Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

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Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#1 Mensagem por Carnage » 09 Dez 2012, 17:09

FHC lançou oficialmente Aécio a presidência (e meio que a contragosto do cara)

Portanto foi dada a Largada para 2014 :badgrin:

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... os-coimbra
O PSDB e seus Dilemas

Marcos Coimbra


O PSDB precisa aprender com seu passado.

Ou, como reza a sabedoria popular, não conseguirá evitar a repetição de antigos erros.

Está reagindo a outra eleição complicada como fez em relação à anterior. O que sugere que não tirou daquela experiência as lições necessárias.

Seu primeiro equívoco é tentar tapar o sol com a peneira. E acreditar que, assim fazendo, apaga a luz.

Nas eleições municipais de outubro, o partido se saiu mal. Encolheu no número de prefeituras, perdeu vereadores, reduziu sua participação no comando dos principais municípios.

Valorizar vitórias no Norte e em capitais menores do Nordeste é uma parca compensação para o desempenho medíocre nas grandes metrópoles. Nas capitais do Sul e do Sudeste em que teve candidato próprio, perdeu em todas - em algumas, ficando do tamanho de nanicos.

A derrota em São Paulo é do porte da maior cidade do País.

Ninguém gosta de admitir fracassos, mas fingir que não existem é péssimo. Com limões azedos, só se fazem limonadas amargas.

Uma das coisas que mais atrapalham a auto-crítica dos tucanos são os amigos. De tanto querer confortá-los, os comentaristas e analistas da “grande imprensa” acabam por dificultar a reflexão que deveriam fazer.

(Logo após a eleição, ainda sob o impacto dos números de Fernando Haddad, um jornal conservador carioca estampou em manchete que os resultados em Manaus e Belém “enchiam de ânimo” o PSDB. Para o bem do partido, tomara que não seja verdade.)

O fato é que o ano termina, para ele, com a perspectiva de um mau desempenho na próxima eleição legislativa. Pior que o da última, que tinha sido ruim.

Também como em 2010, o PSDB sai da eleição falando em “renovação”. Seus principais líderes, a começar por Fernando Henrique Cardoso, dizem-se convictos de que o partido precisa “sangue novo”.

O problema é que os tucanos, pelo menos de uns anos para cá, revelam acreditar mais na conversa de renovação que na sua prática. Gostam de defendê-la, mas, na hora H, refugam.

Há maior exemplo que o ocorrido em São Paulo, quando o partido abortou um processo de prévias partidárias - cujo conteúdo fundamental era a renovação pela base -, para insistir no que de mais antigo tinha a oferecer à cidade?

Pensando bem, foi igualmente por não confiar na renovação que Serra tinha sido candidato a presidente em 2010. De tanto temer o risco de perder com algo novo - como seria a candidatura de Aécio -, o PSDB preferiu a falsa segurança do conhecido.

Assim fazendo, deixou escapar a chance de construir um nome nacional para 2014. Que ainda não tem – pois o senador por Minas Gerais continua a ter pouca visibilidade junto à grande maioria do eleitorado.

Enganam-se os mal informados que creditam o sucesso do PT ao que seria seu maquiavelismo. Os que, por ingenuidade ou má fé, dizem que o “lulopetismo” dá certo às custas de complôs bem tramados.

A dificuldade do PSDB enfrentar seus dilemas é uma das razões do PT ser o que é.
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... o-mensalao
O Saldo Eleitoral do Mensalão

Por Marcos Coimbra


O Ibope divulgou esta semana uma pesquisa sobre a sucessão presidencial de 2014. É a primeira depois do ápice atingido pela cobertura do julgamento do mensalão, que bate recorde após recorde de tempo e espaço na “grande imprensa” do País.

Não foi usual o modo através do qual chegou a público. Consta que era uma pesquisa realizada para múltiplos clientes, na qual havia três perguntas relativas às eleições presidenciais de 2014, incluídas por iniciativa do instituto.

Não há nada de extraordinário nisso. No mundo inteiro, são comuns as chamadas pesquisas omnibus, em que diversos contratantes compartilham custos e têm direito de agregar ao questionário perguntas de seu interesse.

É normal que o Ibope tenha querido aproveitar a oportunidade para satisfazer sua curiosidade. Tanto que existe um nome para as perguntas que os responsáveis pelos levantamentos acrescentam nessa situação: são as “caronas”, que entram no ônibus sem pagar bilhete.

Curioso foi que apenas o resultado da pergunta sobre voto espontâneo veio à tona.

Mas isso é secundário. O importante são os números.

De acordo com a pesquisa, realizada em todo o Brasil entre os dias 8 e 12 de novembro, Dilma tem 26% das intenções espontâneas de voto para a próxima eleição presidencial. Isso quer dizer que um em cada quatro eleitores diz que votaria em seu nome sem precisar receber qualquer estímulo (lista, cartão, etc.).

A seguir, estaria Lula, com 19%. Entre eles, uma diferença de 7 pontos percentuais, superior à margem de erro da pesquisa.

Previsivelmente, foi essa vantagem de Dilma que ganhou a manchete. Ao relatar a pesquisa, os comentaristas acharam mais relevante sublinhar que Dilma “superava” Lula ou que é “mais lembrada” que ele.

É fato, explicável por ela estar no exercício do cargo e ser bem avaliada. Sua dianteira sobre Lula não significa perda de prestígio do antecessor, como sugere o tom das matérias relativas à pesquisa.

Muito atrás de ambos estão os candidatos de oposição: Serra com 4%, Aécio 3% e Marina Silva 2%. Somados, todos os outros nomes mencionados alcançam 2%.

Em termos práticos, o mais relevante da pesquisa é que, juntos, Dilma e Lula obtêm 45% das intenções espontâneas.

É possível que nem todos que votariam em Dilma votassem em Lula e vice versa, mas é razoável agregar seus votos. Como seria cabível fazer o mesmo com os candidatos de oposição.

Assim procedendo, teríamos o PT com 45% dos votos e a oposição com 9%. No máximo, com 11%, supondo que todos os demais lembrados fossem oposicionistas.

Em termos do chamado “voto válido” - excluindo brancos, nulos e indecisos - o quadro é de 80% para os candidatos petistas e 20% para os outros.

O que quer dizer muito.

De um lado, que o esforço de desgastar o PT com o julgamento do mensalão foi, até agora, mal sucedido. Ele não só teve pequeno efeito na eleição municipal recém concluída, como se mostra ainda menos significativo para a próxima eleição presidencial.

De outro, que as oposições caminham com nomes problemáticos. Alguns são conhecidos até demais e mal avaliados, como Serra. Outros são pouco conhecidos e com pequena visibilidade popular, como Aécio.

Há ainda os que pareciam poder firmar-se, mas que se esvaíram, como Marina

A pesquisa também sugere que o tamanho eleitoral de algumas celebridades midiáticas é menor do que gostariam. No balaio dos 2% dos “outros”, há muita gente que imaginava ser peixe grande e não passa de bagrinho.

A guerra do mensalão não acabou, mas, pelo que parece, até agora é o PT que está mais bem posicionado para vencer as batalhas fundamentais.
http://www.cartacapital.com.br/sociedad ... desespero/
A oposição em desespero

Maurício Dias


Acostumada a se regalar com o controle do poder no Brasil, a oposição conservadora vive horas, dias, semanas, meses e, para ser mais exato, dez anos de desespero. E ainda pode ficar sem perspectiva por mais seis se aos dois anos restantes do primeiro mandato de Dilma Rousseff se somem outros quatro, em caso de reeleição da presidenta.

Pesquisa do Ibope, realizada entre 8 e 12 de novembro, aponta a dimensão da dificuldade da oposição numa disputa com ela. Está marcada para perder nas condições de agora. Ressalve-se, é claro, uma hecatombe política ou econômica e, ainda, uma interferência inesperada como, por exemplo, a do “Sobrenatural de Almeida”, personagem das ­elu­cubrações ficcionais de Nelson Rodrigues, especialista em criar surpresas.

Caso a eleição fosse hoje, mostra o Ibope, Dilma esmagaria todos os potenciais ­adversários ainda no primeiro turno. Ela obteve 58% das intenções de voto, contra 11% de Marina Silva (sem partido), 9% de Aécio Neves (PSDB) e 2% de Eduardo Campos (PSB).

Pesquisa Ibope mostra um cenário de reeleição de Dilma

[ external image ]

É curioso destacar o resultado da ­sondagem espontânea: Dilma foi lembrada por 26% dos eleitores e Lula vem logo após, com 19% das menções. José Serra teve 4% de citações e Marina Silva, 2%. Ambos beneficiados pelo recall da disputa de 2010. Aécio Neves foi citado espontaneamente por 3%.

Aécio e Campos, ressalve-se, são pouco ­conhecidos. Dilma, dois anos antes da vitória, em 2010, também não existia. Lula fez a diferença.

Tabela inédita da pesquisa Ibope mostra a tendência e a lógica da distribuição das intenções de voto por região. A presidenta Dilma cresceu em todas as regiões e, como já se sabia, alcançou melhor apoio do eleitorado do Sul do País do que Lula.

Marina tem bom desempenho na área dela: os rincões do Norte/Centro-Oeste, Aécio Neves desponta no Sudeste, onde mora e faz política, e Eduardo Campos, com base em Pernambuco, é melhor no Nordeste.

Tudo é possível a dois anos da disputa para a Presidência. A oposição percebeu, no entanto, que para construir uma candidatura ­viável para 2014 tem de começar agora. E o ambiente político reflete claramente a disputa pelo poder. Uma disputa não necessariamente tendo em vista a conquista de votos, já que a maioria do eleitorado não abandonou o PT, como se viu na eleição municipal.

Os petistas, em 2010, conseguiram quase 17,5 milhões de votos. Um número superado, por pouco, se somados os votos do PSDB (13,9 milhões) e DEM (4,5 milhões), os dois partidos que, organicamente, mais expressam a reação conservadora. Nessa conta, a grande diferença é que o PT cresceu quase 4,5%. Pouco em relação a 2008. No mesmo período, entretanto, o PSDB e o DEM encolheram. A queda dos tucanos foi pequena (4,18%), mas, a do DEM foi superior a 50%.

A oposição, desnorteada por isso e, principalmente, sem programa alternativo, tem dificuldade para encontrar um candidato. Esgotaram-se as opções paulistas. José Serra perdeu duas vezes. Uma vez perdeu Alckmin. O mineiro Aécio Neves se oferece. O pernambucano Eduardo Campos vacila.

Isso projeta o ciclo Lula-Dilma ao menos por mais quatro anos, se não for interrompido abruptamente. Isso porque o desespero, quando não leva ao suicídio, empurra o desesperado para o crime.

Andante mosso

O futuro de Lula I

É muito mais que uma declaração distraída de João Santana, à Folha de S.Paulo de que Lula seria o melhor candidato ao governo de São Paulo, em 2014. Ele criou um fantasma para perturbar os sonhos da oposição.

Essa estrada que ele aponta foi aberta pelo paulista Rodrigues Alves. Após presidir o País (1902- -1906), voltou pela segunda vez ao governo estadual (1912).

Bem, o fato é que Rodrigues Alves cumpriu o tempo no governo paulista e disputou e ganhou de novo a Presidência da República.

O futuro de Lula II
Santana, experiente jornalista de política e competente profissional do marketing, já prevê a reeleição de Dilma em 2014. Além disso, projeta a possibilidade de Fernando Haddad disputar a Presidência em 2022, se fizer uma boa administração na prefeitura paulistana.

Ele saltou, no entanto, a disputa presidencial de 2018. Teria esquecido?

Peso contra peso
Baixou na mesa do Senado requerimento dos líderes Renan Calheiros (PMDB), Walter Pinheiro (PT) e Gim Argello (PTB e PR) solicitando que o plenário vote “urgente” a indicação do professor Luiz Moreira para o Conselho Nacional do Ministério Público, já aprovada pela Câmara.

As três assinaturas representam 54 Senadores. Nada menos que o peso político da maioria absoluta da casa. Mas contra isso está o peso pesado Roberto Gurgel, procurador-geral da República.

A história do julgamento
Roberto Jefferson, hoje presidente licenciado do PTB, não agiu por heroísmo ao revelar o que
foi chamado de “mensalão”. A denúncia foi motivada por razões políticas e não morais.

Ele confessou que ficou com 4 milhões de reais. Ilegais ao juízo da própria Corte sustentada
em lei caduca que permite um partido ceder, por exemplo, o tempo de televisão a outro,
mas, não permite que o outro repasse dinheiro em troca.

Jefferson rompeu o acordo com o PT por não ter recebido 16 milhões restantes, de um total de 20 milhões. O STF tomou a iniciativa de premiar a delação informalmente. E por pouco não transforma o réu em herói.

Na agenda de Dilma I
Está nos afazeres da presidenta Dilma, em julho de 2013, a escolha do novo procurador-geral da República.Ou seja, o substituto de Roberto Gurgel. Tradicionalmente, o escolhido sai de uma lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República.

Os prováveis nomes sairão do ninho de Gurgel: Débora Duprat (atual vice do procurador-geral), Raquel Dodge (assessora do atual procurador-geral em matéria penal) e Rodrigo Janot.

Na agenda de Dilma II
Janot foi secretário-geral do ex-procurador-geral Claudio Fonteles. Ambos apoiaram Antonio Fernando, antecessor imediato de Gurgel. Esse grupo já foi chefiado por Fonteles e rachou porque Antonio Fernando rompeu o acordo de ficar no cargo pelo período normal de dois anos.
Como Antonio Fernando e Gurgel ficaram por dois períodos, o máximo permitido por lei, o grupo foi refeito para dar continuidade ao projeto de dirigir o MPF.

Gurgel, Fonteles e Antonio Fernando estão novamente juntos e apoiam o trio de prováveis candidatos à Procuradoria-Geral da República.

“Mensalão”: Fux-se o fato
Circula na internet o vídeo com o momento em que o ministro Luiz Fux, do STF, discorre sobre o “domínio do fato”, aplicado para punir réus do “mensalão”.

