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#91 Mensagem por Carnage » 09 Mar 2006, 15:20

CERTOS "INTELECTUAIS" GOSTAM DE LIXO

A defesa do popularesco como forma paternalista de apreciar o povo pobre

Esses intelectuais bondosos... Já se conhecem tais figuras que integram parte da intelectualidade brasileira. Ingênuos na percepção do jogo da cultura de massa, mas arrogantes na defesa de modismos comerciais, esses "pensadores" estão, eles mesmos, na moda. Ficou comum defender o popularesco como se esse fosse o destino inexorável da cultura popular.

"Faxina Cultural" já falou sobre esses "pensadores", que usam argumentos sutis para defenderem tendências duvidosas atribuídas à cultura popular. Tendências estas que nem sempre surgiram no seio dos povos da periferia, mas são supostamente associadas a eles.

No Rio de Janeiro temos, entre outros, o irmão do vocalista dos Paralamas do Sucesso Herbert Vianna, o antropólogo Hermano Vianna Jr.. Autor de livros escritos a partir de teses de pós-graduação, ele defende o dito "funk" e o pagode vulgar do grupo É O Tchan, que ele manifestou desejo de vê-lo incluído numa enciclopédia de música popular brasileira.

Na Bahia, três desses "pensadores" já deram suas caras na imprensa, com suas teses intransigentes sobre o popularesco. O primeiro deles, o sociólogo e professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, Milton Moura, publicou um artigo na revista Textos, editada pela mesma UFBa, chamado "Esses pagodes impertinentes", em 1997, que com argumentação generosa, mas discutível, tenta associar o pagode rebolativo baiano às manifestações dos negros escravos durante o Segundo Império.

Recentemente, com o modismo do "arrocha", vieram seus defensores a atribuir o gênero a um "movimento cultural" supostamente desenvolvido em Candeias. Entre eles, o músico Max Matos e a professora de Comunicação das Faculdades de Tecnologia e Ciências, Malu Fontes. Dos dois, o primeiro tentou uma inútil comparação entre o "arrocha" e a arte de Villa-Lobos, e a segunda tentou afirmar que o "arrocha" é um "movimento cultural", coisa que nem os próprios intérpretes do gênero têm idéia ou interesse de que se trata.

METODOLOGIA DUVIDOSA

Essas pessoas, cujos pontos de vista já foram compartilhados por alguns artistas da música brasileira e também por celebridades e jornalistas, adotam critérios discutíveis para defender essas tendências da suposta cultura popular.

Acreditando serem generosos com o povo pobre, esses "pensadores" se comportam como elitistas convictos, porque, no seu ponto de vista preconceituoso, atribuem à cultura popular à idéia de "ridículo", "piegas", "tosco" e "chulo". Numa época de evolução social e maior acesso às informações e ao conhecimento, é estarrecedor que se atribua à música brasileira a humilhante sina de se estagnar na breguice expressa pela vulgaridade do É O Tchan, Psirico e Tati Quebra-Barraco, ou ao coronelismo conservador e piegas de Chitãozinho & Xororó & companhia.

Sendo esses "pensadores" geralmente sociólogos ou antropólogos, eles já começam errando quando se limitam a fazer uma sociologia descritiva dos modismos que pretendem defender. Buscam, com isso, criar uma idéia equivocada de "movimento cultural" a partir, tão puramente, de hábitos e linguagens dos ídolos e seus fãs.

Um movimento cultural, na verdade, tem um propósito artístico. Não se limita ao âmbito do lazer, embora o inclua, mas sim em produzir algo de grande relevância e que possa ser apreciado na posteridade. Um movimento cultural tem uma grande importância social e sua arte busca acrescentar, com qualidade, a contribuição comunicativa de sua sociedade.

As tendências popularescas não podem se enquadrar como tais, uma vez que sua suposta arte não surge naturalmente pela iniciativa do povo. Além disso, se existe alguma iniciativa popular, ela se baseia não por sua vocação natural, mas sim pelas referências das FMs comerciais que geram uma formação cultural duvidosa, confusa, o que não pode ser entendida como "versátil" ou "intuitiva". Não podemos deixar de considerar que muitas das tendências popularescas são desenvolvidas em escritórios empresariais, que chegam muitas vezes a acertar as composições e os arranjos a serem adotados pelos popularescos. Na música popularesca, é muito raro seus próprios intérpretes participarem dos arranjos.

Uma coisa é a vocação artística natural, autônoma, intuitiva, criativa e edificante nos seus valores sociais (e vale lembrar que ninguém precisa ser moralista para acreditar nisso). Outra coisa é a formação cultural medíocre, confusa, que não cria arte, mas apenas produto, de qualidade duvidosa, mesmo quando há alguma elaboração. O popularesco corresponde a esta "outra coisa".

Todo fenômeno tem sua sociologia. Isso é normal. Mas isso não indica que modismos sejam necessariamente movimentos culturais. A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um movimento cultural. Teve propósitos relevantes de expressão artística, seus envolvidos transformaram significativamente a linguagem da música brasileira, de forma autônoma e criativa. A música brega dos anos 70 não é um movimento cultural, porque se trata apenas de um entretenimento, de uma música tosca sem compromisso, feita apenas para divertir.

A tendência de confundir entretenimento com cultura e arte com mercado faz com que tendências popularescas sejam tidas como "autenticamente populares". Nessa metodologia equivocada, os "pensadores" chegam a dizer que a MPB autêntica é "elitista", só porque seus principais compositores e intérpretes vieram da classe média e muitos deles têm formação acadêmica. Será que é "crime" um compositor de MPB ser letrado e de classe média, mesmo quando ele se identifica muito mais com a música popular do que o mais miserável dos breganejos?

ESSES SOCIÓLOGOS PERTINENTES...

O texto "Esses pagodes impertinentes...", de Milton Moura, foi publicado em 1997, quando o popularesco estava no auge, graças ao liberal-populismo da "Era FHC", uma continuação da escalada popularesca vista durante os governos de José Sarney (cujo destaque foi o império de Sullivan & Massadas) e Fernando Collor (cujo destaque foi a diluição brega da música sertaneja).

Moura pretendeu, com o trabalho, analisar a questão entre o sofisticado e o popular na música brasileira. No entanto, seu trabalho comete muitos deslizes, a partir da sua própria finalidade, que é tentar legitimar o pagode rebolativo, comercial e vulgar como se fosse uma "genuína cultura popular".

Menosprezando o aspecto mercantilista da música popularesca, Moura tenta comparar o pagode rebolativo baiano - então representado pelo É O Tchan e seguidores como Patrulha do Samba, Terra Samba e Gang do Samba e por grupos baianos de repercussão local como K Entre Nós e Nossa Juventude - às manifestações dos negros durante o período do Segundo Império brasileiro, na segunda metade do século XIX.

Tal comparação é equivocada. Os negros do século XIX se situavam num contexto de escravidão e luta contra suas próprias injustiças, que contavam com o respaldo do movimento abolicionista. A música popular era muito mal vista pela sociedade da época e não havia uma "cultura de massa" que transformasse os clichês de música popular em negócio para enriquecer empresários. Já os negros do século XXI (cujas caraterísticas configuram ainda o perfil de 1997) possuem uma certa emancipação social, já havendo uma classe média negra no país, um público formador de opinião e capaz de decidir pela compra e consumo de bens.

Ao longo do texto, Milton Moura chega ao erro de achar natural que empresários se tornem, no dizer dele, "verdadeiros proprietários" dos grupos de pagode baiano, a partir do famoso exemplo de Cal Adan no É O Tchan.

Moura, num momento de alegre arrogância, chega a chamar de "aristocratas" as pessoas que rejeitam o pagode de É O Tchan, Harmonia do Samba e quejandos. De forma pejorativa, chama a música popular autêntica de "sofisticada", talvez visando restringir a música popular do passado remoto no âmbito do folclore e confinar a música popular do século XX (cujo auge foi durante a era desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, entre 1956 e 1961, mas que teve também seus momentos de glória na Era dos Festivais, na década de 60) à privada apreciação dos doutos.

Se essa música popular, que revelou nomes como Luís Gonzaga, Dolores Duran, Cartola, Jackson do Pandeiro, Jacob do Bandolim e Pena Branca & Xavantinho, é considerada "elitista", é por vontade do próprio autor, para o qual a música popular tem que estar sempre associada ao ridículo, ao grosseiro ou ao piegas que a música de tradição brega, que gerou o hegemônico popularesco de hoje, de caráter comercial e sem objetivos artísticos nem culturais, impõe para o consumo das classes trabalhadoras e dos pobres em geral.

Não é vontade de um Francis Hime fazer "música para doutores". Francis Hime faz música popular. A irmã de Chico Buarque, Cristina Buarque, quando apareceu no documentário Raízes do Brasil, de Nelson Pereira dos Santos, cantava numa roda de samba que não fazia feio diante das festas sambistas dos povos de periferia. Cristina cantava um samba genuíno, que faria o mestre Cartola sorrir de prazer.

Enquanto isso, Zezé Di Camargo & Luciano e Alexandre Pires é que cobiçam as elites e, quando tentam "sofisticar" seus sons, soam claramente aristocráticos. Eles querem comer caviar nas Ilhas Caras, virarem burgueses se venderem para os capitalistas. A meta do "funk" de DJ Marlboro é atingir as elites, e quando atingir, se esvazia toda essa demagogia que vende como "vanguarda" ídolos de qualidade duvidosa como MC Serginho e Tati Quebra-Barraco.

