Caso Celso Daniel faz 10 anos sem solução
Para Promotoria, morte de prefeito de Santo André foi encomendada após descoberta de esquema de corrupção
Polícia sustenta tese de crime comum; em uma década, apenas um dos oito acusados foi julgado e condenado
"O caso, em termos de delonga no curso da ação, é emblemático." Foi com essas palavras que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello defendeu, como relator, a concessão de um habeas corpus em setembro para libertar três acusados de matar o prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), em janeiro de 2002.
Na ocasião, o tribunal entendeu que os acusados cumpriam pena há anos sem ter sido julgados.
No próximo dia 20, a morte de Celso Daniel completará dez anos à espera de desfecho na Justiça. Ao longo da década, o crime adquiriu contornos de novela policial.
Sete pessoas ligadas ao caso, entre testemunhas e acusados de participação no crime, morreram no período.
Ex-professor universitário, deputado e prefeito da cidade do ABC pela terceira vez, Celso Daniel foi encontrado morto numa estrada de terra em Juquitiba (SP), alvejado por oito tiros, após dois dias de sequestro.
Ele era o escolhido para coordenar a campanha que levaria o ex-presidente Lula ao poder. Hoje, pelo menos dois dos seus ex-secretários ocupam cadeiras importantes em Brasília: os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Miriam Belchior (Planejamento).
O caso já foi reaberto duas vezes, investigado pelo Ministério Público, pela Polícia Civil e até pela CPI dos Bingos, em Brasília. O nome do prefeito batizou ginásio, parque e praça, mas o crime permanece sem veredicto.
A investigação também marcou um dos mais duros embates entre Promotoria, advogados e o PT.
Para o Ministério Público, Daniel foi vítima de crime de mando, encomendado pelo amigo e ex-segurança Sérgio Gomes da Silva. Eles estavam juntos quando o petista foi sequestrado, na saída de um restaurante em São Paulo.
Os promotores sustentam que Daniel teria descoberto um esquema de corrupção na prefeitura para financiar campanhas do PT e que o sequestro teria sido simulado.
A tese vai na contramão das conclusões da polícia, que defende a versão de que houve crime comum. O PT acusa os promotores de tentarem politizar a morte.
Dos oito acusados pelo Ministério Público, somente Marcos Bispo dos Santos foi julgado e condenado, em 2010, a 18 anos de prisão.
"O julgamento foi emblemático e abre campo para que outros indiciados sejam condenados", diz Bruno Daniel, irmão do prefeito morto, que voltou ao país em outubro após sete anos de exílio voluntário na França.
A acusação foi feita pelo promotor Francisco Cembranelli, que não atuou na investigação, mas foi escalado pelo histórico de sucesso no júri. "Não vou colocar o PT no banco dos réus", diz ele.
O julgamento de Gomes da Silva, em júri popular previsto para este ano, é o mais aguardado pela Promotoria.
Conhecido como "Sombra", ele chegou a ficar preso por oito meses. Segundo amigos, hoje leva vida discreta no ABC. "O caso destruiu a vida dele", afirma seu advogado, Roberto Podval.
O defensor tenta derrubar no STF o poder de investigação do Ministério Público em casos criminais, o que anularia boa parte da apuração.
http://portal.pps.org.br/portal/showData/222013
Caso Celso Daniel faz 10 anos sem solução
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Caso Celso Daniel faz 10 anos sem solução
Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André morreu porquê discordava que o dinheiro de arrecadação de propinas do PT tivesse fim pessoal, ele concordava que a propina fosse destinada ao partido; isto segundo afirmações do seu irmão que foi para o exílio na França e parece que já retornou ao país.
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Re: Caso Celso Daniel faz 10 anos sem solução
Eu acho engraçada que a polícia estadual de São Paulo, Tucana, contralada pelos tucanos a décadas, refez as investigações mais de uma vez e não conseguiu achar nada! Eles seriam os primeiros a querer que algo fosse encontrado. E bem que tentaram! Até a Polícia Federal de FHC investigou, e nada...
Isso aí parece que virou aquelas lendas que perduram, por mais que as evidências em contrário existam. Se existe algo, parece que os petistas fizeram o crime perfeito, já que ninguém conseguiu encontrar nada, nem mesmo seus imigos políticos prinicipais, por mais que tentassem...
http://colunas.epoca.globo.com/paulomor ... s-de-ouro/
http://colunas.epoca.globo.com/paulomor ... so-daniel/
http://www.cartacapital.com.br/politica ... e-politica
Isso aí parece que virou aquelas lendas que perduram, por mais que as evidências em contrário existam. Se existe algo, parece que os petistas fizeram o crime perfeito, já que ninguém conseguiu encontrar nada, nem mesmo seus imigos políticos prinicipais, por mais que tentassem...
http://colunas.epoca.globo.com/paulomor ... s-de-ouro/
http://colunas.epoca.globo.com/paulomor ... -delegado/Sérgio Sombra mataria sua galinha dos ovos de ouro?
ter , 16/11/2010
Paulo Moreira Leite
(Esta é a primeira de uma série de quatro textos sobre a morte de Celso Daniel. O julgamento dos acusados começa nesta quinta-feira).
Nesta quinta-feira, começa o julgamento dos acusados pelo sequestro e morte morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Ocorrida em fevereiro de 2002, a trágedia deixou o país em estado de choque. Abriu uma crise entre a Polícia Civil e o Ministério Público, que tem visões opostas sobre o caso. Nove anos depois, o crime inspira mais dúvidas do que certezas.
A tese do Ministério Público é que Celso Daniel foi vitima de um crime encomendado. Conforme a acusação, seu assessor e tesoureiro político, Sergio Gomes da Silva, batizado como Sombra pela imprensa que cobriu o caso, contratou um grupo de pequenos criminosos do ABC paulista para cometer o crime. Para não deixar pistas que pudessem levar ao mandante, os criminosos foram instruídos a agir como se tivessem cometido um crime comum, mais um sequestro entre tantos que ocorrem na violência brasileira.