Disse ele: “… na verdade, a parte que tem o domínio final do fato, que sabe onde (sic) quer chegar, tem o domínio com dolo (…) teoricamente, considerando o caso analisado, alguém tinha a vontade de alcançar um resultado, mas, para alcançar esse resultado, precisava da prática de tarefas de pessoas que atuaram (…) Aqui nós estamos fixando bem que, quem tem o domínio final do fato tem-no (sic) com dolo”.

Em recente visita ao Brasil, Claus Roxin, propagador da tese, explicou que a condenação do dirigente de uma organização exige prova de ele ter comandado os acontecimentos, de ter dado ordens.

Fux discorda disso e transformou a suposta “vontade” de supostos dirigentes em provas. A distorção foi acompanhada pela maioria. Está provado que a força da vontade cria dificuldade
de se filosofar em português com a teoria alemã.
http://clippingmp.planejamento.gov.br/c ... a-oposicao
É preciso salvar a oposição
Marcos Coimbra - Marcos Coimbra
Correio Braziliense - 02/12/2012


Por mais fichas que tenham colocado na aposta de que o julgamento do mensalão teria impacto destrutivo, por mais que achassem que o "lulopetismo" sairia dele golpeado de morte, o fato é que os prognósticos para a eleição de 2014 continuam largamente favoráveis ao PT

2012 ainda não terminou, mas já se pode dizer que não foi um bom ano para a oposição. Certamente, não para a oposição institucionalizada, que disputa o jogo político e se expõe às suas incertezas.

Isso é mau para ela, especialmente por estar sendo outro ano desfavorável, depois de vários negativos.

Acresça-se a isso que suas perspectivas de curto e médio prazos também não são alvissareiras.

Passado complicado, presente difícil, futuro incerto.

Tudo isso poderia ser preocupante apenas para ela, mas o problema, para o país, é que suas agruras deixam inquieta e açodada a outra parte da oposição.

Em todos os países democráticos, existe uma oposição fora dos partidos e estranha ao mundo oficial da política. Ela é constituída por entidades de diferentes tipos: grupos de pressão, movimentos sociais e de opinião, associações de interesse, às vezes por sindicatos patronais ou de trabalhadores.

Também pela parcela mobilizada do eleitorado identificado com os partidos oposicionistas, nas elites, classes médias e no povo.

O "lulopetismo" é o inimigo declarado das oposições extra-partidárias e informais de hoje em dia. Elas assim batizaram o fenômeno político mais importante deste começo de século 21 no Brasil, o crescimento e a consolidação de um partido de origem popular, que chegou ao poder, organizou uma ampla coalizão, mostrou-se competente para governar e, por isso, tem chance de lá permanecer por muito tempo.

Enquanto esteve na oposição, o PT tinha suas "bases", que iam para as ruas e se manifestavam. O governismo da época morria de medo de seus "tentáculos": a CUT, o MST e assim por diante.

Mas nada de parecido ao que conhecemos hoje existia: quando a oposição era de esquerda, não havia uma "grande imprensa" para auxiliá-la. O PT e seus aliados dispunham, no máximo, de simpatizantes nas redações de alguns veículos da indústria da comunicação ou de pequenas tribunas na imprensa alternativa.

O oposicionismo petista tampouco possuía uma articulação empresarial e institucional significativa. Contavam-se nos dedos os empresários maiores, os integrantes do Judiciário, os poderosos que simpatizavam com a esquerda — e os que o faziam eram ridicularizados por seus pares, como se ser petista, para gente de "alto nível", fosse risível.

A atual oposição extra-partidária detesta o "lulopetismo".

Os "anti-lulopetistas" radicais — na opinião pública, nas instituições, nos grupos de pressão e na imprensa — não poupam a tibieza que enxergam nos partidos de oposição. E não confiam em sua capacidade de derrotar o adversário.

Por mais que tenham procurado motivos para se alegrar com a eleição municipal, não há como apagar o que aconteceu em São Paulo. Ou negar que foi a terceira eleição seguida em que a oposição perdeu tamanho.

Por mais fichas que tenham colocado na aposta de que o julgamento do mensalão teria impacto destrutivo, por mais que achassem que o "lulopetismo" sairia dele golpeado de morte, o fato é que os prognósticos para a eleição de 2014 continuam largamente favoráveis ao PT.

Aonde a impaciência e a frustração levarão essas pessoas?

Se fôssemos os Estados Unidos ou outros países democráticos estáveis, a resposta seria fácil. Mas não somos.

O Brasil precisa de uma oposição partidária e institucionalizada sólida. Sem ela, nunca estaremos livres dos que se acham capazes de "resolver a bagunça", "acabar com a corrupção" e "limpar a política". No bem bom, dispensando-se de conquistar um só voto.
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... zar-o-psdb
O desafio insolúvel de viabilizar o PSDB
Luis Nassif


Gilmar Mendes monta o factoide da reunião com Lula e consegue-se adiantar o julgamento do "mensalão" para coincidir com as eleições municipais. Apressa-se até o momento das eleições. O Procurador Geral da República dá entrevistas desejando que o julgamento influencie as eleições; Ministros se esmeram em inolvidáveis peças de retórica, ampliando os ecos do julgamento para fora do campo jurídico.

Passam as eleições. Imediatamente explodem duas operações da Polícia Federal, uma delas dando munição contra Lula, ao mesmo tempo em que FHC e a mídia lançam a candidatura de Aécio Neves à presidência.

Operações de craque, demonstrando uma competentíssima capacidade de articulação!

No que interessa - votos - articulação de três governadores tucanos tentando inviabilizar a redução da conta de energia. A redução beneficiará principalmente os estados mais industrializados, São Paulo e seu parque industrial, Minas Gerais e suas siderúrgicas e guzeiros, Paraná e sua industrialização recente.

Aqui no aeroporto de Brasilia, os monitores de propaganda mostram o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) denunciando os políticos que não querem o bem do Brasil e conclamando os espectadores a uma campanha contra os que tentam pressionar o Congresso a não aprovar a redução na conta.

Mesmo com toda a má vontade da cobertura midiática, Dilma Rousseff aparecendo como a guerreira pela redução do custo Brasil e os governadores tucanos como defensores dos acionistas de suas empresas.

Marcos Coimbra defende a importância do fortalecimento da oposição. E aqui venho defendendo insistentemente essa bandeira. Sem oposição forte, o golpismo será o caminho a ser buscado para a alternância do poder.

Mas é difícil, como é difícil.
http://www.cartacapital.com.br/sociedad ... /?autor=42
A traição do PT
Mino Carta


Dizia um velho e caro amigo que a corrupção é igual à graxa das engrenagens: nas doses medidas põe o engenho a funcionar, quando é demais o emperra de vez. Falava com algum cinismo e muita ironia. Está claro que a corrupção é inaceitável in limine, mas, em matéria, no Brasil passamos da conta.

Permito-me outra comparação. A corrupção à brasileira é como o solo de Roma: basta cavar um pouco e descobrimos ruínas. No caso de Roma, antigos, gloriosos testemunhos de uma grande civilização. Infelizmente, o terreno da política nativa esconde outro gênero de ruínas, mostra as entranhas de uma forma de patrimonialismo elevado à enésima potência.

Constatação. Apresentamos o verdadeiro relator da CPI do Cachoeira. Foto: Monique Renne/ D.A Press

A deliberada confusão entre público e privado vem de longe na terra da casa-grande e da senzala e é doloroso verificar que, se o País cresce, o equívoco fatal se acentua. A corrupção cresce com ele. Mais doloroso ainda é que as provas da contaminação até os escalões inferiores da administração governamental confirmem o triste destino do PT. No poder, porta-se como os demais, nos quais a mazela é implacável tradição.

Assisti ao nascimento do Partido dos Trabalhadores ainda à sombra da ditadura. Vinha de uma ideia de Luiz Inácio da Silva, dito Lula, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo até ser alvejado por uma chamada lei de segurança nacional. A segurança da casa-grande, obviamente.

Era o PT uma agremiação de nítida ideo­logia esquerdista. O tempo sugeriu retoques à plataforma inicial e a perspectiva do poder, enfim ao alcance, propôs cautelas e resguardos plausíveis. Mantinha-se, porém, a lisura dos comportamentos, a limpidez das ações. E isso tudo configurava um partido autêntico, ao contrário dos nossos habituais clubes recreativos.

O PT atual perdeu a linha, no sentido mais amplo. Demoliu seu passado honrado. Abandonou-se ao vírus da corrupção, agora a corroê-lo como se dá, desde sempre com absoluta naturalidade, com aqueles que partidos nunca foram. Seu maior líder, ao se tornar simplesmente Lula, fez um bom governo, e com justiça ganhou a condição de presidente mais popular da história do Brasil. Dilma segue-lhe os passos, com personalidade e firmeza. CartaCapital apoia a presidenta, bem como apoiou Lula. Entende, no entanto, que uma intervenção profunda e enérgica se faça necessária PT adentro.

Tempo perdido deitar esperança em relação a alguma mudança positiva em relação ao principal aliado da base governista, o PMDB de Michel Temer e José Sarney. E mesmo ao PDT de Miro Teixeira, o homem da Globo, a qual sempre há de ter um representante no governo, ou nas cercanias. Quanto ao PT, seria preciso recuperar a fé e os ideais perdidos.

Cabe dizer aqui que nunca me filiei ao PT como, de resto, a partido algum. Outro excelente amigo me define como anarcossocialista. De minha parte, considero-me combatente da igualdade, influenciado pelas lições de Antonio Gramsci, donde “meu ceticismo na inteligência e meu otimismo na ação”. Na minha visão, um partido de esquerda adequado ao presente, nosso e do mundo, seria de infinda serventia para este País, e não ouso afirmar social-democrático para que não pensem tucano.

O PT não é o que prometia ser. Foi envolvido antes por oportunistas audaciosos, depois por incompetentes covardes. Neste exato instante a exibição de velhacaria proporcionada pelo relator da CPI do Cachoeira, o deputado petista Odair Cunha, é algo magistral no seu gênero. Leiam nesta edição como se deu que ele entregasse a alma ao demônio da pusilanimidade. Ou ele não acredita mesmo no que faz, ou deveria fazer?

Há heróis indiscutíveis na trajetória da esquerda brasileira, poucos, a bem da sacrossanta verdade factual. No mais, há inúmeros fanfarrões exibicionistas, arrivistas hipócritas e radical-chiques enfatuados. Nem todos pareceram assim de saída, alguns enganaram crédulos e nem tanto. Na hora azada, mostraram a que vieram. E se prestaram a figurar no deprimente espetáculo que o PT proporciona hoje, igualado aos herdeiros traidores do partido do doutor Ulysses, ou do partido do engenheiro Leonel Brizola, ­obrigados, certamente, a não descansar em paz.

Seria preciso pôr ordem nesta orgia, como recomendaria o Marquês de Sade, sem descurar do fato que algo de sadomasoquista vibra no espetáculo. Não basta mandar para casa este ou aquele funcionário subalterno. Outros hão de ser o rigor, a determinação, a severidade. Para deixar, inclusive, de oferecer de graça munição tão preciosa aos predadores da casa-grande.
Que venham as críticas ou o desprezo.

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salsicha
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Re: Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#2 Mensagem por salsicha » 09 Dez 2012, 17:23

Bom retorno, Carnage!

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Re: Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#3 Mensagem por Gilmor » 11 Dez 2012, 12:07

Caro Carnage, se não vier de golpe Judiciário, a direita não terá a menor chance em 2014.

A ultima pesquisa que vi, aponta Lula com 75% e Dilma com 70%.

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bullitt
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Re: Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#5 Mensagem por bullitt » 12 Dez 2012, 18:44

Qualquer pessoa com o pé no chão sabe que 2014 está garantido para o PT, seja com ou sem escândalos de corrupção. Só um conjunto de cagadas fenomenais, daquelas de entrar para a história da humanidade, tiram o PT dessa. Não existe nenhuma figura pública com popularidade suficiente para concorrer com Lula ou Dilma. Arrisco dizer que Aécio Neves está sendo preparado para 2018.

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Re: Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#6 Mensagem por Moreno do Mar » 12 Dez 2012, 22:30

Em minas dao como certa a informacao que o Ronaldo sera o VICE do Aecio !!!

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Re: Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#7 Mensagem por Dr. Zero » 12 Dez 2012, 22:50

por acaso algum deles desafiou algo que seja dessa merda de sistema em que vivemos? pois são todos filhos do sistema, que se alimentam dele e que precisam de burros de carga dóceis e alienados

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NUMABOA
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Re: Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#8 Mensagem por NUMABOA » 13 Dez 2012, 11:10

minha previsão é que a dilma concorre com o aécio em 2014 e ganha com relativa tranquilidade.
aécio não abre mão da candidatura,não apenas pq é o nome de consenso da oposição,mas pq perdendo volta para o senado e cacifa seu nome para 2018.
2018 já é um cenário mais interessante ,além do aécio,tem o eduardo campos de pernambuco(principalmente se sair candidato agora e tiver boa performance) e o pt terá de carregar o peso de estar a 16 anos do poder,vai haver uma pressão forte pela volta do lula(que sempre entra como favorito)pq outros candidatos ptistas teriam seria dificuldades

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Re: Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#9 Mensagem por Gilmor » 16 Dez 2012, 19:57

Quanto mais os oligopólios mafio-midiaticos batem, mais Lula e Dilma crescem:

Pesquisa Datafolha indica reeleição de Dilma no 1º turno

Levantamento mostra que PT venceria também tendo como candidato Lula.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil ... o-1o-turno

Avaliação pessoal de Dilma tem novo recorde e chega a 78%, diz pesquisa CNI/Ibope
http://noticias.uol.com.br/politica/ult ... itica-news

Em compensação os oligopólios mafio-midiaticos perdem credibilidade, cada vez menos idiotas acreditam na grande mídia:


Datafolha revela queda de confiança na imprensa
http://www.advivo.com.br/node/1189769

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Re: Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#10 Mensagem por ghostwriter » 16 Dez 2012, 23:53

É muito cedo para fazer previsões sobre a eleição presidencial de 2014.