Valendo-se também pela viciada comparação do pagode baiano com o samba de roda do Recôncavo baiano, quando seu som na verdade emula (e muito mal) o som das gafieiras, Moura também comete outro equívoco: classificar como "espontaneidade" a pressa com que os grupos de pagode gravam seus discos. Isso em si não indica espontaneidade alguma, e espontaneidade é algo que os grupos de pagode não possuem. Espontaneidade requer naturalidade e criatividade, e Paulinho da Viola, um dos mais prestigiados e elegantessambistas brasileiros, chegou a ficar mais de seis anos sem gravar discos, não apenas por ser carpinteiro, mas porque sua música não é comercial e por isso ele pode gravar um disco com calma, compondo as músicas com tranqüilidade.

Quanto aos pagodeiros rebolativos, dos velhos sambistas cariocas, esses grupos só imitam bem é a malandragem. Neste caso, são até mais malandros que os sambistas originais, já que estes, como malandros, eram mais ingênuos e bem mais honestos. Com o som medíocre que ouvimos dos grupos É O Tchan, Harmonia do Samba e seus pupilos, dos quais hoje o Psirico, Pagod'Art e Guig Ghetto são os mais famosos, só sendo muito malandro para levar larga vantagem com isso. E com o apoio de outros "malandros", os empresários que, capazes de vender gato por lebre, vendem o popularesco como se fosse a genuína música popular. Só num país com problemas na educação do povo para que lorotas assim prevaleçam.

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#92 Mensagem por Carnage » 09 Mar 2006, 15:31

A "DOCE" DEMAGOGIA DOS DEFENSORES DO POPULARESCO

Uma tendência que está crescendo no Brasil, ante à futilidade igualmente crescente na dita "cultura popular" é a dos defensores dessa mesma futilidade.

São sociólogos, antropólogos, professores universitários, jornalistas e até documentaristas, todos tentando se esforçar para nos convencer de que tudo aquilo que na cultura brasileira corresponde ao piegas ou ao chulo é a "verdadeira cultura popular". Para isso, tais "pensadores" se armam de um discurso que por vezes parece doce e comovente, mas que em outras vezes não deixa de ser agressivo.

Você pode ler um jornal e, eventualmente, vai ler uma reportagem sobre o "pancadão", aquilo que se conhece como "funk carioca", e vê fulano desesperadamente suplicando para "perdermos os preconceitos".

Há todo um discurso armado, uma "doce" demagogia tentando lhe convencer de que tudo o que corresponde, na música produzida no Brasil, ao chulo - como o pagode rebolativo baiano, o "arrocha" e o "pancadão" - ou ao piegas - a axé-music, o breganejo e o pagode romântico paulista - é a "verdadeira cultura popular", em contraposição a uma tradição cultural que tais "pensadores" hoje tentam associar aos redutos letrados da intelectualidade brasileira.

Quer dizer, a cultura popular autêntica produzida antes do "milagre brasileiro" de Médici é, quase toda, atribuída, hoje, a uma manifestação "elitista" e sua definição de "sofisticada" tem caráter pejorativo, como forma de isolar a autêntica cultura popular à apreciação dos letrados.

Embora bem construído, esse raciocínio conta com muitas falhas. É arrogante, tenta ser racional, e entre outras coisas tenta ridicularizar até mesmo os consagrados valores culturais a que tais defensores do popularesco atribuem à idéia de "bom gosto".

Julgando-se "contra preconceitos", esses defensores da bregalização da cultura brasileira criam, mesmo sem querer, novos preconceitos. Para eles, o termo "sofisticado", por exemplo, é usado no sentido pejorativo, para isolar no patrimônio elitista qualquer tipo de manifestação cultural de qualidade, dotada apenas de inteligência e beleza. Demagogicamente, até para tentar desmentir algum reacionarismo, esses "pensadores" tentam dizer falácias do tipo "se percebermos bem, as músicas 'bregas' são também muito bonitas, e há lirismo entre elas". A gente sabe que "beleza" e "lirismo" são coisas inexistentes na música brega e popularesca em geral.

Entre os preconceitos desses "pensadores", podemos considerar a idéia de "bom gosto", que eles esnobam, depreciam mas não sabem determinar bem o que é. Apenas se limitam a dizer que é um gosto "aristocrático", "academicista", e ponto final. "Bom gosto" tanto pode ser Luís Gonzaga como Villa-Lobos, Jackson do Pandeiro como Jacob do Bandolim, Elza Soares como Elis Regina, Braguinha como Carlos Gomes. Pouco lhes importa a "formação musical" dos grandes nomes da autêntica MPB - que Sérgio Porto chamava de MPBB, Música Popular Bem Brasileira - , tudo que corresponde à inteligência, decência e beleza na música brasileira é classificado pejorativamente de "elitista", de "música para doutores".

Por outro lado, os defensores do popularesco partem para outro preconceito, de cunho social e, portanto, grave, porque segregacionista no conteúdo, embora conciliador na forma. Para eles, o popularesco "também é MPB". Eis o ponto "conciliador". O ponto segregatório é que para eles a música popular não pode ter inteligência ou decência. Para eles a música é para falar de "bunda" mesmo. "Não se preocupem, eles não falam de 'bunda' o CD todo", tentam nos consolar ante esta sádica realidade.

Agindo tal qual um imperador romano ante os espetáculos de gladiadores se exterminando em plena arena, os defensores do popularesco, nos seus camarotes virtuais da intelectualidade populista, aplaudem quando o povo canta mal, faz músicas malfeitas e além disso coloca letras de duplo sentido, com forte conotação sexual, cheia de bobagens e dança rodopiando os glúteos com as mãos apoiando os joelhos. É um aplauso paternalista, de pretensos intelectuais que desejam que o povo permaneça na sua ignorância e grosseria, para assim se expressarem como tais.

PAGODE REBOLATIVO: SUGESTÕES DE RACISMO?

Tal visão se agrava quando o assunto é o pagode rebolativo de grupos de pagode rebolativo, como Psirico, Pagod'Art, Guig Guetto, Miskuta, Sayddy Bamba, Supersamba e outros. Independente de ter membros brancos na formação, os grupos baianos de pagode rebolativo sugerem uma estereotipação negativa do negro brasileiro, transformando ele num grande idiota. Os nomes, muitos deles, não têm sentido algum. Por exemplo, o que é "Dignow"? Que raios é "Psirico"? A corruptela gráfica - "Miskuta", "Sayddy Bamba" - , ou nomenclaturas pretensiosas - "Pagod'Art", "Guig Guetto" - , mostram o caráter imbecilizante desses grupos, em cujas apresentações trabalham a imagem do negro como sendo um "tarado", através da vontade aleatória e freqüente dos cantores em rebolar. Este estereótipo, chamado de "putão", tem até alusões ao homossexualismo.

O som dos grupos é chulo, malfeito, e aqui não se fala em simplicidade. Eles não têm simplicidade, porque eles, quase todos, se acham os maiorais. Perseguem uma situação de sucesso, de riqueza, através de um som que eles não têm escrúpulos de mostrar até para a moçada de classes mais ricas, da mesma forma que outro ritmo igualmente grosseiro, o "funk carioca", também quer se exibir para as platéias da Zona Sul do Rio de Janeiro.

O jogo do discurso dos defensores do popularesco aqui cai em contradição. Ficam felizes quando jovens burgueses consomem popularesco da pior qualidade. Ingênuos - ou então sádicos? - , esses "pensadores" confundem cultura com entretenimento, arte com mercado, ignorando que num passado recente, os anos 60, as oposições entre arte/cultura e entretenimento/mercado rendiam discussões acaloradas, equivalendo à oposição entre esquerda e direita.

Não há, portanto, como fundir os sentidos de cultura e entretenimento, nem confundir o processo de fruição cultural com consumo de produtos do entretenimento. O popularesco é apenas entretenimento, consumo, não é cultura. Não é a opinião de pretensos intelectuais que vai fazer isso prevalecer, mas sim o tempo, a história, que mostrará quais as manifestações musicais relevantes. Muito do que pareceu ser de eterno sucesso no passado, caiu no esquecimento, e o vento dissolveu em pó os clamores de seus defensores, orgulhosos de sua pretensa sabedoria.

A boa música popular prevaleceu porque era uma música não apenas feita por pobres. Convém lembrar que o popularesco não é feito de forma soberana e independente pelos pobres, mas é fruto, isso sim, da exploração de pessoas vindas do povo por empresários do entretenimento, estes sim responsáveis pela projeção de um ídolo popularesco, a partir do financiamento de espaços de divulgação em rádios, TVs e jornais. A música autenticamente popular não precisa disso, e nunca precisou. Ela prevaleceu pela inteligência intuitiva, pela simplicidade e pela decência que o povo tinha na época. Se o povo teve desvios de comportamento, pelo menos os primeiros artistas não passavam seus defeitos para a concepção musical. Eles tinham respeito com a música. Coisa que os popularescos, que se preocupam em falar de "corno" e de "bunda", não tem de jeito algum.

Por isso, quem defende o popularesco é que tem preconceitos. Superestimando estilos musicais que são apenas chulos, eles exageram vendo em modismos de mercado supostas revoluções no âmbito cultural. Quem não gosta deles sabe muito bem do que se trata, porque é obrigado a ouvir constantemente "arrochas", "tchans", "bondes" nas lojas, nos camelôs e nos programas de TV sintonizados pelos seus parentes. Quem odeia DJ Marlboro e companhia sabe muito bem daquilo que odeia, quem o vê como cult é que é preconceituoso, porque enxerga "revolução" onde só há modismo.

