Brasil e política internacional

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Re: Brasil e política internacional

#16 Mensagem por Carnage » 23 Abr 2010, 22:26

http://altamiroborges.blogspot.com/2010 ... s-eua.html
Serra tira os sapatinhos para os EUA

O presidenciável demotucano José Serra vai aos poucos soltando suas asinhas. Quando sua pré-candidatura foi oficializada, no início de abril, ele se fingiu de bonzinho. Evitando se confrontar com a alta popularidade do presidente Lula, afirmou que manteria o que há de positivo no atual governo e lançou o bordão adocicado “O Brasil pode mais” – que logo foi encampado pela TV Globo numa desastrada propaganda subliminar. Mas o “Serrinha paz e amor” não se sustenta. É pura estratégia eleitoral, coisa de marqueteiro esperto para embalar um produto falsificado.

Na semana passada, num evento com empresários de Minas Gerais, José Serra começou a fazer a demarcação dos projetos em disputa da eleição de outubro. Ele criticou o Plano de Aceleração do Crescimento, o que reforça a confissão à revista Veja do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, de que o PAC será extinto. Também afirmou que irá “rever o papel” do BNDES. O que chamou a atenção no seu discurso, porém, foi o ataque ao Mercosul. Para ele, o bloco regional “atrapalha as relações comerciais do Brasil”. O discurso deve ter agradado aos seus amos dos EUA.

“Alinhamento automático” com o império

De há muito que a política externa do presidente Lula, mais altiva e ativa na defesa da soberania nacional, é motivo de duras críticas da oposição neoliberal-conservadora. Os demotucanos nunca engoliram a prioridade dada ao Mercosul e à integração regional; tentaram sabotar o ingresso da Venezuela no bloco regional e são inimigos declarados dos governos progressistas da região; não se pronunciaram contra o golpe militar em Honduras, mas condenaram o governo por dar abrigo ao presidente deposto. Para eles, como revela José Serra, a integração latino-americana atrapalha.

Presença nauseante nos telejornais da Globo e nas páginas dos jornalões e revistonas direitistas, os embaixadores tucanos Celso Lafer, Rubens Barbosa e Luiz Felipe Lampreia sempre pregaram o retorno à política de FHC do “alinhamento automático” com os EUA. No episódio recente da ameaça do governo Lula de retaliar produtos ianques em oposição ao seu protecionismo, alguns deles saíram em defesa dos EUA. Eles temem qualquer postura mais soberana diante do império. São contra a política de diversificação comercial do Brasil, contra a ênfase nas relações Sul-Sul.

Complexo de vira-lata dos demotucanos

Este é o time do candidato José Serra. Essa é a sua orientação para a política externa. Na prática, a oposição neoliberal-conservadora sonha com o retorno ao “alinhamento automático”. Mercosul e outras iniciativas visando quebrar o unilateralismo imperial seriam enterradas com a eleição do demotucano. O Brasil regrediria para o triste período de FHC, de total subserviência às potências capitalistas – do complexo de “vira-lata”. Serra tenta se afastar da imagem desgastada de FHC, mas sua política externa seria idêntica – não como farsa, mas como tragédia no mundo atual.

Para entender o que representaria este retrocesso vale a pena ler o livro “As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos (de Collor a Lula, 1990-2004)”, do renomado historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira. Ele comprova, como farta documentação, como a política externa regrediu nos oito anos de reinado de FHC. Neste período nefasto, o país só não aderiu ao tratado neocolonial dos EUA, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), devido à reação da sociedade. Esta resistência também evitou que Alcântara, no Maranhão, virasse uma base militar ianque.

Tratamento humilhante para o Brasil

Entre outros casos vexatórios da política de FHC, Moniz Bandeira relata a sumária exoneração do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) do Itamaraty, por este ter alertado o governo para os graves riscos da Alca. Cita a atitude acovardada do ex-ministro Celso Lafer diante das pressões dos EUA para afastar o embaixador brasileiro José Maurício Bustani da direção da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), ligada à ONU, por este ter tentado evitar a guerra genocida no Iraque. Lembra ainda os discursos do ex-ministro de FHC propondo a participação do Brasil no genocídio no Iraque com base no draconiano Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR).

O ápice dessa postura subserviente se deu quando o diplomata aceitou tirar seus sapatinhos nos aeroportos dos EUA. “Em 31 de janeiro de 2002, Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores do Brasil, sujeitou-se a tirar os sapatos e ficar descalço, a fim de ser revistado por seguranças do aeroporto, ao desembarcar em Miami. Esse desaire, ele novamente aceitou antes de tomar o avião para Washington, e mais uma vez desrespeitou a si próprio e desonrou não apenas o cargo de ministro, como também o governo ao qual servia. E, ao desembarcar em Nova York, voltou a tirar os sapatos, submetendo-se, pela terceira vez, ao mesmo tratamento humilhante”.

Subserviência ou soberania nacional?

Com base nas suas pesquisas, Moniz Bandeira garante que a eleição de Lula deu início a uma guinada na política externa, retomando a trajetória seguida por Vargas e outros nacionalistas. Ele lembra os discursos do então candidato contra a Alca, a indicação de Celso Amorim e de Samuel Pinheiro para o seu Ministério de Relações Exteriores, a prioridade às negociações do Mercosul, os esforços para a construção de um bloco regional sul-americano e a frenética investida na diversificação das relações com outros países em desenvolvimento – como China, Índia e Rússia. Cita ainda os duros discursos contra a ocupação do Iraque e o veto à base ianque em Alcântara.

Para o autor, após a longa fase de subserviência ao império, as relações do Brasil com os EUA voltaram a ficar tensas. Ele registra os vários discursos hidrófobos da direita estadunidense e não descarta manobras ardilosas e violentas para sabotar o atual projeto de autonomia nacional. Mas se mostra confiante na habilidade e ousadia da atual equipe do Itamaraty. Reproduzindo artigo do jornal O Globo, ele afirma que “há tempos (Celso Amorim) avisou a embaixadora dos EUA que não há força no mundo capaz de fazê-lo tirar os sapatos durante a revista de segurança dos aeroportos americanos. ‘Vou preso, mas não tiro o sapato’”. Conforme indica Moniz Bandeira, este é o dilema do Brasil na atualidade: subserviência ou soberania nacional?


http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16544
Jornal argentino questiona posição de Serra sobre Mercosul

Ao qualificar o Mercosul como uma farsa, Serra parece desconhecer, diz o Clarín, que o grosso das exportações industriais do país tem como destinatários países da América Latina. “Segundo estatísticas oficiais, 90% das vendas de produtos manufaturados de Brasil no mundo ocorrem no Mercosul e em mercados latinoamericanos”, lembra o jornal. As declarações do ex-governador de São Paulo surpreenderam negativamente várias lideranças latinoamericanas pelo desprezo revelado em relação aos demais países da região.

Marco Aurélio Weissheimer


O jornal argentino Clarín questionou as declarações de José Serra, pré-candidato tucano à presidência da República, que classificou o Mercosul como uma “farsa” e “um obstáculo para que o Brasil faça seus próprios acordos individuais em comércio”. As declarações foram feitas durante encontro de Serra com empresários na Federação de Indústrias de Minas Gerais (FIEMG). Serra disse ainda que “não tem sentido carregar o Mercosul” e que “a união aduaneira é uma farsa exceto quando serve para impor barreiras” ao Brasil.

As declarações do ex-governador de São Paulo surpreenderam negativamente várias lideranças latinoamericanas pelo desprezo que revelaram em relação ao processo de integração na América Latina. A sinalização de Serra foi clara: caso seja eleito, é o fim da integração.

As declarações do tucano, assinalou o Clarín, retomam teses já defendidas por ele quando foi derrotado por Lula em 2002. Essa visão, diz o jornal argentino, “supõe que o Brasil deva se afastar de Argentina, Paraguai e Uruguai, porque é a única maneira para seu país formar áreas de livre comércio com Estados Unidos e Europa, sem necessidade de “rastejar” diante de seus sócios”. Uma resolução do Mercosul, lembrou o jornal, estabelece que nenhum dos países do bloco pode realizar acordos comerciais separadamente sem discutir com os demais.

O Clarín também ironizou algumas afirmações do tucano. Serra disse que, sob um eventual governo seu, o mais importante será aumentar as exportações. “O certo”, diz o jornal”, “é que essa foi uma conquista obtida por Lula: desde que iniciou seu governo, no dia 1° de janeiro de 2003, o presidente conseguiu passar de 50 bilhões de vendas ao exterior para 250 bilhões. Ou seja, quintuplicou a presença brasileira nos mercados mundiais”.

Ao qualificar o Mercosul como uma farsa, Serra parece desconhecer, diz ainda o jornal, que o grosso das exportações industriais do país tem como destinatários países da América Latina. “Segundo estatísticas oficiais, 90% das vendas de produtos manufaturados de Brasil no mundo ocorrem no Mercosul e em mercados latinoamericanos”, diz ainda a publicação Argentina, que conclui:

“O candidato socialdemocrata evitou dizer como pretende reformular a posição do Brasil. Mas ignora que não é simples passar, como pretende, de um mercado comum definido por uma unia aduaneira a uma simples zona de livre comércio como a que existe no NAFTA. Ele pode desde já conquistar o desprestígio regional, além de submeter-se a severas punições por conta da ruptura de contratos internacionais”.

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Peter_North
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Re: Brasil e política internacional

#17 Mensagem por Peter_North » 26 Abr 2010, 14:51

Coronel Capeta escreveu:Mas factos são factos...Nunca vi tanto brasileiro com tanto poder de compra como hoje em dia, viajando, comprando casa, estudando e (in)formando-se mais.
É o resultado de 16 anos de uma boa política financeira. A mesma que o PT lutou para não aprovar há 16 anos atrás. Que ironia não é mesmo?

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Tricampeão
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#18 Mensagem por Tricampeão » 30 Abr 2010, 20:39

A dívida da Grécia foi oficialmente rebaixada à categoria de lixo esta semana.
Não adiantou nada o governo grego puxar saco dos Estados Unidos, participando da aventura genocida no Iraque e no Afeganistão.
http://www.prnewswire.com/news-releases ... 28797.html
Greece is a strong partner in promoting stability and security in the world. We appreciate Greece sending troops to Afghanistan for the reconstruction there and to serve — allowing us to have a base there for soldiers traveling to Iraq. Not really having a base there, but that we can pass through Greece.
Quando precisaram de grana, não obtiveram a ajuda necessária.
O que mostra mais uma vez o acerto da política externa brasileira, que segue um padrão de independência com relação ao Leviatã imperial.

