Prezados.
Estamos há pouco mais de duas décadas sob uma democracia. Votamos e elegemos nossos representantes no âmbito municipal, estadual e federal. Elegemos também os senadores. Elegemos gente como o Renan Calheiros. Somos nós quem colocamos no poder os nossos prefeitos, governadores e o presidente desta república.
Algumas coisas funcionam muito bem neste país: por exemplo, as eleições. São um show cívico a parte, mesmo se levarmos em consideração o voto obrigatório; milhões de cidadãos de todo o país votam, pacificamente, ordenadamente, em um moderno sistema informatizado que agiliza, e muito a apuração dos mesmos. É de se perguntar porque somos tão bons nisso.
E as novelas, então? O mundo todo as assiste, são mesmo muito populares. Porque será?
Outro aspecto de nosso país que nos coloca na vanguarda mundial: os nossos festejos populares. O carnaval é uma festa popular que , a despeito de haver de região para região diferentes conotações e poder durar mais ou menos dias, mobiliza todo o país e faz com que o país receba um grande afluxo de turistas do mundo todo para participar dos festejos. Nem tudo nesse país consegue ser tão sui generis e tão bem sucedido; por que será que o carnaval é o que é?
O Futebol, mesmo desorganizado, sempre revela muito talento , todos os dias, nos quatro cantos deste país. Qual o mistério para que isso persista, quando se faz de tudo para que ocorra exatamente o contrário? Não sei.
Na política, há algumas questões que também não querem mais calar.
Reparem na presteza com que os nossos parlamentares conseguem mobilizar seus pares quando o que está em pauta são seus próprios interesses; as sessões tem quórum garantido. As sessões de interrogatórios de testemunhas ou possíveis implicados em maracutaias também são muito concorridas, e todos os parlamentares que interrogam os convidados parecem todos pessoas de índole acima de qualquer suspeita. Os holofotes estão sobre eles, estufam o peito, empertigados, e lançam um olhar de desdém sobre a testemunha e uma pergunta desafiadora sai de suas bocas: sabem que as cameras estão ali, e a sabem da repercussão que sua argúcia e perspicácia causarão nos eleitores. A Câmara funciona muito bem também nos recessos, duas vezes ao ano, tudo muito bem executado. É de se perguntar porque em outras searas que lhe cabem, as coisas saem tão mal!
Por exemplo: uma reforma fiscal decente, uma reforma política que se faz premente dia após dia, temos que tomar providências em relação ao sistema previdenciários, que entrará em colapso se nada for feito, a nossa infraestrutura está apodrecendo dia a dia, o ensino fundamental clama por mais verbas e mais pessoas engajadas nessa causa, o SUS está em frangalhos e a cpmf , que fora colocada em prática para garantir o seu completo saneamento virou mais um imposto para o governo gastar (mal ) mais do que arrecada...
Qual a razão de ser do homem público: trabalhar pelo bem público. Renan e seus asseclas deram outra prova de que suas agendas atendem a outras prioridades.
Novas eleições se avizinham, nova campanha, novos shows de cinismo em rádio e televisão.
O Brasil é assim porque NÓS permitimos. Eu, vocês, todos nós, permitimos que esses filhos da puta CAGUEM na nossa cabeça e fiquem rindo da nossa cara. Estão jogando o jogo segundo as regras estabelecidas por eles mesmos , e estão ganhando. O Brasil é deles. E eles fazem do país o que lhes apetece, pois sabem que NÓS somos todos uns bundões que sá reclamam e não fazem merda nenhuma.
Estamos preocupados com o escândalo no futebol.
Queremos saber se nosso time ganhou ou não, queremos mais é zoar o nosso colega de trampo.
Quem matou a Taís?
Garanto que poucos sabem o dia da próxima eleição, mas muitos já olharam o calendário de 2008 para ver que dia cai o carnaval e já fez alguns planos do que vai fazer nestesa dias de folia.
A maioria demosntra que não sabe e nem está preocupado em aprender a votar. Votam , mas não refletem na importância deste ato. A maioria, bem entendido.
Os políticos caem em descrédito, mais isso significa o que? O que muda, de eleição para eleição? Parece que o nível dos políticos cai na mesma proporção que a sua imagem perante a opinião pública.
Os políticos deveriam se reunir, debater sobre os problemas do país e definir as medidas necessárias para combatê-los da melhor maneira possível.
Tudo o que essa corja faz, porém, é escarnecer sobre a opinião pública, é ridicularizar os anseios da sociedade e dos eleitores, tripudiar sobre a nossa imensa e , aparentemente, infindável paciência.
Já tentei me perguntar: qual seria a solução? Como aproveitar tanto talento e tanta potencialidade? Tanta riqueza? Em todas as hipóteses imagináveis, esbarrei em um obstáculo intransponível: para elaborar planos concretos e factíveis, o Brasil precisaria de homens públicos que estivesses engajados em resolver os nossos problemas antes de envolverem-se em suas disputas pelo poder. Por exemplo: as duas grandes coligações partidárias ( psdb/dem e PT/pmdb) definiriam um plano de metas de , pelo menos, vinte anos, em todas as áreas : Saúde e educação Fundamentais, Previdência Social, Reforma Política, Infra estrutura, questões macro econômicas, ou seja, definir as prioridades que estejam acima das disputas pelo poder entre eles, em um acordo que tais diretrizes fossem cumpridas independentemente de quem estiver ocupando o poder.
Isso é impossível a curto e médio prazo.
O que nos coloca em duas hipóteses: ou toleramos por mais alguns anos uma classe política que pode , ou não, amadurecer e se dar conta do seu real papel, ou...
Algo pode acontecer.
Brincar com a democracia sempre envolve muitos riscos.
Mesmo aqui.
No país do futebol, do carnaval e das novelas.