Será inútil que os defensores do popularesco venham, irritados, vociferarem contra o "bom gosto", pois estarão, na verdade, defendendo a imbecilização da cultura brasileira, uma vez que a qualidade duvidosa do popularesco ocorre abertamente, provando a lógica frágil dos "corajosos" ideólogos do popularesco que, pensando defender o povo, defendem isso sim a permanência da miséria e da falta de educação. Nota zero para estes pensadores.

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#93 Mensagem por Carnage » 09 Mar 2006, 15:35

ESTAMOS COM ARTUR XEXÉO E NÃO ABRIMOS


Na foto esquerda, o jornalista Artur Xexéo, de O Globo. Na foto direita, o cantor Leonardo, pivô da violenta reação dos fãs contra Xexéo.

No dia 23 de março de 2005, o colunista de O Globo, Artur Xexéo, publicou uma pequena nota falando mal da versão do cantor breganejo Leonardo para "Nervos de Aço", canção de Lupicínio Rodrigues, texto que reproduziremos a seguir. Os fãs do Leonardo se irritaram e partiram para declarações subjetivas em e-mails enviados no mesmo instante, que até parece terem sido enviadas por uma mesma pessoa ou por assessores e membros de fãs-clubes oficiais. Geralmente são nomes femininos, que devem achar o cantor Leonardo "um gato". Uma delas chegou ao absurdo de dizer que Leonardo é cantor da "verdadeira MPB". Reproduziremos também as cartas e daremos nosso questionamento.

Nõs abominamos o popularesco e denunciamos o pedantismo de ídolos bregas que a partir do quinto LP de carreira dão um banho de loja, de produção fonográfica, produção de eventos, etc., e com suas canções mais comportadas que seus primeiros sucessos, há trouxas que imaginam que isso é MPB. E, pior, qualquer desculpa vale para botar um popularesco na galeria da fama da MPB: irmão falecido, famílias de irmãos para sustentar, mãe doente, dias de fome no início de carreira, etc.. E de repente "Dako é bom" vira até "hino de sofrimento" dos ídolos popularescos. "Pressão" do Guig Guetto virou até "canção de protesto" de lideranças estudantis incautas. Eles confundem Música Popular Brasileira com Música Pobre Brasileira. Talento não importa, mas o comprovante de renda (antigo) do ídolo brega/popularesco sim. E, a exemplo dos fãs do Charlie Brown Jr., se preocupam menos em valorizar seus ídolos do que em atacar aqueles que não gostam deles.

Por isso, estamos do lado de Artur Xexéo. A versão do Leonardo, para nós, também é de doer os ouvidos. Se os fãs do Leonardo criaram um movimento contra o colunista, nós criamos um movimento a favor. Nossa solidariedade a Artur Xexéo está declarada aqui, seguramente.

Esses fãs do Leonardo têm direito até de gostar da música que ele canta, mas não têm direito de ir para discursos "intelectualóides" citando Mário Quintana, ou então chamando Leonardo de "cantor de MPB". Digam apenas "fiquei ofendido por ele (Artur Xexéo) ter ofendido meu ídolo (Leonardo)" e só. Não confundam gosto musical pessoal com valor cultural. Leonardo não tem valor cultural algum. O que ele faz é entretenimento. Só isso. E ele é tão brega que outro homônimo, também apenas Leonardo, irmão de Michael Sullivan e que teve uma música gravada pela Fafá de Belém em sua fase brega. E o Leonardo irmão de Michael Sullivan tentou processar o Leonardo irmão de Leandro, mas não conseguiu. Brega também pode ser lobo atacando lobo.

Para quem tem coração delicado, muito cuidado. As manifestações dos fãs do Leonardo são muito agressivas, arrogantes e dotadas de um evidente pedantismo burro (como a tal Paula Faria que diz que Leonardo é "a verdadeira MPB").

A NOTA DO ARTUR XEXÉO

Mais coisas que incomodam em 'América': a versão sertaneja para 'Nervos de Aço' que faz parte da trilha sonora. Se Glória Perez precisar de um gancho, aqui vai uma sugestão: quem assassinou Lupicínio Rodrigues?

AS CARTAS E NOSSO QUESTIONAMENTO

"Gostaria de informar que a maravilhosa e inigualável voz que interpreta divinamente a canção 'Nervos de Aço' na novela 'América' pertence ao atual maior vendedor de CDs desse país (a propósito, o senhor conhece esse país? Sabe quem faz parte da verdadeira MPB? Sabe o que representam as vozes de Leonardo e seu, infelizmente, falecido irmão para esse país). Se o senhor não sabe quem emprestou sua emocionante voz a uma música já esquecida no cenário musical do Brasil, tornando-a sucesso absoluto, devo informar-lhe que o dono da brilhante voz é Leonardo, uma pessoa que é verdadeiramente brasileira, ama seu país e seu povo e que nasceu com uma voz abençoada (Me diga uma coisa, o senhor é mesmo brasileiro?).
(Paula Faria)

"Inigualável voz"? Essa Paula Faria não ouviu o grupo Calcinha Preta, cujo vocalista canta igualzinho ao Leonardo (com a diferença que o cantor do CP solta mais a franga). Outra coisa: Leonardo, "verdadeira MPB"? Se for assim, então o Big Mac, aquele sanduíche da McDonalds, é um dos mais significativos repretentantes da "verdadeira culinária vegetariana brasileira". Talvez até a carne bovina seja também "comida vegetariana" só porque os bois comem capim. Deixemos, porém, esse ridículo: Leonardo é MPB coisa nenhuma!!!! Primeiro, porque ele e o falecido irmão (sentimos muito pela morte precoce dele, mas isso não é quesito para ingressar na MPB) passaram muito tempo fazendo música brega. E brega não é MPB. É música comercial da grossa. E Leandro & Leonardo começaram se apoiando no Lindomar Castilho (o Pimenta Neves da música brega) , e não no grandioso Lupicínio Rodrigues. E, além disso, o mais recente LP (de 2004) do cantor Leonardo é dedicado totalmente à música brega. Pára de discursos "cabeça", E ser "maior vendedor de CDs do país" não indica que ele tenha qualidade musical ou valor cultural. Se fosse assim, até o Latino seria um "gênio". Paulinha. Diga apenas, concisamente, o seguinte: "não gostei da crítica, amo Leonardo, e fiquei ofendida com os ataques que o jornalista fez ao meu amado ídolo". Só isso. Não precisa complicar.

"Meu caro, concordo que cada um tenha seu gênero de música preferido. Porém, ofender um cantor do gabarito de Leonardo não é para qualquer chinelo, não, tá? Caso você ainda não saiba, Leonardo é um dos maiores vendedores de discos dos últimos tempos".
(Larissa Nascimento, que citou um trecho de poema de Mário Quintana no final da carta)

Repetindo: ser "maior vendedor de CDs do país" não indica ter qualidade musical ou valor cultural. E, repetindo mais ainda, Leonardo não é um gênio. É mais um dos breganejos politicamente corretos, que tenta reduzir suas aparições na TV aberta com a mesma hipocrisia que Zezé Di Camargo & Luciano se dizem "petistas". Quem entende a história da música brasileira sabe que, quando houve essa "invasão sertaneja", apoiada por Fernando Collor e pelos piores programas da TV aberta, eles representavam o que havia de mais cafona, brega e comercial na música. Mas hoje esses mesmos sertanejos do asfalto são tidos como "gênios maiores da MPB"? Daqui a pouco até o Latino e sua "Festa do Apê" vão ser considerados "clássicos da MPB". E não adianta citar poema para dar um tom "cabeça" à carta. Larissa, diga apenas o seguinte: "A voz do Leonardo me agrada, gosto das canções que ele canta e me senti ofendida". Só isso. Não precisa complicar.

"Venho através deste (e-mail) mostrar a minha indignação pelo comentário muito maldoso que fizeram com o nosso saudoso Leonardo. Comentários maldosos são desnecessários e, acima de tudo, são só para vender jornal. Acho que vocês não precisam disso. E não se esqueçam que um dia vocês podem precisar de uma entrevista do Leo e o mesmo pode recusar".
(Ana Paula dos Santos Boim)


E-mail estranho. Também o "saudoso Leonardo" confundiu nossa cuca. Faremos coro com Artur Xexéo, que disse: "Isso é fã que se apresente? Não sei, não, mas acho que Leo não vai gostar". Ana Paula, diga apenas o seguinte: "Fiquei revoltada com os ataques feitos ao meu ídolo. Deixe de ser agressivo com ele". Só isso. Não precisa complicar.

