Peter_North escreveu:O Carnage leva a sério demais essas coisas com selo do governo, mas se esqueçe da tremenda facilidade com que as estatísticas podem ser torcidas para um lado ou para o outro de acordo com quem se quer favorecer. E se tem alguém que entende de tocer e manipular, é esse diretor do Ipea:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 6304.shtml
Desde que assumiu a presidência do instituto, em agosto último, Pochmann mudou os comandos de cinco das seis diretorias e da área de macroeconomia, no Rio de Janeiro. Quatro economistas, considerados não alinhados ao pensamento econômico do governo, foram afastados: o coordenador do Grupo de Análise Conjuntural, xxxxxxxxx Giambiagi, e os pesquisadores Otávio Tourinho, Gervásio Rezende e Regis Bonelli.
Peter, você gostou muito de destacar o "não alinhados ao pensamento econômico", que nem sequer pareceu analisar o resto da matéria.
Essa frase de destaque parece que foi introduzida a dedo, pra gerar justamente a reação que gerou em você. Tem a conotação de "limpeza ideológica". Aliás, ideologia é uma palavra que gostam muito de usar pra despertar "medos comunistas" e relações a partidos do tipo Soviético e tals.
Veja como começa a matéria:
Marcio Pochmann, disse ontem que o foco de atuação do instituto mudou e que as análises conjunturais cederam importância para as pesquisas de planejamento de médio e longo prazo.
"A perspectiva de curto prazo é importante para os bancos e para as empresas, mas o país precisa de elementos adicionais a isso", afirmou. Segundo ele, a mudança de foco é uma volta às origens do Ipea, que foi criado em 1964, com a missão de pensar o longo prazo.
Ou seja, Pochmann entrou com o objetivo de mudar a atuação do instituto de análises de curto prazo pra coleta de iformações para planejamento de longo prazo. Ou seja, o "pensamento econônico" é esse. Enfaze em planejamento. Os diretores que foram removidos foram os que tinham pensamento de curto prazo.
Mas tanto parte do artigo, quanto você, preferem pensar nas coisas como "golpe", tentiva de transforma o instituto em algo a serviço dos interesses exclusivos do PT, cosinhas de ditadura comunista, etc.
Marcio Pochmann disse que todas as diretorias reformularão seus planos de trabalho para priorizar o planejamento de médio e longo prazos e que as novas pesquisas serão definidas em conjunto com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Você, no final das contas, acha que é melhor o instituto levantar dados pra planejamento de longo prazo ou trabalhar somente com interesses de curto prazo? É só sobre isso que gera a verdadeira notícia da matéria. O resto é viagem.
Peter_North escreveu:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 8942.shtml
Aqui tem uma entrevista com o Marcio defendendo o aumento nos cargos de comissão. Sabem quais são né, são aqueles que o político coloca o amigo que ele bem quiser. Tipo o cargo ocupado pelo Pochmann. E normalmente são muito bem pagos. Como o do Pochmann. A verdade está escancarada, é mais uma teta para o PT e seus apaniguados. É sempre assim, que coisa repetitiva.
Li a entrevista toda. Alguém leu? Nas duas primeiras perguntas, ele fala coisas muito importantes e fala muito bem! Concordo com muita coisa que ele fala. Pra mim, mostrou que o cara tem batante conhecimento e boas idéias. Pena que não as vejo sendo praticadas.
Mas vamos analisar o último parágrafo, onde ele responde a pergunta sobre o inchaço da máquina estatal
FOLHA - O Estado brasileiro é considerado inchado em alguns setores e vimos no governo Lula um crescente número de contratações, com destaque para cargos comissionados. Como o sr. vê isso? É preciso deixar a máquina mais leve?
A quantidade de funcionários públicos certamente está mal distribuída por setores, e regionalmente, dentro do aparelho estatal. Se isto ocorreu, é resultado do Estado ter perdido sua capacidade de planejar e organizar. Um choque de gestão poderia reduzir esses desequilíbrios. Mas não resolverá o problema maior que é a oferta de forma universal de serviços de saúde e educação de qualidade, por exemplo. Portanto, a contratação de servidores públicos, através de concurso público, é positiva porque reduz o desemprego e aumenta o volume de serviços do Estado para a população. A criação de cargos comissionados durante o governo Lula não pode ser analisada com base em critérios ideológicos. Esses cargos têm sido criados, porque houve um desmonte do aparelho estatal durante o governo de FHC. Novos órgãos precisaram ser criados; outros precisam ser recriados e outros precisaram ser fortalecidos e, então, dirigentes precisam ocupar cargos de confiança nessas instituições. Não vejo utilidade no conceito de máquina estatal leve ou pesada. O que interessa é se a máquina estatal está criando bem-estar social, ou não, para a sociedade que a lhe sustenta.