Em princípio, Dilma se reelege, mas quem garante que estará em condições para disputar? O mesmo vale para o ex-presidente Lula. Ele não aparenta estar muito saudável.

E todo esse movimento para apontar denúncias de corrupção ainda pode trazer muitas mudanças. Quem acreditaria há alguns poucos anos que o Zé Dirceu estaria hoje com essa perspectiva de passar alguns anos na cadeia?

O mundo se transforma hoje em dia numa velocidade cada vez maior, precisamos ter a humildade de reconhecer isso.

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queromais
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Re: Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#11 Mensagem por queromais » 24 Dez 2012, 15:17

Realmente, é muito cedo para se fazer previsões. Mas acho que a oposição (ai incluída parte da mídia) está com receio de perder o governo do Estado de São Paulo, depois de mais de longos vinte anos. Todos sabem que a Presidência é muito difícil e que, diante do que ocorreu com a Prefeitura de SP, com a força demonstrada pelo Lula, a estratégia deve ser focar o Estado. Sem ele, o governo federal fica ainda mais distante da oposição, sem contar, claro, todos os reflexos dai decorrentes!

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Carnage
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Re: Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#12 Mensagem por Carnage » 24 Dez 2012, 15:32

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... os-coimbra
Oposição com Bom Senso
Marcos Coimbra


Uma das mais lúcidas avaliações das perspectivas da oposição nos próximos dois anos foi apresentada esta semana pelo senador José Agripino (DEM-RN). Louve-se sua sinceridade e bom senso.

Atributos que nem sempre revela possuir. Quem não se lembra de sua lamentável interpelação, em 2008, à então ministra Dilma Rousseff, a respeito de mentir sob tortura? Teve a resposta que merecia, registrada para a posteridade em um vídeo que é até hoje acessado no YouTube.

São, no entanto, águas passadas.

O senador ocupa, desde 2011, um cargo complicado. É o presidente de seu partido, função a que chegou sem tê-la pleiteado. Assumiu-a em um momento em que o DEM parecia prestes a se dissolver, sangrando a céu aberto depois da debandada da maioria de seus integrantes em direção ao PSD de Gilberto Kassab.

Para piorar o cenário, seus correligionários remanescentes se dividiam em dois grupos antagônicos, um ligado a Rodrigo Maia (DEM-RJ) e outro ao ex-senador Jorge Bornhausen (SC). José Agripino tornou-se opção de conciliação.

Difícil encontrar alguém com currículo tão antilulopetista. Começou na política na ARENA e daí foi para o PDS. Foi fundador do PFL, líder do partido no Senado, integrante da tropa de choque das oposições ao governo Lula.

Biografia que o credencia a dizer o que disse e torna mais relevante a entrevista que concedeu à Folha de São Paulo.

O essencial estava em seu prognóstico de que, sozinhos, PSDB e DEM “não têm chances de vitória em 2014”.

Foi franco desde a largada, sequer incluindo na lista o PPS. Com razão, pois a agremiação tornou-se pouco mais que estafeta para missões desagradáveis - como protocolar requerimentos de instalação de CPIs e pedidos de abertura de inquérito no Ministério Público.

(Que destino triste o do velho Partido Comunista Brasileiro! Nesta semana em que perdemos Oscar Niemayer, um dos mais ilustres militantes do “Partidão”, dá pena ver aonde foi levado por suas lideranças atuais.)

Mas José Agripino foi ainda mais incisivo: disse que não sabia o que poderia ser feito para atrair outras correntes de opinião a integrar uma frente capaz de derrotar o governo na próxima eleição.

Para ele, a soma de PSDB, DEM e, vá lá, PPS, não é competitiva e tem pouca possibilidade de crescer significativamente.

Isso é mais verdadeiro que quase tudo que se lê hoje em dia. E tem consequências práticas, se ele e seus companheiros de oposição menos irracional forem ouvidos na hora de decidir que campanha farão na sucessão de Dilma.

Em política, raramente o errado acaba dando certo. Quase sempre, a conta chega, com juros e correção monetária.

Tivessem as oposições pensado olhando para a frente, dificilmente teriam feito o que fizeram em 2010. Apostar outra vez em Serra foi adiar a tarefa que permanece à frente delas. Continuam tendo que criar um novo rosto, diferente do que tinham há vinte anos.

É difícil construir uma candidatura vencedora ao longo de uma só eleição, como ilustram as exceções que confirmam a regra. Em 1994, Fernando Henrique precisou das fanfarras de um plano econômico lançado na véspera. No caso de Dilma, apesar da extraordinária popularidade de Lula, apesar do forte desejo de continuidade, a dúvida a respeito de alguém pouco conhecido levou a eleição para o segundo turno.

Em 2014, se José Agripino estiver certo, o projeto fundamental das oposições é preparar-se para o futuro.

O que significa fazer uma campanha afirmativa, propositiva, otimista, que leve até quem não votará em seu candidato a simpatizar com ele. Significa não fazer como Serra, tentar ganhar a qualquer preço e apenas sair da eleição com a imagem destruída.

Significa manter-se ao largo das maluquices da extrema direita oposicionista, dos pitbulls cujo único sentimento é a raiva. E parar de ler alguns comentaristas, que talvez saibam conspirar, mas de eleição não entendem nada.

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2 ... dilma.html
Aécio Neves: “O foco é bater na Dilma”

Por Altamiro Borges, em seu blog


A presidenta Dilma Rousseff até que tentou sair ilesa da artilharia da direita partidária e midiática. Demitiu ministros, participou de festanças de barões da mídia, fugiu do embate político e ideológico e até difundiu a imagem da “gerentona” tecnocrática. De nada adiantou a sua omissão. “O nosso foco não pode ser mais o ex-presidente Lula. Temos que bater na presidenta Dilma, pois ela é a candidata à reeleição”, afirmou na quinta-feira (6) o cambaleante presidenciável tucano Aécio Neves. Será que agora ela vai acordar?

A notícia sobre a nova tática da direita foi postada hoje por Ilimar Franco, no jornal O Globo, que garante que “o PSDB vai mudar sua linha de combate”. A declaração de guerra de Aécio foi feita durante reunião na casa do deputado Paulo Abi-Ackel para 30 tucanos. Na ocasião, ele ainda revelou porque não assumiu sua candidatura. “Sigo os ensinamentos de Tancredo Neves. Ele dizia que reunião é para homologar o que já está decidido. Jamais assumiria sem combinar antes com o Serra, o Alckmin e os demais governadores”.

É certo que o senador não está com esta bola toda. Ele saiu meio chamuscado das eleições municipais em Minas Gerais, perdendo em importantes centros urbanos do estado. Há quem garanta que ele ainda poderá recuar no seu sonho presidencial para não perder sua “fortaleza” em Minas. Além disso, o cambaleante presidenciável até agora não convenceu os próprios tucanos. Muitos caciques acham que ele é vacilante e que mantém um estilo de vida, de “mauricinho”, bastante vulnerável e difícil de conquistar o eleitorado.

O mesmo O Globo de hoje, em reportagem de Gustavo Uribe, confirma estas dificuldades. “Em setores do partido, a avaliação é de que o tucano precisa adotar um discurso mais duro caso queira vencer a disputa ao Palácio do Planalto. Para lideranças tucanas, nos últimos anos, o senador mineiro teve uma atuação oposicionista ‘fraca’, que ainda não empolgou a oposição ao governo de Dilma Rousseff”. O lançamento precoce da sua candidatura, feita pelo “príncipe” FHC, visou exatamente aplacar estas intrigas internas.

De qualquer forma, é bom a presidenta Dilma ficar esperta. Ela não sairá ilesa da pesada artilharia da direita partidária e midiática. Ou ela parte para a ofensiva, politizando o debate, ou será um alvo fácil. No julgamento midiático do “mensalão”, a direita visou atingir importantes lideranças petistas, a começar do ex-ministro José Dirceu. Agora, no caso Rosemary, ela tenta sangrar o ex-presidente Lula. Debilitados o PT e o seu principal cabo-eleitoral, estará pavimentado o caminho para o discurso hidrófobo de Aécio Neves.

A direita está se preparando para o embate. “Ou o PSDB engrossa a voz oposicionista ou não sobe a rampa do Palácio do Planalto. O partido tem ficado aquém das expectativas em matéria de veemência”, reclama o exótico Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado. “A oposição ou é incisiva ou não é nada. Não existe oposição suave, ela tem de indicar os erros do governo”, completa Alberto Goldman, vice-presidente da sigla. Será que a “gerentona” Dilma já percebeu o peso da sua responsabilidade histórica? A conferir!

http://www.viomundo.com.br/politica/mar ... -2013.html
2013 vai ser difícil

por Marcos Coimbra


Um espectro ronda a política brasileira. O fantasma da próxima eleição presidencial.

Este ano já foi marcado por ele.

Ou alguém acredita que é genuína a inspiração ética por trás da recente onda moralista, que são sinceras as manchetes a saudar “o julgamento do século”? Que essas coisas são mais que capítulos da luta política cujo desfecho ocorrerá em outubro de 2014?

A história dos últimos 10 anos foi marcada por três apostas equivocadas que as elites brasileiras, seus intelectuais e porta-vozes fizeram. A primeira aconteceu em 2002, quando imaginaram que Lula não venceria e que, se vencesse, seria incapaz de fazer um bom governo.

Estavam convencidos de que o povo se recusaria a votar em alguém como ele, tão parecido com as pessoas comuns. Que terminaria a eleição com os 30% de petistas existentes. E que, por isso, o adversário de Lula naquela eleição, quem quer que fosse, ganharia.

O cálculo deu errado, mas não porque ele acabou por contrariar o prognóstico. No fundo, todos sabiam que a rejeição de Fernando Henrique Cardoso não era impossível que José Serra perdesse.

A verdadeira aposta era outra: Lula seria um fracasso como presidente. Sua vitória seria um remédio amargo que o Brasil precisaria tomar. Para nunca mais querer repeti-lo.

Quando veio o “mensalão”, raciocinaram que bastaria aproveitar o episódio. Estava para se cumprir a profecia de que o PT não ultrapassaria 2006. Só que Lula venceu outra vez e a segunda aposta também deu errado. E ele fez um novo governo melhor que o primeiro, aos olhos da quase totalidade da opinião pública. Em todos os quesitos relevantes, as pessoas o compararam positivamente aos de seus antecessores, em especial aos oito anos tucanos.

A terceira aposta foi a de que o PT perderia a eleição de 2010, pois não tinha um nome para derrotar o PSDB. Que ali terminaria a exageradamente longa hegemonia petista na política nacional. De fato não tinha, mas havia Lula e seu tirocínio. Ele percebeu que, Com Dilma Rousseff, poderia vencer.

O PT ultrapssaou as barreiras de 2002, 2006 e 2010.

Estamos em marcha batida para 2014 e as oposições, especialmente seu núcleo duro empresarial e midiático, se convenceram de que não podem se dar ao luxo de uma quarta aposta errada.

Que o PT não vai perder, por incompetência ou falta de nomes, a próxima eleição. Terão de derrotá-lo.

Mas elas se tornaram cada vez mais descretes da eficácia de uma estratégia apenas positiva. Desconfiam que não têm uma candidatura capaz de entusiasmar o eleitorado e não sabem o que dizer ao País. Perderam tempo com Serra, Geraldo Alckmin mostrou-se excessivamente regional e Aécio Neves é quase desconhecido pela parte do eleitorado que conta, pois decide a eleição.

Como mostram as pesquisas, tampouco conseguiram persuadir o País de que “as coisas vão mal”. Por mais que o noticiário da grande mídia e seus “formadores de opinião” insistam em pintar quadros catastróficos, falando sem parar em crises e problemas, a maioria acha que estamos bem.

Sensação que é o fundamento da ideia de continuidade.

As oposições perceberam que não leva a nada repetir chavões como “o País até que avançou, mas poderia estar melhor”, “Tudo de positivo que houve nas administrações petistas foi herança de FHC”, “Lula só deu certo porque é sortudo” e “Dilma é limitada e má administradora”.

A população não acredita nessa conversa. Faltam nomes e argumentos às oposições. Estão sem diagnóstico e sem propostas para o Brasil, melhores e mais convincentes que aquelas do PT.

Nem por isso vão cruzar os braços e aguardar passivamente uma nova derrota. Se não dá certo por bem, que seja por mal. Se não vai na boa, que seja no tranco.

Fazer política negativa é legítimo, ainda que desagradável. Denúncias, boatos, hipocrisias, encenações, tudo isso é arma usada mundo afora na briga política.

A retórica anticorrupção é o bastião que resta ao antilulopetismo. Mas precisa ser turbinada e amplificada. Fundamentalmente, porque a maioria das pessoas considera os políticos oposicionistas tão corruptos – ou mais – que os petistas.

O que fazer? Aumentar o tom, falar alto, criar a imagem de que vivemos a época dos piores escandalos de todos os tempos.

Produzir uma denúncia, uma intriga, uma acusação atrás da outra.

Pelo andar da carruagem, é o que veremos na mídia e no discurso oposicionista ao longo de 2013. Já começou.

Vamos precisar de estômago forte.
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... a-politica
Para entender o xadrez da política
Enviado por luisnassif, ter, 11/12/2012 - 11:50

Luis Nassif


Vamos entender o xadrez político atual.

Há um jogo em que o objetivo maior é capturar o rei – a Presidência da República. O ponto central da estratégia consiste em destruir a principal peça do xadrez adversário: o mito Lula.

Na fase inicial – quando explodiu o “mensalão” – havia um arco restrito e confuso, formado pela velha mídia e pelo PSDB e uma estratégia difusa, que consistia em “sangrar” o adversário e aguardar os resultados nas eleições presidenciais seguintes.

A tática falhou em 2006 e 2010, apesar da ficha falsa de Dilma, do consultor respeitado que havia acabado de sair da cadeia, dos 200 mil dólares em um envelope gigante entrando no Palácio do Planalto, das FARCs invadindo o Brasil e todo aquele arsenal utilizado nas duas eleições.

