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http://flitparalisante.wordpress.com/20 ... zada-para/
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********* na boca do DGP : “A atuação da prostituta acaba trazendo benefícios à sociedade. Como somos mamíferos e primatas, descarregamos no ato sexual aquela energia que poderia ser canalizada para coisas violentas”…( O traficante de maconha, com mais razão )
15/04/2012Deixe um comentárioIr para os comentários
Prostíbulos fechados por Kassab voltam repaginados em SP
Prostíbulo investe em programa eclético
Espaço para churrasco ao ar livre, bangalô com saquê e show com astro sertanejo compõem programação das casas
Boates recebem 300 homens por noite e dizem faturar cerca de R$ 1 milhão/mês, segundo empresários
GIBA BERGAMIM JR.
SIMON DUCROQUET
DE SÃO PAULO
Após revista minuciosa de seguranças, clientes passam pela porta giratória e se deparam com um salão com pé direito alto e decoração sofisticada. Mulheres lançam olhares e sorrisos discretos.
O som eletrônico aliado ao ambiente luxuoso deixa a casa semelhante a qualquer danceteria badalada. Mas trata-se de um espaço exclusivo para garotas de programa. Preço por uma hora: R$ 500.
O cenário é o ********* Lounge, frequentado por cerca de 400 garotas, no Ipiranga (zona sul paulistana), uma das duas visitadas pela reportagem na semana passada.
Há pouco menos de cinco anos, o espaço foi cercado por policiais, promotores e fiscais, que fecharam a casa -na época, chamada Millenium. A suspeita era que ali se explorava a prostituição.
Assim como o *********, pelo menos cinco casas de prostituição fechadas entre 2007 e 2008 -quando prefeitura e polícia iniciaram uma cruzada para coibir a atividade- foram reabertas. Ou por limar da Justiça ou por alvará da própria prefeitura.
Donos das boates apostaram no crescimento desse mercado de olho nos estrangeiros que vem à cidade para o turismo de negócios e à espera da Copa de 2014, quando o movimento deve dobrar, estimam. Casas de luxo chegam a receber 300 homens/noite. Faturam cerca de R$ 1 milhão/mês, segundo empresários do setor.
Os preços inflam como em toda a cidade, que está entre as dez mais caras do mundo. Em 2002, garotas cobravam R$ 200. Hoje, R$ 500, para começar a conversa.
Na semana passada, esses empresários estavam animados com proposta da comissão do Senado de reforma do Código Penal de pôr fim às punições aos donos de prostíbulos. Para os especialistas em direito da comissão, a proibição incentiva policiais corruptos a extorquir donos de casas.
A projeto pode abrir brecha para a regulamentação da profissão de prostituta, mas esbarra na resistência das bancadas religiosa e feminina.
Uma repaginação no visual -que vai da construção de bangalôs para reuniões privê com champanhe a restaurantes de cozinha internacional- foi uma das medidas encontradas pelos donos para ampliar a clientela, dizem.
Para se livrar do desgaste do fechamento, muitas mudaram de nome. O Millenium virou *********. O antigo Americam Show, no Brooklin, Zeus Bar. Na *********, mudanças na decoração, espaços VIP e shows de música. Em maio, o cantor Leonardo estará lá. Para atender aos clientes, o mecanismo é o mesmo. “Os programas são no hotel da casa”, diz uma das garotas. Basta ultrapassar um corredor, dentro do imóvel, para chegar às suítes.
O Romanza, que funcionava na avenida Nove de Julho, hoje está reaberto na Cidade Jardim. Virou Luxúria.
‘Estou em um pântano burocrático’, diz Maroni
Bahamas é a única casa fechada em 2007 que ainda não reabriu as portas
Boate não obteve alvará porque hotel ao lado tem a altura acima do permitido na região de Congonhas, diz prefeitura
DE SÃO PAULO
Das casas noturnas fechadas desde 2007, apenas o Bahamas, do empresário Oscar Maroni, não reabriu.
Nos anos 1990, o Bahamas, em Moema (zona sul) e o Café Photo, no Itaim Bibi (oeste), eram consideradas as mais luxuosas da cidade. O Photo fechou em 2010, após uma reintegração de posse, e reabriu no ano passado.
“Gastei R$ 700 mil com advogados por causa disso”, conta Maroni. “Tenho nove processos administrativos, de 14 mil páginas. A prefeitura criou um pântano burocrático para mim. Mas parece que essa nuvem de moralismo hoje só está em cima do Bahamas”, diz ele.
