Tricampeão escreveu:Dois reparos: primeiro, essa estatística de que 80% da população do Paraguai teria morrido na guerra é viagem da Folha Decadente de São Paulo; o correto são 300.000 do lado paraguaio e 71.000 do Império do Brasil, Argentina e Uruguai.
Como pode ter tanta certeza da estatística correta? Enfim, de qualquer forma a derrota pesou sobre a população e a economia paraguaia. Não há um ressentimento tão forte como os bolivianos tem contra os chilenos, nem de perto pode-se falar que foi um genocídio dos paraguaios (o termo genocídio não se aplica, mesmo tendo muitos mortos), mas é claro que existe um sentimento latente que vêm à tona quando se trata se assuntos Paraguai x Brasil, como a usina de Itaipu e a fiscalização de fronteira. Muitos paraguais vêem como uma constante submissão de seu país aos interesses do Brasil imperialista.
Tricampeão escreveu:Segundo, não conheço nenhuma controvérsia a respeito de ter sido Solano López quem provocou a guerra. A elite paraguaia deu um passo temerário e o povão pagou por isso, como sempre. Uma guerra às antigas, como eu escrevi. Sem napalm, sem bombas de fragmentação, sem bombas incendiárias, sem armas atômicas.
Tomemos como exemplo a Guerra do Vietnã: 4 milhões de vietnamitas mortos, para 60.000 gringos filhos da puta.
Faça as contas e depois me diga se dá pra comparar os dois casos.
Sempre existe mais de uma versão da história, principalmente se tratando de guerras, mas em geral se assume que o ditador Solano López quem provocou o conflito. Enfim, ditador sul-americano geralmente faz merda, veja a guerra das Malvinas.
Agora se o argumento da controvérsia for reduzido a
uma guerra às antigas, o que foi o genocídio armênio? Também não teve napalm, bombas, ou armas atômicas... (Não quero comparar com o Paraguai, só o argumento em si.)
Voltando às versões da historia, um bom exemplo de como as coisas sáo distorcidas. Veja o caso da guerra da Bosnia e Iugoslávia. Já viram o filme
Atrás das Linhas Inimigas? Reduzir um conflito baseado em um ressentimento histórico (inclusive religioso) entre as partes, dividindo-os em
good guys e
bad guys é típico do cinema americano. Aliás bem adequado ao cidadão americano que é alienado em relação ao mundo. Interessante que neste conflito os EUA estavam do lado dos muçulmanos... motivados pelos Russos serem aliados da Sérvia?
Quanto à guerra do Vietnã, é um ressentimento que ficou pesado pro lado dos americanos, refletindo na cultura e retratado tantas vezes no cinema de várias formas até hoje (desde Platoon até a comédia Trovão Tropical...) Pro lado dos vietnamitas pesaram o grande número de mortes, mas de qualquer forma para a ditadura os cidadãos são descartáveis, ou seja, o fato de ter sido vitorioso na guerra foi muito mais importante que as perdas humanas. Não existe opiniao pública para afetar o regime. Pro lado americano, mesmo que o número de mortes tenha sido muito menor, acabou pesando na opinião pública, e resultando na derrota política. Quando a coisa começa a ficar feia nos conflitos mais recentes, sempre ressurge a lembrança do Vietnã...