A Crise Econômica Mundial

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Re: A Crise Econômica Mundial

#466 Mensagem por Compson » 22 Fev 2012, 09:45

Sempre Alerta escreveu:Eurozona: será que a situação vai melhorar???

Espanha vende 2,5 bilhões em bônus com forte queda nos juros
http://economia.uol.com.br/ultimas-noti ... juros.jhtm

Itália: yield bônus 10 anos cai para 5,35%
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noti ... ra-535.htm
O BCE inundou os bancos italianos e espanhois de dinheiro justamente para que comprassem títulos dos países. Ao que parece, Monti pretende salvar Itália e Espanha a qualquer custo e sacrificar os pequenos (Grécia, talvez Portugal e Irlanda) como exemplo.

Sobre a questão da Grécia, não acho que Merkel e Sarkozy sejam lacaios do mercado financeiro. São, sim, lacaios de seu eleitorado conservador.

O problema não é: "como desmontar o estado de bem-estar grego para que o país possa pagar juros?" O problema é: "como explicar para um bávaro que ele tem que pagar impostos ou aceitar uma inflação mais alta para que um grego se aposente aos 45 anos?"

Um bom texto:
Greece must default if it wants democracy
By Wolfgang Münchau

When Wolfgang Schäuble proposed that Greece should postpone its elections as a condition for further help, I knew that the game would soon be up. We are at the point where success is no longer compatible with democracy. The German finance minister wants to prevent a “wrong” democratic choice. Similar to this is the suggestion to let the elections go ahead, but to have a grand coalition irrespective of the outcome. The eurozone wants to impose its choice of government on Greece – the eurozone’s first colony.

I understand Mr Schäuble’s dilemma. He has a fiduciary duty to his parliament and is being asked to sign off on a programme that he doubts will work. Releasing the funds before an election is risky. What is to stop a new Greek government and a new parliament from unilaterally changing the agreement?

High quality global journalism requires investment. Please share this article with others using the link below, do not cut & paste the article. See our Ts&Cs and Copyright Policy for more detail. Email [email protected] to buy additional rights. http://www.ft.com/cms/s/0/16f04ffa-5963 ... z1mzu1nWSu

Greece has a poor record of implementing policies it has agreed to. The mistrust is understandable. But to overcome this, the eurozone is seeking assurances that are unbelievably extreme.

The provocation of Greece has been escalating for some time. The first was the incendiary proposal, contained in a policy paper, to impose a fiscal Kommissar on Athens, with the power to veto economic policy decisions. After that was rejected, officials proposed using an escrow account, which would ensure that the eurozone can withhold funds to Greece at any time without triggering a default. But clearly the most extreme proposal is to suspend the elections and keep the technical government of Lucas Papademos in place for much longer.

It is one thing for creditors to interfere in the management of a recipient country’s policies. It is another to tell them to suspend elections or to put in policies that insulate the government from the outcome of democratic processes.

These demands fail Immanuel Kant’s “categorical imperative” – Germany does not will them to be universally adopted. Nor could they be adopted in Germany – they would be unconstitutional. Only recently the German constitutional court ruled that parliament’s sovereignty was absolute, that parliament must not permanently transfer sovereignty to outside institutions and that one parliament must never constrain the freedoms of its successor. The proposals violate the principles of Germany’s own constitution. In short, they are unethical.

A senior German official has told me that his preference is to force Greece into an immediate default. I can therefore only make sense of Mr Schäuble’s proposal to postpone elections as a targeted provocation intended to illicit an extreme reaction from Athens. If that was the goal, it seems to be working. Karolos Papoulias, the Greek president, fired back at Mr Schäuble’s “insults”. Evangelos Venizelos, finance minister, said certain elements wanted to push Greece out of the eurozone. Conspiracy theories abound. Hardly a day passes by without a cartoon in the Greek press of Angela Merkel and Mr Schäuble in Nazi uniforms. German MPs expressed outrage at the Greek outrage. Bild, the German mass-market daily, is calling for Greece to be “kicked out” of the eurozone. I shudder at the thought of an act of violence committed against Germans in Greece or Greeks in Germany. This is the kind of conflict that could easily escalate.

The situation highlights the political vulnerability of the current eurozone rescue strategy. Let us set economic arguments aside for once, and consider the politics. Anybody calling for an increase in the rescue package should remember that solidarity between governments is close to being exhausted. This has happened even before a single cent has crossed a border. It is also the strongest argument for a fiscal union. If you want to shift hundreds of billions of euros around, you simply cannot do this on an inter-government basis, where Germany, the Netherlands and Finland pay for Greece, Portugal and Ireland. For that, you need a federal system. You need it not for reasons of economic efficiency but to prevent a Germany-versus-Greece type conflict. If a fiscal union turns out to be politically unacceptable then we simply have to admit that a transfer insurance system cannot and will not happen.

The reason the current system is breaking down is the loss of mutual trust. It narrows the political options of crisis resolution. Mistrust is the reason why the Greek rescue package has been delayed until the latest possible moment, and why the latest proposals contain so many poison pills: implementation deadlines, the escrow account, and a permanent representation of creditors and the International Monetary Fund. Soon there will be yet more austerity. At some point, somebody will snap.