A casa foi fechada após a queda do avião da TAM, em Congonhas. O argumento era que o hotel construído ao lado da boate tem a altura acima do permitido.
Para o promotor criminal José Carlos Blat, que denunciou Maroni à Justiça, havia indícios de que o clube explorava a prostituição.
“Sempre que se fecha uma casa assim, o problema geralmente está ligado à restrição da liberdade sexual. Há lugares que impedem a saída das garotas da casa, por exemplo”, afirmou o promotor.
A prefeitura informa que o Bahamas não obteve o alvará porque o prédio construído ao lado da boate está em desacordo com a legislação – é muito alto.
Em relação às outras casas, a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras analisa a renovação do alvará de funcionamento do *********. Diz que a Luxúria obteve a licença em 2010.
Para especialista, prostituição se ‘aburguesou’
DE SÃO PAULO
Estudiosa do erotismo e da sexualidade, a historiadora Mary Del Priore acredita que a prostituição se “aburguesou”.
Folha – O que a senhora acha da discussão do Senado que pode regulamentar a prostituição?
Mary Del Priori – A garota de programa hoje é uma profissão como outra qualquer, desempenhada até por mulheres de classe média. Com a venda do corpo, ela vê uma forma de juntar um pecúlio.
Há, então, uma profissionalização das garotas?
Se a proposta for adiante, a legislação trabalhista pode ganhar mais um item [garota de programa]. Resta saber quem pagará o décimo terceiro salário, por exemplo.
Delegado-geral vê benefícios em liberar prostíbulos
Para Marcos Lima, casas de prostituição dão pouco trabalho à polícia; maior problema, diz, são denúncias de extorsão
Segundo advogado, descriminalização é defendida há anos por parte dos doutrinadores e até dos tribunais
DE SÃO PAULO
Para o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marcos Carneiro Lima, a legalização das casas de prostituição poderá até ser positiva.
“A atuação da prostituta acaba trazendo benefícios à sociedade. Como somos mamíferos e primatas, descarregamos no ato sexual aquela energia que poderia ser canalizada para coisas violentas.”
E continua:
“Se é uma opção da pessoa, e ela quer, que tenha uma certa garantia, tenha regras, para que ela não caia na exploração por parte de criminosos e de quadrilhas. Tudo que é colocado no submundo alimenta o próprio submundo e o crime”.
Ainda segundo o policial, a maior parte das casas de prostituição existentes hoje no Estado dão pouco trabalho à polícia porque seus donos tentam evitar que as garotas criem problemas.
As reclamações que a polícia enfrenta algumas vezes, segundo ele, são as de denúncias contra algum policial por extorquir donos dessas casas.
Segundo o advogado Técio Lins e Silva, membro da comissão do Senado, esse dispositivo legal chegou a ser utilizado no passado para extorsão de proprietários de motéis. “Diziam que aquilo também era uma casa que explorava a prostituição, por permiti-la e por alugar quarto por hora”, disse.
“É um cinismo absoluto você imaginar que vai colocar na cadeia um sujeito que possui um lugar aonde as moças vão para ter encontros.”
Para o advogado Sergei Cobra Arbex, especialista em direito penal, a descriminalização de casas de prostituição é um tema defendido há anos por parte dos doutrinadores e até dos tribunais, “já que a própria sociedade tolera a existência de casas de prostituição”, afirmou ele.
“Não é criminalizando esse tipo de comportamento que se vai conseguir evitá-lo. O Código Penal é um negócio muito sério. Você deve colocar no Código condutas que realmente servem de distúrbio para sociedade”, diz.
“Quando você fala em Código Penal, você precisa se lembrar de que a última solução da sociedade é colocar aquilo lá como um crime.”
Para a socióloga e advogada Adriana Gragnani, a proposta traz “um esforço renovador” ao tentar adequar a legislação à “preservação da dignidade da pessoa contida na Constituição da República e nos tratados e convenções internacionais”.
“No caso, separa-se a prostituição -como opção pessoal- da exploração sexual, que traduz uma violação ao exercício da liberdade sexual das pessoas”, afirmou a socióloga, por e-mail.
“Importante frisar que as propostas não descriminalizam a conduta ‘exploração sexual de terceiros’, que é a repudiada pela sociedade e que já consta do Código Penal em vigor”, disse.