"Só podia ser do Rio mesmo. Será que você não tem mais no que falar nesse estadinho aí? Fala do problema social do país, idiota. Ainda bem que o Leonardo não precisa de você. Mas você precisa dele para botar comida na sua casa. Acho que você não entende de música, né?".
(Gabi Castro)


Essa garota é o que personifica os "neo-imbecis" que causariam gargalhadas histéricas de Sérgio Porto se ele vivo estivesse, nos seus 82 anos. Sérgio, para quem não sabe, foi o Stanislaw Ponte Preta que fez aquela série FEBEAPÁ - Festival de Besteiras que Assola o País. Certamente ele consideraria imbecis aquelas pessoas contrariadas que, furiosas, chamam os outros de "imbecis". Gente agressiva, mesmo, tipo os membros do Comando de Caça aos Comunistas daqueles anos de chumbo nos quais Sérgio morreu sem vir a conhecer o AI-5. Neo-imbecis têm aos montes, tem os fãs do Charlie Brown Jr. e os adeptos daquela ridícula "rádio rock", a Rádio Cidade. Gente egoísta, temperamental, violenta. Um dia eles terão seus encargos profissionais cortados pelo patrão, e eles então vão xingar o patrão de "seu imbecil" e ganharão de presente uma demissão por justa, justíssima causa. Para aprenderem a não serem mal-criados. Se sentiram ofendidos e querem ofender em dobro. E, cá para nós, essa Gabi Castro, com discurso evocando "questões sociais" (afinal ela sabe qual a gravidade das chacinas de Nova Iguaçu e Queimados?), entende bem menos de música do que o jornalista que ela acusa "menos entendido". Gabi, diga apenas o seguinte: "Leonardo é meu cantor favorito, se você, como muitos cariocas, odeiam ele, pelo menos não critiquem de forma tão agressiva". Só isso. Não precisa complicar.

"Pobre imprensa brasileira que tem num de seus mais representativos jornais um colunista desse naipe. Que você prefira musiquinhas xexeolentas e intelectualóides, fazer o quê?".
(Rosane Souza)


É sempre assim. Quem questiona o popularesco é visto pelos defensores dessa categoria musical como "aristocrata" e a verdadeira MPB, de "intelectualóide". Como se as canções de Tom Jobim, por exemplo, não fossem música, e sim, complicadíssimos tratados de física quântica. Francis Hime, então, seria um "matemático" dos mais prolixos. Mas a "Festa do Apê" do Latino "é que é MPB". Fala sério!! A verdadeira MPB (Tom Jobim, Chico Buarque, Milton Nascimento, Francis Hime, Cartola, Lupicínio, Maysa, etc.) é mais simples do que parece. O popularesco é que é mais tosco. Será que o "normal da MPB", para essa Rosane Souza, é escrever versos toscos como "a gente segue amando entre tapas e beijos" ou "ela faz a cobra subir"? Rosane, diga apenas "Não gostei de sua crítica". Só isso. Não precisa complicar.

"Imbecil, certamente quem assassinou Lupicínio Rodrigues foi a sua mãe".
(Anônimo)

Comentários assim são típicos dos neo-imbecis. Alguns usam pseudônimos, outros nem creditam nome, se escondendo num obscuro e-mail e se beneficiando pelo anonimato. São esses que mais "atiram pedras". Nas páginas de recado da Rádio Cidade, aquela "rádio roque", também teve muito desses neo-imbecis. Gente furiosa, de mau com a vida, que xinga as mães dos outros e tudo. Anônimo, fique apenas chorando no escuro do seu quarto. Cale-se, se sua voz só diz calúnias. Fique quieto. Só isso. Não precisa complicar.

Discursos "cabeça" não vão fazer pessoa alguma mais erudita ou convincente. Muitas vezes é apenas um recurso que pessoas desesperadas fazem para defender seus frágeis e duvidosos pontos-de-vista. Assim, evocam citações de poetas consagrados - isso não é fazer discurso "intelectualóide"? - ou falam de supostos conceitos técnicos-profissionais (como alguns produtores da Rádio Cidade, fantasiados de ouvintes, fizeram nas colunas de rádio do país), tudo para parecer "convincente" ou "lógico". Quando são desmascarados, porém, partem para a agressão, se revelando neo-imbecis autênticos, ou seja, passam a chamar os outros de "imbecis". Por enquanto, eles são protegidos pela idade juvenil ou pelo prestígio social entre os amigos. Mas, com o passar do tempo, quando eles se tornarem mais velhos, serão apenas conhecidos como "conservadores" e "reacionários", a permitir a corrupção política e as desigualdades sociais que sustentarão seus privilégios dentro do jogo do poder.

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Carnage
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#94 Mensagem por Carnage » 09 Mar 2006, 15:44

O pedantismo popularesco


A história é essa. Ídolos da música brega passam cerca de cinco anos e aproximadamente cinco álbuns cantando letras pornográficas, letras piegas de rimas pobres e inexatas, ou então temas de "corno manso" ou de exagerado sentimentalismo amoroso, com as mesmas rimas pobres, e quase sempre com arranjos toscos, vozes ruins e outras baixarias.

De repente, esse tempo passa e o ídolo ensaia um sumiço estratégico, que pode ser até de poucos meses, até que enfim reaparece, com alguns artifícios estranhos. Seu nome é incluído em algum evento de "música popular de raiz". Seu novo disco mostra pelo menos uma ou duas covers do cancioneiro popular autêntico, podendo ser uma antiga música de Jackson do Pandeiro, um clássico do Renato Teixeira e de Milton Nascimento ou hits da moderna MPB como Guilherme Arantes, Flávio Venturini, Vinícius Cantuária e Djavan. Geralmente hits radiofônicos de MPB. Em alguns casos, aparece em algum documentário de música regional ou recebe comentários elogiosos de Caetano Veloso, Gilberto Gil ou derivados (Marisa Monte, Marcelo Camelo etc.).

Aí, muitas pessoas, felizes, vão ouvir esse novo CD. Quem não entende de música mas é inclinado a sentir pena de qualquer um, vai gostar da "guinada" e enxergar alguns "pontos positivos", mesmo que eles não existam na verdade. E quem é entendedor de música, sobretudo música brasileira - ou, para citar o Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto, 1923-1968), MPBB, Música Popular Bem Brasileira - só não vai se decepcionar porque a revolta é muita para tal sensação.

Pois esses ídolos popularescos, neste caso, se situam na etapa de "pedantismo". Pedantismo significa a atitude de pessoas medíocres em se aproveitarem, de uma forma ou de outra, da sabedoria alheia, sem extrair um real proveito dessa sabedoria. Muito pelo contrário, o ignorante continua ignorante, só está tirando vantagem usurpando a sabedoria de outra pessoa.

Sabemos que a história brasileira registra o caso da Velha República (1889-1930), quando políticos semi-analfabetos expunham falsa erudição em seus discursos demagógicos, que nada mais eram do que a imitação barata dos discursos de personalidades como Rui Barbosa e Olavo Bilac. Hoje, o pedantismo, na música brasileira, se manifesta nos ídolos bregas que, veteranos, agora querem se passar por "grandes nomes da MPB", não raro sem mexer um detalhe sequer da sua essência original. Tendo se enriquecido com as vendas de seus rudimentares álbuns, eles agora investem na sua imagem pública, querendo dar a impressão de que melhoraram. Aproveitam o sucesso e "somem" por alguns meses, para voltar com a pretensão de "entrar pela porta da frente" para o grande escalão da MPB.

Ouvindo os discos desses nomes, que variam em diversas tendências, uma pessoa bem mais atenta verá que na prática nada mudou. Breganejos continuam bregas, com suas canções de corno, só mudaram um pouco as letras, e tentam agora falar de "saudades" de uma terra rural onde eles nem sequer pisaram suas botas de caubói. Pagodeiros bundões continuam obscenos, com seus refrões repetitivos, apelativos, mas agora tentam falar de "choro de viola", "camaradagem", de "pontos turísticos" e de uma "vocação sambista" que eles nunca se empenharam em desenvolver e nem em cima da hora conseguirão.

São muitos exemplos: Zezé Di Camargo & Luciano, que agora fazem breganejo de arena, trocando a diluição do mariachi (ritmo mexicano), traduzido com influências de Amado Batista, pelas guitarras tipo Bon Jovi. Chitãozinho & Xororó, que faziam uma mistura artificial e deturpada mariachi com country music e hoje se acham os "reis" da moda de viola, impedindo o povo de ouvir a música de nomes como Renato Teixeira na sua versão original. Belo e Alexandre Pires, ex-pagodeiros, achando que fazer música romântica de inspiração norte-americana (da linha Bobby Brown e Keith Sweat) é sinônimo de "MPB sofisticada". E o pedantismo ainda pesa mais no Alexandre Pires, que tem até aval de George W. Bush na sua operação para dinamitar os clássicos da MPB.

Há também o "injustiçado" Michael Sullivan, com seu romantismo adocicado que diz se equiparar com o sofisticado repertório de Tom Jobim e Vinícius de Morais. Tem a Kelly Key, que faz dance music de subúrbio e se acha revolucionária. Tem o Terra Samba, Harmonia do Samba e outros como Gang do Samba e Patrulha do Samba, que fizeram bunda music até dizer chega e hoje falam em "fazer samba de raiz". Por outro lado, tem o Só Pra Contrariar, que fazia sambrega e hoje usa até flautinha. E o Molejo, cujas gracinhas não se comparavam ao humor delicioso dos Originais do Samba, mas que agora quer fazer até "samba sério".

Aliás, fica aqui uma proposta para o diretor do documentário sobre o compositor Riachão fazer uma versão editada, excluindo a lamentável participação do grupo de bunda music Gang do Samba. Como o próprio Riachão disse, "Cada macaco no seu galho". Neste caso não é censura, é bom senso. Afinal, é muito fácil dar a voz a aproveitadores sob o pretexto da "generosidade".

Enfim, conforme passa o tempo, esses ídolos se beneficiam de uma espécie de FGTS (Fama de Garantia por Tempo de Serviço), e tentam ficar mais tempo no show business seja bancando os "gênios da MPB", seja promovendo bom mocismo. É absurdo, mas tem pagodeiro que investe em creche e só por isso já se acha incluído no primeiro escalão da MPB!

