Astronauta brasileiro - Um passeio de 10 milhões de dólares

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Astronauta brasileiro - Um passeio de 10 milhões de dólares

#1 Mensagem por Carnage » 10 Abr 2006, 09:29

Um passeio de 10 milhões de dólares


Por Ronaldo Rogério de Freitas Mourão*


Como um dos parceiros no projeto de construção da ISS (Estação Espacial Internacional), o Brasil assumiu o compromisso de construir algumas peças -ao custo de US$ 120 milhões. Além de dar treinamento, a Nasa se encarregaria de enviar Marcos Cesar Pontes ao espaço; tudo sem custo adicional.

Sob o ponto de vista político, a Missão Centenário só terá repercussão no Brasil nas classes menos esclarecidas

Entretanto, o Brasil não tem honrado o compromisso de arcar com os custos das peças, enquanto outros países fazem suas contribuições para a montagem da estação. Em conseqüência, os astronautas dessas nações têm prioridade para voar, e Pontes acabava sendo preterido, ficando sempre para o fim da fila. A situação se agravou com o acidente do Columbia, em 2003, quando a frota norte-americana de veículos espaciais foi desativada.

O transporte para a ISS passou a ser feito com a espaçonave russa Soyuz. Esta, porém, tem tripulação de só três astronautas, enquanto a lançadeira comportava sete. A redução do número de assentos fez com que a fila de espera em que estava Pontes aumentasse.

O vôo de Marcos Pontes (444º astronauta ao espaço) é, na realidade, uma grande jogada eleitoreira do governo. Ela não irá contribuir em nada para reafirmar o programa espacial brasileiro.

Na realidade, Pontes poderia ir ao espaço em 2009, de graça, sem pagar os US$ 10 milhões, se o Brasil tivesse cumprido o acordo de construir algumas peças para a ISS. É mais importante cumprir essa tarefa do que enviar um brasileiro ao espaço, pois ela irá gerar um desenvolvimento tecnológico no Brasil.

Muito mais importante é destinar recursos para tornar realidade nosso programa espacial. Há mais de 10 anos, o nosso veículo lançador de satélites, o VLS, está sofrendo uma "sabotagem governamental", pois as verbas foram reduzidas no fim do governo Sarney, que estabeleceu o acordo de colaboração espacial durante visita à China.

Nosso programa espacial não será beneficiado com o vôo do astronauta brasileiro. Convém salientar que as críticas relativas à Missão Centenário não atingem Pontes, que, competente, vai levar a bom termo as oito experiências programadas. No entanto, os ganhos científicos serão muito reduzidos. Não são experiências prioritárias. Elas poderiam ser realizadas em 2009.

Sob o ponto de vista político, a Missão Centenário só terá repercussão no Brasil nas classes menos esclarecidas. Aliás, a associação do envio do astronauta brasileiro com o vôo do 14 Bis vai colocar em evidência que o Brasil, em cem anos, sofreu um grande atraso.

Naquela época, fomos os primeiros a controlar a dirigibilidade dos balões e a levantar vôo com um veículo mais pesado que o ar, graças à iniciativa de Santos Dumont. No presente, o governo gasta US$ 10 milhões para colocarmos um astronauta no espaço -sendo que mais de 30 países já o fizeram-, usando lançadores de outros países.

Talvez seja por causa disso que não existe em relação ao astronauta o mesmo senso de patriotismo que envolve o feito de Santos Dumont. Na realidade, o que existe é certa euforia, e não patriotismo. É esse espírito que o governo atual quer captar para a sua reeleição.

Criticar o gasto desnecessário não é falta de patriotismo. Ao contrário, é um ato de patriotismo -e até mesmo de coragem, durante determinados regimes. Na verdade, a falta de sensibilidade dos governos em relação à pesquisa científica e tecnológica no Brasil constitui um ato de desrespeito dos políticos com o futuro de nossa pátria.

A Índia e a China já têm os seus lançadores há mais de dois decênios. Começaram seus programas na mesma época que o Brasil. A Índia vem lançando os seus satélites por meios próprios. A China foi o terceiro país a colocar um astronauta no espaço com seus lançadores. Não lançou nenhum homem no espaço com o auxílio de outro país.

O importante é que as autoridades do governo do Brasil compreendam que o programa espacial é fundamental para a economia (o transporte de satélites é um comércio muito lucrativo) e para a segurança nacional, assim como para o progresso cientifico e tecnológico, tendo em vista o seu efeito nas mais diferentes indústrias, como na eletrônica.