Quando você fala "defendendo o aumento nos cargos de comissão" parece que ele estaria defendendo que os cargos devem ainda ser aumentados. Mas não é o que ele faz. Ele apenas defende os cargos que foram criados. Pra saber se ele esta certo (se os cargos criados foram mesmo necessários0 ou se você está certo, seria necessária uma análise muito profunda, a qual eu não tenho acesso, portanto não posso tirar conclusões.
Agora veja que ele está certíssimo numa coisa. O serviço público não está inchado! Se estivesse, como você explicaria a justiça lenta, com atrasos em processos por falta de pessoal. A segurança pública deficitária, a falta de médicos nos hospitais públicos? Se tudo isso existe, é óbvio que
faltam funcionários públicos. O problema é fundamentalmente de distribuição de funcionários. Talvez exista excedentes em alguns locais. Mas outros são claramente deficitários.
E, oras pois, o próprio Pochmann afirma e reconhece isso na entrevista! Que há má distribuição de servidores!
O tamanho de um Estado não se calcula por quanto ele gasta, mas por quantos serviços são necessários serem supridos. O Estado tem que ter o tamanho suficiente para cumprir o seu papel. E não ter uma porcentagem fixa ou limite da população empregada nele. Outro fator é que ele tem que gastar somente o que pode com esse tamanho. Mas isso é muito mais uma questão de planejamento e distribuição de recursos (onde o Brasil certamente peca e muito) do que o número de funcionários.
Como a pesquisa afirmou (dados confirmáveis) Dinamarca e Suécia, países que tem uma altíssima qualidade de vida, tem mais de 30% da sua população empregada pelo Estado. Será que isso é máquina inchada? Me parece que eles estão indo bem.
Como eu disse, distorções podem existir sim, e existem. O caso dos cargos comissionados serima um exemplo de funcionários demais, e ganhando muito, num ponto da máquina Estatal, enquanto em outro ponto, faltam funcionários.
Agora, como eu disse, Pochmann defenceu cargos que foram criados. Não sei quantos foram, nem sei em que lugares. Ele afirma que foram necessários. Também não tenho como avaliar isso. Portanto não tenho como defeneder o que ele diz (pra isso teria que somente acatar a palavra dele) mas também não tenho como criticá-lo fora do único ponto de vista de achar que estes altos cargos existem mesmo em demasia no governo.
Mas na verdade, onde eu acho que o Estado está mesmo com muito problema, é no Legislativo. Lá existe com certeza inchaço. O número de parlamentares é excessivo. O número de funcionários para estes parlamentares é excessivo. Aí está ao meu ver o problema. E este problema não é de responsabilidade do Executivo. Pois quem definiu o número de parlamentares e funcionários foi o próprio Legislativo.
Cargos na área executiva eu acho que são bem menos problemáticos. Haja visto que os salários ainda costumam ser menores que os do Legislativo.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 6113.shtml
A "corrente desenvolvimentista", a meu ver, não é uma coisa ruim. É lógico, para mim, que o Estado tem que pensar a longo prazo, se organizando para ir em frente. Não vi planejamento nenhum no governo do FHC, não por outro motivo todas as crises que existiram quebraram o Brasil feio.
Se existe mesmo essa "farra" de cargos no governo federal, é óbvio que é ruim, mas nem de longe é diferente do que foi feito anteriormente, por mais que gostem de alardear que o governo do PT inchou o Estado.
O governo do PT é uma merda, mas pelo menos, sob o governo do PT, o Brasil foi bem melhor do que sob os anteriores. Sei que você vai cair de novo naquela história de "foi a conjuntura", mas eu tenho uma visão bem difenrete disso. Não precisa argumentar novamente sobre isso.
Enfim, mesmo que exista esse inchasso de altos cargos no governo, a máquina não pode ser considerada grande demais, justamente por causa das óbvias deficiências que existem na prestação de serviços públicos, que todos gostam de apontar. E sob essa perspectiva, o estudo é correto, inclusive em suas conclusões. Pode sim haver equívoco no governo quanto a onde alocar novos recursos.