Enquanto isso, a verdadeira música brasileira é condenada, senão ao esquecimento, pelo menos ao usufruto de uns poucos letrados. Puxa, música popular de verdade agora só é privilégio dos intelectuais, enquanto a plebe fica sempre com o lixo? E se o lixo for dado como "sofisticado" e ser jogado até em cima dos letrados? Já tem "intelectual" elogiando muita porcaria por aí e levando muito a sério quando esses ídolos da cafonice cultural brincam de "gênios da MPB", quase sempre às custas do prestígio dos verdadeiros mestres e discípulos. Chitãozinho & Xororó não usaram a música "No Rancho Fundo" senão por proveito próprio, pois seus autores Lamartine Babo e Ary Barroso continuaram no esquecimento do grande público.

TERRA SAMBA E HARMONIA DO SAMBA SE ATRAPALHAM NA PRETENSA "SOFISTICAÇÃO"

Os dois conjuntos baianos, famosos pelo fenômeno do "pagode rebolativo" inaugurado pelo grupo É O Tchan, passaram um tempo forjando um leve sumiço. O Terra Samba sumiu da grande mídia durante pouco mais de três anos e o Harmonia sumiu durante um ano.

Supostamente, os dois grupos voltaram com uma "sofisticação" sonora, com promessas de "largar" o pagode vulgar que os consagrou. Usando de grande pedantismo, eles chegaram a gravar covers de MPB na tentativa de conquistar outros fãs e passarem uma imagem de que eles fazem "samba sério".

Claro que a tentativa não dá certo. O Terra Samba, que antes do sumiço tentou associar sua imagem ao verão e ao futebol - a música "Tudo de bom" (cujo trecho "bábá-badabadaba" plagia um tema incidental de desenhos de Hanna-Barbera) era usada como trilhas sonoras das torcidas de futebol e também como background para reportagens esportivas de TV - , voltou com a suposta novidade do "samba de mesa".

Tal denominação é ridícula. Considerando essa idéia, se leva a crer que o samba nunca foi tocado em rodas de bar, com pessoas sentadas. Além disso, o nome soa parecido com "tênis de mesa", não faz sentido. E o mestre Cartola, que promovia rodas de samba autêntico com pessoas sentadas ou em pé, nunca iria lançar mão de um recurso tão patético desses. Naquela época dos verdadeiros bambas ("bamba" é uma gíria popular que se refere aos melhores sambistas), nunca haveria essa piada de "samba de mesa". Se a moda pega, vamos ter também o "samba de banheiro", lançado provavelmente pelo Psirico daqui a uns dez anos, quando o grupo da infame canção "Sambadinha" atingirá a fase pedante.

Quanto ao Harmonia do Samba, o novo disco, Meu e Seu, foi promovido como uma "guinada musical". Como o Terra Samba, o grupo agora enfatiza os membros tocando instrumento, com uma falsa espontaneidade, e aquela coisa de "samba sério". O Terra Samba, por sua vez, continua gravando falsos sambas tão grosseiros quanto os de grupos iniciantes como Psirico e Oz Bambaz.

O pedantismo chega ao ponto de haver uma música que cita os nomes de sambistas autênticos, o que pode ter sido sugestão de algum produtor esperto, que colheu de especialistas os nomes menos conhecidos para serem incluídos na oportunista canção do Harmonia. Além disso, a voz de Xanddy é simplesmente horrível, ele continua sendo um cantor medíocre, como a maioria dos cantores de pagode rebolativo, quando os vocalistas geralmente parecem cantar como se tivessem uma batata quente na língua.

RUMO AO QUINTO LP: COMO FAZEM OS PEDANTES POPULARESCOS PARA USURPAR A MÚSICA POPULAR BRASILEIRA


Depois que se superexpôs na grande imprensa televisiva, nas colunas "culturais" de jornais, em eventos tão díspares como o Carnaval baiano e as vaquejadas de Barretos (interior paulista) e de ter aparecido exaustivamente nos programas da TV aberta, os popularescos estão cheios da grana e precisam investir em alguma coisa "diferente", para não deixar o dinheiro parado.

Assim, os popularescos, de tanto terem contribuído para a efetivação da cultura brega no Brasil, se encorajam e vão tentando alguma estratégia para que, mesmo de mentirinha, alcancem o panteão dos grandes nomes da MPB. Querem ser considerados os "grandes" e, pelo menos aos olhos do "povão", eles querem ser vistos como "coisa séria".

Vemos Chitãozinho & Xororó, Zezé Di Camargo & Luciano, Alexandre Pires, Belo, Harmonia do Samba e Terra Samba fazerem das suas para se tornarem penetras da grande festa da MPB. Malandros, eles usam estratégias que podem variar de um caso para outro, mas têm suas caraterísticas comuns e típicas. Vamos enumerar aqui as etapas desse projeto astucioso que tenta enganar a opinião pública, desviando a atenção à verdadeira MPB pelos bregas veteranos, agora fantasiados de "ídolos da MPB".

1. Reforçar toda a publicidade feita em torno deles, que já são atrações principais de vários eventos musicais país adentro, com entrevistas mais "elaboradas". Dá-se uma ênfase no otimismo, nos elogios ao povo brasileiro e nas declarações sobre sua "infância humilde" em algum recanto do Brasil. Algo que não dê vexame se publicado num caderno de cultura de um jornal das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Também é fundamental o ídolo falar sobre alegria e otimismo nas entrevistas.

2) O "artista" tem que se comportar direitinho e por isso é preciso um "banho" total na sua pessoa. Assim, o ídolo popularesco tem que dar um banho de loja, aprender normas de etiqueta, aprender como falar em público etc.. Todo esse processo inclui desde freqüentar academias de ginástica até comparecer regularmente a um fonoaudiólogo. O Alexandre Pires tinha um visual de "jeca", a dupla Zezé Di Camargo & Luciano também? Pois Alexandre Pires fez até musculação e ele e a dupla breganeja vestem impecavelmente bem. O Xanddy do Harmonia do Samba dá depoimentos "inteligentes" nas suas entrevistas? Agradeça aos fonoaudiólogos e professores de retórica. Tudo artificialmente feito para dar um tom de naturalidade e sobriedade e dissimular o caráter brega nos ídolos, seja no visual, na fala, nos gestos etc..

3. Aparecer em trilhas de novelas da Rede Globo de Televisão. Se colocar uma música "autoral" dói nos ouvidos, então o ídolo em questão pede ao seu empresário para pagar os direitos autorais de alguma música da MPB que ele quer coverizar. Mas se a cover é encomendada pela própria Rede Globo, a coisa fica mais fácil. Vide a música "Pecado capital", de Paulinho da Viola, que ganhou uma versão oportunista e medíocre do grupo Só Pra Contrariar, com Alexandre Pires na sua fase ambiciosa, pré-exportação.

4. Aparecer em eventos musicais de TV. "Show da virada", "Verão ano tal", "São João na TV" e coisas do tipo. Sempre sorridente, o ídolo popularesco deve seduzir a platéia com seu "alto astral", sua "energia". Também procure "entrosar" com os verdadeiros ídolos da MPB, em especial nas campanhas contra a pirataria e eventos filantrópicos. Beleza: Zezé Di Camargo ao lado de Chico Buarque é um prato cheio para enganar os incautos. Da mesma forma que colocar Zeca Pagodinho ao lado de Xanddy, Daniel e Leonardo num anúncio de jornal. Só pedir um abraço à Dona Canô (mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia) já causa delírio até em sociólogo baiano voltado a endeusar o popularesco.

5. Já acostumado com a superexposição na mídia, a hora é agora usar o patrimônio da MPB em causa própria. CDs ou documentários em tributo a nomes como Riachão, Luís Gonzaga, Renato Teixeira, Jackson do Pandeiro. O empresário aluga uma vaga para seu grupo ou intérprete, e aí haja Chitãozinho & Xororó ou Alexandre Pires sendo mencionados ao lado de Almir Sater, Zélia Duncan e Jorge Aragão, por exemplo. A mesma coisa com tributos à MPB na TV ou eventos televisivos que determinem a interpretação de algum clássico da MPB.

6. Com todo o serviço feito, agora é lançar um CD cheio de covers, seja todo dedicado a eles ou apenas dedicado parcialmente. Assim, vemos os CDs tributo de Daniel e Chitãozinho & Xororó e o oportunismo do Harmonia do Samba e Só Pra Contrariar. O Harmonia gravou um cover do Jackson do Pandeiro e outro da MPB moderna dos anos 80. O Só Pra Contrariar incluiu orquestra e gastou dinheiro (o projeto durou anos para ser realizado na prática) pagando direitos autorais a covers que variavam de Djavan e seu clone/discípulo Jorge Vercilo ao cancioneiro regional-popular e o brega-popularesco de Zezé Di Camargo no seu lado autor, quando este fornecia músicas para Leandro & Leonardo gravarem.

Com esse receituário, o ídolo popularesco tenta alguns momentos de sobrevivência na mídia, ovacionado pela opinião pública. Só que isso não evitará que o tempo, juiz não muito generoso mas bastante justo, dê seu veredito final: condenar o popularesco ao mais sombrio esquecimento.

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#95 Mensagem por Carnage » 09 Mar 2006, 16:11

O que é popularesco?

Nos últimos anos, na indústria cultural brasileira, existe um fenômeno considerado de "cultura de massa" que se carateriza por seu conteúdo superficial, suas manifestações menos expressivas na essência, embora sejam muito populares.