O atraso do nosso programa espacial já deveria ter provocado uma CPI sobre o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro. Quando a URSS colocou o primeiro satélite artificial em órbita, houve um questionamento por parte dos políticos norte-americanos para saber a razão pela qual os EUA não conseguiram fazê-lo com sucesso antes dos russos. Até o sistema de ensino foi questionado. No Brasil, se perdermos a Copa do Mundo, será uma verdadeira crise..

*Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, 70, astrônomo, doutor pela Universidade de Paris, é criador e primeiro diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins (RJ). É autor de mais de 70 livros, dentre os quais "Anuário de Astronomia 2006".

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Maestro Alex
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#2 Mensagem por Maestro Alex » 10 Abr 2006, 09:50

Belo artigo Carnage...
Depois de ler não dá para colocar muita coisa mais sobre o tema. O importante é não esquecer que estamos em ano de eleições, e é bom pensar além de eleição de Presidente, sabendo que é importantíssimo renovar o Congresso. E sobre tudo não deixar que a Copa do Mundo (que é nossa), nos tire a possibilidade de ver o resto, que é muito mais importante mais uma estrela na camisa da Seleção. Devemos estar atentos a todo e a tudo o que acontece com o nosso querido pais, que teima em não sair da UTI.

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John Paul
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#3 Mensagem por John Paul » 10 Abr 2006, 11:36

Concordo com quase tudo no artigo, só gostaria de acrescentar que os dez milhões não são assim tão relevantes já que aqui se gasta dinheiro para construir pontes que ligam o nada a lugar algum, já se poz no nordeste dinheiro para construir um aceano e o povo continua sem água, os desvios de verba disso e daquilo. O programa espacial não só aqui mas em todo o mundo é uma das maiores fontes de desenvolvimento técnologico e olha que foi gerado pela maior fonte de desenvolvimento do século XX, a "Guerra", é só ver os progressos gerados nas duas guerras mundias, querendo ou não; aí se vê a criatividado do ser humano em querer obliterar outro ser humano.
Se foi propaganda ou não, uma hora teria que acontecer o bendito vôo, era inevitável e se lembrar houveram uns dois ou tres "turistas espaciais" que pagaram o dobro pelo passeio, não estou justificando o governo mas ...

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wheresgrelo
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Investimento em Ciência e Tecnologia P&D

#4 Mensagem por wheresgrelo » 10 Abr 2006, 18:18

Amigos,

diante do tópico não poderia passar ileso à parte que me toca. A Pesquisa o Desenvolvimento a Inovação Tecnologia na nação Tupíniquim, hoje não passa de blefe. Vejamos o prêmio Jovem Cientista que é patrocinado por dois dos maiores grupos de informação e industria do Brasil, porém num belo dia com o pé quebrado o então presidente (graças a Odin está acabando), preferiu prestigiar ao Grupo de Escárnio Casseta e Planeta, a estar presente no evento de maior demonstração das nossas potencialidades. Sorry pela minha licença poética. [SHAZAN] Voltei a condição de putanheiro.

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Commander
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#5 Mensagem por Commander » 10 Abr 2006, 18:19

Poxa quantos TDs dava pra fazer com essa grana toda.......... :lol: :lol: :lol:

Aí sim o cara iria se sentir nas alturas......... :roll: :roll:

Abraços

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NUMABOA
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#6 Mensagem por NUMABOA » 10 Abr 2006, 19:33

eu queria era fazer um td no espaço com a sylvia saint,tem um filme dela fazendo sexo em gravidade 0(foi feito num aviao dando mergulhos)

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#7 Mensagem por ElPatrio » 10 Abr 2006, 19:52

Excelente texto!!!

E o imprressionante é ver a mídia fazendo parte dessa farça.

Espero que pelo menos essa missão idiota sirva para aguçar a curiosidade nas crianças pela astronomia e ciência em geral.

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Onsly
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#8 Mensagem por Onsly » 10 Abr 2006, 22:54

Desculpe Carnage mas desta vez terei que discordar...

Esse artigo exemplifica claramente os profissionais frustrados que existem no mercado, o tipozinho "intelectual" que só existe para reclamar das atitudes alheias e não sabe ser imparcial.