A partir da saída de Lula da presidência, tentou-se uma segunda tática: a de construir um mito anti-Lula. À falta de candidatos, apostou-se em Dilma Rousseff, com seu perfil de classe média intelectualizada, preocupações de gestora, discrição etc. Imaginava-se que caísse no canto de sereia em que se jogaram tantas criaturas contra o criador.

Não colou. Dilma é dotada de uma lealdade pessoal acima de qualquer tentação.
O “republicanismo”

Mas as campanhas sistemáticas de denúncias acabaram sendo bem sucedidas por linhas tortas. Primeiro, ao moldar uma opinião pública midiática ferozmente anti-Lula.

Depois, por ter incutido no governo um senso de republicanismo que o fez abrir mão até de instrumentos legítimos de autodefesa. Descuidou-se na nomeação de Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), abriu-se mão da indicação do Procurador Geral da República (PGR) e descentralizaram-se as ações da Polícia Federal.

Qualquer ação contra o governo passou a ser interpretada como sinal de republicanismo; qualquer ação contra a oposição, sinal de aparelhamento do Estado.

Caindo nesse canto de sereia, o governo permitiu o desenvolvimento de três novos protagonistas no jogo de “captura o rei”.

STF

Gradativamente, formou-se uma bancada pró-crise institucional, composta por Gilmar Mendes, Joaquim Barbosa, e Luiz Fux, à qual aderiram Celso de Mello e Marco Aurélio de Mello. Há um Ministro que milita do lado do PT, José Antonio Toffolli. E três legalistas: Lewandowski, Carmen Lucia e Rosa Weber.

O capítulo mais importante, nesse trabalho pró-crise, é o da criação de um confronto com o Congresso, que não terá resultados imediatos mas ajudará a alimentar a escandalização e o processo reiterado de deslegitimação da política.

Para o lugar de César Peluso, apostou-se em um ministro legalista, Teori Zavascki. Na sabatina no Senado, Teori defendeu que a prerrogativa de cassar parlamentares era do Parlamento. Ontem, eximiu-se de votar. Não se tratava de matéria ligada ao “mensalão”, mas de um tema constitucional. Mesmo assim, não quis entrar na fogueira.

Procuradoria Geral da República (PGR)

Há claramente um movimento de alimentar a mídia com vazamentos de inquéritos. O último foi esse do Marcos Valério ao Ministério Público Federal.

Sem direito à delação premiada, não haveria nenhum interesse de vazamento da parte de Valério e seu advogado. Todos os sinais apontam para a PGR. Nem a PGR nem Ministros do STF haviam aceitado o depoimento, por não verem valor nele. No entanto, permitiu-se o vazamento para posterior escandalização pela mídia.

Gurgel é o mais político dos Procuradores Gerais da história recente do país. A maneira como conquistou o apoio de Demóstenes Torres à sua indicação, as manobras no Senado, para evitar a indicação de um crítico ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), revelam um político habilidosíssimo, conhecedor dos meandros do poder em Brasília. E que tem uma noção do exercício do poder muito mais elaborada que a do Ministro da Justiça e da própria Presidente da República. Um craque!

Polícia Federal em São Paulo

Movimento semelhante. Vazam-se os e-mails particulares da secretária Rosemary Noronha. Mas mantém-se a sete chaves o relatório da Operação Castelo de Areia.
O jogo político

De 2005 para cá, muita água rolou. Inicialmente havia uma aliança mídia-PSDB. Agora, como se observa, um arco mais amplo, com Ministros do STF, PGR e setores da PF. E muito bem articulado agora porque, pela primeira vez, a mídia acertou na veia. A vantagem de quem tem muito poder, aliás, é essa: pode se dar ao luxo de errar muitas vezes, até acertar o caminho.

Daqui para frente, o jogo está dado: um processo interminável de auto-alimentação de denúncias. Vaza-se um inquérito aqui, monta-se o show midiático, que leva a desdobramentos, a novos vazamentos, em uma cadeia interminável.

Essa estratégia poderia ter uma saída constitucional: mais uma vez “sangrar” e esperar as próximas eleições.

Dificilmente será bem sucedida no campo eleitoral. Mas, com ela, tenta-se abortar dois movimentos positivos do governo para 2014:

É questão de tempo para as medidas econômicas adotadas nos últimos meses surtirem efeito. Hoje em dia, há certo mal-estar localizado por parte de grupos que tiveram suas margens afetadas pelas últimas medidas. Até 2014 haverá tempo de sobra para a economia se recuperar e esse mal-estar se diluir. Jogar contra a economia é uma faca de dois gumes: pode-se atrasar a recuperação mas pratica-se a política do “quanto pior melhor” que marcou pesadamente o PT do início dos anos 90. Em 2014, com um mínimo de recuperação da economia, o governo Dilma estará montado em uma soma de realizações: os resultados do Brasil Sorridente, resultados palpáveis do PAC, os efeitos da nova política econômica, os avanços nas formas de gestão. Terá o que mostrar para os mais pobres e para os mais ricos.
No campo político, a ampliação do arco de alianças do governo Dilma.

Há pouca fé na viabilidade da candidatura Aécio, principalmente se a economia reagir aos estímulos da política econômica. Além disso, a base da pirâmide já se mostrou pouco influenciada pelas campanhas midiáticas.

À medida que essa estratégia de desgaste se mostrar pouco eficaz no campo eleitoral, se sairá desses movimentos de aquecimento para o da luta aberta.
Próximos passos

Aí se entra em um campo delicado, o do confronto.

Ao mesmo tempo em que se fragilizou no campo jurídico, o “republicanismo” de Lula e Dilma minimizou o principal discurso legitimador de golpes: a tese do “contragolpe”. Na Argentina, massas de classe média estão mobilizadas contra Cristina Kirchner devido à imagem de “autoritária” que se pegou nela.

No Brasil, apesar de todos os esforços da mídia, a tese não pegou. Principalmente devido ao fato de que, quando o STF achou que tinha capturado o PT, já havia um novo em campo – de Dilma Rousseff, Fernando Haddad, Padilha – sem o viés aparelhista do PT original. E Dilma tem se revelado uma legalista até a raiz dos cabelos e o limite da prudência.

Aparentemente, não irá abrir mão do “republicanismo”, mas, de agora em diante, devidamente mitigado. E ela tem um conjunto de instrumentos à mão.

Por exemplo, dificilmente será indicado para a PGR alguém ligado ao grupo de Roberto Gurgel.

Espera-se que, nas próximas substituições do STF, busquem-se juristas com compromissos firmados e história de vida em defesa da democracia – e com notório saber, peloamordeDeus. De qualquer modo, o núcleo duro do STF ainda tem muitos anos de mandato pela frente.

Muito provavelmente, baixada a poeira, se providenciará um Ministro da Justiça mais dinâmico, com mais ascendência sobre a PF.

Do outro lado do tabuleiro, se aproveitará os efeitos do pibinho para iniciar o processo de desconstrução de Dilma.

Mas o próximo capítulo será o do confronto, que ocorrerá quando toda essa teia que está sendo tecida chegar em Lula. E Lula facilitou o trabalho com esse inacreditável episódio Rosemary Noronha.

Esse momento exigirá bons estrategistas do lado do governo: como reagir, sem alimentar a tese do contragolpe. E exigirá também um material escasso no jogo político-midiático atual: moderadores, mediadores, na mídia, no Judiciário, no Congresso e no Executivo, que impeçam que se jogue mais gasolina na fogueira.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... politica-2
Para entender o xadrez da política – 2
Luis Nassif


No dia 11 passado, publiquei o post "Para entender o xadrez da política".

Vamos ao próximo levantamento, à luz dos últimos episódios.
Como é o jogo de poder nas democracias

Há três mundos distintos na opinião pública. Um, o mundo da chamada voz das ruas, que elege políticos, de vereadores a presidentes. O segundo, o mundo da opinião pública midiática, controlado por grandes grupos de comunicação. O terceiro, o mundo das instituições, onde se inserem os Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e as demais instituições constitutivas do Estado: Forças Armadas, Ministério Público, órgãos de controle, diplomacia etc. Importante: esse mundo, seja no plano das funções ou familiar, é influenciado majoritariamente pelo mundo da mídia.
O mundo das instituições é fundamentalmente legalista e formalista, no sentido de seguir normas, regulamentos e leis. Há maneiras de dar by-pass na legalidade que seguem sempre o mesmo padrão: denúncias de corrupção, quebra da ordem econômica e social e, no caso de republiquetas latino-americanas, o fantasma da subversão. O clima de caos aumenta a sensação de vácuo de poder e alguém acaba ocupando. Meses atrás publiquei aqui um extraordinário artigo de Afonso Arinos de Mello Franco, de 1963. Ele próprio integrante da UDN, mostrava como a oposição manipulava conceitos que, em 1963, ele já via defasados: como o fantasma da Guerra Fria. E diagnosticava: se não houver pulso da parte do governo, termina em golpe militar. Não houve pulso, a conspiração prosperou e, depois, foi alimentada por manifestações de rua e comícios que passaram aos militares a ideia de quebra da hierarquia. 1964 foi fruto do vácuo de poder.
A mídia sempre tem papel central nesses movimentos. Durante meses criam-se fatos verdadeiros ou não, escandalizam-se meros problemas administrativos (já que não se consegue produzir escândalos verdadeiros todo dia), martela-se, martela-se até obnubilar a opinião pública e consolidar a ideia do caos. As movimentações de rua são consequência e o melhor álibi para golpes. Se a favor, legitima-os para atender aos pleitos da opinião pública. Se contra, legitima-os para impedir a baderna.
Em muitos episódios latino-americanos – quedas de Fernando Collor, no Brasil, e Carlos Andres Perez, na Venezuela - o golpe ocorreu via aliança Legislativo-Mídia. Em outros casos – tentativa de derrubada de Chávez – na aliança entre Mídia e setores das Forças Armadas. Em casos recentes, na parceria Mídia-Supremo. Em todos os casos, há o clamor da opinião pública legitimando os golpes.
O atual embate STF x Congresso visa definir quem é a lei. Não se trata de episódio trivial, briga de egos e quetais. É briga de poder MESMO. Na eventualidade de um episódio crítico qualquer no futuro, quem conseguir ser a LEI manobrará todo o universo das corporações públicas. Se não houver esse momento crítico, cada personagem se recolherá novamente a seu papel tradicional e a disputa não terá passado de uma briga de egos. Melhor: de imensos egos.

As peças do jogo no quadro atual

Os pontos levantados não significam que há uma organização conspiratória juntando todas essas peças. Deflagra-se um processo e são as circunstâncias específicas que determinam a dinâmica e conferem um papel a cada agente.

Entendidos esses aspectos genéricos do jogo de poder, vamos ao quadro atual:

O PT é bom de rua, bom de voto e ruim de instituições. Quando Lula assumiu, tentou avançar através de dois operadores: José Dirceu e Antônio Palocci. A estratégia de Dirceu consistia em assumir todo o know-how de poder desenvolvido por FHC, o controle daquele grande rio subterrâneo do poder de fato, onde transitam os poderes constituídos, poderes econômicos, lobistas, parlamentares donos de bancada, técnicos e sistemas de influência em geral. No início do governo, ainda verde, essa estratégia levou o partido a “adotar” o esquema Marcos Valério, legítima criação do PSDB mineiro e que chegou ao Planalto através das mãos de Pimenta da Veiga, Ministro das Comunicações de FHC. Depois, aprendeu, mas o pecado original não pode ser exorcizado.
O “mensalão” amarrou a ação de ambos os operadores, derrubou-os e, para afastar o fantasma do impeachment, Lula, inspirado por Márcio Thomas Bastos, apostou em um republicanismo ingênuo, no qual FHC jamais embarcou: não indicou o Procurador Geral da República, usou as indicações do STF (Supremo Tribunal Federal) para gestos simbólicos, descentralizou as ações da Polícia Federal. E deu todo o espaço político de que essas estruturas necessitavam para ambicionar mais espaço político. É movimento típico das burocracias . Quando não há nenhuma forma de resistência à sua expansão, a tendência é ocupar espaço. O quadro de quase confronto atual é resultado direto do vácuo de poder no sistema judiciário, muito mais do que de manobras conspiratórias.
Com o vácuo, cada ator político – PGR, STF, setores internos da PF – pôde crescer livremente, sem resistências e sem risco. O PGR Roberto Gurgel acumulou seu poder empalmando em suas mãos (e no da sua esposa) todos os processo envolvendo personagens com foro privilegiado. A maneira como ministros do STF atuaram no “mensalão” – um comparando o partido do governo ao PCC, outro incluindo falas fora do contexto da própria presidência da República – é típica de quem, à falta de qualquer tipo de limites, deixa de supor e passa a acreditar piamente que é Deus
Finalmente, a cobertura exaustiva do julgamento do “mensalão” calou fundo na classe média – e não apenas na midiática. Graças ao Jornal Nacional, entrou no imaginário das famílias, das crianças e dos velhos. Acredita-se em um mar de corrupção incontrolável embora nem se identifiquem bem quem são os atores.
A lógica que vigorou até agora para Lula e o PT – a cada campanha midiática a resposta das urnas – vale para eleições, não para o jogo institucional que se arma.

Cenário da desestabilização

O que seria um cenário de desestabilização? Esses cenários não são planejados de antemão, mas frutos de circunstâncias que vão se somando até virar o rascunho do mapa do inferno. Mostra-se, aqui, uma situação limite hipotética.

1. Intensificação da campanha midiática em duas frentes: a denuncista e a econômica.

O “efeito-mensalão” será absorvido com as festas de fim de ano e um janeiro tradicionalmente morno. Haverá a necessidade de substituí-lo por outros temas candentes.

A “denuncista” em tese depende da disposição do PGR e de setores da PF de abrir inquéritos e vazá-los para a mídia amiga. Há um processo nítido de auto-alimentação entre mídia e o PGR. Vaza-se o inquérito, monta-se um estardalhaço; com base no estardalhaço tomam-se outras medidas que resultam em mais estardalhaço. Tem que se atuar sobre esse cordão umbilical.