The German strategy seems to be to make life so unbearable that the Greeks themselves will want to leave the eurozone. Ms Merkel certainly does not want to be caught with a smoking gun in her hand. It is a strategy of assisted suicide, and one that is extremely dangerous and irresponsible.
http://www.ft.com/intl/cms/s/0/16f04ffa ... z1mztppxbn

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Re: A Crise Econômica Mundial

#467 Mensagem por Sempre Alerta » 27 Fev 2012, 22:20

Euro, pensar o impensável

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Folha de S.Paulo, 27.02.2012

É melhor que os europeus pensem seriamente na alternativa de extinguir a moeda comum de 17 países

Na China, em 1979, era "impensável" caminhar para o capitalismo, e no entanto Deng
Xiaoping pensou e se antecipou à estagnação que ocorreu na União Soviética. Na
Argentina, em 2001, era impensável terminar com o "plan de convertibilidad"; De La Rua
curvou-se a esse impensável, e o custo foi uma crise brutal. Na zona do euro, hoje, é
impensável extinguir o euro, e no entanto é melhor que os europeus pensem seriamente
nessa alternativa. A criação do euro foi um erro, porque não havia um Estado por trás dele,
e porque ele se transformou em uma moeda estrangeira para cada um dos 17 Estados que o
adotaram -uma moeda que, nas crises, eles não podem emitir nem desvalorizar.

O impensável é muitas vezes puro medo e conservadorismo de governantes sem visão.
Nesta grande crise do euro, a Grécia tornou-se um país insolvente, mas declarou-se
"impensável" reestruturar sua dívida; quando a dívida foi reestruturada com um desconto de
21%, tornou-se impensável aumentar essa porcentagem; quando o desconto foi aumentado
para 50%, tornou-se impensável o socorro do Banco Central Europeu a ela e aos demais
países e bancos, mas um pouco depois o BCE passou a comprar de forma moderada títulos
públicos e inundou o sistema bancário europeu de liquidez. O impensável revelou-se,
afinal, a solução.

"Seria a desordem e o caos", gritam os defensores do impensável. Não creio. A crise dos
países do sul da Europa desencadeada em 2010 é de balanço de pagamentos: foi causada
pela sobrevalorização do euro implícita que se expressa em salário médio incompatível com
o nível de produtividade. Teve como consequência elevados deficits em conta corrente
seguidos por elevado endividamento externo, principalmente privado. A dívida pública já
estava alta porque, diante da crise financeira global de 2008, todos os países haviam
adotado política fiscal expansiva.

A extinção implicará alguns riscos, mas o custo de se tentar resolver uma crise causada por
deficits em conta corrente através de redução dos deficits fiscais já foi muito grande,
mesmo em termos de sacrifício da democracia, e continuará a sê-lo por muitos anos, para
todos os países, inclusive para a Alemanha.

Do ponto de vista prático, não haveria grandes problemas. Seria naturalmente necessário
imprimir novas cédulas. E, em determinado momento, em vez de retornar às antigas
moedas, os países em conjunto transformariam o euro em um "euro nacional": o euro
alemão, o euro francês, e assim por diante. Em seguida, os países com elevados deficits em
conta corrente e altas dívidas externas desvalorizariam sua moeda. O que provocaria a
queda dos salários e alguma inflação. Mas esta é uma forma muito mais humana e mais
eficiente de praticar a austeridade e diminuir os salários do que aquela que está sendo
praticada hoje: através da recessão e do desemprego.

No caso do euro, não é apenas o medo da inflação que torna sua extinção impensável. É
também o medo que ela "desestruture" a União Europeia. Mas não há esse risco; a UE é o
mais extraordinário caso de construção política e social que conheço, e só ganhará se agora
der um passo atrás. Haverá espaço, no futuro, para muitos passos adiante.

http://www.bresserpereira.org.br/Articl ... nsavel.pdf

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Re: A Crise Econômica Mundial

#468 Mensagem por Carnage » 12 Abr 2012, 23:36

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2 ... panha.html
Os demos fogem para a Espanha
Por Saul Leblon, no sítio Carta Maior:


O presidente dos demos, Agripino Maia, decidiu fugir do desmanche contagioso do seu ex-líder no Senado, Demóstenes Torres, buscando uma agenda positiva no exterior. Agripino escolheu a dedo: montou um périplo de encontros políticos em Portugal e na Espanha onde versões ibéricas dos demos chegaram onde Demóstenes queria chegar, no poder. Má hora. A direita amiga dos Demos empurra a península ibérica ao suicídio ortodoxo.
Nesta 3ª feira, por exemplo, as tesouradas fiscais do governo Rajoy (PP) fizeram estremecer as bolsas da Europa e do mundo: distintas latitudes financeiras temem o efeito dominó de uma quebra da Espanha, hipótese cada vez mais presente no radar dos analistas. Em poucos mais de 100 dias sob governo do PP, 74% dos espanhóis acham que a vida vai piorar. Rajoy teima que não. Uma esfinge algo catatônica o demo espanhol resolveu escalpelar a nação para reduzir o déficit público (dos atuais 8,5% para 5,3% até dezembro) e reconquistar a confiança dos mercados.

A lógica da 'purga redentora' não se mostrou eficaz: a Bolsa espanhola teve a segunda pior queda do ano nesta terça-feira; os mercados respondem às tesouradas cada vez mais ariscos: para aplicar em títulos do cambaleante Estado espanhol exigem taxas de juros entre quatro a cinco pontos acima do rendimento alemão. Hoje a Espanha já gasta mais com juros do que com funcionários públicos. O desemprego atinge mais da metade da juventude. Rajoy não recua: 24 horas depois da greve geral de 29 de março, que levou 800 mil pessoas em protesto às ruas de Madrid, Barcelona, Valencia, o presidente conservador anunciou reforma trabalhista que encoraja, barateia e acelera demissões.

Em seguida, decretou cortes de 22% no orçamento da educação, 7% no da saúde, 25% em pesquisa e tecnologia, 15% na Cultura e 21% no fomento ao emprego. Diante das desconfianças dos mercados não se conteve: ontem fez aprovar mais 10 bilhões de euros em cortes na saúde pública e na educação.