Chamada para investigar o caso, a Polícia paulista concluiu meses depois que não havia elementos para sustentar a tese de crime encomendado — ou crime de mando, como dizem os promotores. A visão de crime comum está no inquérito conduzido pelo primeiro delegado encarregado do caso, Armando de Oliveira Filho. Alguns anos depois, a delegada Elizabeth Sato foi encarregada de fazer uma espécie de inquérito sobre o inquérito. Reabriu as investigações, examinou o trabalho anterior e concluiu que nada tinha a acrescentar diante do serviço de Armando de Oliveira Filho.
Nas primeiras semanas após a tragédia, eu estava convencido de que a tese de crime encomendado fazia mais sentido. Celso Daniel não era uma vítima qualquer e não me parecia razoável que tivesse sido morto num crime qualquer. O caso tinha implicações políticas muito além de Santo André. O prefeito acabara de ser nomeado para integrar a coordenação da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, que as pesquisas já apontavam como favorito na sucessão de Fernando Henrique Cardoso. Eu já tinha ouvido os rumores sobre casos de corrupção em Santo André e achava que uma coisa poderia levar à outra.
Hoje estou convencido de que ao menos até o momento em que escrevo estas linhas não surgiram elementos sólidos para sustentar essa visão. Podem até aparecer novidades antes ou durante o julgamento mas, depois de quase uma década, não se conhece nenhum elo de ligação entre Sombra e os criminosos. Não há indícios de que tenha — mesmo remotamente ou através de terceiros — feito contato com aquela quadrilha de sequestradores para encomendar o crime Encarcerados há mais de oito anos, desde o momento em que foram presos, os bandidos sustentam a versão de que cometeram o crime por conta própria e não modificaram seus depoimentos de lá para cá. A policia apurou e investigou o relato dos criminosos e conseguiu reunir indícios de que podem estar falando a verdade.
A versão do ministério público se apoia em hipóteses promissoras, como raciocínio, mas que carecem de indícios consistentes. Os promotores sustentam que, depois que foi chamado para integrar a coordenação da campanha de Lula, Celso Daniel decidiu dar um basta no esquema de corrupção de Santo André, afastando-se de Sombra e de um grupo de assessores que intermediavam negócios com fornecedores da prefeitura. Inconformados, segue o raciocínio, decidiram sequestrar e matar o prefeito.
Não é uma possibilidade irracional, me disse um promotor ligado ao caso. Numa conversa em 2005, ele conta que estava convencido — embora não pudesse provar — que o próprio Celso Daniel mantinha grandes reservas financeiras num paraíso fiscal e que o sequestro seria uma forma de obrigá-lo a fornecer a senha de acesso a esta fortuna. Mesmo promissora, essa possibilidade não pode ser confirmada por indícios capazes de demonstrar a existência dessa conta. Não há papeis, nem mensagens, nem extratos que, mesmo de forma encoberta, pudessem indicar isso.
Outro ponto discutível é a visão de que Sérgio Sombra e Celso Daniel tiveram uma ruptura depois que o segundo foi nomeado para a campanha de Lula. Há muitos sinais na direção contrária. Os dois eram amigos de longa data. Sombra chegou a mostrar-se companheiro de Daniel até mesmo nas ocasiões em que o prefeito enfrentava crises em casamentos e relações mais passageiras. Nos meses anteriores à sua morte, Daniel estava ampliando as atribuições do amigo, federalizando sua atuação no partido. Comparecia em encontros fechados de dirigentes do PT, com Sombra a tiracolo, para falar de fornecedores e investimentos nas prefeituras. Para quem sabia do que acontecia nos bastidores do partido, Celso Daniel estava subindo — e ia levar o tesoureiro junto.
É um fato estabelecido que a amizade com Celso Daniel modificou o patrimonio de Sergio Sombra — para muito melhor. Ele era um agente de segurança. Virou empresário, com negócios e empresas que o olho clínico de quem conhece a corrupção política brasileira costuma associar a negócios com a adminstração pública.
Por parte de Celso Daniel, havia um sentimento de gratidão pela presença de Sombra. Um dirigente do PT recorda que o desembaraço de Sombra para procurar recursos junto a empresários do ABC salvou Daniel de uma derrota certa numa de suas últimas campanhas. Por parte de Sombra, havia um sentimento correspondente. Um policial que conheceu os dois, muito antes do crime, me disse que havia ali uma amizade verdadeira.
Mesmo ignorando este aspecto, e reduzindo toda a convivência a interesse, ambição e jogo baixo, há uma pergunta difícil de responder: por que Sombra iria matar sua galinha dos ovos de ouro?”
Confesso que até hoje não encontrei uma resposta aceitável para essa questão.
http://colunas.epoca.globo.com/paulomor ... so-daniel/Grampos não mostram assassinato encomendado, disse delegado
ter , 16/11/2010
Paulo Moreira Leite
(Este é o segundo texto de uma série de quatro sobre o julgamento dos acusados pela morte do prefeito Celso Daniel, de Santo André)
Quando eu era diretor do Diário de S. Paulo, um repórter recebeu a notícia de que uma testemunha teria visto Sombra próximidades do local onde se escondiam integrantes da quadrilha que sequestrou Celso Daniel. Não havia diálogo, nem encontro. Apenas proximidade. Mesmo assim, fomos apurar. Nunca se sabe. Quando a informação foi examinada com vagar, descobriu-se que naquele dia Sombra encontrava-se fora do Estado e que a suposta testemunha sofria de um disturbio mental que faz certas pessoas se colocarem no centro de grandes acontecimentos que só acompanharam pelos jornais e pela TV.
Ouvi pessoalmente mais de uma dezena de pessoas envolvidas nas investigações. Entrevistei um médico presente à autópsia do corpo do prefeito. Perdi a conta de entrevistas feitas com autoridades, fosse para entender sua visão global, fosse para esclarecer detalhes específicos. Ouvi dirigentes do PT que faziam oposição política a Celso Daniel e apontavam para aspectos condenáveis de sua gestão, fosse pela orientação política, fosse pelas irregularidades subterrâneas. Ouvi aliados e pessoas que acompanharam o prefeito desde seu tempo de militante estudantil no Movimento de Emancipação do Proletariado, o MEP, organização clandestina de esquerda nos tempos do regime militar. Fiz várias entrevistas, muitas gravadas, com promotores e delegados.