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roladoce
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Re:

#19 Mensagem por roladoce » 01 Mai 2010, 13:36

Tricampeão escreveu:A dívida da Grécia foi oficialmente rebaixada à categoria de lixo esta semana.
Não adiantou nada o governo grego puxar saco dos Estados Unidos, participando da aventura genocida no Iraque e no Afeganistão.
http://www.prnewswire.com/news-releases ... 28797.html
Greece is a strong partner in promoting stability and security in the world. We appreciate Greece sending troops to Afghanistan for the reconstruction there and to serve — allowing us to have a base there for soldiers traveling to Iraq. Not really having a base there, but that we can pass through Greece.
Quando precisaram de grana, não obtiveram a ajuda necessária.
O que mostra mais uma vez o acerto da política externa brasileira, que segue um padrão de independência com relação ao Leviatã imperial.
A politica internacional do Brasil é um misto de acertos e erros..

Na politica internacional financeira, esta boa...seguindo com sensatez as lições de casa e sem cair em tentações..

Mais na area da politica está mau, não defini sua posição de LIDER na america latina, não age como mediador natural, que somos, na america do sul pra contornar problemas diplomaticos, vide, venenzuela x colombia...

Mais agressividade em investimentos aqui...mais no geral esta melhor que antes..

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Carnage
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Re: Brasil e política internacional

#20 Mensagem por Carnage » 02 Mai 2010, 18:10

http://www.conversaafiada.com.br/mundo/ ... -o-recado/
Serra põe o galho dentro sobre Mercosul.
Mas argentinos (e americanos) entenderam o recado


Saiu no Valor, pág. A9, de terça e quarta feira, 20 e 21 de abril:

“ … afirmou o tucano, propondo como saída para fomentar as exportações o fim do Mercosul da forma como opera hoje … ‘ficar carregando esse Mercosul não faz sentido’ “. (*)

Saiu hoje na Folha (**), pág. A9:

“Não quero acabar com o Mercosul,” diz Serra.

A entrevistadora (?) Claudia Antunes não oferece ao distinto público a informação original.

Ou seja, por que lhe deu na telha dizer que não quer acabar com o Mercosul?

O que disse o Serra, antes, para botar o galho dentro, quatro dias depois.

Não, a Folha (**) é assim.

Aí, na entrevista púlpito, Serra diz que sua intenção é ”flexibilizar” o bloco.

A declaração original fez um estrago que não deveria fazer.

Serra sempre foi contra o Mercosul.

Ele acha e sempre achou que o Mercosul é redundante: realiza em condições desvantajosas exportações que o Brasil faria de qualquer jeito.

Primeiro, isso não é verdade.

Segundo, a tese dele é ótima para os Estados Unidos, como demonstrou o Conversa Afiada, ao citar trecho de livro do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.

Serra é um economicista.

Quando militava na AP, tomou umas doses irremediavelmente adulteradas de marxismo – ou seja, ele pensa que a Economia é tudo e não se acompanha da Política.

Ou seja, ele ingeriu Economia na porção errada e, não, Economia Política.

O economicismo é um vício de políticos e pseudo-intelectuais de inclinação estalinista que, com o tempo, “fecharam” com os conservadores.

Serra não vê ou não quer ver que o Mercosul é uma contra-partida brasileira à hegemonia americana.

Tout court.

Se não vê, é uma tragédia.

Se vê e não admite, pior ainda – é um ex-estalinista instalado na arquitetura ideológica dos interesses americanos.

Mas, os argentinos e americanos já sabem.

Se fosse eleito – porque não será – ele acabaria com o Mercosul.

Paulo Henrique Amorim

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... -de-serra/
(...) Manifesto pelo Mercosul

Unidos durante estes dois dias em Rio Grande , os parlamentares dos países do Mercosul que participaram do Pré-Fórum do Corredor Bioceânico se manifestaram em repúdio às afirmações do pré-candidato à Presidência da República, José Serra, sobre o bloco econômico ser “uma farsa”. “Mercosul é uma barreira para o Brasil fazer acordos comerciais. A união aduaneira é uma farsa, exceto quando serve para atrapalhar”, afirmou Serra, esta semana, a empresários em São Paulo.

Reunidos para dialogar sobre a consolidação do corredor que, além de uma via de transporte, pretende ser um marco para a integração socioeconômica e cultural entre os países, os parlamentares manifestaram descontentamento com a declaração de Serra, que contraria frontalmente a ideia de integração. No encerramento do evento, os participantes deram as mãos e se abraçaram, como representação da união entre os países e o fortalecimento dos projetos de desenvolvimento do bloco


http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16548
Serra repete discurso pró-ALCA da campanha de Alckmin

Ao caracterizar Mercosul como uma "farsa" e defender a "flexibilização" do bloco, o ex-governador José Serra repete discurso usado na campanha de Geraldo Alckmin em 2006. Menor peso para o Mercosul e retomada das negociações para uma Área de Livre Comércio nas Américas fazem parte da agenda política do PSDB. Senador tucano chegou a prever que "ALCA sairia com ou sem o Brasil". E o governador mineiro Aécio Neves enviou carta ao presidente Lula, em 2003, propondo que Belo Horizonte fosse a sede da ALCA.

Marco Aurélio Weissheimer


O pré-candidato à presidência da República, José Serra (PSDB), vem tentando consertar as críticas que fez ao Mercosul durante palestra na Federação de Indústrias de Minas Gerais. Serra disse que o bloco sulamericano era uma “farsa” e “uma barreira para que o Brasil possa fazer acordos comerciais”.

Diante da repercussão negativa das declarações, especialmente nos países parceiros do Brasil no Mercosul, o ex-governador de São Paulo recuou dizendo que defende apenas a “flexibilização do bloco”. “O Mercosul deve ser flexibilizado de modo a evitar que seja um obstáculo para políticas mais agressivas de acordos internacionais”, disse Serra em entrevista à Folha de S.Paulo. A mudança de discurso, na verdade, foi uma troca de seis por meia dúzia. A integração sulamericana nunca faz parte da agenda de Serra e de seu partido o PSDB.

Além de desastradas diplomaticamente, as declarações de Serra não são sequer originais. Elas foram repetidas por lideranças tucanas no início da campanha de Geraldo Alckmin, em 2006. Logo após ser anunciado como candidato do PSDB à presidência da República, Alckmin começou a discutir com um grupo de especialistas reunidos por ele, que recebeu o apelido de República dos Bandeirantes.

Esse grupo definiu a agenda do que seria um governo tucano no Brasil: reforma trabalhista radical, com corte de encargos e direitos; privatização de todos os bancos estaduais, fusão dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (ou seja, o fim deste último), adoção da política do déficit nominal zero, menor peso ao Mercosul e retomada das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA).

Ao chamar o Mercosul de “farsa” e defender a “flexibilização” do bloco, Serra está apenas repetindo o que disseram em 2006, Roberto Giannetti da Fonseca (empresário, ex-secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior), Arthur Virgílio (então líder do PSDB no Senado) e o governador de Minas Gerais Aécio Neves, etre outros.

Em matéria publicada no dia 10 de janeiro de 2006, a Folha de S.Paulo definiu assim o pensamento de Giannetti da Fonseca sobre uma futura política externa tucana: “pouco simpático ao Mercosul no formato atual, cobra evolução mais rápida dos acordos comerciais com a ALCA e as negociações com a União Européia”. Em novembro de 2005, o senador Arthur Virgílio aproveitou a visita de George W. Bush para defender a retomada das negociações da ALCA.

Para Virgílio, a aliança comercial com os EUA era de interesse do Brasil e deveria “ser buscada e perseguida e não suportada ou adiada”. A ALCA surgirá com ou sem o Brasil, profetizou na época o senador tucano. “Sem o Brasil, ela fará a alegria do México”, acrescentou, defendendo que a prioridade da política externa brasileira deveria ser um pacto político com os EUA em troca de vantagens comerciais claras, incluindo aí a queda de barreiras alfandegárias.

Nenhuma das previsões do senador se concretizou. A ALCA não surgiu sem o Brasil e o México não fez a festa com ela. Quando a maioria dos governos da América Latina decidiu apostar na integração regional em detrimento da proposta da ALCA, o discurso tucano perdeu força, sendo agora recuperado por Serra.

A simpatia do PSDB em relação à ALCA manifestou-se também através de outras iniciativas. Em 2003, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, encaminhou correspondência ao presidente Lula apresentando a candidatura de Belo Horizonte para abrigar a sede permanente da secretaria geral da futura Área de Livre Comércio das Américas.

Na carta, Aécio defendeu, entre outras coisas, que o Brasil deveria incluir, na sua pauta de negociação sobre a criação da área de livre comércio hemisférica a proposta de trazer para cá a sede da organização. “A questão da cidade-sede da área de livre comércio torna-se particularmente estratégica. São evidentes os ganhos oriundos de abrigar a ALCA não apenas para Minas Gerais, mas para todo o Brasil”, profetizou o governador mineiro.

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16547
O que significa flexibilizar o Mercosul?

As críticas de José Serra ao Mercosul aliam preconceito ideológico e desinformação. Não há precedente de experiência integracionista mais exitosa da região, fruto do trabalho de sucessivos e diferentes governos democráticos nos últimos vinte anos. A idéia de flexibilizar o Mercosul por meio da regressão a uma área de livre comércio representa, na prática, uma maneira de reabrir a discussão sobre tratados de livre comércio e fomentar o retorno da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O artigo é de Renato Martins.

Renato Martins


Com o ingresso da Venezuela o Mercosul passará a contar com uma população de 270 milhões de habitantes, PIB de US$ 2,3 trilhões e território de 12,7 milhões de quilômetros quadrados, da Patagônia ao Caribe. Não há precedente de experiência integracionista mais exitosa da região, fruto do trabalho de sucessivos e diferentes governos democráticos nos últimos vinte anos. A idéia de flexibilizar o Mercosul por meio da regressão a uma área de livre comércio representa, na prática, uma maneira de reabrir a discussão sobre tratados de livre comércio e fomentar o retorno da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Essas iniciativas são incompatíveis com o Mercosul. O que está novamente em discussão são projetos diferentes para a América Latina.

As críticas ao bloco estão eivadas, como sempre, de ideologia e desinformação. Não corresponde à realidade, por exemplo, a acusação de que o Mercosul engessa as negociações comerciais. O acordo de comércio preferencial Mercosul-Índia, assinado em 2005, está vigente desde 1º. de junho de 2009. Trata-se do primeiro acordo comercial extraterritorial do Mercosul, com preferências tarifárias fixas para cerca de 900 produtos. As negociações iniciais de um acordo comercial entre o Mercosul e a África do Sul evoluíram para um acordo com a União Sul-Africana (SACU). São 1.076 códigos de concessão do Mercosul e 1.026 da SACU. Assinado em dezembro de 2008 pelo Mercosul e em abril de 2009 pela União Sul-Africana, o acordo está em avaliação nos congressos nacionais.