É aquilo que muitos dizem ser "cultura popular" mas não é. Trata-se, não obstante, de arremedos de cultura popular de caráter comercial, promovido por empresários ou políticos, com objetivos exclusivos de entretenimento. É apenas um lazer, sem compromissos sociais. É um fenômeno de consumo, feito não para durar muito - embora hoje a indústria se esforce para fazer durar a breguice reinante, requentada por mil pretextos - , do contrário da cultura popular autêntica, que não têm compromissos de consumo e tem por finalidade a posteridade, transmitindo valores para as gerações seguintes.

Não se trata, o popularesco, de cultura popular autêntica. Até o "cheiro de povo" é forjado, afinal as classes trabalhadoras e a população pobre em geral, incluindo desempregados, são obrigados a consumir como "cultura popular" aquilo que as rádios tocam a toda hora, de forma hipnótica.

Com um certo raciocínio crítico, não há muita dificuldade em discernir o que é uma cultura popular do popularesco. É como apontar diferenças entre a fruta e o suco com o sabor artificial da fruta correspondente. Uma manga, retirada da árvore, é uma fruta de verdade, algo que se extrai da natureza, que nela inseriu todos os seus nutrientes. O suco industrializado, com sabor artificial de manga, não é a fruta na sua concepção autêntica, embora se extraia da fruta para fazer o suco. Mesmo assim, seus componentes químicos tiram boa parte da essência da fruta verdadeira.

Com a chamada "cultura popular" é a mesma coisa. Enquanto Cartola, Renato Teixeira, Hyldon e o apresentador de TV Chacrinha são autênticos, Harmonia do Samba, Zezé Di Camargo & Luciano, MC Serginho e o apresentador Ratinho são bastardos, artificiais. Aqueles tiveram ou têm o compromisso de irem além de seu tempo, fazendo uma coisa durável. Estes, apesar de tentarem sobreviver a todo custo de modismos e tentarem desmentir, alguns com irritada arrogância, que não são popularescos, apresentam elementos claros de cafonice, elementos grosseiros que eles tentam disfarçar ao longo do tempo, tentando soar modernos. E, tentando ser modernos, se tornam antiquados. E, querendo se aperfeiçoar, apenas desgastam fórmulas e idéias.

O popularesco se confunde com a cultura popular autêntica e, nos últimos anos, seu poder chega a ofuscar aquilo que, há 40 anos, era considerado popular autêntico. O brega, desde 1977, quando surgiu, e desde o governo de Fernando Collor de Mello, quando tomou o poder da mídia, ainda conta com setores delirantes da intelectualidade, composto muitas vezes de filósofos e antropólogos frustrados, semiólogos exaustos ou de masturbadores culturais, para os quais a "cultura" é uma mera brincadeira, um espetáculo do ridículo.

Por isso mesmo, "Faxina Cultural", que não se compromete com segregações culturais, e sim por uma revalorização da cultura popular tal como era, antes da ditadura militar que emburreceu o país e na sua abertura abriu caminho para Sullivans, Chitões, MCs de araque, Tchans, Sheilas, Calcinhas, Chicletes, Polishops, Big Brothers, Ratinhos, Mallandros, Lacraias, Cidades Alertas, supostas boys bands (que são tudo menos bandas).

O Brasil só será um país com cidadania, dignidade e respeito ao ser humano quando parar de entender a cultura popular como a busca mórbida do ridículo ou como a manifestação de um pedantismo que só esconde a burrice por trás de uma pretensa e arrogante inteligência.

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#96 Mensagem por Carnage » 09 Mar 2006, 16:22

O MASSACRE CULTURAL SEM PRECEDENTES

O velho jabá revela-se cada vez mais perverso, impedindo que a melhor arte chegue ao público

MAURO DIAS
Extraído de O Estado de São Paulo
São Paulo, 07 de junho de 1999


Pode parecer irônico, mas o massacre cultural no qual o grupo baiano Pagod'Art é um dos responsáveis compromete a identidade do povo brasileiro assim como a guerra do Kosovo (aqui, cena de uma operação militar), outrora parte da Iugoslávia, que causou muitas mortes, prejudicou a estrutura social daquele país.

A música brasileira entrou, nos anos 90, num impressionante processo de decadência. Errado. A música brasileira continua, nos anos 90, boa como sempre. Há grandes compositores, cantores, instrumentistas. Tentam atuar. Não têm onde. Tentam viver da música - tolice. São dentistas, fiscais do INSS,, professores, motoristas de táxi, balconistas, colunistas de jornais - essas atividades garantem a sobrevivência. Tomam tempo - a criação artística, que é a atividade principal (estamos falando de artistas), acaba sendo deixada para as horas possíveis.

A música brasileira que toca nos rádios, na televisão, nos grandes palcos, nos estádios, nas festas de São João, no carnaval, nas convenções de criadores de gado é que está em decadência. É só ela que aparece. A outra música, a boa, existe, mas não aparece. A culpa é dos radialistas, dos que montam trilhas sonoras de televisão, dos executivos de gravadoras, dos produtores de discos e espetáculos, dos marqueteiros da indústria de entretenimento. Essa gente criminosa está transformando, conscientemente, coração em tripa. É responsável pela seleção do que você ouve e deixa de ouvir. Essa gente está assassinando o que há de mais rico em nossa produção cultural. E ganhando muito, muito, muito dinheiro.

É essa a idéia. Ganhar dinheiro, e dane-se o resto. Um disco, na indústria, não é chamado de disco, mas de "produto". O produto precisa vender. Para que o produto venda, precisa ser exibido. Até agora, apenas regra de mercado, nada demais. No entanto, para que seja exibido, paga-se ao exibidor - ao programador de rádio, ao apresentador de programa de auditório televisivo. Como são muitos, os produtos, sobe o cachê do exibidor. É uma prática antiga, tem até nome: jabá. Paga-se o jabá para que a música toque, sempre foi assim. Mas o mecanismo perverso foi ficando mais perverso. Quem pode pagar mais, consegue maior número de execuções. Isso é reproduzido no País inteiro.Quem pode pagar mais, escolhe o que você vai ouvir. E você fica achando que é só aquilo que se produz de música. Porque é só aquilo que está ao seu alcance. Quem não paga, não toca. Não existe.

Há alguns dias, uma igreja evangélica comprou a rádio FM Musical, de São Paulo, capital. Era uma rádio que só tocava música brasileira. Praticava o jabá, como todas, mas como a audiência era menor, o preço era menor. O que permitia o acesso às ondas sonoras a alguns artistas menos conhecidos - os tais que são dentistas ou fiscais do INSS. Às vezes até sem pagamento de jabá programava a execução deles. Misturava um pouco de "música de mercado" e de música de verdade. Talvez por isso não tenha resistido. Há práticas alternativas de jabá. Um famoso letrista fez um disco independente, comemorativo de tantos anos de idade e de carreira. Armou pequeno esquema, alternativo, de distribuição do disco. Fiou-se, talvez, no nome famoso. Ouviu dos intermediários dos programadores de várias rádios: "Dá um aparelho de fax para ele que ele toca seu disco".

O retorno do investimento dos que pagam mesmo o jabá, o dinheiro alto, sai da venda de discos e shows, da venda de bonecos, camisetas, roupinhas para crianças, sorvetes, biscoitos, bicicletas, roupinhas para crianças, sandálias, lancheirinhas, pegadores de cabelo, batons, perfumes, roupas de cama e banho, coleções de lápis de cor ou o que se possa imaginar que possa ter estampada a marca do "ídolo". O "ídolo", por seu turno, cumpre a maratona de estar presente em todos os programas televisivos de auditório, garantindo audiência que vende os anúncios que sustentam os programas e fazendo a roda rodar, o preço subir. A presença do "ídolo" pode mesmo ser indireta: o apresentador Raul Gil, da TV Record, prepara novos consumidores de bunda-music promovendo concurso de imitação do rebolado da Carla Perez, ex-É O Tchan. As candidatas têm 5, 6, 7 anos de idade.

Não há questão moral a ser considerada. O negócio é dinheiro. O bom compositor, cantor, instrumentista vai ter de se submeter a determinados imperativos ditados pelos que pagam a execução) ou fica de fora. Quem não entrar no esquema não aparece. Quem quer entrar no sistema precisa ter muito dinheiro - precisa pagar mais ainda, porque as "vagas" são limitadas. Se entra um, sai outro. Por isso existem as vogas, as ondas - um ano de música sertaneja (sic*), um ano de axé music, um ano de falsas loiras bundudas, um ano de pagodeiros de butique, um ano de forró deformado (é o que se anuncia: preparem-se**). E o preço vai subindo, a cada nova etapa da substituição.

Só quem entra no esquema, claro, é a grande indústria, que tem o dinheiro - e que inventou o esquema, afinal. No início da década (de 90), o compositor Ivan Lins, com seu parceiro Vítor Martins, fundaram a gravadora Velas, para dar voz a uma quantidade imensa de músicos que eles conheciam, mas que estavam fora do mercado. Nomes como os de Edu Lobo, Fátima Guedes, Almir Sater, Pena Branca & Xavantinho, Guinga. Aliás, o primeiro disco da gravadora foi o primeiro disco de Guinga. A Velas tinha uma proposta musical alternativa ao padrão imposto pela grande indústria. Montou estrutura, divulgação e distribuição nacionais. O vendedor da Velas ia ao lojista oferecer o produto. Ouvia: "Quero, mas não vou pagar agora, pago se vender". Três meses depois, voltava o vendedor, para oferecer novo produto e cobrar o outro - que havia sido vendido. Ouvia: "Quero o novo, mas não pago o antigo, porque tenho que pagar à multinacional Tal, ou ela não me entrega a dupla sertaneja (sic) Qual & Pau".