Também entrevistei familiares e pessoas próximas de Celso Daniel. Em 2005 encontrei parentes sinceramente convencidos da tese de crime encomendado e que se sentiam sob ameaça a ponto de pedir — e obter — direito de asilo em país estrangeiro. Mas tive uma imensa dificuldade em acreditar que estes familiares estivessem, de fato, em situação de perseguição, sob ameaça, por qualquer razão, política ou não. Passei uma manhã inteira com uma pessoa da família.
Tenho certeza de que se trata de uma pessoa digna, com um passado de luta contra a ditadura. Mas, encarregado de fazer uma reportagem sobre o caso para o jornal Estado de S. Paulo, tive de desistir da matéria por falta de dados objetivos. Tenho certeza de que não ouvi depoimentos dados de má fé. Mas não encontrei fatos que pudessem dar credibilidade ao que me diziam. Não havia uma narrativa. Era uma questão de fé, que me cobrava uma cumplicidade que ia além daquilo que se considera jornalismo. Mesmo a leitura de jornais que noticiaram o pedido de asilo não oferece um relato consistente sobre as ameaças que teriam sofrido.
Ouvi amigos do prefeito, fiz contato com a última namorada. Num esforço de apuração, compilei argumentos da polícia civil — para em seguida conferir com promotores. E vice-versa. Conversei com responsáveis da área de inteligência da polícia paulista. Fiquei frustrado quando tentei promover uma mesa redonda entre as partes. A polícia civil concordou. Um promotor me disse que o Ministério Público declinava do convite, naquele momento.
Alguns fatos me chamaram a atenção durante a apuração. Apos a morte de Celso Daniel, delegados da polícia paulista gravaram conversas entre os principais personagens da prefeitura de Santo André. Não fui autorizado a ouvir os diálogos mas tenho certeza de que, se acrescentassem alguma novidade, teriam sido incluídos no inquérito — ou requisitados por uma das partes ou ainda teriam sido vazados para algum órgão de imprensa.
Um delegado familiarizado com os grampos me assegurou, em tom de quem está cansado de repetir uma observação que nunca recebeu atenção devida dos jornalistas, que não se ouvia nenhum diálogo que podesse sugerir o envolvimento daquelas pessoas no sequestro e no assassinato. “Havia muita corrupção no PT de Santo André,” me disse. “As conversas eram essas. Mas não chegamos a nada que indicasse envolvimento no sequestro do prefeito.”
A pressão da política e da mídia no caso Celso Daniel
ter , 16/11/2010
Paulo Moreira Leite
(Este é o terceiro texto de uma série de quatro sobre o julgamento dos acusados pela morte do prefeito de Santo André)
Longe de mim querer estabelecer uma ligação forçada entre o julgamento dos acusados pela morte de Celso Daniel e o caso do capitão André Dreyfuss, oficial do Exército frances julgado e condenado a penas duríssimas em função de uma acusação — falsa — de que era espião a serviço do Exército alemão. No inicio do século passado o judeu Dreyfuss foi vítima do anti-semitismo dos comandantes militares de seu país, que o incriminaram sem provas de culpa. Mais tarde, quando o erro já havia ficado claro, montaram uma segunda operação para acobertar as próprias falhas e omissões.
Após uma luta demorada dos familiares para reestabelecer a verdade, Dreyfuss foi inocentado mas jamais recuperou seus direitos nem teve sua carreira militar recuperada. No pior de seus momentos, ele chegou a ser mantido acorrentado ao sol na ilha do Diabo, na Guiana francesa.
Autor de um texto obrigatório, conhecido pelo título “Eu acuso!”, o escritor Emile Zola entrou para a história universal da imprensa pela coragem de denunciar tamanha injustiça. O texto de Zola não se limitava a criticar os comandantes militares, porém. Ele também acusou a imprensa de seu país. Tinha razão: jornais franceses tiveram um papel decisivo para estimular a injustiça e impedir que o caso fosse debatido com a objetividade necessária, na hora em que isso era possível.
O ********* produzido pelo artigo de Zola no Aurore possui este segundo aspecto: era um texto que destoava da visão da maioria da imprensa. Politicamente alinhados com o comando do Exército, os jornais de Paris reproduziam as acusações contra Dreyfuss de modo acrítico, sem conferir nem questionar. Se até hoje a prática atual dos melhores jornais do mundo nos lembra que a isenção e a objetividade são objetivos nem sempre fáceis de se alcançar, imagine-se como era a coisa naquela época.
Os jornais exploravam o anti-semitismo de seus leitores, então um sentimento bastante popular, e competiam na divulgação de denúncias sem muito critério. Como os oficiais do exército, os jornalistas também permitiram que um aspecto subjetivo — uma visão preconceituosa sobre cidadãos judeus — determinasse o rumo de seu trabalho. Com manchetes barulhentas, que alimentavam conversas nas casernas, nos cafés e nos camarotes da Ópera, impediam que os argumentos da defesa fossem ouvidos e considerados. O saldo é que os dois acabaram derrotados.
Os militares franceses fizeram papel de bobos. Acabaram manipulados pelo governo alemão e seus agentes reais, que valiam-se do preconceito para proteger o verdadeiro espião. A imprensa permitiu que o rigor de seu trabalho fosse afetado por questões subjetivas que iam além da obrigação de investigar e relatar os fatos.
Penso nisso quando retorno a 2002. Apesar das óbvias diferenças entre os dois casos, a força dos aspectos extra-policiais e extra-jurídicos me parece considerável. Ocorrido num ano de eleição presidencial, envolvendo um personagem de primeira linha do partido que iria ganhar as eleições daquele ano para inaugurar uma série de três vitórias consecutivas, o episódio possui implicações políticas evidentes, o que sempre dificultou um exame distanciado e sereno dos fatos.
É bom recordar que, em vários momentos, as linhas de interesse político entre o PT e o PSDB se cruzaram no caso Celso Daniel. Em função do longo reinado tucano no governo de São Paulo, promotores ligados ao PSDB tornaram-se proprietários de uma imensa área de influência no Ministério Público paulista.