A demencial conduta da direita ortodoxa na zona do euro já causa apreensão até no sindicato mundial dos bancos, o IFF (Instituto Internacional de Finanças). Carta assinada pelo seu diretor-geral, Charles Dallara, divulgada esta semana, figura como uma ilha de sensatez em meio ao austericídio em marcha na zona do euro. Dallara adverte que:

a) a austeridade torna-se contraproducente quando é aplicada de forma desordenada e simultânea - se todas as economias cortam gastos, empregos e salários ao mesmo tempo, a contração da demanda esmaga as importações comprometendo a meta , também de todos, de ressuscitar o crescimento pela via do comércio exterior, leia-se vendendo ao vizinho;

b) 'a questão chave', admite o sóbrio Dallara, 'é se a atual fórmula de liquidez (para os bancos) e austeridade (para o setor produtivo e para os cidadãos) funciona'. Agripino, por certo, deve achar que Dallara é um petista keynesiano infiltrado no sindicato mundial dos bancos.

O mais assustador é que Agripino considere o incêndio europeu um refresco perto da fogueira que assa a direita nativa. Eis aí um dado revelador da crise que vive o conservadorismo brasileiro.

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Re: A Crise Econômica Mundial

#469 Mensagem por Compson » 01 Mai 2012, 11:48

Carnage escreveu:http://altamiroborges.blogspot.com.br/2 ... panha.html
Os demos fogem para a Espanha
Por Saul Leblon, no sítio Carta Maior:


O presidente dos demos, Agripino Maia, decidiu fugir do desmanche contagioso do seu ex-líder no Senado, Demóstenes Torres, buscando uma agenda positiva no exterior. Agripino escolheu a dedo: montou um périplo de encontros políticos em Portugal e na Espanha onde versões ibéricas dos demos chegaram onde Demóstenes queria chegar, no poder. Má hora. A direita amiga dos Demos empurra a península ibérica ao suicídio ortodoxo.
Nesta 3ª feira, por exemplo, as tesouradas fiscais do governo Rajoy (PP) fizeram estremecer as bolsas da Europa e do mundo: distintas latitudes financeiras temem o efeito dominó de uma quebra da Espanha, hipótese cada vez mais presente no radar dos analistas. Em poucos mais de 100 dias sob governo do PP, 74% dos espanhóis acham que a vida vai piorar. Rajoy teima que não. Uma esfinge algo catatônica o demo espanhol resolveu escalpelar a nação para reduzir o déficit público (dos atuais 8,5% para 5,3% até dezembro) e reconquistar a confiança dos mercados.

A lógica da 'purga redentora' não se mostrou eficaz: a Bolsa espanhola teve a segunda pior queda do ano nesta terça-feira; os mercados respondem às tesouradas cada vez mais ariscos: para aplicar em títulos do cambaleante Estado espanhol exigem taxas de juros entre quatro a cinco pontos acima do rendimento alemão. Hoje a Espanha já gasta mais com juros do que com funcionários públicos. O desemprego atinge mais da metade da juventude. Rajoy não recua: 24 horas depois da greve geral de 29 de março, que levou 800 mil pessoas em protesto às ruas de Madrid, Barcelona, Valencia, o presidente conservador anunciou reforma trabalhista que encoraja, barateia e acelera demissões.

Em seguida, decretou cortes de 22% no orçamento da educação, 7% no da saúde, 25% em pesquisa e tecnologia, 15% na Cultura e 21% no fomento ao emprego. Diante das desconfianças dos mercados não se conteve: ontem fez aprovar mais 10 bilhões de euros em cortes na saúde pública e na educação.

A demencial conduta da direita ortodoxa na zona do euro já causa apreensão até no sindicato mundial dos bancos, o IFF (Instituto Internacional de Finanças). Carta assinada pelo seu diretor-geral, Charles Dallara, divulgada esta semana, figura como uma ilha de sensatez em meio ao austericídio em marcha na zona do euro. Dallara adverte que:

a) a austeridade torna-se contraproducente quando é aplicada de forma desordenada e simultânea - se todas as economias cortam gastos, empregos e salários ao mesmo tempo, a contração da demanda esmaga as importações comprometendo a meta , também de todos, de ressuscitar o crescimento pela via do comércio exterior, leia-se vendendo ao vizinho;

b) 'a questão chave', admite o sóbrio Dallara, 'é se a atual fórmula de liquidez (para os bancos) e austeridade (para o setor produtivo e para os cidadãos) funciona'. Agripino, por certo, deve achar que Dallara é um petista keynesiano infiltrado no sindicato mundial dos bancos.

O mais assustador é que Agripino considere o incêndio europeu um refresco perto da fogueira que assa a direita nativa. Eis aí um dado revelador da crise que vive o conservadorismo brasileiro.
Por que usar os Demos pra criticar o Rajoy? Parece o Reinaldo Azevedo, que vê pretralha em tudo que é lado...

Mas por falar em conservadorismo, mais uma vitória deles:

Holanda obriga coffeeshops a fechar portas ao turismo da droga
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1083 ... roga.shtml

Hollande (e não Holanda) é nossa pequena esperança...

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Re: A Crise Econômica Mundial

#470 Mensagem por Carnage » 02 Mai 2012, 22:28

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/pa ... ropa.shtml
O suicídio econômico da Europa
Paul Krugman

O "New York Times" noticiou no sábado um fenômeno que parece ser crescente na Europa: suicídios "devidos à crise econômica" --pessoas que se matam por desespero devido ao desemprego e à falência comercial. Foi uma reportagem de partir o coração. Mas estou certo de que eu não fui o único leitor dela, especialmente entre economistas, a se indagar se o fenômeno mais amplo não dirá respeito não tanto a indivíduos quanto à aparente determinação dos líderes europeus em cometer o suicídio econômico da Europa como um todo.