Para demonstrar o outro lado da história postarei abaixo um artigo (que acho bem mais sensato) e um bate-papo com o repórter brasileiro de maior renôme em Astronomia (Salvador Nogueira).
O valor de um astronauta

Os críticos são soterrados pelos fatos. Um a um, eles tentam dizer que o valor de um astronauta brasileiro, nas circunstâncias atuais, é nada ou quase nada, que tudo não passa de um delírio megalomaníaco ou de um esforço político-eleitoreiro (não tão) barato. O que eu sugiro a todos esses críticos é que eles simplesmente dêem um passo para trás, com o objetivo de enxergar o que está realmente acontecendo à volta deles, em vez de brigar com a imagem.

O astronauta é uma figura quase arquetípica. É um herói dos nossos tempos. É o exemplo pelo qual as crianças se inspiram, é a referência do que há de melhor no ser humano. As pessoas precisam dos astronautas. É com eles que elas se identificam, nesse esforço caro mas necessário de desvendar os segredos das estrelas. O astronauta representa o idealismo e a curiosidade que todos gostamos de cultivar. Não é à toa que a presença de um viajante espacial causa tamanho impacto na sociedade.

Eu nunca vi a Rede Globo gastando dez minutos por dia em seu "Jornal Nacional" para falar de um tema espacial --nacional ou estrangeiro-- antes. Todos os jornais impressos trazem notícias diárias sobre o andamento da Missão Centenário, nem que seja para contar pequenas curiosidades de como Marcos Cesar Pontes está vivendo a bordo da Estação Espacial Internacional.

Nesta mesma Folha Online, uma enquete recente mostra que, para 76% das pessoas, a presença de um astronauta brasileiro no espaço aumentou seu interesse pelo tema. Eu acho difícil que toda essa resposta seja somente porque as pessoas são bobas, como gostariam de fazer crer os críticos. Prefiro pensar que, quando falamos de homens e mulheres no espaço, tocamos num nervo social que os críticos preferem ignorar.

Eu, pessoalmente, duvido que houvesse tanto apoio popular aos programas espaciais dos Estados Unidos, da Rússia, da Europa, do Japão e do Canadá, não fossem seus segmentos tripulados. O astronauta é o ponto de contato entre o esforço espacial e a população --é o elemento humano, insubstituível.

Só por isso, e por mais nada, já seria perfeitamente justificável defender que o Brasil tenha um segmento tripulado em seu programa, e que continue a investir nesta linha, treinando novos astronautas, após a volta de Pontes. Mas limitar a argumentação a isso seria muito pouco.

É inegável que os programas tripulados são os mais vistosos, e que desenvolver essa linha é uma ação de cunho estratégico e sinalizador no âmbito da política internacional. Numa iniciativa sábia, em 1997, o Brasil não se limitou a treinar um astronauta, mas contextualizou isso na entrada do país no programa de construção da Estação Espacial Internacional. A visibilidade ganha pelo país com a iniciativa --que nem foi tão cara quanto gostam de sugerir seus detratores-- é óbvia. A estação é o maior projeto de cooperação internacional já realizado na história da humanidade. Dele figuram as maiores potências tradicionais, mais o Brasil --único país em desenvolvimento na lista.

Falem o que quiser, mas participar da ISS pinta uma boa imagem para que o Brasil defenda, por exemplo, sua posição para conquistar um assento no Conselho de Segurança da ONU. É uma demonstração clara de disposição do país para se envolver em projetos internacionais de vulto. Há um valor estratégico importante em ter astronautas.

Não é à toa que a China decidiu desenvolver seu próprio programa espacial tripulado e já realizou, sozinha, dois lançamentos com astronautas, em 2003 e 2005. Outros emergentes na Ásia, como a Coréia do Sul, estão também tentando emitir essa sinalização --os coreanos estão decididos a bancar o envio de astronautas próprios ao espaço com os russos.

Padeceram, no entanto, de falta de visão: como não são participantes da ISS, são agora obrigados a entrar no fim da fila, que já conta com dois turistas espaciais auto-financiados, um japonês e um húngaro. Resultado: a primeira viagem de um sul-coreano não deve acontecer antes de 2008. O Brasil, como é um país participante, teve prioridade e saltou logo para o início da fila; daí o vôo de Pontes ter ocorrido agora.

E tudo isso sem entrarmos no mérito do que de bom produziu a missão do astronauta brasileiro, em termos concretos. Claro que há muito o que dizer aí também.

Primeiro: a Missão Centenário consistiu na primeira utilização nacional dos recursos da ISS para experimentos. Como o Brasil segue sendo um dos países participantes, as pesquisas devem continuar ocorrendo a bordo, mesmo sem a presença de um astronauta brasileiro.