Na América Latina foram fechados acordos comerciais com Chile, México, Bolívia, Comunidade Andina de Nações e Cuba. Todos estão em vigor. O acordo entre Mercosul e Israel, já aprovado pelo Uruguai, tem previsão de aprovação pelos demais países em 2010. Em dezembro de 2009, os presidentes dos Estados Partes aprovaram resolução para retomar as negociações entre o Mercosul e a União Européia. As negociações iniciais podem evoluir, em 2010, para a realização de uma inédita Cúpula Mercosul – União Européia.

Estes acordos beneficiam o país como o todo. As exportações brasileiras para o Mercosul possuem alto valor agregado, sendo 92% de produtos manufaturados, 3% de semifaturados e 5% de produtos básicos. Segundo a Secretaria de Comércio Externo/MDIC, de janeiro a março de 2010 o estado de São Paulo exportou para o Mercosul US$ 1,9 bilhão. O bloco representa o segundo destino das exportações paulistas, atrás apenas da União Européia. A Argentina é o primeiro parceiro comercial dos empresários paulistas (US$ 1,6) e supera os Estados Unidos (US$ 1,0) na segunda posição. A questão é que enquanto outros países da América Latina optaram pelos tratados de livre comércio com os EUA, o Mercosul tem apostado na via da integração regional, e é isto o que o torna alvo de críticas dos adversários.

Em 2009, apesar das condições adversas geradas pela crise financeira mundial, as negociações comerciais do Mercosul não foram paralisadas. Prosseguiram os entendimentos para a eliminação da dupla cobrança da tarifa externa comum e para a adoção de um código aduaneiro comum. Essas negociações são complexas. A Europa levou meio século para chegar ao estágio de união monetária. No Mercosul, desde 2008, está em vigor o Sistema de Pagamentos em Moedas Locais (SML) entre Brasil e Argentina. Em dezembro de 2009, o Uruguai anunciou a sua adesão ao Sistema. Esta é a base de uma futura integração monetária. O sistema permite a realização de operações de comércio exterior em pesos ou reais, sem necessidade de conversão ao dólar, e reduz os custos das transações comerciais.

A via de regressão a uma área de livre comércio é a forma mais rápida para acabar com o Mercosul e fomentar a volta da Alca. É uma ilusão imaginar que, por essa via, se alcançará a expansão do comércio brasileiro.
Os primeiros anos do Mercosul foram marcados pela liberalização dos mercados dos países membros, o que resultou em um vigoroso impulso comercial intra-bloco. Para sustentar o aumento do comércio decorrente desse impulso inicial são necessárias ações positivas de integração produtiva, investimentos em infra-estrutura e combate às assimetrias. A expansão do comércio depende de mais e melhor integração, e não o contrário. É por isso que foi criado em 2004, e regulamentado em 2005, o Fundo de Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul (Focem).

Este Fundo dispõe de US$ 100 milhões anuais, por um período de dez anos, para investir em projetos de infra-estrutura. Atualmente existem 25 projetos aprovados, orçados em quase Us$ 200 milhões. O Brasil contribui com 70% desse montante, a Argentina 27%, o Uruguai 2% e o Paraguai 1%. Os recursos são destinados a projetos como transmissão de energia, construção e recuperação de estradas, qualificação de fornecedores da cadeia produtiva do petróleo e do gás, entre outros. Na área da inclusão social há projetos de construção de moradias populares, apoio às micro, pequena e média empresas, fomento à economia solidária, apoio às cooperativas de resíduos sólidos, entre outros. Paraguai e Uruguai são os principais beneficiários. O Brasil apresentou projeto de criação da biblioteca da Universidade da Integração Latino America (Unila) e do Instituto Mercosul de Estudos Avançados, também ligado à Universidade. O Focem desapareceria numa zona de livre comércio.

Flexibilizar o Mercosul significa também congelar a implementação de políticas sociais nas áreas da saúde, educação, cultura, emprego, combate ao trabalho infantil, igualdade de gênero, defesa e promoção dos direitos humanos, meio ambiente, agricultura familiar, segurança alimentar, fomento às cooperativas, juventude, segurança regional, livre circulação de pessoas, previdência social, comunicação, turismo, esporte, entre outras.

O Mercosul hoje possui ações positivas em todos essas áreas, com resultados tangíveis que beneficiam milhares de cidadãos brasileiros como a contagem do tempo de serviço em qualquer um dos Estados Partes para efeito de aposentadoria; o atendimento médico em cidades de fronteira; a harmonização das políticas de aquisição e distribuição de medicamentos; a promoção de políticas comuns de equidade de gênero; acesso ao fundo de garantias da pequena e média empresa; acesso ao fundo da agricultura familiar; a promoção da Agenda 21 do Mercosul; o apoio à expansão dos Pontos de Cultura para o Mercosul; a cooperação na área de segurança pública; a promoção da agenda do trabalho decente, entre outras.

Flexibilizar o Mercosul significa suspender o funcionamento do Instituto Social do Mercosul, adiar a instituição da Comissão de Coordenação de Ministros de Assuntos Sociais do Mercosul e interromper as discussões sobre o Plano Estratégico de Ação Social do Mercosul. Esses novos organismos foram criados tendo em vista a formulação de políticas de desenvolvimento social harmônico no bloco. Elas seriam desnecessárias numa zona exclusiva de livre comércio. O Instituto Social é um exemplo disso. Ele foi criado em 2009 para colaborar tecnicamente na elaboração de políticas sociais regionais, sistematizar e atualizar indicadores sociais regionais, compilar e intercambiar boas práticas em matéria social, promover mecanismos de cooperação e contribuir para a superação das assimetrias entre os países membros. O Instituto ajudará a implementar o Plano de Ação Social do Mercosul, cujos eixos estratégicos visam promover a erradicação da fome, o combate à pobreza e a ajuda humanitária; os direitos humanos, a participação social, a saúde, a educação, a cultura, a integração produtiva, a agricultura familiar, a economia solidária e as cooperativas.

Flexibilizar o Mercosul significa ainda interromper o processo de integração política levado a cabo pelo Parlamento do Mercosul (Parlasul). A integração política deixou de ser uma utopia para se tornar um imperativo do crescimento econômico e do desenvolvimento social da região. O Parlasul começou a funcionar em julho de 2008, sendo que o Paraguai já elegeu seus representantes pelo voto direto. Além de aumentar a representatividade e a segurança jurídica do Mercosul, o Parlasul vai agilizar a aprovação dos acordos regionais pelos Congressos Nacionais.

Compete ao Parlasul velar pela observância e atualização das normas do Mercosul; relatar anualmente a situação dos direitos humanos nos Estados Partes; receber ao final de cada semestre relatório da presidência pro tempore; convocar audiências públicas e realizar seminários com representantes da sociedade civil; estabelecer intercâmbios com o Foro Consultivo Econômico e Social; propor projetos de normas para o Conselho do Mercado Comum, entre outras iniciativas políticas. O Parlamento já aprovou resolução de apoio às políticas integradas de tecnologia da informação no Mercosul, à execução de obras viárias para a construção de corredor bioceânico e às políticas comuns de utilização dos recursos do Aquífero Guarani.

Flexibilizar o Mercosul significa colocar em risco essas e outras conquistas. É preciso defendê-las, para que futuramente possam ser aperfeiçoadas e ampliadas.

(*) Doutor em Ciência Política pela USP

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Carnage
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Re: Brasil e política internacional

#21 Mensagem por Carnage » 27 Mai 2010, 17:16

http://www.brasileconomico.com.br/notic ... 83627.html
Assessor de Lula chama Serra de exterminador da política externa

Brasil Econômico - Por Rodrigo Viga Gaier/Reuters
27/05/10 14:31

Um dia após o pré-candidato à Presidência da República José Serra (PSDB) ter dito que a Bolívia é cúmplice na entrada de cocaína no Brasil, o assessor de assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, acusou o tucano de ser o "exterminador do futuro" da política externa brasileira.


Garcia disse que ficou muito preocupado com a declaração de Serra.

"Fiquei preocupado sobretudo quando se aspira ser um primeiro funcionário de governo que tem que ter muita seriedade. Isso envolve o relacionamento com países vizinhos que temos relações. O presidente Serra está tentando ser o exterminador da política externa", disse Garcia a jornalistas em evento no Rio.

Segundo declaração do ex-governador de São Paulo, de 80% a 90% da cocaína consumida internamente tem como origem a Bolívia.

O assessor da Presidência acusou Serra de tentar destruir as relações diplomáticas entre Brasil e Bolívia, dois fortes aliados no continente. "Ele já destruiu o Mercosul e quer destruir nossas relações com a Bolívia. Já chamou (o presidente do Irã) Mahmoud Ahmadinejad de Hitler", acrescentou.

Garcia acredita que a crítica generalizada de Serra indica que o tucano, se eleito, vai fechar embaixadas brasileiras no exterior.

"Acho que talvez ele esteja pensando que em uma política de cortes de despesas ele venha a fechar umas 20 ou 30 embaixadas de países aos quais ele está insultando no momento", afirmou Garcia.

"Isso não me parece prudente. Ele está brigando com tanta gente que não há outro caminho a não ser fechar as embaixadas".
http://www1.folha.uol.com.br/poder/7416 ... ista.shtml
Para Dilma, fala de Serra sobre Bolívia não é "de estadista ou de quem quer ser estadista"

GRACILIANO ROCHA
ENVIADO ESPECIAL A GRAMADO


A pré-candidata a presidente Dilma Rousseff (PT) disse hoje que não concorda com a "demonização" da Bolívia, ao comentar a declaração feita ontem por seu adversário José Serra (PSDB). O tucano disse em entrevista a uma rádio do Rio que o governo da Bolívia é "cúmplice" do tráfico de cocaína para o Brasil.

"Não é possível, de forma atabalhoada, a gente sair dizendo que um governo é isso ou aquilo. Não se faz isso em relações internacionais. Este não é o papel de um estadista ou de quem quer ser estadista", disse a pré-candidata ao ser questionada sobre a declaração de Serra.

"Não acho que este tipo de padrão, em que você sai acusando outro governo, seja uma coisa construtiva. Temos que ter cautela, prudência e saber que são relações delicadas, que envolvem soberanias. Mesmo sendo [a Bolívia] um país pequeno, e por ser um país pequeno, a delicadeza tem que ser maior", disse. "Acho que temos que construir na América Latina um padrão diferente de relacionamento."

Dilma participou hoje pela manhã do Congresso Nacional das Secretarias Municipais de Saúde, no município de Gramado (RS). Serra está sendo esperado no evento hoje à tarde.

Em um discurso de mais de 50 minutos, a pré-candidata defendeu a regulamentação da emenda 29, que disciplina os gastos em saúde, e falou sobre política externa --embora sem citar a Bolívia ou mencionar a declaração de seu adversário.

"Não podemos ser um país desenvolvido cercado de miseráveis. Não podemos desprezar nossos vizinhos e olhar com soberba para países diferentes de nós. Esta é a política imperialista que leva à guerra, ao conflito e os desprezo."