Poucos meses atrás, eu sentia alguma esperança em relação à Europa. Você talvez se recorde que no final do outono europeu passado a Europa parecia estar à beira do derretimento financeiro, mas que o Banco Central Europeu, o equivalente europeu ao Fed, veio socorrer o continente. Ele ofereceu aos bancos da Europa linhas de crédito sem prazo fixo para terminar, desde que dessem como garantia os títulos de dívida de governos europeus. Isto garantiu apoio direto aos bancos e apoio indireto aos governos, pondo fim ao pânico.

A questão era, então, se essa ação corajosa e efetiva assinalaria o início de uma revisão mais ampla, se os líderes europeus aproveitariam a brecha criada pelo banco para reconsiderar as políticas que tinham levado as coisas àquela situação, em primeiro lugar.

Mas eles não o fizeram. Ao invés disso, reafirmaram suas políticas e ideias falidas. E está ficando cada vez mais difícil acreditar que qualquer coisa os fará mudar de rumo.
Considere a situação atual na Espanha, que hoje está no epicentro da crise. Ignore o discurso sobre recessão: a Espanha se encontra numa depressão plena, com o índice de desemprego geral em 23,6%, comparável ao dos EUA na pior fase da Grande Depressão, e o índice de desemprego entre os jovens passa dos 50%. As coisas não podem continuar assim, e a percepção de que não podem é o que está empurrando os custos de crédito da Espanha cada vez mais para cima.

De certa maneira, não interessa realmente como a Espanha chegou a este ponto. Mas, já que estamos falando nisso, a história espanhola não guarda nenhuma semelhança com as histórias com moral tão apreciadas pelas autoridades europeias, especialmente as da Alemanha. A Espanha não era fiscalmente perdulária: na véspera da crise o país tinha dívida baixa e um superávit orçamentário. Infelizmente, também tinha uma enorme bolha imobiliária, bolha essa possibilitada em parte por enormes empréstimos feitos por bancos alemães a bancos espanhóis. Quando a bolha estourou, a economia espanhola ficou sem recursos. Os problemas fiscais da Espanha são consequência da depressão da Espanha, e não sua causa.

Mesmo assim, a receita que emana de Berlim e Frankfurt é --sim, você adivinhou-- ainda mais austeridade fiscal.

Para falar francamente, isto não é apenas uma insanidade. A Europa já teve vários anos de experiência com programas de austeridade rígidos, e os resultados são exatamente o que os estudantes de história previam que aconteceria: esses programas empurraram economias deprimidas ainda mais para baixo, numa depressão ainda mais profunda. E, pelo fato de os investidores analisarem o estado da economia de um país quando avaliam sua capacidade de saldar dívidas, os programas de austeridade nem sequer têm funcionado para reduzir os custos do crédito.

Qual é a alternativa? Bem, na década de 1930 --uma era que a Europa moderna está começando a reproduzir com fidelidade crescente--, a condição essencial para a recuperação foi o abandono do padrão ouro. A medida equivalente hoje seria o abandono do euro e a restauração das moedas nacionais. Você pode dizer que isso é inconcebível, e, de fato, seria um evento tremendamente perturbador, tanto econômica quanto politicamente. Mas continuar no rumo atual, impondo austeridade cada vez mais intransigente a países que já estão sofrendo desemprego típico da Grande Depressão --isso, sim, é o que é realmente inconcebível.

Assim, se os líderes europeus quisessem realmente salvar o euro, estariam procurando uma saída alternativa. E, na realidade, a forma que tal alternativa assumiria está bastante clara. A Europa precisa de mais políticas monetárias de expansão, sob a forma de uma disposição anunciada da parte do Banco Central Europeu de aceitar uma inflação um pouco mais alta. Ela precisa de mais políticas fiscais de expansão, sob a forma de orçamentos na Alemanha que se contraponham à austeridade na Espanha e outros países em crise na periferia do continente, ao invés de reforçar a austeridade. Mesmo com essas políticas, os países periféricos enfrentariam anos de dificuldades. Mas pelo menos haveria alguma esperança de recuperação.

Mas o que estamos testemunhando na realidade é a inflexibilidade completa. Em março, líderes europeus assinaram um pacto fiscal que, na prática, define a austeridade fiscal como resposta a todos e quaisquer problemas. Enquanto isso, autoridades chaves no banco central estão fazendo questão de destacar a disposição do banco em elevar os juros diante do menor sinal de alta na inflação.

Assim, é difícil evitar um sentimento de desesperança. Ao invés de admitir que estavam errados, os líderes europeus parecem estar determinados a empurrar sua economia --e sociedade-- penhasco abaixo. E o mundo inteiro pagará o preço.

Tradução de CLARA ALLAIN
http://blogs.estadao.com.br/paul-krugma ... ande-erro/
O grande erro

25 de abril de 2012 | 18h38

Paul Krugman


É “Oficial: Keynes Estava Certo”, diz Henry Blodget. Os resultados eleitorais recentes na Europa parecem ter elevado a consciência de uma maneira que literalmente anos de dados econômicos não conseguiram: a doutrina da austeridade que regeu a polícia europeia é um grande fiasco.

Eu poderia ter-lhes dito que isso ocorreria, e com certeza, o fiz. Então não mencionei que após três anos de advertências sombrias de que os vigilantes de bônus estão atacando, a taxa de juros de títulos americanos de 10 anos continua abaixo de 2%.

É importante compreender que o que estamos vendo não é uma falência da economia ortodoxa. A economia padrão neste caso – isto é, a economia baseada no que a profissão aprendeu nessas três últimas gerações, e quanto a isso, na maioria dos manuais – era a posição keynesiana. Essa coisa de austeridade foi inventada do nada e de alguns exemplos históricos duvidosos para servir os preconceitos da elite.

E agora os resultados são que os keynesianos estavam totalmente certos, e os “austerianos” totalmente errados – com enorme custo humano.