A econômica dependerá fundamentalmente do desempenho da economia e, principalmente, dos dados do PIB no primeiro semestre. Como já alertei aqui, a crítica se concentrará na atuação da Petrobrás no pré-sal, nos financiamentos do BNDES e no PAC.

2. Reação intempestiva do PT e Lula levando a movimentos de rua, com possibilidade de conflitos.

Leve-se em conta que a cobertura do “mensalão” tirou do PT o monopólio da mobilização popular. Agora há espaço para marchas contra a corrupção e coisas do gênero.

3. Reações do governo que possam ser interpretadas como ameaça às instituições.

4. Supremo sob controle do grupo dos cinco dizendo que, agora, “eu sou a lei” e se impondo para conter o caos.
As estratégias de lado a lado

Entendidos os pontos centrais da disputa, vamos tentar avançar no que poderiam ser as táticas de lado a lado.

Da oposição, obviamente, é elevar a fervura da água. Para tanto, necessita manter acesa a parceria com o PGR e com setores serristas da Polícia Federal para garantir a alimentação de escândalos; e declarações bombásticas de Ministros do STF para dar solenidade às suposições. E investir tudo em escândalos permanentes, desses que permitem um vazamento por dia e duas declarações retóricas de Ministros do STF por semana.

Enquanto isto, tratar de alimentar o negativismo do noticiário econômico superdimensionando notícias negativas e minimizando as positivas.

Da parte do governo, o jogo é o oposto, é baixar a fervura. Significa o seguinte:

Considerar finalizado o episódio “mensalão”. Para tanto, o PT terá que dar baixa no balanço das lideranças atingidas. Do mesmo modo, a Presidência se afastará cada vez mais do episódio e reforçará o legalismo. No início, a inação do Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, era coisa dele. Agora, não: é coisa dela.
O MPF é permanente; Roberto Gurgel, passageiro. Como organização burocrática, disciplinada e legalista, bastará que seja tratado com respeito e que o governo emita sinais discretos sobre a sucessão de Gurgel, sem nada que afronte a autonomia relativa do órgão e sem nada que alimente as fantasias continuístas do grupo de Gurgel. Automaticamente se formarão novos centros de poder e influência internos.
Em relação ao STF, o problema não é o órgão, evidentemente, mas a coalizão circunstancial que permitiu aos “cinco do Supremo” votar em bloco, em um STF desfalcado, e, com a hegemonia provisória, tornarem-se celebridades. Havendo normalidade na política e na economia - e acerto na substituição de Ministros - termina a maioria circunstancial, já que as Ministras, severas nas suas sentenças, mostraram-se discretas e legalistas. Celso de Mello voltará a se comportar como lente, Gilmar como político, Marco Aurélio como outsider, Luiz Fux buscará outras lâmpadas em torno das quais esvoaçar – bom radar porque especialista em rodear as lâmpadas que irradiam maior calor. E Joaquim Barbosa… continuará sendo Joaquim Barbosa.
No plano econômico, torcer para que venha logo a colheita das medidas plantadas nos dois últimos anos. E melhorar substancialmente as ferramentas de divulgação dos atos positivos de política econômica. O reajuste dos combustíveis foi passo importante para devolver à Petrobras o fôlego financeiro, tirando-a da linha de fogo.

Fatores de atrito

Há dúvidas no ar, obviamente. A manutenção de um clima de tranquilidade, com a economia sob controle, será relevante para que a nova formação do Supremo retorne à discrição e à responsabilidade institucional que se exige do órgão.

Gurgel e Joaquim Barbosa continuarão ativos. Manterão a parceria? São incógnitas.

A grande tacada da mídia serão as investidas contra Lula. Essas, sim, poderão provocar as manifestações de rua que se pretende para ampliar a percepção de caos político. No MPF, há uma gana para pegar Lula que transcende a própria figura do PGR.

É por aí que o bicho pode pegar. E é por aí que deverá se concentrar a atuação política dos que não pretendem assistir o país pegar fogo.

Nem se ouse apostas sobre quem pode botar mais gente na rua. Entrar nesse jogo é tiro no pé na certa.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... -federacao
Aécio acusa governo de 'aniquilar' Federação

Por Fernando Exman


Potencial candidato do PSDB à Presidência da República, o senador Aécio Neves (MG) voltou ontem a criticar a presidente Dilma Rousseff e o modo do PT de governar. Sem citar nomes, o tucano criticou a visão "messiânica" em relação a investimentos na área social, e disse que uma gestão pública eficiente garante melhores resultados à população. Ele acusou também o Executivo de ser "pouco generoso" com Estados e municípios e de estar provocando um "aniquilamento" da Federação.

O palco das críticas foi a abertura do Congresso Brasileiro de Gestão Pública Municipal e da XIII Conferência das Cidades. O evento foi realizado com o apoio da frente parlamentar mista para o fortalecimento da gestão pública, grupo suprapartidário do qual Aécio é vice-presidente. "Não existe maior medida de alcance social que a boa aplicação do dinheiro público", destacou o parlamentar. "É apenas a gestão eficiente que produz resultados sociais efetivos."

Na visão de Aécio, a administração pública deve estar apoiada num tripé formado pela meritocracia e qualificação da burocracia, uma transparência que dê ao gestor o apoio da população até mesmo na execução de medidas impopulares e a definição de metas. O senador defendeu o pagamento de bônus aos servidores públicos, caso essas metas sejam alcançadas. "Com isso, você constroi uma relação proativa."

Ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves alertou que a concentração da arrecadação tributária nas mãos da União e o aumento das responsabilidades de Estados e municípios têm provocado um "aniquilamento" da Federação. "Os municípios estão virando administradores de folhas de pagamento", frisou. "Os prefeitos precisam se articular com o Congresso Nacional para construirmos juntos a agenda da federação."

Em entrevista a jornalistas antes de o evento começar, Aécio foi além. De acordo com o senador, as falhas de gestão do governo Dilma Rousseff vão ficando cada vez mais claras. Cabe à oposição apontá-las à sociedade, anotou. Ele citou o "crescimento pífio" da economia e a existência de falhas no combate aos gargalos no setor de infraestrutura, além da falta de ousadia do governo para realizar as grandes reformas estruturais.

Subindo o tom, o tucano afirmou também que o Executivo não pode mais terceirizar responsabilidades. Mesmo sofrendo os efeitos da crise financeira internacional, argumentou Aécio, os Estados Unidos devem crescer mais que o Brasil neste ano. Ele também citou previsões de que o Produto Interno Bruto brasileiro será inferior ao da maioria dos países sul-americanos. "Isso é responsabilidade de quem? Do governo do PT, porque não dá mais para transferir responsabilidades para governos anteriores. A herança bendita do governo do presidente Fernando Henrique está acabando. Agora, o PT vive, infelizmente, os resultados e as consequências da herança maldita do governo Lula para o governo Dilma", disparou.

No mesmo evento, o presidente do Conselho de Administração da Gerdau e da Câmara de Gestão criada pelo governo federal, Jorge Gerdau, lembrou os gestores públicos presentes que a gestão eficiente da máquina pública é um fator decisivo para a conquista de um maior "Ibope" junto ao eleitorado. O empresário citou como exemplos de sucesso as administrações do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e do próprio Aécio em Minas. Ambos são cotados para disputar a eleição presidencial de 2014. Nesse momento, uma parte da plateia aplaudiu Aécio Neves. "Eu não pedi as palmas", brincou Gerdau. Em resposta, Aécio depois chamou Gerdau de "guru" e lembrou do esforço do empresário para ajudá-lo em seu governo.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... -hoje-em-1º-turno-de-eleicoes-presidenciais
Com Lula ou Dilma, PT hoje venceria no primeiro turno

FERNANDO RODRIGUES

DE BRASÍLIA, Folha de S. Paulo


Se a eleição presidencial fosse hoje, o PT teria dois nomes com chance de vencer no primeiro turno. Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva têm no momento mais intenções de voto do que todos os possíveis adversários somados, aponta pesquisa Datafolha feita na quinta-feira.

Dilma vai de 53% a 57%, conforme o cenário. Lula teria 56% se disputasse a Presidência. No Brasil, vence no primeiro turno o candidato que tem mais da metade dos votos válidos. O PT ganhou três disputas para o Planalto (2002, 2006 e 2010), mas só no segundo turno.

O Datafolha ouviu 2.588 pessoas em 160 cidades no dia 13. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Embora os percentuais de Dilma e de Lula sejam equivalentes na pesquisa estimulada (quando o entrevistado escolhe um nome a partir de uma lista), a situação muda no levantamento espontâneo.

Na pesquisa sem estímulo de nomes, Dilma recebe 26% das preferências.

Com menos da metade, mas isolado em segundo, vem Lula, com 12%. Há também 1% cuja preferência é "PT" ou "vai votar no PT". O petismo somado recebe 39% de intenções de voto espontâneas segundo o Datafolha.

Os candidatos de oposição têm percentuais modestos no levantamento espontâneo. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) registra 3%. Os também tucanos José Serra e Geraldo Alckmin têm

2% e 1%, respectivamente. Marina Silva (sem partido) aparece com 1%. Outros 46% não responderam.

Quando o Datafolha pergunta sugerindo cenários, os percentuais de todos os possíveis candidatos aumentam. Foram testadas quatro listas, sendo três com Dilma e uma com Lula. Os petistas vencem em todas.

Editoria de Arte/Folhapress

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Re: Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#13 Mensagem por Carnage » 24 Dez 2012, 15:33

http://www.cartacapital.com.br/politica/operacao-2014/
Operação 2014
Mino Carta


E reaparece meu pai, Giannino, e não diz “profetica anima mea”, alma minha profética. Confirma apenas “mala tempora currunt” e comenta como é elementar a tarefa do analista político nas nossas latitudes. Refere-se, está claro, ao jornalista honesto, habilitado a perceber a previsibilidade dos movimentos dos senhores da casa-grande.

Até o mundo mineral recorda os tempos precedentes ao golpe de 1964 e reencontra aquele tom de fúria nos jornalões dos últimos dias. Desfraldam manchetes dignas da eclosão da guerra atômica. Está em curso, de fato, uma operação na mira de 2014, articulada em duas frentes com o mesmo objetivo: a debacle final de quem ousasse preocupar-se com o destino do País todo, senzala incluída.

Em uma frente visa-se Lula, sua popularidade e seu peso em relação ao futuro da presidenta Dilma. Ocorre assim que venham à tona detalhes do depoimento prestado há três meses por Marcos Valério à Procuradoria-Geral da República. Vazados por quem? Pelo próprio Roberto Gurgel em busca de desforra? Há figuras ilustres engajadas na campanha, imponente entre elas o novo presidente do STF, Joaquim Barbosa, o qual se apressa a declarar que o ex-presidente pode ser investigado pelo Ministério Público. Ao lado do nosso Catão postam-se prontamente (e quem mais?) os ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello. Mendes é aquele, para quem esqueceu, que chamou às falas o então presidente Lula, pediu e ganhou a cabeça do delegado Paulo Lacerda, acusou a Abin de um grampo inexistente e trabalhou com êxito para o enterro da Operação Satiagraha e a felicidade de Daniel Dantas. Quanto a Mello, dispensa apresentação no seu inesgotável papel de homem-show.

Não falta um colaborador de elevada qualificação, o feliz contraventor Carlinhos Cachoeira, parceiro de Policarpo Jr., impagável representante da Veja em várias operações criminosas. Quem sabe a dupla se consolide no momento em que Cachoeira realizar sua ameaça: “Sou o garganta profunda do PT”. O que espanta, nisso tudo, é a falta de reação à altura por parte do partido. Parece estabelecida uma corrente de pusilanimidade entre Odair Cunha e a presidência do PT, dotada de uma vocação cristã alçada à enésima potência: não lhe basta oferecer a outra face, imola-se por inteiro.

E que dizer do desempenho do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo? Imerso em perfeito silêncio diante de acontecimentos que dizem respeito à sua pasta. Quando fala manifesta, não sem altaneira timidez, sua impressão (ou seria sensação?) de que Lula é inocente. Consta que este ministro tem amigos graúdos e costas quentes. Outro, digníssima figura merecedora do apoio de CartaCapital, é o alvejado Guido Mantega, em boa parte executor da política econômica do governo. Se atiram nele, sejamos claros, é porque querem atirar na presidenta.

Eis aí a segunda frente da Operação 2014. A política econômica do governo enfrenta e desafia interesses poderosos. É antídoto salutar à religião do deus mercado que infelicitou e infelicita o mundo, mexe mais ou menos profundamente com o setor elétrico, reduz os juros e o spread. Atinge bancos e indústria, fecha a porta para os ganhos extraordinários na renda, até ontem tão compensadores dos resultados medíocres na produção. Além fronteiras, cria alvoroço entre os fundos acostumados ao ganho abundante na terra brasilis.

Há quem diga que teria sido da conveniência do governo coordenar sua ação entre os envolvidos, negociar com o empresariado, cativá-lo. A quais empresários alude? Aos que financiam o Instituto Millenium, ou, pelo menos aprovam sua presença? Aos que devoram as páginas dos jornalões e se deslumbram com seus candentes editoriais? Missão complexa, se não impossível, para o coordenador. Explica-se desta maneira a estulta, penosa tentativa de ver fritado o ministro Mantega para, ao cabo, criar dificuldades para a presidenta, quem sabe insanáveis, na expectativa malposta.

Avulta, nisso tudo, a diferença dos tempos. Entre aquele das diatribes golpistas de quase 50 anos atrás e as de hoje. -CartaCapital permite-se um aprazível momento de otimismo. O que mudou é o povo brasileiro, a maioria da nação. Esta não está nem aí, como se diz. Talvez nunca tenha sido capaz de dar ouvido às ordens da casa-grande, executou-as, porém, passiva e automaticamente, negada à compreensão do seu significado. Agora não lhe ouve os apelos porque fez a sua escolha, e não é a favor dos senhores e dos seus capatazes.
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O Clima Político Está Ruim e Pode Piorar
Marcos Coimbra


O ano termina e o clima político anda ruim. Piorou nos últimos meses e nada indica que vá melhorar nos próximos.