Eles tiveram uma atuação decisiva no processo, em especial para rejeitar as conclusões do inquerito policial e alimentar a imprensa de informações que mantiveram o caso em pauta por um período bastante longo. Quando a delegada Elizabeth Sato realizava um inquérito sobre o inquerito, foi levada a Brasília, onde ocorriam CPIs que emparedavam o governo Lula em função do mensalão e outras denúncias.
O fator político também determina o comportamento do PT no caso. Convencido de que toda investigação sobre o que se passou em Santo André só poderia desgastar o partido — no mínimo em função dos casos de corrupção — os petistas passaram a fazer o possível para ficar longe do assunto.
Do ponto de vista do interesse da legenda, quanto menos se falasse no caso, melhor.
Na verdade, a política estava no caso desde o início. Em 2002, nos dias seguintes ao assassinato do prefeito, só havia uma certeza no país: aquele não fora nem podia ter sido um crime igual a todos os outros. Isso porque Celso Daniel não era uma vítima qualquer. Acabara de ser indicado para integrar a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, sinal de que teria lugar garantido no ministério, na hipótese de uma vitória que as pesquisas indicavam como muito provável.
Dias antes, o prefeito do PT de Campinas também fora assassinado em circustâncias igualmente misteriosas.
Ocorrida logo a seguir, a morte de Celso Daniel chegou a ser vista pelas lideranças petistas, perplexas diante de uma violencia fora dos horizontes racionais dos embates políticos num regime democrático, como um ato destinado a intimidar o partido. Só podia ser um “crime político”, argumentavam. A pedido do PT, o governo Fernando Henrique Cardoso garantiu acesso da Polícia Federal às investigações, para deixar claro que também se empanharia em chegar aos culpados.
O raciocínio “não pode ser crime comum” iria acompanhar e acompanha, até hoje, a maioria das discussões sobre o caso. Vamos ser francos: num país de tantos extremos sociais como o Brasil, é humanamente complicado imaginar que uma pessoa de prestígio, com direito a um tratamento social diferenciado e uma consideração muito acima daquela dispensada a eu, a você, e aquele sujeito na fila de ônibus, possa tombar como vítima de uma tragédia típica de um cidadão comum, como eu, você e o cidadão na fila de ônibus. É dificil acreditar mas a realidade demonstra que às vezes isso acontece.
Num universo cultural como este, as teorias conspiratórias tem grande chance de prevalecer e ganhar vida própria — tenham fundamento ou não. Elas refletem, em grande parte, a desconfiança de uma parcela da população sobre o trabalho da imprensa. Também espelham a dificuldade natural de compreender episódios que atravessam vários níveis de complexidade, desde a violência do submundo da bandidagem até a corrupção das esferas políticas, as ideologias políticas e as disputas pelo poder politico. Por fim, a capacidade de divulgar rumores e convicções que interessam a um dos lados faz parte do cotidiano de toda investigação relevante — pois fortalece grandes interesses em jogo.
Aos poucos, a tese de crime encomendado, muitas vezes batizada de crime político, foi ganhando corpo. Embora fosse um segredo de polichinelo no ABC paulista, o assassinato de Celso Daniel chamou a atenção do país para um universo de corrupção que funcionava na prefeitura, tão antigo e enraizado que sequer fora inaugurado pelas administrações petistas.
Empresários falavam sobre o pagamento de propinas cobradas para obter concessões na área de serviços públicos. Eram frequentes as denuncias que apontavam para o enriquecimento de assessores do prefeito. Não levou muito tempo para que os jornalistas começassem examinar a hipótese de um crime encomendado dentro do PT de Santo André. Havia outro elemento para alimentar essa hipótese.
A descoberta, já nos anos anteriores, de que o PT exibia, em algumas prefeituras, os mesmos vícios e problemas detectados em outras legendas começara a desconstruir aquela imagem de legenda ética que marcara os primórdios do partido. Havia, já, um certo desencanto. Na vida interna, o PT passava por um realinhamento político moderado do ponto de vista das opções políticas mas centralizador e burocrático no funcionamento. Adversários da direção hegemônica na legenda, cada vez mais fortalecida em seus direitos e prerrogativas, costumavam acusá-la de centralismo e autoritarismo.
Os críticos mais duros falavam em stalinismo. Desde as tragédias entre comunistas, anarquistas e trotskistas durante a Guerra Civil Espanhola se sabia que a esquerda era capaz de resolver suas divergências internas pela violencia. Será que essas práticas não haviam chegado ao Brasil?
Essas perguntas foram o combustível de boa parte das reportagens sobre o caso. As certezas sobre a corrupção ajudavam a alimentar as suspeitas sobre o assassinato. Não deixa de ser sintomático que, depois de ter sido rejeitada pela polícia civil, e quase esquecida, a tese de crime encomendado ganhou novo combustível político a partir de 2005, o ano do mensalão. Foi nesta época que o Ministério Público conseguiu que a polícia fosse obrigada a realizar um segundo inquérito, para apurar possíveis omissões e falhas que teriam ocorrido no primeiro, que não encontrara nenhum indício de crime encomendado.
A descoberta de que a base parlamentar do partido em Brasilia possuía um amplo esquema de distribuição de recursos ilícitos inspirou uma revisão de vários episódios dramáticos. O perfil de grandes lideranças do PT se modificou — para pior. Muitas biografias foram reescritas. Suspeitas se generalizaram e episódios que até então eram vistos como banalidade ganharam tonalidade criminosa.
Personalidades fugazes da história do partido, já esquecidos, foram retirados do anonimato para dar entrevistas, rememorar, projetar e acusar.
Responsável pela segunda investigação, a delegada Elizabeth Sato foi a Brasilia, quando a Capital Federal era um condomínio de CPIs. Para quem esperava novidades do trabalho da delegada, considerada uma profissional independente em relação aos diversos grupos e famílias da polícia civil de São Paulo, Sato foi uma decepção. Sustentou que não havia encontrado nenhuma omissão ou falha no primeiro inquérito. Até por este motivo, a conclusão do serviço despertou muito menos atenção do que a nomeação da delegada, no início dos trabalhos.
http://colunas.epoca.globo.com/paulomor ... so-daniel/
Uma testemunha importante do caso Celso Daniel
ter , 16/11/2010
Paulo Moreira Leite
(Quarto e último texto de uma série sobre o julgamento dos acusados pela morte do prefeito de Santo André)
O leitor mais atento sabe qual é a dúvida crucial da investigação sobre a morte de Celso Daniel.