Gostaria de poder acreditar que isso realmente seria suficiente para prosseguirmos e analisarmos o que pode ser feito, agora que sabemos que as ideias por trás da política recente estavam todas erradas. Mas isso é otimismo injustificado, imagino. Ninguém admite que esteve errado, e as ideias “austerianas” têm um claro apelo político e emocional à prova de qualquer evidência.

Não sabes, meu filho, com quão pouca sabedoria o mundo é governado?

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Re: A Crise Econômica Mundial

#471 Mensagem por Carnage » 13 Mai 2012, 19:50

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... a-europeia
A reviravolta europeia
Enviado por luisnassif, ter, 08/05/2012 - 10:19

Coluna Econômica - 08/05/2012

No primeiro dia de funcionamento, após a vitória dos socialistas na França, as bolsas de valores mundiais subiram. Sinal de que nem os mercados acreditam mais nas receitas recessivas que vêm afundando sucessivas economias.

A vitória de François Hollande tira da frente recessiva uma das três maiores economias, a francesa. Insistem no endurecimento fiscal apenas a Alemanha e a Grã-Bretanha. Mas os ecos da vitória de Hollande em breve baterão às portas dos dois governantes.

O discurso de Hollande foi simples: “A austeridade não precisa ser o destino da Europa”, defendendo a ideia de que o crescimento é a fórmula para, tirando os países europeus da recessão, melhorar a própria receita fiscal. Hollande foi além. Na sua campanha, prometeu tributar os super-ricos, impedir o desmonte do estado de bem estar social.

Trata-se de uma luta inglória para os recessistas. Propõem uma política econômica que penaliza o cidadão, o contribuinte, extermina direitos sociais. E não entrega o prometido: a volta à normalidade econômica.

No fundo, são dois os caminhos:

Enorme ajuste fiscal. Consegue-se algum equilíbrio no primeiro momento. Depois, o tamanho do ajuste pode derrubar a atividade econômica. Caindo a atividade econômica, cai a receita fiscal e entra-se no pior dos mundos.
Estímulos à economia que permitam o equilíbrio fiscal através do aumento da arrecadação, e o aumento da arrecadação através do aumento da atividade econômica.
O risco do Passo 2 é se errar demais na mão dos incentivos e a recuperação da atividade econômica não bastar para repor a arrecadação fiscal.

Com Sarkozy, é sepultado o discurso da intolerância, os benefícios aos super-ricos, os cortes sociais, o pensamento anti-imigração. E emerge a alternativa da recuperação dos direitos sociais e do equilíbrio fiscal através do crescimento.

O discurso de Holland já ecoa no Partido Socialista alemão, que se prepara para as eleições do próximo ano. O primeiro ministro italiano Mário Monti já pede um plano de crescimento. E observadores europeus têm esperanças de que no próximo encontro com Holland, a alemã Ângela Merkel saia um pouco do seu dogmatismo.

No mês passado, a presidente brasileira Dilma Rousseff já sentiu Merkel bastante curiosa em relação a fórmulas alternativas de enfrentar a crise fiscal.

Caso haja uma aproximação entre Merkell e Holland, haverá o isolamento do primeiro ministro britânico David Cameron.

Recentemente, Cameron cometeu a indelicadeza de não receber Holland, pensando em isolar o líder socialista francês.

Este ano será importante para mostrar a viabilidade do caminho indicado por Holland, de não recessão, mas com cautela. Tem-se hoje uma Europa sem rumo, o que favorece movimentos de intolerância em um continente que já se rendeu aos ventos mais destrutivos do século 20.

Caso a fórmula Holland dê certo, haverá um novo rumo a pavimentar a pacificação europeia e sua viabilização como bloco econômico.


http://www.cartacapital.com.br/economia ... -derrubou/
Os governos que a austeridade derrubou
39
Alexis Tsipras, da coalizão de extrema-esquerda Syriza, se encontra com Antonis Samaras, líder do partido Nova Democracia, de centro-direita. Eles não chegaram a um acordo


No domingo, a França impediu a reeleição de Nicolas Sarkozy e confirmou o socialista François Hollande como novo presidente. No mesmo dia, a Grécia formou um novo parlamento no qual partidos de extrema-esquerda e extrema-direita têm representação importante. Em comum, os resultados obtidos por franceses e gregos carregam uma mensagem clara: as medidas de austeridade impostas pela União Europeia (UE), pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como forma de contornar a crise não são populares. A mensagem não é nova, mas os dirigentes europeus insistem em desconsiderá-la. Nos últimos três anos, a estratégia da Europa de passar a conta dos erros do passado recente para as populações não conseguiu debelar a crise e 12 governos em 11 países já caíram. É possível, provável até, que a austeridade continue em voga, mas ao observar a trajetória dos governos derrubados, fica claro que a instabilidade deve continuar, já que não há mudança na orientação das políticas econômicas.

A instabilidade provocada pela austeridade teve várias formas. Governos caíram pelo voto popular (França, Espanha, Reino Unido), por conta de protestos (Romênia) ou pelo simples rompimento de uma coalizão governista (Holanda). A instabilidade também atingiu as duas pontas da austeridade, afetando tanto os países obrigados a cortar gastos quanto os que tiveram de emprestar dinheiro para os resgates. A Romênia, segundo país mais pobre da União Europeia, viu dois primeiros-ministros caírem entre fevereiro e abril deste ano, ambos sob grandes protestos contra o FMI. Na outra ponta, Iveta Radicova aceitou, no fim do ano passado, deixar o posto de premiê da Eslováquia em troca da aprovação de um novo aporte do país ao fundo de resgate europeu.