Há quem diga que os experimentos enviados com Pontes ao espaço não são lá grande coisa. Para alguns deles, isso é mesmo verdade. No entanto, é bom que se diga que esta não é uma deficiência do programa espacial. À AEB (Agência Espacial Brasileira) cabe a responsabilidade de oferecer aos pesquisadores brasileiros as condições de fazer pesquisa de microgravidade importante; aos pesquisadores, cabe a responsabilidade de criar experimentos à altura.

Com o tempo, é natural que os experimentos brasileiros se tornem mais sofisticados, de forma a explorar de modo mais completo os recursos da estação. O próprio Pontes, em entrevista recente dada do espaço, pediu que os críticos da missão na comunidade científica propusessem experimentos que dessem bom uso à ISS no futuro --ou seja, o importante é que a porta está aberta para nós.

Além disso, a Missão Centenário propiciou aos pesquisadores brasileiros a primeira oportunidade de qualificar experimentos para uma nave tripulada --tarefa que é mais complicada do que soa. Uma série de procedimentos de segurança precisa cercar os equipamentos, de forma a proteger os astronautas que irão manuseá-los no espaço. A experiência brasileira nisso era quase zero (mesmo nos experimentos que o Brasil havia enviado ao espaço nos ônibus espaciais americanos, oito anos atrás, o envolvimento nacional com os procedimentos de segurança foi mínimo), agora já sabemos como fazer.

Quem saiu ganhando foi o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que teve o seu LIT (Laboratório de Integração e Testes) certificado para preparar experimentos de missões tripuladas. É um selo de qualidade que cai bem a essa instalação, que não deve nada a outras do tipo localizadas em outros países, supostamente "mais desenvoltos" que nós em tecnologias espaciais.

Todo mundo fala que ter astronautas é coisa para gente grande, com vultosos programas espaciais. Então vale lembrar que o orçamento da Roskosmos, agência espacial russa, para 2006 é de pífios US$ 900 milhões --e eles fazem dois vôos tripulados e quatro vôos de carga à ISS todo ano. O orçamento do Brasil, que agora começa a ter feições mais adequadas às propostas do país no espaço, se aproxima dos US$ 200 milhões. Aposto que você achava que a diferença seria maior, não é?

Pois é. Claudio Angelo usa como termo de comparação a missão Cassini-Huygens, parceria entre Nasa e ESA para a exploração de Saturno e suas luas. Não poderia haver comparação pior --o custo dessa missão é amortizado nos orçamentos desde os anos 1980, quando começou a ser desenvolvida! Ninguém faz um projeto desses de um ano para o outro, e até mesmo o Brasil pode se dar ao luxo de ter associações modestas com missões como esta --iniciativas que dariam tremenda visibilidade, com potencial baixo custo.

É nesses moldes, por exemplo, que se dá a participação brasileira no satélite franco-europeu Corot, que fará uma busca sistemática por planetas como a Terra fora do Sistema Solar. Com lançamento marcado para o ano que vem, o Corot ganhou envolvimento brasileiro com a mera cessão das antenas de Alcântara para a recepção dos dados do satélite. A um custo muito baixo, o Brasil se tornou parceiro no projeto, com direito sobre os dados científicos.

O Brasil é um país que só agora começa a se destacar para valer em missões espaciais de vulto. Parcerias como essas devem ser encorajadas, não criticadas e alvejadas. A oportunidade de lançar um astronauta brasileiro serve como um símbolo para tudo isso, e, se eu fosse presidente da AEB, o que eu faria, assim que Marcos Pontes pusesse os pés no país, é convocar uma coletiva e, ao lado do nosso primeiro astronauta, anunciar que a agência faria nova seleção para futuros viajantes espaciais.

Sérgio Gaudenzi, atual presidente da AEB, tem batido numa tecla importante, ao dizer repetidas vezes que o programa espacial precisa ser um programa de Estado, não de um ou outro governo. Símbolos maiores que a vida, como os astronautas, podem muito bem alavancar isso.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pens ... 3u28.shtml
Bate-papo com Salvador Nogueira

Confira abaixo a íntegra do bate-papo. O texto abaixo reproduz a forma como os participantes digitaram.

"Bem-vindo ao Bate-papo com Convidados do UOL. Converse agora com o jornalista Salvador Nogueira sobre a missão espacial da qual participa Marcos Cesar Pontes, o primeiro astronauta brasileiro. Para enviar sua pergunta, selecione o nome do convidado no menu de participantes. É o primeiro da lista.