Se houve um sequestro encomendado, Celso Daniel foi conduzido para uma armadilha onde seria retirado do automóvel, conduzido pelo amigo e assessor Sergio Sombra da Silva — aqui o mandante do crime — e conduzido para o cativeiro e morto. Se houve um sequestro casual, Celso Daniel estava a caminho de casa quando o carro em que viajava, em companhia do amigo e assessor Sérgio Sombra da Silva — aqui apenas dirigia o carro — foi abordado por um grupo de criminosos, que levaram o prefeito para o cativeiro, onde foi morto.
Ao serem apanhados, meses depois, oito bandidos disseram em depoimentos em separado que haviam cometido um crime por conta própria, típico de uma quadrilha em atividade na periferia paulistana.
Conforme sua versão, nas semanas anteriores à tragédia eles estavam de ôlho num comerciante de frutas do Ceasa, em São Paulo, e planejaram sequestrá-lo numa sexta-feira, dia em que se recolhe a féria da semana. Contaram que o comerciante foi seguido naquele dia — o mesmo em que Celso Daniel seria sequestrado — mas o perderam no meio do caminho. Sem querer voltar para casa de bolsos vazios, montaram um plantão num ponto da cidade e atacaram uma vítima que parecia promissora, a bordo de uma Pajero, sinônimo de luxo e riqueza até hoje, ainda mais naquele momento. Eles também disseram que não sabiam de quem se tratava.
No país dos figurões e espertalhões, de teorias conspiratórias e muita impunidade, uma narrativa desse tipo parece lenda grega. Após meses de investigação, contudo, a polícia encontrou o comerciante — ele vende melancias no Ceasa — ouviu o depoimento e descobriu que sua história se encaixa perfeitamente com aquilo que os sequestradores diziam.
Ele conseguiu escapar dos bandidos por acaso: naquele dia tinha uma fesa em família e resolveu ir para a praia em companhia da namorada e da mãe. Mudou o roteiro no meio do caminho e tirou os bandidos da pista boa.
Um delegado que participou da primeira fase das investigações recorda que a tese de crime encomendado tem o defeito suplementar de obedecer a um roteiro amadoristico. Sua opinião é que um criminoso capaz de encomendar a morte de um prefeito tão importante na estrutura do PT não iria ficar a seu lado, no automóvel, pronto para ser encontrado pela polícia logo após o crime para ser colocado sob suspeita no minuto seguinte. Conforme esta visão, seria prudente deixar a cena do crime e ir para um local distante, de preferência fora do país, para mandar condolencias à família assim que a TV divulgasse o ocorrido.
É uma boa tese. Mas não custa lembrar que amadores também cometem atos criminosos.
Apesar do depoimento do comerciante que ajuda a sustentar a tese de crime comum, alguns fatos pedem explicações. Várias pessoas que estiveram próximas de Celso Daniel e Sombra — inclusive o garçom que os serviu no restaurante Rubayat na noite do crime — tiveram mortes violentas. Embora os inqueritos policiais tenham concluído que os episódios não tem uma relação com o sequestro, um número razoável de observadores não acredita nisso. A dificuldade é que, mais uma vez, não surgiram fatos capazes de contestar a versão policial.
O mesmo legista que assinou um laudo médico sem anotar o mais leve sinal de tortura de Celso Daniel durante sua passagem pelo cativeiro, fez um segundo laudo, anos mais tarde — já na época do mensalão — alterando suas conclusões, um pouco antes de morrer, em circunstancias típicas de um suicídio.
A ocorrência de tortura é um dado que tem importância para quem sustenta a tese de crime encomendado: o prefeito teria sido torturado para revelar a senha de acesso à uma conta em paraíso fiscal onde teria guardado o botim resultante da corrupção na prefeitura. Como já observei em outro momento, uma dificuldade dessa versão é que não há provas da existência dessa conta secreta nem referências sobre paraíso fiscal.
Os registros de enriquecimento suspeito, em Santo André, envolvem a compra de imóveis e abertura de empresas em nome de laranjas — e já eram conhecidas antes do sequestro. A polícia encontrou, entre os livros do apartamento do prefeito, uma espécie de dossiê sobre essas denúncias, que fora entregue a Celso Daniel por Gilberto Carvalho, que era assessor da prefeitura, na época, e hoje é secretário particular do presidente Luiz Inacio Lula da Silva.
Ouvi um médico que foi convidado a assistir a autopsia de Celso Daniel. Mostrando os laudos, que havia guardado, ele me assegurou jamais ter reparado em marcas de tortura no corpo do prefeito — e que essa hipótese não foi levantada por nenhum dos presentes ao local. O corpo do prefeito apresentava manchas vermelhadas em alguns locais, mas não eram feridas nem machucados.
Procurei uma autoridade que sustentava que o prefeito sofrera tortura no cativeiro mas não ouvi um relato que fosse compatível com os laudos do IML. Para ter sido torturado do modo que se descreveu, Celso Daniel teria de ter sido levado para um segundo cativeiro em pouco mais de 24 horas, o que não foi confirmado pelas investigações.
A tortura e as mortes em paralelo podem reforçar convicções mas não alteram o núcleo da discussão — que é saber se houve um crime encomendado ou não.
Numa dessas reportagens publicada num dos oito aniversários da morte do prefeito, o jornalista João Gabriel de Lima, que hoje é diretor da revista Bravo!, chegou a seguinte conclusão num matéria de capa publicada pela Veja: os dados reunidos pelas investigações não permitem afirmar que Sombra encomendou a morte do aliado e amigo.