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Re: Brasil e política internacional

#22 Mensagem por FABGRU » 29 Mai 2010, 12:57

É muito importante que tenhamos uma pessoa que em sua trajetoria de vida e sobretudo
politica...Não tenha fronteira...Quando se trata de causas e pensamentos divergentes.....
O nosso inrrestrito respeito a este cidadão do mundo...LULA...Vindo de um lugar uma
região...Onde a cartilha da vida não foi facil...Que outros(AS) possam dar continuidade
a esta nação...

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#23 Mensagem por Tricampeão » 31 Mai 2010, 12:19

Por falar em trajetória, vamos falar um pouco de outra figura importante do lulismo internacional, Recep Tayyip Erdogan.
http://en.wikipedia.org/wiki/Recep_Tayyip_Erdo%C4%9Fan
Recep Tayyip Erdoğan is a Turkish politician, a former mayor of Istanbul and the Prime Minister of the Republic of Turkey since 14 March 2003. He is also the chairman of the Justice and Development Party (AK Parti), which holds a majority of the seats in the Turkish Parliament.
Erdoğan graduated in 1981 from Marmara University's Faculty of Economics and Commercial Sciences. He was involved in politics at the age of eighteen. In 1976, Erdogan was elected chairman of the Youth Branch of a Turkish political party for Istanbul. Erdoğan was also engaged in the sport as a semi-professional football player from 1969 to 1982.
[...]
He was sentenced to a prison term because of a poem he recited during a public address in the province of Siirt on December 12, 1997. The poem was quoted from a book published by a state enterprise and one that had been recommended to teachers by the Ministry of Education. After four months in prison, Erdoğan established the Justice and Development Party (AK Party) on August 14, 2001.
[...]
As prime minister, Erdoğan implemented numerous reforms within a period of time. [...] A great deal was achieved in democratization, attaining transparency, and preventing corruption. Parallel to this, inflation, which had for decades adversely affected the country's economy, was taken under control and the Turkish Lira retrieved its former prestige through the elimination of six zeros. Interest rates for public borrowings were pulled down; per capita income grew significantly.
[...]
As a teenager, he sold lemonade and sesame buns (simit) on the streets of Istanbul's rougher districts to earn extra money.
[...]
Erdogan's pro-EU government instituted several democratic reforms such as giving the European Court of Human Rights supremacy over Turkish courts, diminishing the powers of the 1991 Anti-Terror Law which had constrained Turkey’s democratization, and passing a partial amnesty to reduce penalties faced by many members of the Kurdish terrorist organization PKK who had surrendered to the government.
The government planned several times to reform the Turkish Constitution of 1982 in a so-called more democratic "civil constitution", but the main opposition party CHP did not want to participate.
In 2009, the Turkish government under Prime Minister Erdogan announced a plan to help end the quarter-century-long conflict that has cost more than 40,000 lives. The government’s plan, supported by the European Union, allowed the Kurdish language to be used in all broadcast media and political campaigns, and restore Kurdish names to cities and towns that have been given Turkish ones.
[...]
In 2002, Erdogan inherited a Turkish economy deep in recession due to the financial crisis of Ecevit's coalition government. Erdogan supported Finance Minister Ali Babacan in enforcing macro-economic policies. Erdogan tried to attract more foreign investors to Turkey and lifted most of government regulations, with the average GDP growth rate 7.3% during his premiership. The public debt as percentage of annual gross domestic product declined from 74% in 2002 to 39% in 2009.
[...]
When Barack Obama became President of United States, he made his first overseas trip to Turkey.
[...]
Erdoğan was named by the European Voice Organization "The European Of The Year 2004" for the reforms in his country.
[...]
During Erdoğan's Prime Ministership, relations with Greece have been normalized. The political and economic relations are strongly improved. In 2007, Prime Minister Erdoğan and Greek Prime Minister Kostas Karamanlis met on the bridge over the Evros River at the border between Greece and Turkey, for the inauguration of the Greek-Turkish natural gas pipeline, linking the longtime Aegean rivals through a project that will give Caspian gas its first direct Western outlet and help ease Russia’s energy dominance.
[...]
Erdogan and his party strongly supported the EU backed referendum of Cyprus, 2004 to reunify the island.
[...]
During Erdoğan's Prime Ministership, Abdullah Gül became the first Turkish head of state to visit Armenia, when he made the trip to Yerevan to watch a FIFA World Cup qualifying match between the countries. Erdoğan also met numerous times with the President of Armenia, Serzh Sargsyan, [...] On August 31, 2009, Turkey and Armenia signed protocols in Zurich to improve relations between the two countries.
[...]
During Erdoğan's term of office, the diplomatic relations between Turkey and Syria have significantly improved. In 2004, President Bashar al-Assad arrived in Turkey for the first official visit by a Syrian President in 57 years. In late 2004, Turkish Prime Minister Erdogan signed a free trade agreement with Syria. The visa restrictions between the two countries have been lifted in 2009, which caused an economic boom in the regions near the Syrian border.
[...]
On 29 January 2009, Erdoğan attended the World Economic Forum in Davos, the debate became heated in relation to the Gaza conflict. The Israeli President Shimon Peres was heavily criticized by Erdogan (sitting beside him) over the handling of the conflict as response to Peres' strong language. Erdoğan accused the moderator that Peres had even longer time than all the other panelists combined. The moderator, David Ignatius told Erdoğan that there was not enough time to "start the debate again" when he requested extra time of "one minute" beyond that which he had previously been allotted. Erdogan responded by walking out of the panel and vowing never to attend another Davos forum again.
[...]
On 14 March 2008, Turkey's Chief Prosecutor asked the country's Constitutional Court to ban Erdogan's governing party.
Campeão da democracia, craque do futebol, infância pobre, reformador de um governo corrupto deixado pelo antecessor, superador de uma herança econômica maldita recebida do antecessor, estadista global que estende a mão aos antigos inimigos, internos e externos, e que peita os fantoches de Washington, perseguido pelo torpe Judiciário de seu país, inimigo do câncer militarista, reconhecido e premiado internacionalmente pelos seus feitos, que, diga-se de passagem, não foram todos listados no artigo.
Que contraste com os pseudo-estadistas incensados pela mídia venal, hein?
Obama prometeu que ia fechar a masmorra mantida em Guantánamo, mas foi só papo. Ganhou um Prêmio Nobel por causa disso. Será que ele vai devolver algum dia?

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Re: Brasil e política internacional

#24 Mensagem por Carnage » 03 Jun 2010, 16:33

http://www.cartacapital.com.br/app/mate ... 2=8&i=6869
Política externa e opinião pública

Quem, nas últimas semanas, leu os principais jornais deve ter ficado com a impressão de que a nossa política de relações exteriores será um problema para Dilma Rousseff

Por Marcos Coimbra


Dentre os muitos descompassos que existem entre os sentimentos da maioria da população e o que dizem a oposição e a grande imprensa, um dos maiores acontece na avaliação da política externa do atual governo. Onde alguns só veem equívocos, ela enxerga, quase sempre, sucessos.

Quem, nas últimas semanas, leu os principais jornais deve ter ficado com a impressão de que a nossa política de relações exteriores será um problema para Dilma Rousseff. Como ela conseguirá defendê-la, se pouco ou nada se salva no que o governo faz?
Irresponsável, inconsequente, atrapalhada, é assim que pintam sua condução. Para quem tem a missão de propor a continuidade, seria um fardo e tanto para carregar.

Há tempos que a política externa é um dos alvos preferidos da oposição. Já na eleição de 2006, os estrategistas da campanha de Geraldo Alckmin viram uma oportunidade para enfraquecer a vantagem de Lula nas pesquisas no episódio da nacionalização das reservas bolivianas de petróleo e gás natural, feita pelo recém-empossado governo de Evo Morales. Não funcionou, e gorou a tentativa de transformar o assunto em tema eleitoral.

Ao longo do segundo mandato, foi subindo o tom das críticas, seja contra a política latino-americana do Itamaraty, seja em relação a outras questões, de comerciais e tarifárias a disputas por posição em organismos multilaterais. A compreensão e, às vezes, a simpatia do governo para com os bolivarianos do continente chegou a provocar, pelo que se ouviu no período, tremores de raiva em muita gente.

Em um importante jornal carioca, lemos, faz pouco tempo, uma pergunta que exemplifica esses sentimentos. Escrevendo sobre o que terá mais peso na decisão dos eleitores em outubro, o colunista se indagava se seria a satisfação das pessoas com o presidente e a constatação de que sua vida melhorou, ou “a percepção de parte do eleitorado de que uma política externa radicalizada à esquerda tem reflexos inevitáveis na maneira de conduzir a política interna”.

Essa “radicalização à esquerda” terá se acentuado depois das gestões brasileiras para resolver a crise nuclear iraniana. Nelas, não só a preferência do governo Lula pelos “radicais” se manifestaria, mas ficariam evidentes os traços que a oposição identifica como mais característicos de nossa política externa, nos quais se inclui a falta de compreensão do papel internacional do Brasil e de sua diplomacia.

Ao ouvir os especialistas convidados pelas grandes redes de televisão (a maioria ex-ministros de Fernando Henrique Cardoso), os espectadores poderiam se perguntar como um governo tão canhestro é tão respeitado pelo resto do mundo. Enquanto o coro dessas críticas só aumenta aqui dentro, o de elogios sobe a cada dia lá fora. Vindos de gregos e troianos.

Em vez de perceber qualquer problema na “esquerdização” da política externa, a opinião pública vê a atuação do governo e, especialmente, de Lula nas relações internacionais como um de seus maiores trunfos. Nenhum presidente recebeu, antes dele, tanto destaque nesse campo.

Nas pesquisas qualitativas feitas atualmente, o que se encontra é uma sensação de orgulho do cidadão comum pelo que avalia ser um crescente reconhecimento internacional do Brasil, seu governo e sua economia. Predomina a visão de Lula como um presidente que busca e consegue acordos com outros países, favoráveis aos interesses nacionais. Simplesmente não se ouvem ecos do que a grande imprensa publica. Conciliação, bom senso, entendimento, afirmação nacional, é com palavras como essas que as pessoas caracterizam a política externa.

Ela é (mais um) exemplo da surpresa positiva que a população teve com Lula e com o PT no governo. Muita gente temia pelo desempenho internacional de uma liderança como Lula, que poderia não estar à altura do que o País necessitava. Velhos preconceitos cercavam de expectativas cautelosas o que ele seria. Pelo que as pessoas sentem hoje, no entanto, nenhuma se confirmou.

Assim, Dilma Rousseff não terá dificuldades com esse tema na campanha. Ele nunca foi central nas nossas disputas presidenciais, mas vai subir de importância agora e nos próximos anos. Se desejar, Dilma pode promovê-lo desde já, e tem tudo a ganhar com isso.