A austeridade também conseguiu nublar o espectro político na Europa. Imposto como única forma de resgate, com apoio principalmente do governo de Angela Merkel, na Alemanha, o receituário de privatizações, redução de investimento, diminuição de salários e empregos no setor público foi adotado por governos de centro-esquerda e centro-direita. Irlanda e Portugal, por exemplo, viveram o momento mais agudo da crise juntos. Ambos com economias fracas, se viram diante de dívidas e déficits monstruosos e do risco de falência. A salvação para ambos foi o pacotão bilionário de empréstimos da chamada troika (BCE, UE e FMI). Em contrapartida, a exigência era de muitos cortes de gastos. Em janeiro de 2011, Brian Cowen, primeiro-ministro de centro-direita da Irlanda, caiu. Dois meses depois, o socialista José Sócrates, em Portugal, deixou o poder.

Na Espanha, os eleitores tentaram fazer o óbvio diante da crise, substituir o governo. Trocaram a centro-esquerda do Partido Socialista pela centro-direita do Partido Popular. Mariano Rajoy, do PP, chegou ao poder e está simplesmente aplicando o receituário da troika na Espanha.

Leia também:
Contra a austeridade
Instabilidade polêmica na Romênia
Europeus reagem contra a austeridade
Espanha volta à recessão, pela segunda vez em três anos

A adoção de políticas iguais pelos “dois centros” (o de esquerda e o de direita) favoreceu a ascensão dos extremistas. A queda de Mark Rutte, até o mês passado primeiro-ministro da Holanda, é emblemática. Rutte desejava cortar 16 bilhões de euros do orçamento holandês, mas não obteve apoio em sua coalizão. O projeto foi rejeitado tanto pela extrema-direita quanto pelos socialistas. Situação parecida surgiu nas eleições da França e da Grécia. As extremas-esquerdas (“Partido da Esquerda” na França e “Syriza” na Grécia) e as extremas-direitas (“Frente Nacional” na França e “Amanhecer Dourado” na Grécia) conseguiram votações inéditas, ambas com a mesma plataforma: contra as medidas de austeridade e, no limite, contra a União Europeia.

Uma solução para este impasse pode estar nas mãos de François Hollande. O novo presidente da França promete defender nas conversas com a Alemanha de Merkel um plano capaz de unificar tanto os cortes em alguns setores como medidas para estimular a economia. Ele é a voz dissoante que diz tentar mudar a política econômica. Se isso não for feito, a instabilidade continuará acompanhando os europeus.

Confira abaixo a lista de governos que caíram durante a crise:

Islândia
Foto: Eskinder Debebe / UN Photo

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Geir Haarde – janeiro de 2009 (governo de centro-direita em coalizão com social-democratas)
Haarde foi premiê da Islândia entre 2006 e 2009 e viu seu governo ruir a partir de outubro de 2008. Em apenas uma semana daquele mês, os três principais bancos do país (Kaupthing, Glitnir e Landsbanki) foram nacionalizados por conta de sua total incapacidade de rolar as enormes dívidas. A crise jogou a Islândia numa espiral de recessão que ainda não acabou. Haarde foi julgado por negligência na forma como tratou a crise e, em abril de 2012, num veredicto cheio de conotação política, foi considerado culpado por abordar pouco o tema da crise financeira nas reuniões de seu gabinete.

Reino Unido
Foto: Devra Berkowitz/UN Photo

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Gordon Brown – maio de 2010 (governo de centro-esquerda)
O Partido Trabalhista estava no poder desde 1997 quando foi derrotado nas eleições gerais de maio de 2010 pelo Partido Conservador. Mesmo com o segundo lugar no pleito, Gordon Brown, que substituíra Tony Blair em 2007, teve a oportunidade de montar uma coalizão com o Partido Liberal-Democrata (terceiro colocado). A missão se provou impossível. Com sua popularidade em queda por conta de um escândalo de gastos parlamentares e sem conseguir conter os efeitos da crise econômica, Brown desistiu. O conservador David Cameron tomou seu lugar e conseguiu conciliar os interesses de seu partido com os liberais-democratas.

Irlanda
Foto: Michelle Poiré/UN Photo

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Brian Cowen – janeiro de 2011 (centro-direita)
Depois de um início de década com muita prosperidade, a Irlanda começou a afundar a partir de 2008. Naquele ano, a crise financeira e econômica deixou claro que a bonança do país era fruto de uma economia com fundamentos precários. Durante a tempestade, Brian Cowen assumiu o governo. Ele não conseguiu evitar os efeitos da crise e ainda assinou o pedido de resgate à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional. O resgate, que impunha uma série de medidas de austeridade ao país, passou a ser encarado como uma humilhação nacional pelos irlandeses. Em março de 2011, menos de três anos depois de assumir o cargo, Cowen saiu do poder como o primeiro-ministro menos popular da história da Irlanda.

Portugal
Foto: Evan Schneider / UN Photo

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José Sócrates – março de 2011 (centro-esquerda)
Sócrates estava no poder desde 2005 e liderou Portugal no momento mais agudo da crise. A partir de 2010, o desemprego cresceu rapidamente, assim como o déficit público, e seu governo passou a adotar medidas de austeridade. Inicialmente, as medidas eram moderadas, mas depois que falência do país se aproximou, elas precisariam ser aprofundadas. Em março, diante desta perspectiva, o governo de Sócrates foi derrubado e ele passou a comandar um gabinete de transição. Neste cargo, Sócrates protagonizou um grande vexame. Em 4 de abril de 2011, negou categoricamente que Portugal pegaria um empréstimo bilionário com o FMI e a UE. Em 6 de abril, anunciou a tomada do empréstimo.

Eslováquia
Foto: Evan Schneider / UN Photo

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Iveta Radicova – outubro de 2011 (centro-direita)
O partido de centro-direita de Radicova conseguiu liderar um governo de coalizão mesmo após receber apenas 15% dos votos nas eleições de junho de 2010 ao juntar sob seu comando quatro outras pequenas legendas. Radicova subiu ao poder pregando a redução de gastos por parte do governo e prometendo não aumentar os impostos. Seu governo caiu pouco mais de um ano depois, quando a Eslováquia precisou aprovar a ampliação de um fundo continental para resgatar economias que viessem a ter problemas. Sem conseguir fazer o plano avançar, Radicova aceitou deixar o poder em troca da posterior aprovação do texto.