Para provar que Celso Daniel foi vítima de um crime de mando, como dizem os promotores, seria preciso a apresentação de relatos críveis de uma articulação destinada a sequestrar e liquidar o prefeito de uma das principais cidades brasileiras, uma das jóias da futura campanha de Lula e um provável ministro em caso de vitória. Até o momento, isso não foi feito.
http://www.cartacapital.com.br/politica ... e-politica
Corrupção, poder e política
Redação Carta Capital 19 de novembro de 2010 às 10:01h
Após nove anos, começa o julgamento dos réus no assassinato de Celso Daniel
Passados quase nove anos do crime, um júri formado por cinco mulheres e dois homens decidiu condenar Marcos Roberto Bispo dos Santos, o Marquinhos, por participação no assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel. Condenado a 18 anos de prisão na quinta-feira 18, após quase seis horas de julgamento no Fórum de Itapecerica da Serra, ele é acusado de ter conduzido o veículo utilizado no sequestro do ex-prefeito do PT, encontrado morto com oito tiros em uma estrada de Juquitiba, interior paulista, em janeiro de 2002. Outros seis acusados deverão enfrentar o júri pelo homicídio, entre eles Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, apontado como mandante do crime.
Marquinhos foi julgado à revelia, está foragido. O advogado de defesa Adriano Marreiro dos Santos sustentou que o réu confessou participação no crime sob tortura da Polícia Civil. Ao pedir a condenação do réu, o promotor Francisco Cembranelli apresentou depoimentos de 21 testemunhas, incluindo alguns dos acusados, que permitem confirmar a participação de Marquinhos no assassinato.
De acordo com o promotor, o ex-prefeito morreu após descobrir que o dinheiro de um esquema de corrupção envolvendo empresas e a prefeitura estava sendo desviado em benefício dos mandantes do crime, e não para abastecer o caixa 2 do PT. “Na primeira gestão de Celso Daniel, o Sombra era apenas um segurança da prefeitura. Ele enriqueceu e passou a extorquir empresários e a direção do Partido dos Trabalhadores, fazendo um grande esquema de arrecadação ilegal com empresas que tinham contrato com a prefeitura”, afirmou Cembranelli.
Apesar da menção ao esquema de corrupção e arrecadação ilegal de recursos para a campanha, o promotor ressaltou que a acusação não tem interesse em prejudicar o partido do ex-prefeito. “O PT não é réu no processo”, afirmou diante do júri. Cembranelli recusou-se, no entanto, a considerar o caso um crime comum. “Para aqueles que almejavam o enriquecimento ilícito, Celso Daniel passou a ser um estorvo.”
Ao menos sete envolvidos no caso, entre testemunhas, investigadores e acusados de participação do crime, foram mortos ao longo da investigação. Por medo de represálias, familiares do ex-prefeito se mudaram para a França.
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Re: Caso Celso Daniel faz 10 anos sem solução
Não sei se por ignorância ou má fé mas V.Sa. se esqueceu de mencionar que o irmão do Celso Daniel teve que se retratar perante a Justiça, retirando todas as acusações.florestal escreveu:Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André morreu porquê discordava que o dinheiro de arrecadação de propinas do PT tivesse fim pessoal, ele concordava que a propina fosse destinada ao partido; isto segundo afirmações do seu irmão que foi para o exílio na França e parece que já retornou ao país.
Após retratação de irmão de Celso Daniel, Dirceu retira ação
Carlos Honorato 26/07/2006 02:05:21
O Globo
O ex-ministro José Dirceu teve nesta terça-feira uma importante vitória em suas pelejas judiciais. O irmão de Celso Daniel, prefeito assassinado de Santo André, João Francisco Daniel retratou-se da afirmação de que Dirceu receberia, através do atual secretário-particular do presidente Lula, Gilberto Carvalho, os recursos recolhidos em Santo André para o PT através de um esquema de propinas cobradas de empresas de ônibus. Por conta desta afirmação, Dirceu moveu-lhe ação por danos morais, calúnia e difamação.
O advogado de João Francisco Daniel procurou um acordo para encerrar o processo, através do qual o irmão do prefeito afirma que não teve jamais a intenção de ofender o ex-ministro. Explicou ter feito as afirmações com o intuito de estimular a investigação das causas do assassinato do irmão. Os advogados de Dirceu (que não compareceu à audência de hoje no Fórum de Santo André) aceitaram o acordo e concordaram com a retirada da ação.
http://www.blogdohonorato.com/index/comentarios/id/3051
Caso Celso Daniel: deem um fim à ignomínia e à infâmia
Zé Dirceu
Novamente volta ao noticiário o julgamento dos réus acusados de seqüestrar e assassinar Celso Daniel, prefeito de Santo André (SP), filiado e militante do PT, coordenador do programa de governo na campanha do presidente Lula em 2002, provavelmente - para não dizer, seguramente - futuro ministro.
Grande amigo e companheiro de todos nós, vítimas como ele de um crime covarde e bárbaro. Foram feitos dois inquéritos, ou seja, duas investigações pela polícia civil do governo tucano de São Paulo.
Os segundos (inquérito e investigação) ocorreram a pedido dos irmãos de Celso, com promotor e delegado praticamente escolhidos a dedo para assegurar a isenção e eficiência das apurações. Os dois concluíram por crime comum e apontaram os responsáveis pelo seqüestro e assassinato, repito vil e covarde, de Celso.
Novamente volta ao noticiário o julgamento dos réus acusados de seqüestrar e assassinar Celso Daniel, prefeito de Santo André (SP), filiado e militante do PT, coordenador do programa de governo na campanha do presidente Lula em 2002, provavelmente - para não dizer, seguramente - futuro ministro. Grande amigo e companheiro de todos nós, vítimas como ele de um crime covarde e bárbaro.
Foram feitos dois inquéritos, ou seja, duas investigações pela polícia civil do governo tucano de São Paulo. Os segundos (inquérito e investigação) ocorreram a pedido dos irmãos de Celso, com promotor e delegado praticamente escolhidos a dedo para assegurar a isenção e eficiência das apurações.
Os dois concluíram por crime comum e apontaram os responsáveis pelo seqüestro e assassinato, repito vil e covarde, de Celso. No entanto, agora, sem base nenhuma em fatos, evidências provas e indícios, novos ou velhos e desconsiderando o inquérito e os autos do processo, um promotor abusando de sua autoridade volta a falar em crime político e procura envolver o PT numa suposta associação entre o crime e o desvio de recursos para o partido.