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Re: Brasil e política internacional

#25 Mensagem por Carnage » 03 Jun 2010, 16:38

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16639
Serra acusa governo da Bolívia de ser cúmplice de traficantes

Sem apresentar qualquer prova, o pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, acusou nesta quarta-feira o governo de Evo Morales de ser cúmplice de traficantes do Rio de Janeiro. “Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível. O governo boliviano é cúmplice disto", afirmou Serra durante entrevista na rádio Globo.

Redação


Pelo andar da carruagem, o pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, ainda vai acabar propondo a separação do Brasil da América Latina. Após criticar duramente o Mercosul semanas atrás, classificado por ele como uma “farsa”, Serra dirigiu suas baterias agoras contra o governo boliviano, acusando-o de ser cúmplice de traficantes.

As declarações de Serra foram feitas durante entrevista ao programa “Se liga, Brasil”, na rádio Globo, no Rio de Janeiro. Sem apresentar qualquer tipo de prova, o pré-candidato tucano disse que o governo boliviano é cúmplice das quadrilhas de traficantes que atuam no Rio. “A cocaína vem de 80% a 90% da Bolívia, que é um governo amigo, não é? Como se fala muito”, ironizou. “Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível. O governo boliviano é cúmplice disto. Quem tem que enfrentar esta questão? O governo federal", declarou Serra.

Indagado se a acusação não poderia gerar futuramente um atrito diplomático, Serra desconversou e alegou que não fizera uma acusação, mas sim uma "análise da situação".


http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16642
A direita, enfim, achou seu candidato

Depois do Mercosul, o novo alvo de Serra é a Bolívia. Para azar do pré-candidato tucano e sorte do Brasil e do mundo, a era Bush chegou ao fim. Algum assessor com um mínimo de lucidez e informação bem que poderia avisá-lo das mudanças que estão em curso no mundo. Mas se o ex-governador de São Paulo decidiu abraçar por inteiro a agenda da direita no Brasil, na América Latina e nos Estados Unidos, faz sentido ele lutar pela restauração da velha ordem. Pode-se dizer, então, que, enfim, a direita achou um candidato à presidência do Brasil.

Editorial - Carta Maior

“A questão”, ponderou Alice, “é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem tantas coisas diferentes”.

“A questão”, replicou Humpty Dumpty, “é saber quem é que manda. É só isso”.
Lewis Carrol, Alice no País das Maravilhas (cap.6).


As declarações do ex-governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, acusando o governo boliviano de ser “cúmplice de traficantes”, além de levianas e irresponsáveis, podem acabar se voltando contra o próprio autor. Pela lógica da argumentação de Serra, não seria possível a exportação de cocaína a partir da Bolívia sem a conivência e/ou participação das autoridades daquele país. Bem, se é assim, alguém poderia dizer também que Serra é cúmplice do PCC (Primeiro Comando da Capital), da violência e do tráfico de drogas em São Paulo. “Você acha que toda violência e tráfico de drogas em São Paulo seria possível se o governo de lá não fosse cúmplice?” – poderia perguntar alguém, parafraseando Serra.

Neste mesmo contexto, cabe lembrar ainda as declarações do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, preso em 2007 no Brasil, que, em um depoimento à Justiça Federal em São Paulo, disse: “Para acabar com o tráfico de drogas em São Paulo, basta fechar o Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos)”. As denúncias de um traficante valem o que ele vale. Neste caso valeram, ao menos, o interesse da Justiça Federal em investigar a possibilidade de ligação entre o tráfico de drogas e a corrupção policial, possibilidade esta que parece não habitar o horizonte de Serra. O pré-candidato foi governador de São Paulo, mas afirma não ter nada a ver com isso. A culpa é da Bolívia.

Há método na aparente loucura do pré-candidato do PSDB. O fato de ter repetido as acusações levianas contra o governo de um país vizinho – e amigo, sim – do Brasil mostra que Serra acredita que pode ganhar votos com elas. Trata-se de um comportamento que revela traços interessantes da personalidade do pré-candidato e da estratégia de sua candidatura. Em primeiro lugar, mostra uma curiosa seletividade geográfica: em sua diatribe contra governos latino-americanos, Serra esqueceu de acusar a Colômbia como “cúmplice do narcotráfico”. Esquecimento, na verdade, que expõe mais ainda o caráter leviano da estratégia. Trata-se, simplesmente, de atacar governos considerados “amigos” do governo brasileiro.

Em segundo lugar, mostra uma postura irresponsável do pré-candidato, tomando a palavra aí em seu sentido literal, a saber, aquele que não responde por seus atos. Antes de apontar o dedo acusador para o governo de um país vizinho, Serra poderia visitar algumas ruas localizadas no centro velho de São Paulo que foram tomadas por traficantes e dependentes de drogas. Serra já ouviu falar da Cracolândia? Junto com a administração Kassab, um governo amigo como gosta de dizer, fez alguma coisa para resolver o problema? Imagine, Sr. Serra, 200 pessoas sob o efeito do crack gritando sob a sua janela, numa madrugada interminável ... Surreal? Na Cracolância é normal. E isso ocorre na sua cidade, não na Bolívia. Ocorre na capital do Estado onde o senhor foi eleito para governar e trabalhar para resolver, entre outros, esse tipo de problema. Mas é mais fácil, claro, acusar outro país pelo problema, ainda mais se esse outro país for governado por um índio.

E aí aparece o terceiro e mais perverso traço da estratégia de Serra: um racismo mal dissimulado. Quem decide apostar na estratégia do vale-tudo para ganhar um voto não hesita em dialogar com toda sorte de preconceito existente em nossa sociedade. Acusar o governo de Evo Morales de ser cúmplice do tráfico, além de ignorar criminosamente os esforços feitos atualmente pelo governo boliviano para combater o tráfico, aposta na força do preconceito contra Evo Morales, que já se manifestou várias vezes na imprensa brasileira por ocasião das disputas envolvendo o gás boliviano. Apostando neste imaginário perverso, acusar um índio boliviano de ser cúmplice do tráfico de drogas parece ser “mais negócio” do que acusar um branco de classe média que sabe usar boas gravatas. Alguém com Álvaro Uribe, por exemplo...

E, em quarto, mas não menos importante lugar, as declarações do pré-candidato tucano indicam um retrocesso de proporções gigantescas na política externa brasileira, caso fosse eleito presidente da República. Mais uma vez aqui, há método na loucura tucana. Não é por acaso que essas declarações surgem no exato momento em que o Brasil desponta como um ator de peso na política global, defendendo o caminho do diálogo e da negociação ao invés da via das armas, da destruição e da morte. Como assinala José Luís Fiori em artigo publicado nesta página:

A mensagem foi clara: o Brasil quer ser uma potencia global e usará sua influência para ajudar a moldar o mundo, além de suas fronteiras. E o sucesso do Acordo já consagrou uma nova posição de autonomia do Brasil, com relação aos Estados Unidos, Inglaterra e França (...) O jornal O Globo foi quem acertou em cheio, ao prever - com perfeita lucidez - na véspera do Acordo, que o sucesso da mediação do presidente Lula com o Irã projetaria o Brasil, definitivamente, no cenário mundial. O que de fato aconteceu, estabelecendo uma descontinuidade definitiva com relação à política externa do governo FHC, que foi, ao mesmo tempo, provinciana e deslumbrada, e submissa aos juízos e decisões estratégicas das grandes potências.

As últimas linhas do texto de Fiori resumem o que está por trás da estratégia de Serra de chamar o Mercosul de “farsa”, de acusar o governo da Bolívia de cumplicidade com o tráfico, de criticar a iniciativa do governo brasileiro em ajudar a evitar uma nova guerra no Oriente Médio. Curiosa e tristemente, essa estratégia, entre outros lamentáveis problemas, sofre de um atraso histórico dramático. Para azar de Serra e sorte do Brasil e do mundo, a doutrina Bush chegou ao fim. No dia 27 de maio, o governo dos EUA anunciou sua nova doutrina de segurança nacional que abandonou o conceito de “guerra preventiva” como elemento definidor da estratégia da política externa norte-americana. Algum assessor com um mínimo de lucidez e informação bem que poderia avisar ao pré-candidato tucano das
mudanças que estão em curso no mundo, especialmente do final da era Bush. Mas se ele decidiu abraçar por inteiro a agenda da direita no Brasil, na América Latina e nos Estados Unidos, faz sentido lutar pela restauração da velha ordem. Pode-se dizer, então, que, enfim, a direita achou um candidato à presidência do Brasil.

http://www.blogcidadania.com.br/2010/05 ... -o-brasil/
Bolívia consome menos drogas do que o Brasil

Em mais uma operação “casada” entre órgãos de imprensa e o candidato a ocupar a Presidência da República a partir do ano que vem José Serra, o cultivo de coca na Bolívia está sendo transformado em factóide eleitoral do qual o tucano pretende se beneficiar com seu discurso acusatório ao país vizinho.

Não conseguirei traduzir quanto me é doloroso ver o que estão fazendo com a imagem daquele povo e daquele país que cresce, desenvolve-se, reduz a pobreza e a miséria como nunca, educa o povo e combate as drogas com sucesso crescente.

Posso dizer bastante sobre a Bolívia porque já estive em várias partes do país, tais como Santa Cruz de La Sierra, La Paz, Cochabamba, Oruro, Potosi e Sucre, e posso garantir que o boliviano consome muito menos drogas que o brasileiro, o que, inclusive, é atestado pelo último “Relatório Mundial sobre Drogas 2009” divulgado pelo “Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime” (UNODC, sigla em inglês) em junho do ano passado.

Além disso, o relatório mostra que a Bolívia perde para a Colômbia e para o Peru em termos de exportação ilegal de pasta de coca e que boa parte da cocaína que entra no Brasil pela Bolívia vem desses outros países através do território boliviano.

Hoje, domingo, a Folha de São Paulo publica uma reportagem irresponsável sob uma manchete mentirosa dizendo que a Polícia Federal “avalizaria” as acusações de Serra à Bolívia. Lendo a matéria, percebe-se que é tudo mentira. Valendo-se do mesmo recurso do grampo imaginário contra Gilmar Mendes, o jornal cita uma fonte anônima como se tivesse recebido uma declaração oficial da PF.

E mesmo que o tal relatório da PF exista, não pode ser tomado por posição oficial da instituição, pois em organizações sem orientação político-ideológica oficial como a nossa Polícia Federal passou a ser neste governo, pode-se conseguir relatórios para todos os gostos. Só que um relatório, mesmo existindo, é muito diferente de uma conclusão oficial da instituição.

Espertamente, então, o jornal da família Frias não ouviu a Polícia Federal sobre a “denúncia” que faria neste domingo com base em fontes anônimas, pois um desmentido dela se chocaria com a manchete que se queria colocar, de que aquela instituição teria “avalizado” o factóide eleitoral de Serra.

