT THERE

http://www.youtube.com/watch?v=EfGDTGBH ... t%20blakey

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#223 Mensagem por Maestro Alex » 26 Mai 2006, 10:02

Mais um bom Jazz para ouvir... Imperdível " The Köln Concert"

Keith Jarret

Biografia
Jarret nasceu em Allentown, Pensilvania, no dia 08 de maio de 1945. Foi um prodígio musical: aos três anos começou a ter lições de piano, aos sete realizou apresentações como solista, compôs peças para piano e depois as masterizava com bateria e sax soprano.

Aos dezessete, tocou um concerto por duas horas e estudou com a famosa professora de piano clássico Nadia Boulanger em Paris. Depois de tocar como freelancer em Boston, participou do Jazz Messengers.

Logo depois entrou no quarteto de Charles Lloyd em 1966, com o qual excursionou no Extremo Oriente e na União Soviética. Em 1969 Jarret passou a fazer parte do grupo de Miles Davis tocando piano elétrico.

Ao deixar Miles Davis, Keith Jarrett deixou para sempre os teclados elétricos. Em novembro de 1971, ele passou a gravar somente para o selo ECM, uma associação que continua até hoje. Nos anos setenta, Jarrett liderou dois grupos: uma quarteto inovador americano com Paul Motian(bateria), Charles Haden(baixo) e Dewey Redman(sax), e um quarteto europeu com Jan Garbarek, Palle Danielsson e Jon Christensen.

Além disso, começou em 1972, a sua famosa série de concertos improvisados da qual resultaram gravações que se tornaram populares, como "Solo Concerts", "Köln Concert" e "Sun Bear Concerts".

Nos anos oitenta, Jarrett estava executando tanto o clássico quanto o jazz, mas nos anos noventa ele passou a gravar exaustivamente a sua série "Standards Trio" junto com o baixista Gary Peacock e o baterista Jack DeJohnette.

Embora inicialmente influenciado por Bill Evans, Keith Jarrett tem hoje um estilo original e influente carregando dentro de si a força vital do jazz.

Discografia
1968 Somewhere Before Atlantic
1971 Facing You ECM
1973 Solo Concerts: Bremen and Lausanne ECM
1974 Treasure Island Impulse!
1975 The Köln Concert ECM
1976 The Survivors Suite ECM
1977 My Song ECM
1977 Bop-Be Impulse!
1979 Nude Ants ECM
1983 Standards, Vol. 1-2 ECM
1990 Paris Concert ECM
2003 Up for It: Live in Juan-Les-Pins

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pérola

#224 Mensagem por MaosDeFada » 26 Mai 2006, 10:58

xana-town escreveu:Musica de putanheiro.. o HARD BOP!

Art Blakey and the Jazz Messengers...com Wayne Shorter (ele foi casado com a brasileira Ana Maria). MY PASSY

O prazer de se sentir homen...DAT THERE

http://www.youtube.com/watch?v=EfGDTGBH ... t%20blakey
Grande pedida, xana-town
Sou doidinha por jazz, já adicionei nos meus favoritos a tua sugestão.
Parabéns pelo bom gosto musical.
Tenho gravada a série "A História do Jazz" que passou no GNT há uns
anos. Sempre que a TV não oferece nenhuma alternativa legal recorro
às gravações. Imperdível.
Valeu a dica.
:wink:

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#225 Mensagem por Maestro Alex » 26 Mai 2006, 12:15

Saindo um pouco dos clássicos... mais um Jazz do bom...

Thelonious Monk


Biografia
Thelonious Sphere Monk era um gênio. Nascido a onze de outubro de 1917, Monk se mudou para New York quando tinha cinco anos. Começou a ter lições de piano ainda criança e depois começou a tocar em festas tanto em casas quanto nas igrejas. Monk tinha influência de Teddy Wilson e dos pianistas de stride(J. P. Johnson).

No começo dos anos 40 ele trabalhava com diversos grupos de New York, destacando-se o de Coleman Hawkins. Ele também tocou com Dizzy Gillespie e em 1947, formou sua própria banda, utilizando músicos de talento como Art Blakey, Sonny Rollins e Milt Jackson. Outros sidemen importantes tocaram com Monk, como os saxofonistas John Coltrane e Charlie Rouse.

Monk realizou suas primeiras gravações com a Blue Note em 1947, mas foi sua longa associação com a Riverside (Orrin Keepnews, que também era seu produtor) que o tornou uma grande figura do mundo do jazz. Nos anos 60 ele passou a gravar para a Columbia. Cada álbum de Monk fazia ao ouvinte um convite à aventura do jazz moderno.

Apesar de re-interpretar velhas peças de seu repertório mais conhecido - “Round Midnight", Straight,No chaser", "Ruby, My Dear" e "Epistrophy" – nos últimos discos, em cada um tinha uma nova visão, rica em improvisos e idéias transgressoras.
Nos anos da penumbra, Monk esteve próximo da invisibilidade.

Sua última gravação foi em 1971 para a Black Lion e sua última concerto foi em 1974, no Newport Jazz Festival. Quando morreu em 1982, ele estava quase esquecido, mas alguns anos depois, o jazz voltou a ser popular, com o surgimento da geração dos Marsalis e outros, fazendo uma re-leitura da sua inigualável obra.

Discografia
1953 Thelonious Monk & Sonny Rollins Prestige
1953 The Genius of Thelonious Monk Prestige
1956 Brilliant Corners Riverside
1957 Thelonious Monk with John Coltrane Jazzland
1958 Blues Five Spot Milestone
1959 The Thelonious Monk Orchestra at Town Hall Riverside/OJC
1962 Monk's Dream Columbia
1964 Solo Monk Columbia/Sony
1964 Live at the Jazz Workshop(Complete) Sony
1966 Straight, No Chaser Columbia/Legacy
1967 Underground Columbia
1989 Straight No Chaser (trilha sonora) CBS

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