Espanha
Foto: Mark Garten / UN Photo

Foto: Mark Garten / UN Photo

Jose Luiz Rodrigues Zapatero – dezembro de 2011 (centro-esquerda)
Líder do Partido Socialista, Zapatero foi eleito em 2004 e 2008 para comandar o governo espanhol. No início de seu segundo mandato, se notabilizou por negar a crise, utilizando termos como “estagnação” e “desaceleração acelerada”. Depois, passou a tentar colocar em prática medidas para conter a crise, e fez até uma reforma constitucional em 48 horas. Nada adiantou e a taxa de desemprego explodiu. Sob ataques pesados do Partido Popular (centro-direita), Zapatero dissolveu o Parlamento em setembro de 2011 e não conseguiu fazer seu sucessor.

Itália
Foto: Eskinder Debebe / UN Photo

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Silvio Berlusconi – novembro de 2011 (direita)
O bilionário Berlusconi se envolveu em uma série de escândalos pessoais que abalaram sua imagem e também a de seu país. Mas o que derrubou Berlusconi foi sua falta de habilidade para lidar com a crise. Berlusconi deseja aplicar na Itália as medidas de austeridade pedidas pela UE e pelo FMI, mas não encontrava apoio. No início de novembro, encontrou a solução: em troca da aprovação de novas medidas de cortes de gastos, anunciou que deixaria o poder em favor de um governo de coalizão.

Grécia
Foto: Eskinder Debebe / UN Photo

Foto: Eskinder Debebe / UN Photo

Georges Papandreou – novembro de 2011 (centro-esquerda)
Papandreou assumiu o governo grego em outubro de 2009. Em seu primeiro grande ato, anunciou que a dívida pública e o déficit no orçamento eram muito maiores do que o governo anterior divulgara anteriormente. Papandreou, então, colocou em prática duras medidas de austeridade, incluindo a redução dos empregos públicos, a venda de estatais e aumento de impostos. As medidas, sozinhas, não tiveram efeito para conter a crise, e a Grécia, então, buscou empréstimos do FMI e do Banco Central Europeu. Em novembro de 2011, após acertar os detalhes do empréstimo, Papandreou anunciou de surpresa que submeteria o pacote de resgate a um referendo popular. Na semana seguinte, ele estava fora do cargo.

Romênia
Fotos: Evan Schneider e Paulo Filgueiras / UN Photo

Fotos: Evan Schneider e Paulo Filgueiras / UN Photo

Emil Boc – fevereiro de 2012 e Mihai Razvan Ungureanu – abril de 2012 (centro-direita)
A Romênia já está na segunda rodada de governos derrubados pela austeridade. O primeiro foi o de Emil Boc, que sucumbiu em fevereiro em meio a uma onda de protestos contra medidas como cortes de salários e aumento de impostos. Mihai Razvan Ungureanu substituiu Boc, mas não conseguiu completar três meses no cargo. Um novo premiê assumirá o comando do país até as eleições de novembro, mas sobram temores de que, diante das duras restrições impostas pelo FMI ao país, o próximo primeiro-ministro também terá dificuldades para se manter no cargo.

Holanda
Foto: Eskinder Debebe / UN Photo

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Mark Rutte – abril de 2012 (centro-direita)
Em abril, o governo de Rutte caiu depois de apenas 558 dias de existência, se tornando o quarto mais curto da Holanda desde a Segunda Guerra Mundial. Rutte, que presidia uma coalizão frágil, caiu ao perder o apoio do Partido da Liberdade, do extremista de direita Geert Wilders. A divisão ocorreu nos debates a respeito do orçamento da Holanda para 2013. Rutte queria aprovar um plano que previa o corte de 16 bilhões de euros, mas Wilders e seu partido não aceitaram, alegando que isto prejudicaria a economia. Os socialistas também rejeitavam os cortes.

França
Foto: Bertrand Langlois / AFP

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Nicolas Sarkozy – maio de 2012 (centro-direita)
O primeiro turno da eleição presidencial da França deixou clara a (falta de) popularidade das medidas de austeridade na Europa. Enquanto o presidente Nicolas Sarkozy (artífice, ao lado da Alemanha, da campanha pela austeridade) recebeu 27,2% dos votos, seus três principais rivais – François Hollande, Marine Le Pen, e Jean-Luc Mélenchon, todos contrários a essas políticas – receberam mais de 57% dos votos. No segundo turno, o país se dividiu em dois, mas Hollande foi eleito.

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Re: A Crise Econômica Mundial

#472 Mensagem por Carnage » 20 Mai 2012, 18:25

http://www.destakes.com/redir/e4d4dac89 ... e93ea4ad42
Krugmann: saída da Grécia do Euro é inevitável

20 de Maio, 2012


O prémio Nobel da Economia Paul Krugmann considera inevitável a saída da Grécia da zona euro pois nenhuma das soluções até agora propostas é uma verdadeira alternativa.

«Detesto dizê-lo porque é como gritar fogo num teatro cheio. Mas, não há alternativa, Todas as soluções que se discutem não servem para remediar o desastre», defendeu, numa entrevista à revista alemã revista Der Spiegel.

A saída da Grécia da zona euro terá como consequência uma fuga de capital nos países vizinhos da área do euro e a retirada em massa dos depósitos bancários mas o Banco Central Europeu (BCE) tem a possibilidade de enfrentar a situação com injecções de liquidez, defendeu Paul Krugmann.