Conheço muito bem o povo boliviano. É um povo de costumes muito mais recatados, sobretudo entre a população indígena. A folha de coca faz parte da cultura deles. Os bolivianos usam-na para fazer infusões com fins medicinais, como o eficientíssimo “té de coca”, quase mágico no combate aos efeitos da altitude no altiplano da Bolívia.

Por toda região dos Andes (sobretudo na Bolívia, no Peru, no Equador e na Colômbia), a folha de coca é amplamente consumida e industrializada. Pode-se comprar chá de coca industrializado ou a própria folha até em supermercados.

Ainda assim, o boliviano, proporcionalmente, usa muito menos drogas do que os povos de países mais ricos que importam ilegalmente da Bolívia a matéria-prima da cocaína. Consome-se menos maconha, menos ecstasy, quase nada de crack e até a própria cocaína. O boliviano não gosta de se drogar como os povos dos países mais ricos.

Na verdade, apesar de que, sob Evo Morales, a Bolívia deixou de ser o país mais pobre da América Latina, aquele ainda é um país paupérrimo e sem recursos. É muito mais difícil para a Bolívia fiscalizar todo seu território. Nem o Brasil, com todos os seus recursos, consegue.

O discurso de Serra vai ao encontro do discurso americano sobre impedir o milenar cultivo de coca nos Andes. É óbvio que, como nessa região se produz enorme parte da coca cultivada hoje – que, inclusive, tem fins farmacológicos no mundo inteiro –, é dos países andinos que vem a matéria-prima da cocaína.

Cabe a cada país fazer como a Bolívia e coibir a produção, o consumo e o tráfico de cocaína, fiscalizar fronteiras, reduzir a miséria de forma a reduzir a mão-de-obra da indústria da droga, a qual se vale das populações carentes para transportar e vender sua produção.

Como Serra fracassa miseravelmente em combater o crack em São Paulo – sobretudo na capital, onde se fuma a droga em certas regiões da cidade à vista de todos, inclusive da polícia, e o Estado não faz nada -, ele inventou essa farsa contra a Bolívia e pôs seu jornal para endossá-la valendo-se de fontes anônimas apresentadas como se fossem oficiais.

É inútil e farsesco eleger a Bolívia como culpada pela nossa dificuldade de lidar com as drogas. Aliás, trata-se de uma dificuldade que até os países mais ricos têm, o que fez com que vários deles as legalizassem. Esse discurso só serve mesmo para um candidato como Serra, que não sabe o que dizer para convencer o eleitorado a elegê-lo.



http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... serra.html
Contra a Bolívia, a indignação seletiva de Serra

por DR. ROSINHA

…guarden con amor sus hojas y cuando sientan dolor en su corazón, hambre en su carne y oscuridad en su mente…
llévenlas a la boca y con dulzura extraigan su espíritu que es parte del mio…
obtendrán alimento para su cuerpo, amor para su dolor y luz para su mente…

“A lenda da coca”, Antonio Diaz Villani


++ Culpar a Bolívia e não mencionar Peru e Colômbia é uma amostra da indignação seletiva do PSDB. Não interessa aos tucanos atacar os direitistas Alan García e Alvaro Uribe

Qualquer candidato, quando decide partir para uma disputa eleitoral, sabe de antemão se a sua própria candidatura é para valer ou apenas para disputar. Não importa em que lugar esteja nas pesquisas, quando a candidatura é mesmo para valer, os temas são tratados com seriedade, respeito e modéstia. Nada de arrogância. Nada de mentiras.

As recentes declarações de José Serra atestam que sua candidatura não é para valer. É impensável que um candidato à Presidência da República trate um tema fundamental como o da política externa com tamanha insensatez, desinformação, desrespeito.

O ‘presidenciável’ tucano só age assim porque se deu conta de que a sua candidatura não é de fato para valer – é só para disputar.

Semanas atrás, Serra declarou que o Mercosul é “uma farsa”. Com que cara, no caso de uma eventual vitória eleitoral, participaria das reuniões semestrais com os demais presidentes do bloco –Cristina, Lugo, e Mujica–, supostos promotores de “uma farsa”?

Em relação à Bolívia e a Evo Morales, fez pior. Em entrevista a uma rádio carioca, Serra disse o seguinte: “Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível. O governo boliviano é cúmplice disto”.

Para além da notória gafe diplomática, a declaração do candidato tucano não encontra respaldo em fatos. Conforme o último relatório do UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime), de 2009, a Bolívia é apenas o terceiro cultivador de folha de coca. Em primeiro lugar aparece a Colômbia (81 mil hectares), seguida do Peru (56 mil). A Bolívia tem em torno de 30,5 mil hectares. Colômbia e Peru, portanto, cultivam 4,5 vezes mais folha de coca que a Bolívia.

Embora o mesmo relatório registre em 2008 um ligeiro aumento das áreas cultivadas no Peru (4%) e na Bolívia (6%), a atual área em território boliviano é significativamente inferior aos números da década de 1990.

Em 1994, por exemplo, a Bolívia tinha inclusive uma área de cultivo de coca maior do que a Colômbia (48,1 mil hectares contra 44,7 mil, respectivamente). E não consta que, ao longo de toda a década de 90, José Serra tenha dado alguma declaração sobre o tráfico na Bolívia. Afinal, quem governava o país vizinho, na época? Seus aliados ideológicos – uma elite preconceituosa e de direita, submissa aos Estados Unidos.

Ainda de acordo com o relatório do UNODC, a quase totalidade da cocaína consumida nos EUA vem da Colômbia, e passa pelo México. Em relação à Europa, as estatísticas feitas com base nas apreensões indicam que 48% dos países europeus apontam que a cocaína lá consumida tem como principal fonte a Colômbia, seguida do Peru (30%). A Bolívia é mencionada em apenas 18% dos países europeus.

O relatório não apresenta dados específicos sobre o consumo no Brasil. Já o “CIA Factbook” também menciona que a Colômbia é responsável pela “quase totalidade” da cocaína consumida nos EUA, e pela “grande maioria” da cocaína consumida em outros mercados. O mesmo documento cita a Bolívia como “país trânsito” da cocaína refinada que vem da Colômbia e do Peru, destinada ao Brasil, Argentina, Chile e Europa.

Na realidade, a Bolívia nunca teve grande capacidade de refino. Na cadeia da cocaína, é essencialmente um país primário-exportador e corredor de trânsito. O tráfico e o refino mundiais são oligopolizados pelos grandes cartéis colombianos.

Assim, o percentual mencionado pelo candidato tucano, segundo o qual 90% da cocaína consumida no Brasil seria exportada pela Bolívia, não se sustenta em dados concretos.

Culpar a Bolívia e não mencionar o Peru e, acima de tudo, a Colômbia, é mais uma amostra da indignação seletiva dos tucanos. Não interessa ao PSDB atacar os governos direitistas de Alan García e Alvaro Uribe.

Vale lembrar ainda que as autoridades brasileiras, inclusive as estaduais, também têm sua parcela de responsabilidade. Sabe-se, por exemplo, que o Estado de São Paulo é usado como centro de distribuição de drogas no Brasil. O relatório da UNODC menciona que boa parte da cocaína que chega à África passa pelo Brasil.

Daí a afirmar levianamente que os governos paulista e brasileiro são cúmplices de traficantes vai uma distância enorme.

Observe-se, finalmente, que o consumo da folha de coca não é ilegal na Bolívia. A nova Constituição da Bolívia reconhece o hábito de mascar folha de coca como um patrimônio cultural ancestral do país. O chá de coca é uma infusão da milenar tradição indígena.

De tudo isso, um fato torna-se cada vez mais incontestável: o pré-candidato José Serra precisa de luz para sua mente.

Dr. Rosinha, médico pediatra, é deputado federal (PT-PR)

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Re: Brasil e política internacional

#26 Mensagem por Carnage » 03 Jun 2010, 16:41

http://www.blogcidadania.com.br/2010/05 ... -colombia/
Imprensa brasileira esconde farsa eleitoral na Colômbia

Está acontecendo um verdadeiro escândalo eleitoral logo aqui ao lado, na Colômbia, mas, no Brasil, estamos completamente alheios ao fato. Uma eleição está sendo roubada pelo regime de forma descarada, com relatos sucessivos de fraudes, intimidações, assassinatos e incursão de agentes norte-americanos no país para influírem no processo. Contudo, na imprensa brasileira mal se percebe que o país vizinho começou a escolher seu novo presidente.

Contrariando as pesquisas de intenção de voto, o candidato governista, Juan Manuel Santos, do Partido de Unidade Nacional, o mesmo do presidente Alvaro Uribe, teve mais do que o dobro dos votos do oposicionista Antanas Mockus, do Partido Verde, na eleição de ontem.

Os observadores internacionais e nacionais estão fazendo reiteradas denúncias. A candidatura de Santos teria sido beneficiada pela compra de votos, segundo acusa relatório da Missão de Observação Eleitoral (MOE) da Colômbia. Mesmo com a segurança reforçada em todo o país, foram registradas 17 ações armadas, de acordo com a entidade. Esses ataques impediram que muitos eleitores chegassem aos centros de votação. Houve bloqueio de estradas e a descoberta de explosivos em zonas rurais. Várias mortes foram registradas.

É voz corrente no país que está sendo encenada uma farsa ao fim da qual o candidato de Uribe será eleito. Tanto é verossímil essa versão que a abstenção chegou a 51%. A maioria da população nem se atreve a se arriscar a ir votar e sofrer pressões e constrangimentos. A transição vai sendo conduzida muito mais pela Cia do que pelo regime beneficiado pelas fraudes – um regime afundado em denúncias e escândalos de corrupção.

No entanto, você já ouviu o Arnaldo Jabor vociferar contra a Colômbia chamando o regime de Uribe de “ditadura”? Onde estão Globos, Folhas, Vejas e Estadões para condenaram essa farsa eleitoral na Colômbia, esse estupro da democracia que acontece aqui ao nosso lado? A eloqüência com que condenam a Venezuela ou a Bolívia que têm feito eleições inquestionáveis simplesmente vira fumaça diante de um país como a Colômbia, em que a democracia é uma enorme farsa.

No Bom Dia Brasil, por exemplo, nenhuma palavra sobre fraudes, pressões, assassinatos de eleitores ou sobre a incursão americana no processo eleitoral colombiano. Só falaram que as pesquisas “erraram”. A Folha de São Paulo desta segunda, nada noticiou sobre o assunto. O Globo diz que o candidato de Uribe “surpreendeu”. O Estadão diz apenas que o candidato do regime foi “o mais votado”. O Valor diz, seco, que “haverá segundo turno”.

A exceção foi o Jornal do Brasil, reportando denúncias de compras de votos, e matéria do UOL que não foi parar no jornal do grupo Folha.