(05:02:19) Salvador Nogueira: Olá, pessoal, obrigado por terem vindo. Fiquem à vontade para perguntar o que quiserem, que também ficarei à vontade para responder o que eu quiser. :-) Brincadeira! Obrigado a todos pela presença!

(05:03:02) saulowan fala para Salvador Nogueira: quais serão os experimentos na estação com desdobramentos para a pesquisa tecnológica no Brasil?

(05:05:01) Salvador Nogueira: Saulowan, os experimentos são variados. Com mais aplicação prática eu vejo especificamente o que a Embrapa preparou, sobre germinação de sementes no espaço. Esses experimentos são relativamente comuns nos programas espaciais tripulados internacionais, mas esta é uma oportunidade para testarmos a semente de uma espécie de planta tropical, típica do nosso país, de nosso interesse. A idéia é ver qual a influência que a gravidade tem no desenvolvimento dessas plantas. Mas, claro, para que isso tenha algum impacto ou desdobramento no país será preciso que se dê continuidade à pesquisa. Não se faz ciência com 1 experimento.

(05:05:07) xico fala para Salvador Nogueira: olá, gostaria de saber o que ele acha das pessoas que dizem que gastar milhões ou bilhões de dólares na exploração espacial é um desperdício de dinheiro?

(05:07:04) Salvador Nogueira: Xico, eu acho isso um absurdo. Porque até agora o dinheiro voltou com sobras. Quanto não se ganha com transmissões de TV via satélite? Com o desenvolvimento de microprocessadores cada vez menores? Com tecnologias de energia limpa, como as células a combustível? São todas tecnologias derivadas da pesquisa espacial, que resultam em benefícios e incrementos à economia. O dinheiro volta. Claro, não volta para quem investe. Primeiro é preciso o governo gastar um monte, enquanto a atividade é anti-econômica. Depois que surgem os produtos derivados, a iniciativa privada pode entrar e então explorar os nichos abertos pelo poder público. É assim que funciona.

(05:07:19) Mateus Schäffer fala para Salvador Nogueira: Salvador. Qual é a sua opinião a respeito das recentes pesquisas de vôos orbitais para civis comuns?

(05:08:22) Salvador Nogueira: Mateus, sou totalmente a favor do turismo espacial, como uma forma justamente de fazer "o dinheiro voltar". Além disso, o interesse de civis comuns por essa atividade pode aumentar o número de vôos e estimular o desenvolvimento de tecnologias mais baratas de acesso ao espaço --só coisa boa.

(05:08:29) barbcout fala para Salvador Nogueira: tenente-brigadeiro-do-ar Carlos Augusto Leal Velloso, afirmou que a viagem do astronauta brasileiro ao espaço é "questão de marketing" e que a experiência "não trará nenhum avanço científico para o Brasil". Gostaria de saber o quão isso é verdadeiro.

(05:10:35) Salvador Nogueira: Barbcout, se os experimentos se resumirem a essa oportunidade e ninguém der continuidade a eles, é verdade que de nada terá servido. Por isso, é importante que a sociedade civil seja vigilante, com este e com o próximo governo, para que se dê continuidade ao programa. É preciso lembrar que o Brasil é um dos países participantes da ISS e, se honrar seus compromissos, pode enviar experimentos para lá mesmo quando o astronauta brasileiro não estiver lá. E temos oportunidades de fazer experimentos mais curtos, com alguns minutos de microgravidade, em foguetes brasileiros já existentes. O importante é não deixar o que o vôo do astronauta iniciou acabar como um mero espetáculo de viés político.

(05:10:46) Dulcidio fala para Salvador Nogueira: Olá Salvador. Você esteve presente ao vivo e em cores (que inveja!) na coletiva lá na Rússia. E provocou uma sistuação de "saia-justa", não foi? Conte-nos melhor sobre isso e outras coisas interessantes da sua viagem.

(05:12:54) Salvador Nogueira: Dulcidio, é verdade. Fui criticado por um membro da agência espacial russa por mencionar que o astronauta americano, assim como o nosso, teve de comprar seu assento na nave Soyuz que parte em 30 de março. A verdade é que eles lá na Rússia (resquício da União Soviética) têm horror a ouvir de nós que eles estão "vendendo" alguma coisa (isso é coisa de capitalista, credo!). Quando perguntei algo parecido para a curadora do museu que há na Cidade das Estrelas, ela teve uma reação parecida. Em vez de responder à minha pergunta, ela disse: "Oh, não, nós não vendemos assentos. Nós fazemos acordos de cooperação". Santo eufemismo, Batman! :-)

(05:13:52) Determinista fala para Salvador Nogueira: Salvador, mas precisava ser um voo tripulado para fazer estes tipos de experimentos?