Segundo o economista, do ponto de vista político, os casos de Itália e Espanha são «mais fáceis que o da Grécia porque os seus problemas não surgiram da irresponsabilidade absoluta».

Apesar disso, Krugmann critica duramente a política de ajustes financeiros imposta por Berlim, defendendo uma intervenção do BCE e não a «política zombie» de Angela Merkel.

«A natureza dos zombies é seguirem caminhando e tropeçando sem se importarem com quantas mortes causaram. O mesmo acontece coma política de contenção e ajustes» até porque «desde há dois anos que é claro que não leva a parte nenhuma e não representa um modelo de êxito».

Por outro lado, países como a Espanha ou a Itália não devem entrar numa política keynesiana de grandes investimentos públicos porque não poderiam ser financiadas.

«As decisões autênticas só podem ser tomadas em Frankfurt ou em Berlim», afirmou Krugmann, que pede ao BCE para «não exagerar» na sua luta contra a inflação.

Lusa/SOL

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Re: A Crise Econômica Mundial

#473 Mensagem por Compson » 27 Mai 2012, 11:40

Que besteira, meu deus:
Ou veremos a integração política na Europa para além de qualquer nível imaginado, com França e Alemanha tornando-se regiões de um mesmo país, ou a zona do euro fracassa -exceto talvez um pequeno grupo de euro forte liderado pela Alemanha, com Áustria, Holanda, Bélgica e Luxemburgo.
http://shorttext.com/lXRSQV

Como vai se chamar o país? Francomanha? Alemança?

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Re: A Crise Econômica Mundial

#474 Mensagem por Nazrudin » 27 Mai 2012, 12:41

Cassoulet com chucrute, sai de perto!

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Re: A Crise Econômica Mundial

#475 Mensagem por Compson » 27 Mai 2012, 12:47

Nazrudin escreveu:Cassoulet com chucrute, sai de perto!
Não fala isso que traz lembranças ruins pros caras:

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Re: A Crise Econômica Mundial

#476 Mensagem por carpa chinesa » 28 Mai 2012, 23:17

Estou sabendo que muitas gps estão retornando ao Brasil, devido a queda no faturamento na europa, talvez isto seja bom pois teremos mais ofertas, contudo gps de alto padrão cobram bem.

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Re: A Crise Econômica Mundial

#477 Mensagem por Compson » 06 Jun 2012, 17:06

Vídeo legal explicando a crise na Espanha e sem mimimi de "a culpa é do euro", "a culpa é dos alemães":

http://www.youtube.com/watch?feature=pl ... qW9srTn7xM

Se alguém encontrar diferença com o "modelo brasileiro" de desenvolvimento, queira apontá-la, por favor!

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Re: A Crise Econômica Mundial

#478 Mensagem por Nazrudin » 06 Jun 2012, 18:01

Legal o vídeo, principalmente ao mostrar que, muito do que se chama de época das vacas gordas, não passou de gastança sem critérios. Aqui também estamos pagando a conta depois da farra lulista. Desconfio muito desses números de que milhares adentraram a classe média... e não só por conta daquele critério matemático de mierda... mas por que simplesmente tiveram acesso a crédito e não se dão conta que aqui se faz aqui se paga.

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Re: A Crise Econômica Mundial

#479 Mensagem por Compson » 07 Jun 2012, 12:29

Nazrudin escreveu:Legal o vídeo, principalmente ao mostrar que, muito do que se chama de época das vacas gordas, não passou de gastança sem critérios. Aqui também estamos pagando a conta depois da farra lulista. Desconfio muito desses números de que milhares adentraram a classe média... e não só por conta daquele critério matemático de mierda... mas por que simplesmente tiveram acesso a crédito e não se dão conta que aqui se faz aqui se paga.
O problema da questão do crédito é que, comparando com o que eram Espanha, Portugal, EUA etc. antes da crise de 2008-9, o volume de empréstimos e o nível de alavancagem dos bancos no Brasil de hoje é muito pequeno. Isso faz com que o Ministro Margarina sonhe que ainda é possível aumentar muito o crédito e induzir o crescimento (ou uma ilusão de crescimento). E nisso ele vai achando que fazer política econômica é gerar superávit cortando recursos do Ministério da Educação e forçar os bancos a fazer empréstimos...

Mantega não é heterodoxo, é um neoliberal tardio...

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Re: A Crise Econômica Mundial

#480 Mensagem por Nazrudin » 07 Jun 2012, 18:44

Compson escreveu:
Nazrudin escreveu:Legal o vídeo, principalmente ao mostrar que, muito do que se chama de época das vacas gordas, não passou de gastança sem critérios. Aqui também estamos pagando a conta depois da farra lulista. Desconfio muito desses números de que milhares adentraram a classe média... e não só por conta daquele critério matemático de mierda... mas por que simplesmente tiveram acesso a crédito e não se dão conta que aqui se faz aqui se paga.
O problema da questão do crédito é que, comparando com o que eram Espanha, Portugal, EUA etc. antes da crise de 2008-9, o volume de empréstimos e o nível de alavancagem dos bancos no Brasil de hoje é muito pequeno. Isso faz com que o Ministro Margarina sonhe que ainda é possível aumentar muito o crédito e induzir o crescimento (ou uma ilusão de crescimento). E nisso ele vai achando que fazer política econômica é gerar superávit cortando recursos do Ministério da Educação e forçar os bancos a fazer empréstimos...

Mantega não é heterodoxo, é um neoliberal tardio...
Si, eu finalmente vi a entrevista dele que vc. havia postado. Ele estava bem confortável na entrevista, diferente do Palocci que sempre se esforçava para esconder a tensão permanente. Acho terrivel que ele esteja tão relaxado, deve ter algo a ver com os poemas onanistas dele.

O que sempre esquecem é que para se comparar números (quaisquer) com de outros países, tem que se colocar na fórmula o "custo Brasil".

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