Junte-se essa postura da imprensa brasileira com a que adotou em relação ao golpe em Honduras, criando mais uma expressão polêmica, a do “golpe constitucional”, ou a discurseira que os veículos de Marinhos, Frias, Civitas e Mesquitas mandaram seus capangas “colunistas” e “blogueiros” espalharem sobre cassar a candidatura Dilma Rousseff por “propaganda antecipada” e se terá claro quanta ameaça ainda pesa sobre a democracia brasileira.

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Re: Brasil e política internacional

#27 Mensagem por Carnage » 13 Jun 2010, 20:22

http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas ... afico.jhtm
Serra diz que, ao contrário da Bolívia, Colômbia não faz "corpo mole" ao tráfico
Diego Salmen
Do UOL Eleições
Em São Paulo


O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse nesta terça-feira (8) que o governo da Colômbia, ao contrário do da Bolívia, "não faz corpo mole" no combate ao fornecimento de drogas para o Brasil. Ele havia dito que o governo de Evo Morales era "cúmplice" no tráfico de drogas.

Segundo um relatório divulgado pela Jife (Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes) em fevereiro deste ano, a Colômbia registra o maior número de apreensões de cocaína e de laboratórios destruídos em toda a região.

Serra, no entanto, disse que sua crítica à Bolívia valia para qualquer nação que fornecesse drogas ao país. O tucano se encontrou em São Paulo com especialistas em dependência química e familiares de dependentes para ouvir suas propostas para o tema.

O ex-governador de São Paulo prometeu que, se eleito, irá "fortalecer a ação de combate ao contrabando e repressão ao tráfico". Ele disse ainda que o SUS (Sistema Único de Saúde) irá financiar internações de dependentes químicos em clínicas especializadas.

Na avaliação do pré-candidato, a atual estrutura institucional do governo federal para lutar contra as drogas é inadequada. "O esquema Senad [Secretaria Nacional Antidrogas] mais o Ministério da Saúde não funciona", criticou o presidenciável.

"Tem gente que é contra clinicas especializadas com internação", disse Serra, em referência à ausência deste modelo na proposta de combate às drogas recentemente elaborada pelo governo. "Acho que o SUS tem que chegar às comunidades terapêuticas", afirmou.

O governo da Colômbia não faz "corpo mole" ao tráfico? E o governo do estado de São Paulo? Faz o que??
http://www.youtube.com/watch?v=MuImc6ep ... r_embedded


A Colômbia é uma beleza, não é??

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... omeAtual=1
A Colômbia, a busca da paz e a região

A falta de segurança e paz é um problema real na Colômbia. Mas a política de “segurança democrática” não visa exatamente reestabelecer a paz e construir uma sociedade democrática. Na verdade, em nome da busca de segurança deteriorou-se gravemente a situação dos direitos humanos e da democracia. Ou seja, está criada uma situação extremamente difícil para criar a paz sem uma mudança total de estratégia de quem for eleito. O artigo é de Cândido Grzybowski.

Cândido Grzybowski (*)


No domingo, dia 30 de maio, foi o primeiro turno das eleições presidenciais na Colômbia. João Manuel Santos, o candidato do Partido da U do presidente Álvaro Uribe, quase alcançou a vitória no primeiro turno e está em muito boa posição para o segundo, no dia 20 de junho. João Manuel Santos foi até outro dia o comandante das Forças Armadas da Colômbia . Em segundo lugar vem o filósofo e matemático Antanas Mockus, do Partido Verde. Ele foi reitor da Universidade Nacional e duas vezes prefeito da capital, Bogotá, com uma gestão criativa e eficiente. Mas de verde ele nada tem. Atrás, em terceiro, vem Gustavo Petro, do Polo Democrático, como candidato de esquerda. Ex-guerrilheiro, que depôs as armas no começo de 1990, hoje ativíssimo parlamentar da oposição. O Polo Democrático está à frente da gestão da capital, Bogotá. Vale lembrar que na Colômbia, diferente do Brasil, o voto não é obrigatório,o que torna o comparecimento às urnas uma questão crucial na definição da legitimidade e, sobretudo, da real hegemonia.

O quadro colombiano é um nó de difícil solução se permanecer entregue às suas próprias contradições. Entre nós, aqui no Brasil, predomina uma avaliação política que ignora a profunda divisão que vive a sociedade colombiana, atravessada por uma guerra interna sem perspectiva de fim pela força das armas. Apesar da ofensiva oficial, a guerrilha das FARC, apoiada no narcotráfico, depois de sofrer vários revezes, parece ressurgir com sete vidas. Mas a questão é que existem os “paramilitares”, também baseados no narcotráfico, gozando de certa complacência do governo na prática. Dada esta associação do conflito com o narcotráfico, Uribe recebeu grande ajuda militar dos EUA, preocupados essencialmente com o combate ao narcotráfico, agora materializada nas sete bases militares, que tanta oposição recebeu dos países sulamericanos, Brasil na frente.

A tal política de “segurança democrática” de Uribe, levada a cabo por João Manuel Santos à frente das Forças Armadas, é uma espécie de guerra do terror a la Bush. Baseada numa política de prêmio por produtividade militar, avaliada por número de mortos, o exército está envolvido numa controvérsia a respeito de uns mil civis assassinados, contabilizados como pertencentes à guerrilha. Isto associado a muitas práticas ilegais em relação a opositores e Judiciário e muita corrupção a partir do centro do poder. Saindo da presidência, será difícil para Uribe viajar por aí sem ser pego por algum juiz atento para levá-lo ao Tribunal Penal Internacional pelos inúmeros e comprovados crimes cometidos na frente do governo. Mesmo no plano econômico, os altos índices de crescimento não conseguem esconder o desemprego em alta (de 12 a 14%) e a desigualdade social mais acentuada, alimentados por uma política neoliberal meio fora do tempo. Hoje, a Colômbia está à frente do Brasil no quesito desigualdade social.

A falta de segurança e paz é um problema real na Colômbia. Mas a política de “segurança democrática” não visa exatamente reestabelecer a paz e construir uma sociedade democrática. Na verdade, em nome da busca de segurança deteriorou-se gravemente a situação dos direitos humanos e da democracia. Ou seja, está criada uma situação extremamente difícil para criar a paz sem uma mudança total de estratégia de quem for eleito. Pior, sem solução da guerra interna na Colômbia, não temos como avançar no projeto de região, hoje uma questão central com as mudanças geopolíticas em curso e o desenho de uma nova arquitetura de poder. A evolução da situação nesse país vizinho é um problema que diz respeito à cidadania de toda a região. Sem paz na Colômbia não há como pensar os desafios que temos para criar sociedades participativas e sustentáveis, com justiça social e ambiental na região, e ter peso nas decisões mundiais.

Venho de uma curta mas estimulante, apesar de cansativa, viagem à Colômbia, de 23 a 27 de maio. Fui a convite do IDPAC – Instituto Distrital de la Participación y Acción Comunal, do governo municipal de Bogotá, e da organização civil Viva la Ciudadania, que mantém uma parceria para animar a participação cidadã na cidade. Fiz reuniões e dei palestras para lideranças comunitárias e agentes políticos sobre os desafios que temos para construir um outro mundo. A capital hoje é um bastião da oposição. Muito do clima que se vive nos bairros que andei pouco ou nada deve a Uribe e sim a várias administrações locais que, de forma contínua, apostaram na participação cidadã e na construção de uma cidade para todos e todas.

O clima eleitoral que senti na capital era de buscar outro caminho para o país, seja quem for o eleito. Participei de inúmeras reuniões para ver o que poderíamos fazer como cidadãs e cidadãos da região. Hoje estou convencido que precisamos aproveitar a conjuntura para apoiar os e as que, de dentro da Colômbia, buscam arrancar um compromisso do eleito por uma agenda de diálogo político, negociação e superação da guerra sem saída, construção da paz e aposta na região. A dinâmica do Fórum Social Mundial pode ajudar. Mas precisamos envolver a região inteira, o Brasil em particular, criando condições para fazer as coisas andarem em outra direção.

(*) Sociólogo e diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase)

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Re: Brasil e política internacional

#28 Mensagem por Carnage » 13 Jun 2010, 20:24

http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16676
Colômbia: do “erro” nas pesquisas ao legado de Uribe

Para quem pensa que Juan Manuel Santos, candidato de Uribe, já é presidente, cabe considerar alguns dados. Os votos dos outros quatro candidatos somam 4 milhões e 300 mil, os de Antanas Mockus superam os 3 milhões, os de Santos são 6 milhões e 700 mil e persiste a incógnita de quantos dos 51% que se abstiveram no primeiro turno poderiam votar desta vez e em quem. Nos últimos meses, denúncias sobre a relação de paramilitares, narcotráfico e governo põe em questão a natureza do "legado" do atual governo. O artigo é de Frida Modak.

Frida Modak - ALAI-AMLATINA


O resultado do primeiro turno na Colômbia só poderia ser explicado por dois motivos, dizem os especialistas em assuntos eleitorais. Um é que as pesquisas tenham sido manipuladas para favorecer a um determinado tipo de campanha publicitária; o outro é que os manipulados sejam os votos emitidos pelos colombianos. As duas possibilidades são graves e são as autoridades desse país que devem se pronunciar.

Já a presidente do Conselho Nacional Eleitoral disse que os resultados “deram razão” a um projeto que ela representava há três meses, para regulamentar as pesquisas, em que defendia a proibição das pesquisas telefônicas e pela internet e a fixação de um prazo mínimo entre uma sondagem e outra.

De sua parte, os pesquisadores alegam que seus prognósticos ficaram defasados em função da mudança que ocorreu na semana anterior às eleições, período em que é proibida a publicação de pesquisas. O concreto é que falta clareza e há que se confiar em que com o tempo se saiba o que aconteceu e de que maneira isso está ou não relacionado com a “revolcón”, como Juan Manuel Santos chamou o caminho para a mudança em sua campanha.

Por ora a atenção está voltada ao segundo turno eleitoral, que acontecerá em alguns dias. O ex-ministro de Defesa Juan Manuel Santos, que aparece como herdeiro do presidente Álvaro Uribe quer assegurar-se de que seus 46,56% não mudem de lado e está pedindo o apoio de outros partidos de direita para formar “um governo de unidade nacional”. Enquanto estas linhas são escritas os liberais mantêm sua posição de deixar seus militantes livres e pedem a Santos que explique o que é para ele um governo de unidade nacional.

Por sua vez, Antanas Mockus, o candidato do Partido Verde que alcançou o segundo lugar, com 21,4%, defendia algo diferente. Ele se propõe a atrair 51% dos colombianos que se abstiveram de votar. Não busca alianças burocráticas, disse, mas “alianças de cidadãos” e assim é como entende um possível acordo com o Pólo Democrático. (1)

Este partido disse que apoiaria Mockus no segundo turno, com base numa carta aberta que elaborou, na qual defende como pontos fundamentais o respeito à soberania nacional, aos direitos trabalhistas, sociais e econômicos e que arranquem as terras das máfias.