O que provoca esse anuviamento não são as tensões naturais que existem entre oposição e governo. Nada há de extraordinário nelas. Estranho seria se vivessem de acordo.

Está em curso um duplo processo de desmoralização. O primeiro foi concebido para atingir o PT e sua principal liderança, o ex-presidente Lula. O segundo decorre do anterior e afeta o sistema político como um todo.

Alguns diriam que esse é que é grave. Que a campanha anti-PT é circunscrita e tem impacto limitado. Que seria, portanto, menos preocupante.

Pensar assim é, no entanto, um equívoco, pois um leva ao outro.

Em democracias imaturas como a brasileira, todo o sistema partidário sofre quando uma parte é atacada. Mais ainda, se for expressiva.

O PT não é apenas um partido grande. É, de longe, o maior. Sozinho, tem quase o dobro de simpatizantes que todos os demais somados.

Só um ingênuo imaginaria possível um ataque tão bem calibrado que nem um respingo atingisse os vizinhos. Na guerra moderna, talvez existam mísseis de precisão cirúrgica, capazes de liquidar um único individuo. Na política, porém, isso é fantasia.

A oposição institucional o reconhece e não foi ela a começar a demonização do PT. Até enxergou no processo uma oportunidade para ganhar alguma coisa. Mas suas lideranças mais equilibradas sempre perceberam os riscos implícitos.

Como vemos nas pesquisas, a população desconfia dos políticos de todos os partidos. Acha que, na política, não existem santos e todos são pecadores. Quando os avalia, não contrapõe “mocinhos” e “bandidos”.

Com seus telhados de vidro e conscientes de que processos desse tipo podem se tornar perigosos, os partidos de oposição nunca se entusiasmaram com a estratégia.

Foi a oposição extra-partidária quem pisou e continua a pisar no acelerador, supondo que é seu dever fazer aquilo de que se abstiveram os partidos.

Pôs sua parafernália em campo - jornais, redes de televisão, revistas e portais de internet - para fragilizar a imagem do PT. A escandalização do julgamento do mensalão foi o caminho.

Como argumento para esconder a parcialidade, fingem dar importância à ética que sistematicamente ignoraram e que, por conveniência, sacam da algibeira quando entendem ser útil. Quem duvidar, que pesquise de que lado tradicionalmente estiveram as corporações da indústria de mídia ao longo de nossa história.

Os resultados da eleição municipal deste ano e os prognósticos para a sucessão presidencial em 2014 mostram que a escalada contra o PT não foi, até agora, eficaz.

Sempre existiu um sentimento anti-democrático no pensamento conservador brasileiro. Desde a República Velha, uma parte da elite se pergunta se nosso povo está “preparado para a democracia”. E responde que não.

Que ele precisa de tutores, “pessoas de bem” que o protejam dos “demagogos”. É uma cantilena que já dura mais de cem anos, mas que até hoje possui defensores.

A frustração da oposição, especialmente de seus segmentos mais reacionários, a aproxima cada vez mais da aversão à democracia. Só não vê quem não quer como estão se disseminando os argumentos autoritários.

Embora acuados, cabe aos políticos reagir. É a ideia de representação e o conjunto do sistema partidário que estão sendo alvejados e não somente o PT.

Para concluir com uma nota de otimismo: são positivos alguns sinais que vieram do Congresso esta semana. Embora mantenham, para consumo externo, um discurso cautelosamente radical, as principais lideranças do governo e da oposição trabalham para evitar confrontações desnecessárias.

Forma-se uma vasta maioria no Parlamento em defesa do Poder Legislativo, ameaçado de perder prerrogativas essenciais à democracia. Quem decide a respeito dos representantes do povo são os representantes do povo, como está na Constituição.
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Não se mexe em time que está apanhando
Por que o PT fica passivo diante dos ataques que sofre da mídia? Por que o partido não reage diante de óbvios vícios no chamado processo do mensalão? Por que não colocou em pauta a CPI da Privataria? Essa passividade foi meticulosamente construída para fazer da sigla uma máquina eleitoral eficiente, mas desfibrada para disputar a hegemonia na sociedade

Gilberto Maringoni


A passividade quase letárgica que o PT exibe nesses dias de ataques da mídia não é obra do acaso. É construção de mais de duas décadas, desde pelo menos o início dos anos 1990. Naquela ocasião, a direção do então Campo Majoritário decidiu que o partido precisaria se apresentar de forma mais moderada para ganhar o eleitorado de classe média e facções do empresariado em sua jornada para fazer de Lula presidente do Brasil.

Começou ali um processo de duas vias. De um lado, isolava-se a esquerda interna, tirando-a de postos de direção. De outro, tinha início uma paulatina moderação nas propostas programáticas. Não foi uma rota tranqüila. Houve expulsões de correntes – como a Convergência Socialista, em 1992 – e o episódio traumático da cassação da candidatura de Wladimir Palmeira a governador do Rio, em 1998. A postulação do então deputado federal pela sigla jogava areia numa articulação maior, que visava fazer de Leonel Brizola vice na chapa de Lula. Para tanto, o PDT reivindicava Antony Garotinho na cabeça de chapa estadual.

No terreno programático, temas como renegociação da dívida externa ou estatização do sistema financeiro deram lugar à Carta aos Brasileiros, em 2002, que advogava o cumprimento estrito dos contratos firmados pelos governos tucanos.

Como tática eleitoral, a moderação e o transformismo foram um sucesso. O PT cresceu em número de votos pelo país. Mas começou a ficar perigosamente parecido com os demais.

Rebeldia como problema

A expansão da máquina partidária e a profissionalização de parte da militância como funcionários de prefeituras e governos de estado, ao longo desses anos, acentuaram uma diluição tática. A rebeldia deixava de ser vista como fenômeno positivo e passara a ser encarada como ruído a ser removido do comportamento político coletivo.

A partir da eleição de Lula, em 2002, a passividade ganhou ares de grande sabedoria. “Agora somos governo e temos de ir com calma” e “olhem a correlação de forças” passaram a ser o fraseado corrente, a justificar a defesa e aprovação de propostas impensáveis à agremiação de anos antes, como a reforma da previdência, a lei de falências ou a entrada de capital externo nas empresas de mídia.

O partido paulatinamente deixou de disputar hegemonia na sociedade; passou a disputar apenas votos. Abandonou um projeto de poder – entendido aqui como projeto para dirigir o país – e tornou a conquista de pedaços do aparelho de Estado em sua atividade-fim. Nessa lógica de eleição a qualquer custo, o centro da atividade partidária passou a ser a constituição de governos de coalizão.

Coalizões amplas são necessárias para se potencializar a luta política e isolar adversários. Para o PT real, as coalizões tornaram-se úteis para a obtenção de maiorias parlamentares, mesmo que inimigos de outros tempos estejam abrigados sob o guarda-chuva da máquina pública.

O ambiente de pragmatismo a toda prova pauta a montagem do governo federal. Como a militância poderia investir contra a direita, se vários de seus membros mais ilustres, como Jorge Gerdau, Paulo Maluf, José Sarney, Michel Temer e outros estão abrigados sob as asas do condomínio governista?

Ambigüidades nas críticas

Os petistas não podem se rebelar contra o STF, por um motivo simples: quem nomeou oito dos 11 membros daquela corte foram os presidentes Lula e Dilma. Assim, atacar a cúpula do Judiciário - se a crítica for sincera - significa investir contra os responsáveis últimos por sua composição.

Tampouco os petistas podem ir muito fundo em suas investidas contra a imprensa, uma vez que o ministro Paulo Bernardo cuida zelosamente, na administração federal, para que nenhuma iniciativa sobre regulação dos meios de comunicação prospere no âmbito oficial. A ministra Helena Chagas, Secretária de Comunicação Social da Presidência da República, por sua vez, atua para que a presidenta conceda entrevistas exclusivas para a TV Globo e a revista Veja, entre outros, além de manter alentados contratos de publicidade governamental com esses e outros órgãos da grande mídia. Para a mídia alternativa, o regime é na base do pão é água, em geral sem um e outro.

Os membros do Partido dos Trabalhadores, alem disso, não podem ir muito além da superfície na crítica à mola mestra dos governos FHC, as privatizações. O PT no governo vendeu estradas, aeroportos, bancos estaduais, empresas de telefonia (na gestão Antonio Palocci, em Ribeirão Preto) e se esmera nas parcerias com as Organizações Sociais (OSs), modalidade de privatização disfarçada, criada nas gestões tucanas. Por isso, o partido – na figura do presidente da Câmara, Marco Maia – engavetou a CPI da Privataria, no início de 2012. Atacar os adversários equivaleria a se voltarem para as próprias responsabilidades na questão.

Indignação burocrática

Como tem agido a direção partidária? Não formula e não se defende. Justifica. Tenta explicar, num grande contorcionismo verbal, todas as ações da do governo.

Isso não mobiliza e não incentiva a saudável rebeldia de outros tempos.

Assim, a cúpula petista construiu o partido que queria. Os vídeos com falas monocórdias, mas pretensamente indignadas, de Rui Falcão, presidente da sigla, nas últimas semanas, veiculados pelo site do partido, são o melhor retrato da inércia dirigente.

Não é de se estranhar, depois disso tudo, que nem a popularidade recorde do governo – motivada por políticas positivas de aumentos do salário mínimo e expansão do crédito - incentive as lideranças a mudarem de posição e irem à luta. Tais iniciativas são positivas, mas parecem estar batendo no teto. Os serviços públicos seguem deficientes e não há no horizonte propostas de mudanças na estrutura do Estado.

O raciocínio que se vê entre petistas é algo como “com todos os ataques, Lula e Dilma seguem em alta”. Ou seja, “não se mexe em time que está apanhando”...

(Apesar de tudo, a mídia de direita deve ser frontalmente combatida, o sistema financeiro tem de ser enquadrado e o STF deve ser denunciado. Que presidentes da república tenham mais responsabilidade na hora de compor o órgão máximo da Justiça brasileira).


Gilberto Maringoni, jornalista e cartunista, é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de “A Venezuela que se inventa – poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação Perseu Abramo).
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2012 na Política: As Eleições Municipais
Marcos Coimbra


No balanço dos principais acontecimentos políticos do ano, as eleições de outubro têm lugar garantido.

De um lado, porque eleições sempre são importantes. São raros os momentos em que o conjunto de um país se expressa de maneira direta e, em nossa tradição, menos frequentes que na de outros.

Desde a redemocratização, entre referendos e plebiscitos, só fizemos dois de âmbito nacional. O costume de convocá-los sempre, tão característico da cultura política norte-americana, nunca se enraizou no Brasil.

Restam-nos, portanto, apenas as consultas em que, a cada dois anos, são ouvidos os cidadãos para escolher os ocupantes dos cargos eletivos no Executivo e no Legislativo.

Nelas, ninguém fala pelas pessoas, ninguém tem o direito de se atribuir o conhecimento do que elas querem. Estão dispensados os intérpretes e os bem-intencionados que julgam saber o que é “bom para o povo”.

De outro lado, as eleições municipais deste ano se tornaram mais relevantes por acontecer em um momento de forte tensão em nosso sistema político. A sucessão presidencial está chegando e as oposições andam nervosas.

A perspectiva de um nova vitória do PT em 2014, sugerida pelas pesquisas que dão folgada vantagem para Dilma ou Lula, cria um cenário preocupante para todos os adversários, especialmente à direita.

Confirmado esse prognóstico e depois do quarto mandato petista seguido, quem apostaria em uma mudança em 2018? Teria o PT condições de realizar o desejo tucano de permanecer 20 anos à frente da presidência da República? E o que viria na sequência?

Tentando fazer desde logo o possível para evitar esse futuro, as oposições politizaram e nacionalizaram o processo de escolha de prefeitos e vereadores para além do habitual. Pensando adiante, decidiram entrar na eleição local com o que julgavam força máxima.

Atuaram em duas frentes. Investiram pesado na estratégia de desgastar a imagem do PT, esperando com isso prejudicar seus candidatos e preparar um discurso para os próximos meses. Escalaram seu “grande campeão”, o ex-governador José Serra, para vencer a simbólica batalha paulista.

Os partidos da oposição e a mídia conservadora fizeram tudo que estava a seu alcance. Na desconstrução do PT, bombando o julgamento do mensalão, no esforço de torná-lo o “maior escândalo de nossa história política”. Para eleger Serra, o que puderam.

Como sabemos, não deu certo. O PT venceu onde tinha que vencer e perdeu onde tinha que perder, sem que a vasta maioria dos eleitores fosse afetada pelo estardalhaço armado pela mídia. Teve em São Paulo uma saborosa vitória, não apenas pela derrota que impôs a Serra, mas por ter feito de Fernando Haddad um nome de óbvio futuro na política estadual e nacional.

Entre 1996 e 2000, PSDB e DEM cresceram no número de prefeituras conquistadas, indo de 1851 para 2018. Nas eleições legislativas, foram de 152 deputados federais em 1994 a 204, em 1998. Voltaram a 154, em 2002, quando Lula obteve seu primeiro mandato.

De 2000 para cá, os dois partidos sistematicamente perderam bases municipais: 1350 prefeituras em 2004, 1282 em 2008 e 980 este ano. Na Câmara dos Deputados, suas bancadas vieram de 131, em 2006, para os 96 que elegeram em 2010.

São números que sugerem haver relação estreita entre os dois processos. Partidos que se saem mal na eleição municipal tendem a diminuir de tamanho na representação na Câmara.

É o horizonte dos dois maiores partidos de oposição. Com metade das prefeituras que tinham na época de Fernando Henrique, vão para 2014 se arriscando a não passar de discreta minoria no futuro Congresso.

Mais que a contabilidade de quem venceu aqui ou acolá, esse é o saldo da eleição municipal de 2012.


