Vejo os seguintes problemas no discuros do médico:
- a pílula parece meio milagrosa: "não ter efeitos colaterais" me parece muito improvável, até a pílula feminina, com décadas de desenvolvimento e utilização milhões de vezes por milhões de mulheres não foi aperfeiçoada para eliminar todos os efeitos colaterais, que dirá uma pílula apenas testada em laboratório;
- ele fala que esteve em "Butapeste no tempo do regime comunista", ou seja, antes de 1990 e foi lá que ele ouviu sobre o "boicote" das feministas; hoje o movimento feminista ainda tem uma ou outra representante nos governos dos países (mas nada suficiente para boicotar qualquer coisa), imagine nas décadas de 1970-80; alguém acha que naquela época elas tinham algum poder para influenciar políticas públicas ou o interesse da indústria farmacêutica? Se falaram isso pro médico, falaram da boca pra fora...
- o público-alvo dessa pilúla seria muito pequeno: um homem solteiro não usaria isso, pois há formas mais baratas, mas eficientes e que ainda protegem contra DSTs (camisinha); homens casados que não queiram mais ter filhos fariam vasectomia (ou laqueadura na mulher); casais que não queiram ter filho no momento utilizariam a pílula feminina, que é mais consolidada e tem um efeito muito mais controlável (age sobre o ciclo menstrual; na masculina, demora alguns meses para começar a funcioar e para o retorno da feritilidade segundo o médico); homens casados infieis creio que teriam preferência por camisinha nas relações com as amantes; sobram os homens casados que não confiam na esposa (acham que ela vai dar o golpe da barriga) ou cujas esposas por algum motivo não podem tomar pílula; daí o desinteresse da indústria (sem contar a maior resistência dos homens a métodos anticoncepcionais).
Aliás, de um site feminista exatamente sobre o Nofertil/gossipol que o médico fala:
IMPORTANTE
A descoberta do anticoncepcional masculino diminui a obrigação exclusiva das mulheres de evitar a gravidez, possibilitando que o homem utilize um aliado ao preservativo. O novo medicamento, sem dúvida, promete mudanças nos costumes da população.
Mas, a controvérsia no meio científico está longe de ser contornada. Exemplo disto é que alguns especialistas da área asseguram que a mulher casada, aceita que seu marido tome a pílula, porque dessa forma o homem compartilha com ela, a responsabilidade de evitar gestações não desejadas. Outros especialistas, porém, entendem que as mulheres podem ver a pílula do homem como uma ameaça a seu poder de decisão, ou seja, o direito de querer ou não ter filhos quando bem lhe convier.
http://www.maismulheresnopoderbrasil.co ... hp?id=3750