Tratar-se-ia, então, de um apoio sobre pontos concretos e não uma mescla entre ambos os partidos, a qual Mockus julgou inconveniente para os dois. O Partido Verde é de centro e o Pólo, de esquerda. O objetivo de Mockus é chegar aos que se abstiveram, que são em sua maioria ambientalistas e anticlientelistas, definição esta última a que Mockus se soma.

Para quem pensa que Santos já é presidente, cabe considerar alguns dados. Os votos dos outros quatro candidatos somam 4 milhões e 300 mil, os de Mockus superam os 3 milhões, os de Santos são 6 milhões e 700 mil e persiste a incógnita de quantos dos 51% que se abstiveram no primeiro turno poderiam votar desta vez e em quem.

O “legado” de Uribe

Na Colômbia, fala-se muito do “legado” do presidente Uribe, que consistiria no que alguns consideram o debilitamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC -, a dissolução dos paramilitares, o combate ao narcotráfico e à delinquência; tudo isso no marco de sua chamada política de segurança democrática e do Plano Colômbia financiado pelos Estados Unidos.

Nas últimas semanas em especial, porém, surgiram informações que contrastam com essas conquistas. O que se tem denunciado já há meses é que os paramilitares se reagruparam sob outras denominações, e continuam realizando as mesmas atividades, que, além do narcotráfico consistem em intervir em processos eleitorais.

Os antecedentes a respeito são numerosos. Publicaram testemunhos dos chefes dos “páras” que relatam como pressionam e ameaçam os eleitores dos vários lugares para impor o voto e fazer com que seus candidatos ganhem as eleições. Agora, nas vésperas da eleição surgiram acusações contra um irmão do atual presidente.

Juan Carlos Meneses, ex-major da Policía Nacional da Colômbia acusou Santiago Uribe Vélez de ter criado e mantido nos anos 90 uma estrutura paramilitar que cometeu crimes, em conivência com a polícia, em Antioquia. Meneses sustentou que o presidente havia apoiado as atividades de seu irmão.

A denúncia foi feita em Buenos Aires, Argentina, ao grupo integrado por Adolfo Pérez Esquivel, Premio Nobel da Paz e diretor do Serviço Paz e Justiça; Carlos Zamorano, da Liga Argentina pelos Direitos do Homem; Eduardo Freiler, juiz da Câmara Federal de Apelações Criminais e Correcional; Binusz Smuckler, presidente consultivo da Associação Americana de Juristas e Ernesto Moreau, representante, da Associação Americana de Juristas.

Por outro lado, Gabriela Cariba Knaul de Albuquerque e Silva, relatora especial das Nações Unidas para a independência de juízes e advogados, que em dezembro passado visitou a Colômbia, acaba de observar em seu informe ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que “nos últimos anos apareceram novos atores armados ilegais. Neste marco se estabeleceram vínculos entre dirigentes de grupos paramilitares e políticos, inclusive membros do Congresso”.

Registrou também que a extradição aos Estados Unidos de 18 paramilitares colombianos por tráfico de entorpecentes “impediu” que eles dessem testemunho sobre os crimes de lesa humanidade que cometeram “e sobre suas relações com políticos colombianos, principalmente congressistas e funcionários”.

Esta informação apareceu no diário El Tiempo de Bogotá na quarta-feira passada, dia 2 de junho. Esse jornal foi criado por um antepassado do atual candidato a presidente Juan Manuel Santos e permaneceu em sua totalidade nas mãos da família, até que há mais de um ano foi vendida uma parte ao grupo espanhol Planeta.

A visita de Hillary

Em 27 de maio passado, quando ainda estavam em vigor as pesquisas eleitorais, a chancelaria colombiana anunciou a visita de Hillary Clinton ao país. Segundo a embaixadora da Colômbia nos Estados Unidos essa visita é “uma mostra clara da relação estreita entre os dois países e uma mensagem de apoio a Colômbia, a sua democracia e à importância dos temas da agenda bilateral”. Não mencionou os temas.

Chamou a atenção que a visita fosse a tão poucos dias da eleição e as interpretações foram muitas. Dois dias depois das eleições, Uribe disse que Hillary Clinton estaria no país nos dias 8 e 9 deste mês. Disse ainda que os dois países têm uma “aliança” contra o narcotráfico e que seu governo avançou muito na luta contra esse flagelo.

Mas disse também: “Vamos ver o que vão nos dizer da ratificação do Tratado de Livre Comércio nos Estados Unidos. Enquanto eles pensam lá que nós vimos buscando tratados de comércio com outros países do mundo”. E a funcionária não poderá dar-lhe boas notícias, porque dias depois dessas declarações do mandatário os congressistas Mark Warner e Christopher Dodd se reuniram com ele.

Este último [Dodd] disse que só faltavam 40 dias de sessões no Congresso de seu país e que esse tratado não será discutido por falta de tempo; isso implica que não será negociado ao longo deste ano. Os parlamentares estadunidenses levaram vários anos para avaliar que na Colômbia não há segurança para os dirigentes sindicais.

Em todo caso vai se falar sobre o tema e também do combate às drogas através do Plano Colômbia, pelo qual Washington já forneceu aos sucessivos governos governos colombianos 6,5 milhões de dólares.

Também foi informado que o candidato Manuel Santos irá se reunir com a secretária de Estado. A porta-voz da secretária de Estado formulou uma declaração felicitando o povo colombiano por “sua forte participação eleitoral”. Não fez comentário algum a respeito dos 51% de abstenção.

E embora não se venha a falar de tratado de livre comércio este ano, vai se falar dos Corpos de Paz estadunidenses. Como será lembrado, foram criados no marco da Aliança para o Progresso de John Kennedy e depois de alguns anos desapareceram, ao menos em nossa região. A senhora Clinton disse há um tempo que os reviveria, e que este ano voltarão a Colômbia, com base no convênio firmado em 11 de maio passado entre o chanceler colombiano Jaime Bermúdez e o diretor dos Corpos de Paz, Aarón Williams.

(*) Frida Modak, é jornalista e foi Secretária de Imprensa do Presidente
Salvador Allende.

(1) NDLR: O Polo Democrático Alternativo chamou o voto nulo no próximo 29 de junho. Ver:http://alainet.org/active/38729〈=es

Tradução: Katarina Peixoto

http://operamundi.uol.com.br/noticias/U ... 4486.shtml
Uribe defende privilégios jurídicos para militares

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, defendeu que os militares do país recebam “proteção jurídica” especial em crimes pelos quais são acusados, inclusive violações de direitos humanos, informou a imprensa local nesta quinta-feira (10/6).

Em entrevista a uma rádio de Bogotá, Uribe se declarou a favor de um projeto de lei que permita “proteger juridicamente os membros das forças armadas”.

“Vamos ter que pensar um projeto de lei na Colômbia, uma revisão do ordenamento jurídico, para evitar o desestímulo nas forças armadas”, justificou Uribe. “Uma coisa é fazer respeitar absolutamente os direitos humanos, e outra é destratar a força pública”.

As declarações do presidente colombiano foram motivadas pela condenação do coronel da reserva Alfonso Plazas Vega, por sua responsabilidade na invasão do Palácio da Justiça, em 1985, que terminou com o desaparecimento de 11 pessoas. Plazas Vega foi sentenciado a 30 anos de prisão. Uribe manifestou “tristeza” com a decisão da Justiça colombiana.

"Este caso do Palácio da Justiça ocorreu em 1985. Foi um crime contra a humanidade cometido por uma aliança perversa entre o tráfico de drogas e uma guerrilha. E quem está indo para a prisão é o coronel das forças armadas. Sinto dor que a esta altura da vida, nessa sentença se ordene uma investigação contra o ex-presidente Belisario Betancur", responsável pelo governo na época, disse Uribe, citado pelo jornal El Colombiano.

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Re: Brasil e política internacional

#29 Mensagem por Carnage » 26 Jun 2010, 00:13

http://www.observatoriodaimprensa.com.b ... =595IMQ008
O Brasil dos jornais

Por Luciano Martins Costa em 25/6/2010
Comentário para o programa radiofônico do OI, 25/6/2010


É manchete no Estado de S.Paulo na sexta-feira (25/6) o anúncio da reunião do G-20, marcada para o fim de semana no Canadá. Observe-se que a notícia explica porque o Brasil e os Estados Unidos estão alinhados em torno da proposta de estimular a economia, contra a escolha da Europa, de priorizar o aperto fiscal. A informação também é contemplada na Folha de S.Paulo, embora com menos destaque.

Apesar de o tema ser complexo, a manchete do Estadão elabora com clareza o dilema que se apresenta diante dos líderes mundiais: buscar primeiro o equilíbrio das contas ou ampliar as chances de retomada do crescimento.

O modelo proposto por Brasil e Estados Unidos é o que vem dando certo para a economia brasileira, com algumas variáveis.

Quando a crise financeira internacional eclodiu, em setembro de 2008, o Brasil organizava o ingresso no mercado dos milhões de cidadãos resgatados da miséria pelos programas sociais de transferência de renda. Esse resgate também foi beneficiado pela estabilidade que se vinha consolidando, o que permitiu os investimentos privados e públicos que estimulavam os negócios.

Diante da crise, o governo brasileiro procurou acelerar esse processo, e como resultado tivemos o reaquecimento rápido da economia, após apenas um trimestre de dificuldades.

Lugar no palco

Quando o presidente Barack Obama declarou que seu colega brasileiro era "o cara", episódio que a imprensa tratou de maneira folclórica, os dois países vinham promovendo uma série de encontros bilaterais para discutir como enfrentar a crise global.

É desse período o alinhamento entre Brasil e Estados Unidos em torno da proposta que é defendida agora no G-20. Depois disso, houve o episódio do Irã, no qual o Brasil exerceu sua soberania, contrariando a opinião dos americanos. Passado o desencontro, ocorrência trivial entre nações independentes, outra vez os dois países voltam ao mesmo lado da mesa.

A lembrança serve para observar como, muitas vezes, ao se prenderem excessivamente ao fato do dia, os jornais perdem a perspectiva histórica, podendo induzir o leitor a tirar conclusões equivocadas.

A imprensa brasileira precisa engolir, de uma vez por todas, o fato de que o Brasil se tornou protagonista importante no conjunto das nações justamente porque não se alinha automaticamente com os Estados Unidos.

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Re: Brasil e política internacional

#30 Mensagem por FABGRU » 28 Jun 2010, 19:47

A diplomacia brasileira foi sempre muito respeitada internacionalmente,conhecida por seu pragmatismo e pela busca
de ampliação de parceiros comerciais..Lula parece aprofundar estas caracteristicas ao trazer consigo,um pragmatismo
sindical,que se movimenta a partir de um eixo ideológico mais a esquerda, mas não muito definido. Ao aproximar dos
EUA, estaria diminuindo os espaços de manobra de outras forças latino-americanas..Nada,enfim, que o mundo sindical desconheça...............

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