Francisco Daniel retratou-se dessa acusação
Quem fez essa acusação foi Francisco Daniel, irmão de Celso, agora secundado por Bruno Daniel, o outro irmão. Eu processei Francisco, já que ele dizia que ouvira do hoje Chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho a informação de que recursos oriundos de contribuições ilegais de empresas da cidade com contratos com a prefeitura eram enviados ao PT e que foram entregues a mim - ele fala de R$ 1,2 milhão. Gilberto nega isso.
Depois de anos consegui levar Francisco, como se diz, às barras do tribunal. Ele retratou-se em juízo, retirou as acusações, inocentou-me. A sentença do juiz é pública, está à disposição da imprensa. Mas, toda vez que o assunto é retomado, eu sou obrigado a protestar já que a mídia não deu nenhum destaque à retratação de Francisco, apesar do amplo destaque dado durante anos à calúnia contra mim.
Como acontece agora, de novo, quando o primeiro réu é condenado justamente pelo crime de seqüestro e assassinato e a mídia volta a dar destaque não aos dois inquéritos e investigações que concluíram por crime comum, nem à retratação de Francisco, mas novamente às calúnias do promotor.
Bruno Daniel implorou-me para não processar seu irmão
Já as declarações de Bruno Daniel não passam de uma repetição das afirmações que seu irmão fez e depois se retratou. Aliás, Bruno me procurou no 2º turno das eleições presidenciais de 2002 implorando para eu não processar seu irmão Francisco.
Declarou-me que o irmão, na verdade por razões políticas e por necessidades financeiras tinha sido induzido a montar a farsa de uma suposta confissão de Gilberto Carvalho para atingir o PT. Infelizmente eu, de boa fé, acreditei nas nobres intenções de Bruno.
O mesmo Bruno, dois anos depois foi depor na CPI dos Bingos, aquela farsa montada pelos tucanos e pelo então PFL, comandada pelo hoje desmoralizado e derrotado senador Efraim Moraes (DEM-PB), numa tentativa de recriar a farsa do crime político e da corrupção do PT para tentar nos envolver no seqüestro e assassinato do Celso.
Atentam contra a memória e a história de Celso
O fato é que tragicamente, com objetivos políticos, articulados com o tucanato e contando com a conivência de parte da mídia, os irmãos de Celso Daniel continuam tentando atingir seu partido, sua memória e seus companheiros. Os tucanos, aliás, usaram a questão ainda agora na última campanha, num vale tudo na tentativa de assassinar de novo Celso Daniel.
Somos vítimas e não réus - nós e o PT. Celso Daniel é um patrimônio do partido. Com ele perdemos parte da história do PT e de nossas vidas. É preciso dar um basta a essa ignomínia e infâmia montadas em cima de sua história e de sua memória.
http://www.diap.org.br/index.php/notici ... -a-infamia
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Re: Caso Celso Daniel faz 10 anos sem solução
Sempre Alerta, textos do Dirceu não vão pegar muito bem com o pessoal aí...
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Caso Celso Daniel faz 10 anos sem solução
Celso Daniel morreu para encobrir desvios para campanhas, diz MP
Francisco Cembranelli falou que prefeito de Santo André sabia do esquema.
Político foi torturado e morto quando quis acabar com desvios.
O promotor Francisco Cembranelli, responsável pela acusação no caso Celso Daniel, afirmou nesta quinta-feira (18) que o prefeito de Santo André foi morto porque descobriu que o esquema de propina obtida com empresários para caixa dois de campanha do PT passou a ser desviado também para contas particulares dos envolvidos. Celso Daniel era prefeito de Santo André quando foi assassinado, em 2002.
O júri ocorre no Fórum de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, onde um dos sete réus é julgado à revelia. O Partido dos Trabalhadores foi procurado pelo G1, mas até as 14h não havia se posicionado sobre o assunto.
“Não estou preocupado em transformar o Partido dos Trabalhadores em réu nesse processo. Não vou pôr o PT no banco dos réus. As pessoas que conduziam a prefeitura estavam ligadas ao Partido dos Trabalhadores”, acrescentou o representante do Ministério Público. “É evidente que ele faz parte do contexto e algumas pessoas serão mencionadas. Que há um escândalo público envolvendo a prefeitura de Santo André, isso é óbvio. Pessoas desviavam recursos para campanhas eleitorais e contas pessoais”, disse.
O promotor contou que, segundo depoimento de pessoas que sofriam extorsão, elas pagavam de R$ 30 mil a R$ 40 mil. “O chefe do esquema era Sérgio Sombra. Ele que recolhia. Temos empresários que foram deixados de lado porque não pagavam essa propina”, disse Cembranelli, que fez a sustentação oral das 10h30 até as 12h. “Não sou eu que estou dizendo. Não tenho nenhum interesse político nisso. São provas testemunhais.”
Sem testemunhas e réu, juiz dá início a julgamento do caso Celso Daniel
Acusado de matar Celso Daniel fala com advogado, mas não irá a júri
Para promotor do caso Celso Daniel, ausência de acusado é prova de culpa
Pessoas envolvidas na administração de Santo André teriam desviado esses recursos e levavam para o PT. "Até então isso contava com a anuência de Celso Daniel", disse Cembranelli. “Celso Daniel seria coordenador da campanha vitoriosa do presidente Lula. Ele seria coordenador dessa campanha.”
Segundo Cembranelli, apostavam suas fichas na eleição de 2002 porque já haviam perdido três eleições anteriores. “A arrecadação era para ganhar a eleição de 2002”, disse, se referindo à campanha vitoriosa de Lula para presidente. “O irmão de Celso Daniel disse que ele possuía um dossiê que indicava as pessoas que estavam desviando dinheiro da prefeitura.”
O promotor lembrou que o prefeito foi “foi intensamente torturado”. “Ele tem marcas de espancamento no rosto e no corpo. A vítima estava sem roupas quando foi espancada.”