Gilmar Mendes foi convidado a se filiar ao DEM
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Re: Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#14 Mensagem por Carnage » 24 Dez 2012, 15:36

Pode ser cedo, mas acho que parece alta a probabilidade da Dilma se reeleger.

Se isso acontecer, eu aposto em Eduardo Campos pra 2018. Eu votaria nele.

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Re: Largada para 2014 - Panorama da política atual e os rumos para a sucessão presidencial.

#15 Mensagem por Carnage » 12 Jan 2013, 16:11

http://www.brasil247.com/pt/247/poder/8 ... C3%A3o.htm
2012 na política: a oposição

MARCOS COIMBRA 26 de Dezembro de 2012 às 14:45


Hoje, seu discurso se assenta em um tripé: a "valorização da herança de Fernando Henrique", a "diferenciação ética em relação ao PT" e a "crítica à capacidade gerencial de Dilma". Fácil de falar, difícil de convencer

Considerando que o governo chega ao fim do ano batendo recordes de popularidade e que os candidatos do PT lideram com folga as pesquisas a respeito da próxima eleição presidencial, não se pode dizer que o saldo de 2012 seja bom para a oposição.

Ainda mais se levarmos em conta o resultado da eleição municipal. Nela, os três principais partidos oposicionistas encolheram, atingindo seu pior desempenho histórico. Ficaram reduzidos à metade dos prefeitos que elegeram em 2000.

Com isso, arriscam-se a ver suas bancadas no Congresso diminuir ainda mais. Haviam ido mal em 2010, fazendo 108 deputados -equivalentes a apenas 21% da Câmara -, e podem piorar, com uma base municipal mais limitada.
A realidade de dezembro contrasta com as expectativas que o conjunto da oposição tinha no primeiro semestre.

Toda ela, seja nos partidos, nas instituições, na mídia ou na sociedade, apostava em vitórias em municípios-chave - especialmente São Paulo - e no desgaste do PT em função do julgamento do mensalão.

Pelos seus cálculos, a esta altura, Serra seria prefeito e elevadas as chances de uma candidatura tucana na sucessão de Dilma.

Nem uma, nem outra coisa se confirmaram.

Seria possível dizer que o melhor que aconteceu à oposição foi a derrota de Serra. Ela abriu, finalmente, o caminho para a renovação no PSDB. Seu subproduto foi a formalização de Aécio como liderança nacional peessedebista.

O problema, para os adversários do "lulopetismo", é que uma candidatura competitiva não fica pronta de um dia para o outro. Como mostram as pesquisas, Aécio tem pela frente o imenso desafio de tentar fazer, em pouco mais de um ano e meio, o que não pôde na hora adequada.

Permanece fundamentalmente desconhecido pela vasta maioria do eleitorado.

Na mais recente pesquisa do Datafolha, realizada no início do mês, seu melhor número são os 14% que alcança contra Dilma e Marina Silva. Nesse cenário, a presidente obtém 57%, amplamente suficientes para ganhar no primeiro turno, e Marina fica com 18%.

O que esses dados fazem é manter aberta a porta para Serra. Os segmentos da oposição que desconfiam de Aécio - seja por não considerá-lo"duro" o bastante para brigar com o PT, seja por temer seu desempenho fora de Minas Gerais - não vão querer que o paulista se aposente tão cedo.

Ou seja: mesmo derrotado e aparentemente fora de combate, a oposição permanece presa a Serra e ao que ele representa.

Esse "vai, mas não vai" em relação ao nome com que marchará para a eleição de 2014 se repete no plano programático. Também nele, a oposição se confunde e embaralha as pernas.

Hoje, seu discurso se assenta em um tripé: a "valorização da herança de Fernando Henrique", a "diferenciação ética em relação ao PT" e a"crítica à capacidade gerencial de Dilma".

Fácil de falar, difícil de convencer. Nos três aspectos, ela tem que persuadir a maioria da população, que está convicta do inverso.

As pessoas comparam desfavoravelmente FHC - e seu governo -a Lula e Dilma. Não deixam de admirá-lo por desconhecimento, mas por conhecê-lo.

Não acham que, nos governos petistas, a corrupção tenha se tornado um problema que antes inexistia. Nas pesquisas, afirmam era tão grande- ou maior - no passado.

Estão satisfeitas com o jeito de Dilma e o modo como ela se comporta na Presidência. No abstrato, talvez concordem que "poderíamos estar melhor". Mas com quem, concretamente, se os tucanos já estiveram lá e decepcionaram?

Ainda indefinida quanto a nomes e frente ao problema de ter de conquistar o País para teses de aceitação problemática, o horizonte é complicado para a oposição institucional.

Para piorar, precisa lidar com seus radicais, que, no afã de derrotar o PT, se dispõem a tudo, até mesmo a colocar gasolina na fogueira. O mesmo tipo de gente que, no passado, foi às portas das casernas pedir a intervenção dos militares - ou de quem quer que se ofereça como "salvador da Pátria".

Considerando que o governo chega ao fim do ano batendo recordes de popularidade e que os candidatos do PT lideram com folga as pesquisas a respeito da próxima eleição presidencial, não se pode dizer que o saldo de 2012 seja bom para a oposição.

Ainda mais se levarmos em conta o resultado da eleição municipal. Nela, os três principais partidos oposicionistas encolheram, atingindo seu pior desempenho histórico. Ficaram reduzidos à metade dos prefeitos que elegeram em 2000.

Com isso, arriscam-se a ver suas bancadas no Congresso diminuir ainda mais. Haviam ido mal em 2010, fazendo 108 deputados -equivalentes a apenas 21% da Câmara -, e podem piorar, com uma base municipal mais limitada.

A realidade de dezembro contrasta com as expectativas que o conjunto da oposição tinha no primeiro semestre.

Toda ela, seja nos partidos, nas instituições, na mídia ou na sociedade, apostava em vitórias em municípios-chave - especialmente São Paulo - e no desgaste do PT em função do julgamento do mensalão.

Pelos seus cálculos, a esta altura, Serra seria prefeito e elevadas as chances de uma candidatura tucana na sucessão de Dilma.

Nem uma, nem outra coisa se confirmaram.

Seria possível dizer que o melhor que aconteceu à oposição foi a derrota de Serra. Ela abriu, finalmente, o caminho para a renovação no PSDB. Seu subproduto foi a formalização de Aécio como liderança nacional peessedebista.

O problema, para os adversários do "lulopetismo", é que uma candidatura competitiva não fica pronta de um dia para o outro. Como mostram as pesquisas, Aécio tem pela frente o imenso desafio de tentar fazer, em pouco mais de um ano e meio, o que não pôde na hora adequada.

Permanece fundamentalmente desconhecido pela vasta maioria do eleitorado.

Na mais recente pesquisa do Datafolha, realizada no início do mês, seu melhor número são os 14% que alcança contra Dilma e Marina Silva. Nesse cenário, a presidente obtém 57%, amplamente suficientes para ganhar no primeiro turno, e Marina fica com 18%.

O que esses dados fazem é manter aberta a porta para Serra. Os segmentos da oposição que desconfiam de Aécio - seja por não considerá-lo"duro" o bastante para brigar com o PT, seja por temer seu desempenho fora de Minas Gerais - não vão querer que o paulista se aposente tão cedo.

Ou seja: mesmo derrotado e aparentemente fora de combate, a oposição permanece presa a Serra e ao que ele representa.

Esse "vai, mas não vai" em relação ao nome com que marchará para a eleição de 2014 se repete no plano programático. Também nele, a oposição se confunde e embaralha as pernas.

Hoje, seu discurso se assenta em um tripé: a "valorização da herança de Fernando Henrique", a "diferenciação ética em relação ao PT" e a "crítica à capacidade gerencial de Dilma".

Fácil de falar, difícil de convencer. Nos três aspectos, ela tem que persuadir a maioria da população, que está convicta do inverso.

As pessoas comparam desfavoravelmente FHC - e seu governo -a Lula e Dilma. Não deixam de admirá-lo por desconhecimento, mas por conhecê-lo.

Não acham que, nos governos petistas, a corrupção tenha se tornado um problema que antes inexistia. Nas pesquisas, afirmam era tão grande- ou maior - no passado.

Estão satisfeitas com o jeito de Dilma e o modo como ela se comporta na Presidência. No abstrato, talvez concordem que "poderíamos estar melhor". Mas com quem, concretamente, se os tucanos já estiveram lá e decepcionaram?

Ainda indefinida quanto a nomes e frente ao problema de ter de conquistar o País para teses de aceitação problemática, o horizonte é complicado para a oposição institucional.

Para piorar, precisa lidar com seus radicais, que, no afã de derrotar o PT, se dispõem a tudo, até mesmo a colocar gasolina na fogueira. O mesmo tipo de gente que, no passado, foi às portas das casernas pedir a intervenção dos militares - ou de quem quer que se ofereça como "salvador da Pátria".


http://www.advivo.com.br/blog/luisnassi ... os-coimbra
2012 na Política: O Governo

Por Marcos Coimbra

Um governo que é avaliado como “ótimo” ou “bom” por 62% das pessoas tem muito que comemorar. Uma presidente cujo trabalho é aprovado por 78% da população, também.

São os números da pesquisa CNI/Ibope feita entre os dias 6 e 9 de dezembro, em que foram ouvidas 2002 pessoas.
Dilma chega à metade de seu mandato com avaliação melhor que a de qualquer um de seus antecessores em momento parecido. Desde quando existem dados comparáveis, ninguém obteve números semelhantes.

Fernando Henrique, por exemplo, nunca alcançou esse índice, sequer na época em que atravessava sua fase áurea. A vitória contra a inflação, a equivalência do real com o dólar, o quilo de frango que valia uma moeda, a sensação de que a economia entrava em rota de crescimento, nada disso fez com que chegasse ao número que Dilma tem hoje.

É uma lembrança que mostra quão inadequada é a interpretação que as oposições, especialmente seu braço midiático, oferecem para a popularidade do governo Dilma.

Na enésima repetição do velho chavão de que “É a economia, estúpido!”, limitam a explicação a um único fator: para elas, as pessoas comuns, que constituem a grande maioria, pensam com a barriga. Quando estão de pança cheia, aprovam o governo.

Trata-se de um equívoco baseado em puro preconceito, segundo o qual o povo só é capaz de avaliações unidimensionais. Ao contrário dos bem pensantes, que conseguiriam fazer raciocínios complexos.

Assim como a população não gostava de Fernando Henrique por vários motivos - ainda que aprovasse sua atuação no controle da inflação -, gosta de Dilma por diversas razões, mesmo reconhecendo que há políticas que não funcionam de maneira satisfatória.

O tamanho da aprovação do governo neste final de ano foi duplamente decepcionante para a oposição partidária e seus aliados. Ao invés de subir, esperavam que caísse, na confluência do desgaste da imagem do PT causado pelo julgamento do mensalão e do agravamento da situação objetiva da economia.

Dilma ultrapassou, no entanto, os percalços. Por mais que os economistas da oposição estejam pintando quadros fúnebres para o Brasil e insistam em falar em crises, as pessoas se sentem satisfeitas com o presente e otimistas em relação ao futuro. Por maior que seja a culpabilização do PT, ninguém associa a presidente a qualquer malfeito, real ou inventado.

Não é surpresa, portanto, que tenha a vantagem que tem nas pesquisas para a eleição de 2014. Frente a quaisquer candidatos, venceria, com larga margem, a eleição no primeiro turno. Seu desempenho só é inferior ao de Lula - e por pouco.

Para tentar mudar esse quadro de favoritismo, entrou na moda o argumento de que o País “poderia estar melhor” e só não está por “incompetência gerencial do governo”. Na opinião de nove em dez analistas da mídia conservadora, Dilma não seria a boa gerente que é apresentada.

Trata-se de uma tese de escassa capacidade de convencimento. Primeiro, porque as pessoas levam mais em consideração os benefícios que estão a seu alcance que os que poderiam, hipoteticamente, obter. Se acreditam que o governo vai bem, porque trocá-lo por algo que não existe?

Em segundo lugar, porque não enxergam alguém melhor que ela. Na opinião da maioria, a oposição teve sua oportunidade nos oito anos em que Fernando Henrique foi presidente e não convenceu. Ao contrário, em retrospecto, mostrou-se inferior aos petistas.

Ainda que a situação da economia piorasse no próximo ano, é difícil que afetasse significativamente a popularidade da presidente e a eleição de 2014. Como não é isso o mais provável, são poucas as nuvens no horizonte para Dilma. Salvo as de todo dia, com as quais já se acostumou.

Cautela a presidente tem que ter é com a Copa do Mundo. Ela não será cobrada se a seleção for mal, nem aplaudida se for bem nos gramados.

Mas pagará um preço de imagem pessoal muito alto se as pessoas ficarem com o sentimento de que o Brasil perdeu a copa que mais interessa. A da organização do evento e do bom funcionamento das coisas durante sua realização.
Essa, para a população, é mais importante que o hexacampeonato.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/ ... rece.shtml
JANIO DE FREITAS

Confronto que endurece

Para aturdir os governantes do PT, deixando-os à mercê da pancadaria, um aparelho em pane é suficiente


Tão palavrosos como dirigentes partidários e como militantes, nos seus governos os petistas são um fracasso de comunicação até aqui inexplicável. E pagam preços altíssimos por isso, sem no entanto se aperceberem dos desastres e suas consequências. Ou melhor, às vezes percebem, e até se autocriticam, mas com atraso de anos.

Para aturdir os governantes e dirigentes petistas, deixando-os à mercê da pancadaria, nem é preciso um canhonaço como foi o mensalão. Um aparelho de ar refrigerado em pane é suficiente. Nada mais normal do que a quebra de uma máquina. Mas há cinco dias os usuários do aeroporto Santos Dumont se esfalfam em queixas e acusações; e, no outro lado, a presidente, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Secretaria de Aviação Civil (a que veio mesmo?) e a Infraero apanham, inertes, dos meios de comunicação e da estimulada opinião pública.

No governo imenso, cheio de assessorias de comunicação próprias e contratadas, a ninguém ocorreu romper o marasmo burocrático e dirigir-se à população com as explicações devidas.