Acontece que a dupla sertaneja (sic) Qual & Pau (pense na que quiser: Leonardos, Chitãozinhos, ou substitua dupla sertaneja (sic) por grupo de pagode ou por banda de axé) tem música na trilha da novela, paga para tocar em todos os programas de auditório e em todas as rádios - como o lojista pode ficar sem a dupla? Então, o lojista paga a gravadora que tem sob contrato a dupla sertaneja (sic) e não paga nunca a Velas, que tem o Edu Lobo (que infelizmente não tem música em novela nem toca em programa de auditório, muito menos no rádio). Perda por perda, o vendedor da Velas deixa o novo disco, sem receber pelo antigo - e assim a coisa seguiu. Em algum tempo, a Velas faliu. Está, no momento, porque os sócios são loucos idealistas, tentando voltar ao mercado.

Ou seja, estamos falando de economia, de lobbys, de pressões, não de música. Disco é negócio, todos sabemos. Precisa pagar-se, dar lucro. A questão é que os executivos do mundo do disco concluíram que o povo é burro e só vai consumir música burra. Então, o executivo da fábrica X inventa um grupo de pagode, paga para que ele apareça muito, etc.. O da fábrica Y diz "Este filão dá certo, eu vou nele", e inventa um grupo de pagode que imita aquele primeiro. É só o que eles fazem. Clonam-se uns aos outros. Se o Chico Buarque fosse bater à porta de uma gravadora, hoje (Chico sabe disso, já disse que sabe disso), ouviria que sua música é "difícil" e não se enquadra nos "padrões da companhia". O mesmo com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Egberto Gismonti, Edu Lobo, Tom Jobim, Noel Rosa, Zeca Pagodinho, Cartola, Nelson Cavaquinho, Wagner Tiso: todos "difíceis", fora do padrão.

Claro: é preciso contratar o pagodeiro barato porque ele é orientável. Faça isso, faça aquilo, cante assim, vista-se assado, vá ao programa tal, diga tal coisa, mexa as cadeiras desse modo - e, sobretudo, não faça música. Ninguém trataria assim o Chico Buarque - e já que ele não pode ser tratado assim, como coisa, como objeto, como ponta-de-lança de uma campanha de vendas, então afaste-se o Chico Buarque. Ele é "difícil".

Enquanto isso, o ouvinte vai acostumando o ouvido com as barbaridades criadas nos laboratórios de Marketing das companhias de disco - padres cantores, traseiros cantores, sadomasoquistas cantores, falsas louras cantoras, negões vitaminados cantores. E perde a capacidade de comparar - comparar o quê? O padre cantor com o traseiro cantor? Não há diferença. O ouvinte fica sem possibilidade de julgar (Na verdade, ele pensa que está escolhendo o grupo pagodeiro tal, quando, de fato, só sobrou para ele o grupo pagodeiro tal). E os criadores... bem, os criadores, os artistas verdadeiros, que existem, mas quase ninguém sabe, vão resistindo, o quanto podem. Um dia desistem - os novos Chicos e Caetanos, as novas Elis Reginas e Nanas Caymmis, os novos Jobins e Fátimas Guedes um dia desistirão. Precisam comer, vestir-se, sustentar filhos. A ganância dos executivos está promovendo um massacre da cultura brasileira que talvez não tenha similar na história da humanidade. Estão matando de fome o que temos de mais rico - nossa música. Matando de fome a inteligência e a sensibilidade. A faxina ética do Kosovo perde.

Notas do editor do site:

(*) O autor sabe do caráter duvidoso dessas duplas, mas ainda manteve a denominação música sertaneja sem aspas, por entender que o termo, em si, é pejorativo. Nossa postura, no entanto, é separar a verdadeira música sertaneja da falsa: a esta damos o nome de "breganejo".

(**) O tal forró deformado já deu as caras nesses cinco anos que separam a data do texto original e a reprodução deste no "Faxina Cultural". Trata-se de um ritmo confuso que mistura clichês do baião com lambada, country e breganejo. Os nomes: Mastruz Com Leite, Frank Aguiar, Magnificoss, Limão Com Mel, Calcinha Preta, entre outros

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Siegfried - Ato I, cena 3

#97 Mensagem por Tricampeão » 11 Mar 2006, 16:05

Cena longa por causa das extensas árias, mas o que ocorre pode ser resumido em poucas linhas.

Quando volta, Siegfried encontra Mime ainda mais preocupado do que quando o deixara. A primeira coisa que o gnomo pensa é em salvar a própria cabeça, fazendo o pirralho sentir medo. Diz-lhe que havia prometido a Sieglinde que não deixaria o filho ir embora sem aprender o que é a mais fascinante de todas as emoções, então lhe fala do que sente quando está na floresta, do pavor que lhe traz a total escuridão, os ruídos dos animais selvagens, etc.. Siegfried entusiasma-se, quero experimentar essa sensação, mas na floresta sinto-me em casa, então Mime tem uma idéia genial, venha comigo visitar o dragão Fafner, ele sem dúvida o fará sentir medo. Agora só falta consertar a espada, Mime sabe que Siegfried pode fazê-lo, mas não tem idéia de como, mas o garoto está tão impaciente que empurra o anão para o lado e, ignorando suas sugestões supostamente corretas tecnicamente, quebra-a em dezenas de pedaços e os funde em enorme fogueira. Sim, um herói não pode usar uma espada feita por outrem, ainda que tenha sido por Wotan, tem ele mesmo que forjar suas armas, da mesma maneira a sociedade não pode ser consertada com uma dúzia de meia-solas, para usar a expressão de Lenin, é preciso ter coragem de fundi-la novamente de acordo com as novas necessidades, aliás é o que significa Nothung, "Necessidade", ou como disse aquele outro que também era deus e andarilho, não se põe vinho novo em odres velhos.
Vendo que Siegfried enfrentará o dragão conveniente armado, Mime prepara um poderoso veneno para ministrar ao herói quando este terminar o trabalho, e assim tomar posse do tesouro e salvar a própria vida.

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Tricampeão
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Siegfried - Ato II, cena 1

#98 Mensagem por Tricampeão » 12 Mar 2006, 14:04

Enquanto espero a porra da namorada arrumar pra gente sair, vou resumir mais uma cena:

É noite na floresta escura de Neidhöhle. Alberich passou a ficar o tempo todo espreitando a caverna onde habita o dragão Fafner. Ele sabe que, devido à maldição, um dia o possuidor do anel vai entrar pelo cano, e quer estar perto pra saber quem será o novo infeliz condenado gastar a vida cuidando do tesouro e, quem sabe, também pra tentar roubá-lo. Nisso, quem aparece por lá, Wotan, o andarilho, já viram quanta merda um não vai dizer pro outro. Após a confraternização inicial, nanico fdp pra lá, ladrão metido pra lá, homens de negócio que são, trocam informações mais objetivas. Wotan diz que não veio matar Fafner, tem com os gigantes um tratado de paz, lembram-se? veio só olhar, porque tá vindo aí um herói com sua poderosa espada e o bicho vai pegar, não quero essa porra de anel. Alberich diz que saca o cara, pode até não querer o anel, mas não quer que fique comigo, porque sabe que quando eu o recuperar, os primeiros que vou detonar são os deuses, por isso andou por aí fazendo filhos e espera que um deles faça o serviço, velhinho safado. Engana-se, diz Wotan, esse vem é com seu irmão, Mime, e nada sabe sobre mim nem sobre o anel, se fosse você proporia um acordo ao dragão, e dizendo isso já foi gritando pra acordar o monstro. Fafner pergunta-lhes o que querem, Wotan diz que os dias do feioso estão contados porque um herói que não conhece o medo vai desafiá-lo, Alberich propõe impedir o confronto fatal em troca do anel, o tesouro você pode continuar guardando aí na sua toca, nada feito, VSF, diz o pobre Fafner, e volta a dormir.
Wotan diz então uma frase boa pra você impressionar sua puta preferida:
Richard Wagner escreveu: Wanderer
Alles ist nach seiner Art:
an ihr wirst du nichts ändern.
ou seja, tudo acontece como tem que acontecer, você não pode mudar nada, e deixa o recinto. Alberich não vai embora, esconde-se pra assistir a parada.

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Tirrex
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#99 Mensagem por Tirrex » 12 Mar 2006, 21:58

Andaram falando por aí de amor de rapariga, agora é a hora da resposta.

Uma musiquinha pra descontrair.

Som na caixa, pissite.


AMOR DE RAPARIGA, A RESPOSTA -
MULHERES PERDIDAS

Pra que falar de mim
Porque tanto stress
Se é de mim que ele gosta
Você não merece
Você nunca vai deixar
De ser a rapariga
Você pensa que é dona
Do seu coração
E de mim você tomou
Minha grande paixão
Amor de rapariga
Não vinga não
É tão bonito o amor
É tão gostoso amar
Você zombou de mim
Destruiu meu lar
Amor de rapariga
Nunca vai vingar


Amor de rapariga
É que é amor
Amor de rapariga
É bom demais
Amor de rapariga
Não tem confusão
Não tem briga não
Só existe paz
Ela não é santa
Tu também não é
É a Julia Roberts
Linda mulher
Não é estressada
Como você é
Não é abestada
Entenda o que quiser
Amor de rapariga é bom demais
Faz parte da minha vida
Eu tô correndo atrás.