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2 ... iz-mp.html
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Caso Celso Daniel faz 10 anos sem solução
Ele deu outra entrevista hoje (ou nestes dias) para a Bandeirantes reafirmando o que havia dito antes. Tentei achar a entrevista mas não consegui:
Irmão de Celso Daniel diz que Gilberto Carvalho levava propina para campanha de Lula
Por: Blog do Noblat
Bruno Daniel: Gilberto levava dinheiro para o PT
Irmão de Celso Daniel, cujo assassinato completa dez anos nesta quarta, deu entrevista bombástica à Band; disse que o atual secretário-geral da Presidência levou R$ 1,2 milhão da propina arrecadada em Santo André para a campanha de Lula em 2002; “Meu irmão deu a vida pelo PT”, disse ele
Brasil 247
Depois de se exilar em Paris, Bruno Daniel, um dos irmãos de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André (SP) que foi assassinado brutalmente no dia 18 de janeiro de 2002, está de volta ao Brasil. E deu uma entrevista exclusiva à TV Bandeirantes, que acaba de ser levada ao ar no jornal da Band. “Meu irmão deu a vida pelo PT”, disse Bruno Daniel.
Ele afirmou que o ex-prefeito comandava um esquema de arrecadação de propinas em Santo André, para financiar campanhas do PT – inclusive a disputa de 2002, que levou Luiz Inácio Lula da Silva ao poder. Bruno conta que a revelação foi feita pelo ex-secretário de Santo André e atual secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
“Ele nos contou que levou R$ 1,2 milhão em espécie para o PT no seu corsinha preto”, disse Bruno Daniel. O valor teria sido entregue ao então presidente nacional do partido, José Dirceu.
O assassinato de Celso Daniel completa dez anos nesta quarta-feira. O empresário e ex-assessor da prefeitura de Santo André, Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, deve ser julgado neste ano como mandante do crime.
De acordo com a reportagem exibida pela Band, Celso Daniel comandava o esquema de arrecadação de propinas, mas não concordava com a destinação de recursos para finalidades não partidárias. Por isso, teria sido assassinado, assim como várias pessoas que presenciaram o jantar entre Celso Daniel e Sérgio Gomes da Silva numa churrascaria de São Paulo, antes do sequestro do ex-prefeito.
Bruno Daniel conta que se exilou em Paris por medo de ser assassinado. Mas diz que decidiu voltar para resgatar a verdade e a memória do irmão. “Fatos como esse não podem se repetir”, disse ele.
Em 2002, Celso Daniel coordenava a campanha de Lula à presidência da República. Depois do assassinato, foi substituído por Antonio Palocci. Caso a tragédia não tivesse ocorrido, ele poderia estar hoje sentado na cadeira de presidente da República. Teria sido ministro da Fazenda de Lula e provavelmente seu candidato em 2010.
http://portal.pps.org.br/portal/showData/222167
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Caso Celso Daniel faz 10 anos sem solução
Achei um vídeo fantástico: o irmão de Celso Daniel diz com todas as letras que o atual ministro Gilberto Carvalho falou que era ele quem levava o dinheiro da corrupção do PT para o José Dirceu.
Fantástico!
http://tvuol.uol.com.br/assistir.htm?vi ... 6CD0A12326
Fantástico!
http://tvuol.uol.com.br/assistir.htm?vi ... 6CD0A12326
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Re: Caso Celso Daniel faz 10 anos sem solução
O senhor Florestal parece que não leu, ou finge que não lê, o que postei neste tópico que o irmão João Francisco Daniel teve que se retratar perante a justiça das acusações feitas e o outro irmão, Bruno Daniel, hoje filiado ao PSOL faz as mesmas acusações do irmão mas sem apresentar prova nenhuma.Após dez anos sem Celso Daniel, ex-esposa rechaça crime político
Rafael Nunes
Passada uma década após a morte do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, morto por 11 tiros em Juquitiba após ser sequestrado, a ex-esposa do político rechaçou a teoria de que o petista tenha sido alvo de um crime político. Segundo Ivone Santana, tal hipótese é considerada por ela “muito louca”.
“Que mundo é esse em que matam um legista para encobrir um crime? Nunca perdi o sono por isso. Só pelo ‘recorte’ que o Ministério Público fez das coisas”, criticou, em alusão à versão do MP e dos irmãos de Celso, João Francisco Daniel e Bruno Daniel. De acordo com tal teoria, o ex-prefeito fora assassinado devido a um esquema de corrupção envolvendo a prefeitura andreense e o PT.
Ivone afirmou, após homenagem a Celso Daniel nesta sexta-feira (20) na Fundação ABC, que o único sentimento de mágoa que ainda sente sobre o caso diz respeito à demora no julgamento dos acusados. “O apaziguamento que tenho é que oito pessoas estão presas, mas é um absurdo. Esse é o mundo em que a gente vive”, desabafou.
[...]
http://www.reporterdiario.com.br/Notici ... -politico/
Sobre o caso Celso Daniel foram feitos dois inquéritos, o segundo a pedido da família, ambos dirigidos pela Policia Civil de São Paulo e acompanhados pelo Ministério Publico do Estado (MPE-SP), governado pelo PSDB.
No segundo, a delegada que presidiu o inquérito, Elizabete Sato, que na prática, foi escolhida pela família e assessorada pelo MPE-SP chegou a conclusão, de novo, que o sequestro e o assassinato de Celso constituíram-se em um crime sem nenhuma conotação política, tendo sido identificados, inclusive, seus autores.
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Re: Caso Celso Daniel faz 10 anos sem solução
Isso parece aquelas antigas fotos de ovnis que já foram desmentidas duzentas vezes como falsas, com provas e tudo, mas até hoje ainda tem gente que as publica na internet dizendo "olha só, que incríveis essas fotos de OVNIs!!"
Tinha corrupção em Santo André? Provavelmente.
O crime foi político? Todas as provas indicam que não!!
Navalha de Occam:
Ou não foi crime político
Ou foi um crime político tão bem feito que dois inquéritos da policia sob controle do partido rival e uma investigação da polícia federal, também sob controle do partido rival, que tinha todos os motivos do mundo pra encontrar algo, muito motivada, não conseguiram achar um fiapo de prova.
Escolham a sua resposta.
Tinha corrupção em Santo André? Provavelmente.
O crime foi político? Todas as provas indicam que não!!
Navalha de Occam:
Ou não foi crime político
Ou foi um crime político tão bem feito que dois inquéritos da policia sob controle do partido rival e uma investigação da polícia federal, também sob controle do partido rival, que tinha todos os motivos do mundo pra encontrar algo, muito motivada, não conseguiram achar um fiapo de prova.
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