A quebra foi assim-assado, tomaram-se tais providências, e, depois, o reparo está demorando ou não deu certo por tais motivos, diante dos quais estão tomadas as seguintes providências, e por aí afora.

Nada de difícil ou especial. Aquilo mesmo que se espera ao buscar o carrinho ou, se tucano, ir pegar o carrão e não o encontrar pronto na oficina. Aborrece, mas se a explicação não falta e é honesta, o provável é perceber-se uma situação desagradavelmente normal na era das máquinas. E nada mais.

No aeroporto Tom Jobim deu-se o mesmo, com a pane local de um transformador. Mas tudo virou um problema enorme de falta de geração de energia, de apagão.

Até os índios do Xingu e do Madeira foram condenados, com o brado destemido de Regina Duarte a favor da inundação das terras indígenas e da floresta: "Viva Belo Monte! Essa [um aparelho de ar refrigerado quebrado] é a prova de que precisamos de uma nova estrutura em energia!"

Talvez, contra o calorão do Santos Dumont, comprar um aparelho novo fosse mais barato e eficiente do que construir uma hidrelétrica na Amazônia. Bem, depois a atriz se disse preocupada também com o calorão na Copa do Mundo. A qual, aliás, será no inverno. Mas o que interessa é ter aproveitado a bobeada do governo petista.

Desde a entrevista de Lula em Paris, sentado a meio de um jardim de hotel, com uma jovem entrevistadora mal improvisada, para gaguejar grotescos esclarecimentos do mensalão, logo serão dez anos.

A inesgotável oratória de Lula, com sua mescla de populismo político e ativismo social, nesse tempo contornou a maioria dos percalços que o sistema de comunicação dos governos petistas não encarou. Com o julgamento do mensalão e com as cenas que ainda promete, o governo Dilma Rousseff é o alvo do agora exaltado antilulismo ou antipetismo (a rigor, não são o mesmo). Assim, neste embate endurecido, tende a ser o 2013 que veremos.


http://www.viomundo.com.br/politica/mar ... quena.html
O Compromisso da Continuidade

por Marcos Coimbra, em CartaCapital, sugestão de Julio Cesar Macedo Amorim


Foi-se metade do governo Dilma. Restam-lhe, portanto, dois anos. Diz-se que, para os governantes, os primeiros dois passam devagar e que eles se sentem como se tivessem a eternidade pela frente. E que os segundos voam, pois o fim do mandato se torna um dado cada vez mais palpável e mais presente no dia a dia. Esse não é apenas um sentimento.

Desde antes do fim do terceiro ano, a sucessão torna-se assunto principal. Cessam as inovações e as experiências. A pauta do governo fica limitada e a cobrança de resultados intensifica-se. É preciso ter coisas, de preferência “concretas”, para pôr na mesa. Tudo começa a girar em torno de um objetivo central: reeleger-se ou escolher quem possa vencer a eleição que vem a seguir.

A segunda metade dos governos costuma ter, portanto, dois tempos distintos: um terceiro ano predominantemente administrativo, mas já político, e uma “reta final”, marcadamente política. Se Dilma estivesse mal, se a população se sentisse insatisfeita com ela, os dois anos que tem pela frente seriam suficientes para que revisse rumos e encontrasse meios de consertar problemas.

Já vimos isso acontecer com governadores e prefeitos. São muitos os casos dos que conseguiram recuperar a imagem depois de atravessar dificuldades no comeco. Mas Dilma está bem. Na verdade, muito bem. Segundo dados das pesquisas CNI-Ibope, ela saiu da eleição de 2010 com a imagem de que faria uma administração “ótima” ou “boa”. Em dezembro daquele ano, era assim que pensavam quase dois terços (62%) dos entrevistados pelo instituto.

Depois de ter alcançado, em março de 2011, a marca de 68% de avaliações positivas, Dilma foi a 55% em julho (sempre de acordo com o Ibope). De lá pra cá, cresceu sistematicamente. A cada pesquisa, foi batendo os recordes de seus antecessores em igual momento. Nenhum presidente da República foi mais bem avaliado que ela. Nem Lula.

Nas mais recentes, seus números igualam ou ultrapassam as expectativas da população antes que começasse a governar. Em outras palavras: a maioria imaginava que seria uma presidenta “ótima”ou “boa” e acha que é isso que ela está sendo.

Para o eleitorado, quando disputou e venceu a eleição de 2010, Dilma fez uma promessa fundamental: faria um governo de continuidade. Era o que as pessoas queriam. Apesar das dificuldades, elas entendem que Dilma cumpriu seu compromisso nos primeiros 24 meses do mandato.

Ela manteve as políticas mais claramente identificadas com Lula, como o Bolsa Família, o ProUni, o Minha Casa Minha Vida. Não houve mudança na retórica ou em sua implementação. Foram ampliadas e aperfeiçoadas. Prosseguindo a principal opção da política econômica que herdou, renovou a aposta no mercado interno e continuou a procurar a expansão do emprego, da renda e do consumo.

As pesquisas mostram que insistir nas políticas do governo Lula nunca foi demérito para ela. A vasta maioria da população não desejava que fossem alteradas ou esperava que quem havia sido parte importante do governo anterior as mudasse. Com o agravamento da crise na economia internacional. Essa continuidade mostrou-se mais significativa. Em vez de retroceder e voltar à prática conhecida de “apertar os cintos”, diminuindo gastos públicos e controlando a moeda, o governo manteve suas escolhas. E as aprofundou.

No segundo semestre de 2012, o governo mudou o discurso e passou a agir para corrigir velhas distorções no funcionamento da economia, algumas particularmente prejudiciais ao cidadão comum. Juros estratosféricos, impostos exorbitantes, preços abusivos da energia elétrica, incompetência e falta de transparência das prestadoras de serviços públicos básicos, coisas que as pessoas consideravam males eternos e sem remédio, começaram a mudar.

Em razão disso, cresceu a aprovação das ações do governo em relação, por exemplo, à inflação (entre junho e 2011 e setembro de 2012, a desaprovação caiu de 56% para 45%) e à taxa de juros (a aprovação subiu de 29% para 49%, no mesmo período). Alguns dos poucos temas de política econômica em que a insatisfação predominava diminuíram de gravidade.

Terminamos o ano com o aumento das preocupações relativas à crise, mas com a maioria da população acreditando que o Brasil está mais preparado que o resto do mundo para superá-la. Ainda bem que é pequena a credibilidade do noticiário econômico produzido pela imprensa oposicionista, que nos diz que vivemos à beira do abismo.

As pessoas acreditam que o País e o governo vão bem, seja porque a economia está corretamente administrada, seja porque a opção social que caracteriza as administrações petistas foi mantida. Mas também porque a presidenta está sendo, desde o início, uma boa surpresa. Sua “maneira de governar” é aprovada por 77% e reprovada por 18%. Confiam nela os mesmos 77% e há 22% que dizem que não. Nas duas dimensões, as respostas positivas vêm aumentando desde 2011.

É a primeira vez que temos no Planalto alguém como ela. Que não chega lá para fazer “grandes mudanças”, mas para continuar. Que não exibe uma biografia de “coisas notáveis”, mas um perfil de administradora e gerente. Que não tem passado na política e revela pequena paciência com seus hábitos e personagens.

Com tantas particularidades, ela tinha um enorme desafio quando tomou posse: governar o País sem deixar que a população sentisse saudade de Lula. Não era fácil suceder “o melhor presidente que o Brasil já teve”, de acordo com a opinião majoritária. Mesmo para políticos experientes seria difícil. Imagine-se para quem estava em começo de carreira.

Ao longo do primeiro ano, enfrentou e resistiu ao desgaste de uma série de problemas nos ministérios. Diversos ministros acabaram substituídos, quese todos por suspeita de irregularidades, algumas graves, outras menores. Em nenhum episódio foi vista como conivente ou tolerante. Atravessou-os como a maior interessada no seu esclarecimento, como quem queria aproveitá-los para fazer uma “faxina” na administração federal.

No exterior, sempre foi considerada uma importante liderança, que assumiu, com naturalidade, o papel de porta-voz de um Brasil com mais protagonismo.

O segundo semestre de 2012 tinha todos os ingredientes para ser um inferno astral para Dilma. Na economia, estabeleceu-se uma conjugação perversa de problemas complicados: crise na economia internacional, aumento das pressões inflacionárias internas, uma sensível retração na indústria.

Na política, o jogo pesado da oposição extrapartidária, procurando transformar o julgamento do “mensalão” em um tribunal de condenações ao PT e suas lideranças. A mídia conservadora, o empresariado que a sustenta e os setores da sociedade inconformados com a longa duração da hegemonia petista apostavam que enfraqueceriam o partido. Com isso, que fragilizariam o governo, seja o desgastando diretamente, seja por meio do aumento do custo público de manter o bloco situacionista em condições operacionais no Congresso. Embora ainda vá correr muita água sob a ponte nesse front, o saldo da atual etapa da guerra do “mensalão” foi negativo para as oposições. O efeito eleitoral imediato que buscavam, ao interferir na eleição municipal, foi pequeno. O julgamento não teve consequências relevantes na escolha dos prefeitos.

Pelo que revelaram as pesquisas, especialmente qualitativas, realizadas durante a eleição, nem Dilma nem o governo estiveram em discussão, sequer entre as parcelas do eleitorado sensibilizadas pelas críticas ao PT. O que reprovavam no partido e no comportamento das lideranças condenadas nunca foi estendido à presidenta. Com isso, assim como enfrentou a piora do cenário econômico dando resposta positivas, ela atravessou o julgamento com a naturalidade de quem não tem contas a prestar pelo que aconteceu em 2005.

A eleição de outubro foi uma espécie de batismo para Dilma. Pela primeira vez, subiu ao palanque para pedir votos para outras pessoas. Nos diversos balanços de resultados publicados pela mídia conservadora, prevaleceu a noção de que ela fora malsucedida no novo papel. Que seus candidatos não emplacaram.

É uma avaliação incorreta. Nunca é decisiva a influência do apoio presidencial na escolha dos prefeitos. Como mostra nossa história recente, presidentes mal avaliados não enterram seus candidatos e mesmo os mais populares não fazem milagres. De positivo, a principal contribuição que podem dar é servir de argumento para correligionários e aliados, permitindo que usem com proveito seu nome e realizações.

Isso Dilma ofereceu a candidatos do Brasil inteiro, o que a torna corresponsável pelos bons resultados de seu partido. O saldo de sua entrada direta na eleição em determinadas cidades não deve ser medido pelo número de prefeitos eleitos – mesmo que tenha desempenhado papel nada irrelevante na vitória de Fernando Haddad, a mais importante. Ao subir ao palanque, ela mostrou-se mais do que uma administradora competente ou uma “gerente”. Assumindo papel eleitoral, Dilma sinalizou para o sistema político que faz parte dele, à sua maneira, mas de forma plena. O que ela não podia era se recusar a essa identificação.

Em termos dos indicadores da popularidade, aconteceu na eleição municipal de 2012 o que ocorrera nas anteriores: uma alta da aprovação. Se todos os antecessores se beneficiaram, não havia razão para imaginar que não se repetiria com Dilma.

Ao olhar as pesquisas disponíveis, o que se vê é que o PT está indo para a próxima eleição presidencial com nítido favoritismo. Nas que estão sendo feitas atualmente, seus dois possíveis candidatos lideram com folga. Seja Lula, seja Dilma, têm, sozinhos, mais de quatro vezes a soma dos adversários.

Quando um partido tem um nome com 60% e outro com 70% das intenções de voto, a decisão a respeito de qual deve concorrer deixa de ser eleitoral e passa a ser exclusivamente política. Quando, juntos, têm 80% dos votos espontâneos, a questão se torna estratégica e não instrumental.

Muita coisa pode acontecer até o fim de 2013 e o início de 2014, quando a escolha tiver de ser feita. A guerra do “mensalão” não terminou e novas batalhas vão acontecer no futuro próximo, agora que os antilulopetistas se descobriram tão amigos de alguns integrantes do Judiciário.

Nada sugere que a imagem do governo venha a atravessar perturbações significativas em 2013, a ponto de impactar na eleição. Salvo uma hecatombe altamente improvável, o mais certo é que Dilma e o governo mantenham níveis de aprovação semelhantes aos de agora.

Devemos a Fernando Henrique Cardoso uma curiosidade de nosso sistema político: em um país que cultua o futebol, todo ano de eleição presidencial tem Copa do Mundo (se ele não tivesse reduzido para 4 anos o mendato em troca da reeleição, as duas só coincidiriam a cada 20 anos). Temos suficiente experiência para saber que as duas coisas não são relacionadas. Ganhar ou perder nos gramados foi irrelevante nas eleições de 1994 para cá. Em 2014, o caso é outro. Não que a eleição dependerá do futebol. O relevante é a outra Copa que, simbolicamente, estaremos disputando. Um campeonato para mostrar ao mundo e a nós mesmos que somos capazes de organizar com competência o evento. Onde os adversários serão nossos problemas crônicos – nos transportes, nas comunicações, na saúde, na segurança pública, na mobilidade urbana, nos aeroportos e rodovias.

Essa Copa é mais importante para as pessoas do que o resultado esportivo. Elas lamentarão muito mais se ocorrerem falhas na organização do que se a Seleção for goleada. Se houver problemas, a responsabilidade será do governo federal e da presidenta. Tudo o que acontecer de ruim cairá em seu colo. E podemos apostar a quem nossa “grande imprensa” atribuirá a culpa.

A final da Copa do Mundo vai acontecer em 13 de julho de 2014. Dali a dois meses e meio, teremos a eleição. Tudo o que conhecemos hoje sobre a opinião pública brasileira aponta para o favoritismo do governo. O que ele não pode é ignorar que será julgado na véspera pelo que ocorrer na Copa do Mundo.

Se existe uma prioridade para Dilma nos próximos dois anos, é organizar uma Copa do Mundo sem problemas. Ao menos, sem os problemas evitáveis.

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