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FucaBala
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#100 Mensagem por FucaBala » 13 Mar 2006, 09:42

maestroalex escreveu:ABRINDO O BAR.... BOHEMIA BEM GELADA E OVINHOS DE AMENDOIM... SERVIDOS? PRO ALMOÇO ESTOU FAZENDO UM RISSOTO DE FUNGHI DE PINHO DO CHILE...

COM DIANA KRALL-LIVE IN PARIS DE FUNDO...
Ah Bohemia.... ::chopp::

E que excelente fundo musical. Aliás, uma das músicas (minha favorita) que compõe este álbum:

Just The Way You Are

Don't go changing, to try and please me
You never let me down before
Don't imagine you're too familiar
And I don't see you anymore
I wouldn't leave you in times of trouble
We never could have come this far
I took the good times, I'll take the bad times
I'll take you just the way you are

Don't go trying some new fashion
Don't change the color of your hair
You always have my unspoken passion
Although I might not seem to care

I don't want clever conversation
I never want to work that hard
I just want someone that I can talk to
I want you just the way you are.

I need to know that you will always be
The same old someone that I knew
What will it take till you believe in me
The way that I believe in you.

I said I love you and that's forever
And this I promise from the heart
I could not love you any better
I love you just the way you are.

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Maestro Alex
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#101 Mensagem por Maestro Alex » 15 Mar 2006, 17:58

VOLTANDO AO TÓPICO...

Más guapa que cualquiera
Fito Páez.


Se llamaba Soledad y estaba sola
como un puerto maltratado por las olas,
coleccionaba mariposas tristes,
direcciones de calles que no existen.
Pero tuvo el antojo de jugar
a hacer conmigo una excepción
y, primero, nos fuimos a bailar
y, en mitad de un "te quiero" me olvidó.
De ******** no tenía más que el nombre
la que no esperaba nada de los hombres,
coleccionaba amores desgraciados,
soldaditos de plomo mutilados.
Pero quiso una noche comprobar
para qué sirve un corazón
y prendió un cigarrillo y otro más
como toda ******** se esfumó.
Por eso, cuando el tiempo hace resumen
y los sueños parecen pesadillas,
regresa aquel perfume

de fotos amarillas.
Y, aunque sé que no era
las más guapa del mundo... juro que era
más guapa que cualquiera.
Se llamaba Inmaculada aquella puta
que curaba el sarampión de los reclutas,
coleccionaba nubes de verano,
velos de tul roídos por gusanos.
Pero quiso quererse enamorar
como una rubia del montón
y que yo la sacara de la
"calle de los besos sin amor"
Y, mil años después, cuando otros gatos
desordenan mis noches de locura,
evoco aquellos ratos
de torpes calenturas.
Y, aunque sé que no era
la más guapa del mundo, juro que era
más guapa, más guapa que cualquiera.

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Tricampeão
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Siegfried - Ato II, cena 2

#102 Mensagem por Tricampeão » 15 Mar 2006, 20:04

Mime e Siegfried chegam a Neidhöhle ao amanhecer. O anão responde umas últimas perguntas do rapaz a respeito do dragão: o bicho sai de manhã pra beber água no riacho, sua cauda pode quebrar todos os seus ossos, sua saliva pode derretê-los, etc., o herói não sente medo algum, fica puto, será que ninguém nunca vai conseguir me ensinar o que é o medo? Enxota o gnomo dali, não volto mais pra casa, daqui vou correr o mundo, Mime finge que vai embora mas fica à espreita, torcendo para que um inimigo mate o outro.
Sozinho, Siegfried deita-se na grama, com certeza toca uma punhetinha pra passar o tempo, é claro que no palco não mostram, o libreto diz que ele fica ouvindo o canto dos pássaros e imaginando como teria sido sua mãe, pensam que a gente é besta, quando estou no meio do mato é que me dá um tesão maldito. Voltando à cena, o garoto ouve um canto diferente, esse passarinho não conhecia, se soubesse a língua dos pássaros poderia perguntar-lhes sobre minha mãe, talvez a tenham conhecido, aí tem uma idéia, vou fazer uma flautinha com esses galhinhos secos aqui e cantar com eles, talvez aprenda sua língua. A flauta fica um desastre, sou burro demais pra conversar com os bichos, adolescente sempre tem complexo de inferioridade, aí se lembra de sua trompa de chamar viado, digo, trompa de caça, com ela muitas vezes tentou atrair algum amigo mas só apareciam lobos e ursos, aqui em Neidhöhle talvez alguém legal responda, recordem-se que naquele tempo não existia Disk Galera e afins, mas o som da trompa acaba é acordando Fafner, que avança ameaçador.
O adola sem noção diz que está superfeliz de encontrar um novo amigo, ao que este retruca, tá me gozando, pentelho? Disseram que é você o carinha bacana que vai me ensinar o que é o medo, explica Siegfried, ao que Fafner objeta um tanto lacônicamente, eu vou é te comer, fedaputa, e investe contra o herói. Siegfried defende-se com a espada, enfrenta o dragão e o mata após algumas investidas.
Como sempre fazem os moribundos, o monstro bate o maior papo com seu carrasco antes de morrer, mas nenhuma informação nova aparece aqui, então vou pular o edificante diálogo. Quando remove a espada do peito do monstro, aliás, pensei isso agora, será que dragão é réptil ou anfíbio, hein camaralho Carnage? quando tira a espada molha-se no sangue do bichão, que arde pra caralho, então instintivamente leva a mão à boca.
O gosto do sangue acaba com a inocência de Siegfried, que passa a entender a língua dos pássaros. Eles estão lhe dizendo pra entrar na caverna e pegar o elmo mágico e o anel, e deixar o resto pra lá. O cara segue o conselho dos canoros companheiros.

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Siegfried - Ato II, cena 3

#103 Mensagem por Tricampeão » 18 Mar 2006, 20:50

Vamos ao episódio de hoje, final do segundo ato:
Quando Siegfried se afasta, Mime volta à cena, satisfeito da vida, está certo de que porá as mãos no anel, já que o garoto nada sabe a respeito do tesouro. Mas sua alegria dura pouco, Alberich também estava espreitando, dá uns tapas no atônito irmão e diz que o tesouro pertence só a ele próprio. Mime afina, tenta negociar, você fica com tudo mas me bota de vice-presidente, nada feito, responde Alberich, nunca vou ter sossego, você sabe de tudo e pode me trair, vai ficar chupando o dedo. Eis que retorna Siegfried, e o cara traz o elmo e o anel nas mãos, por essa ninguém esperava, Alberich imagina que Mime havia contado toda a história ao herói e foge amedrontado. Mime também está surpreso, é claro, mas lembra-se que ainda tem o veneno que preparou no final do primeiro ato, e acredita ainda poder engabelar o rapaz.
Acontece que Siegfried também pode ler os pensamentos de Mime, sangue de dragão tem poder, meus irmãos, e aqui vemos outra idéia genial do compositor, Mime canta e gesticula amavelmente, mas o que ouvimos são seus pérfidos planos de envenenar o jovem e cortar-lhe a cabeça. O herói passa o nanico na espada sem pensar duas vezes.
Agora Siegfried está totalmente só, com dois bagulhos que não imagina pra quê servem, e suspira por nunca na vida ter encontrado um companheiro. O passarinho cantante dá mais uma força pro cara, conheço uma pessoa legal pra ser sua amiga: ela vive, profundamente adormecida, em cima de uma montanha, depois da floresta, cercada por um círculo de fogo eterno, se você achou que aquela puta que deu carona uma vez morava mal, reavalie seus conceitos. Por que você acha que vai ser minha amiga, pergunta Siegfried, o pássaro responde, porque apenas aquele que não sabe o que é o medo pode acordar a valquíria Brünhilde. Interessante sua argumentação, mostre-me o caminho, bondoso pássaro, pois não, garboso infante, vamo nessa, e aí fecha a cortina.

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Warum
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#104 Mensagem por Warum » 20 Mar 2006, 18:44

Esta é para o Maestro Alex

Esquizofrenia
Mutantes
Composição: Sérgio Dias

Fica numa volta bem no fundo de sua cabeça
É só fechar os olhos e olhar com os olhos da mente

Sinta a presença deles
Deixe seguir a paz dentro de si

Uh, mais que maravilha
Em cada momento a resposta para um velho problema
Não tente lutar, deixe os pensamentos da guerra

Veja se é feliz e se não for você tem que mudar

Faz o que escutar, não, não, não
Isso é muita loucura

Quem sabe é a tal da esquizofrenia

Quanta coisa estranha eu guardo dentro dos órgãos

Você agora está no fundo de
Você agora está no fundo de
Você agora está no fundo de nós!

Warum

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Warum
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#105 Mensagem por Warum » 20 Mar 2006, 18:46

Hoje tá feio: Imagina se o pastor ver isso.......

Ave Lucifer
Mutantes
Composição: Mutantes

As maças envolvem os corpos nus
Nesse rio que corre
Em veias mansas dentro de mim
Anjos e Arcanjos repousam neste Édem infernal
E a flecha do selvagem
matou mil aves no ar

Quieta, a serpente
se enrola nos seus pés
É Lúcifer da floresta
que tenta me abraçar

Vem amor, que um paraíso
num abraço amigo
sorrirá pra nós
sem ninguém nos ver
Prometa, meu amor macio
como uma flor cheia de mel
pra te embriagar
Sem ninguém nos ver

Tragam luvas negras
Tragam festas e flores
Tragam corpos e dores
Tragam incensos e odores

Mas tragam Lúcifer pra mim
Em uma bandeija pra mim...


Warum

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