(05:15:46) Salvador Nogueira: Determinista, preferivelmente sim, mas tecnicamente não. Vale lembrar que o Brasil desenvolve atualmente um projeto de um satélite capaz de reentrar na atmosfera da Terra após um tempo em órbita. Isso seria ótimo para fazer experimentos de longa duração não-tripulados. Mas o desenvolvimento dessa tecnologia custaria imensamente mais caro, a curto prazo, do que pagar US$ 10 milhões e pegar uma carona na Soyuz. Para o atual estágio do nosso programa, não consigo ver um esforço menos custoso do que ir de Soyuz, com o astronauta brasileiro. É um bom começo. O problema é se morrer aí. Isso é que não pode acontecer.

(05:16:24) xico fala para Salvador Nogueira: você acha que algum dia o brasil pode ser auto-suficiente na área de exploração espacial (seguindo os passos de índia e china)?

(05:18:27) Salvador Nogueira: Xico, acho que pode sim. Pode e deve. O Brasil, na verdade, é um dos países que possui maior tradição espacial. Nosso interesse remonta a 1960, três anos apenas depois do lançamento do primeiro satélite artificial. O que mina o nosso programa é a falta de priorização pelo governo e a inconstância de recursos. Ainda assim, no setor de satélites, trabalhamos de igual para igual com gente como a China, com quem desenvolvemos satélites de sensoriamento remoto conjuntamente. Então, acho bem possível que o Brasil consiga acompanhar esses outros países, se o programa deixar de ser algo de um governo para se tornar algo de uma nação.

(05:18:37) Marcus fala para Salvador Nogueira: Boa tarde, gostaria de saber sua opinião sobre como o Brasil está no cenário mundial da astronomia? Está sendo considerado uma nação fortemente capacitada para futuras jornadas e estudos?

(05:20:59) Salvador Nogueira: Marcus, na astronomia o Brasil é campeão. É um dos países que mais se destacam na área. Temos uma boa participação no Soar, um telescópio no Chile que construímos em parceria com os americanos, e também temos uma porcentagem no uso dos telescópios Gemini Norte e Sul. O Brasil publica muito na área e faz pesquisa importante, como por exemplo o trabalho de Augusto Damineli, da USP, com a estrela Eta Carinae, que é tido como maior especialista no estudo desse astro gigante.

(05:21:33) Mateus Schäffer fala para Salvador Nogueira: Apenas os civis ricos poderiam entrar nesse turismo espacial, não acha?

(05:23:06) Salvador Nogueira: Mateus, hoje sim. Para ir à Estação Espacial Internacional você precisa de US$ 20 milhões. Mas isso pode mudar. O desenvolvimento de naves suborbitais mais baratas já está a caminho, de modo que você possa fazer uma curta viagem ao espaço por uns US$ 150 mil. E, se a estratégia der certo, o custo pode cair ainda mais nos próximos anos. Claro, nunca vai ser tão barato quanto andar de avião (o que já é bem caro), mas vai ser acessível a uma parcela significativa da população mundial, sobretudo entre os primos ricos do hemisfério Norte.

(05:23:53) edu fala para Salvador Nogueira: Qual a vantagem que o Brasil vai ter mandando este astronalta pro espaço, ou é só o nosso dinheiro que vai.

(05:25:36) Bruno fala para Salvador Nogueira: Para nós brasileiros, a ida de um astronauta de nossa país, será um grande passo , para nossa conquista espacial e cientifica. correto. Ao seu ver, o Brasil ganhará ou perderá com isso? quais as vantagens que serão obtidaspor este mérito alcançado.

(05:26:19) Salvador Nogueira: Edu, as vantagens são muitas, algumas de valor incalculável. Por exemplo: quantos jovens não se inspirarão com a viagem e decidirão estudar e perseguir uma carreira em ciência? O espaço, e a Nasa sabe muito bem disso, é uma ótima oportunidade para fascinar os jovens com a ciência. Outro potencial benefício é o chamariz que o vôo criará para o programa espacial brasileiro. No âmbito nacional, pode sensibilizar o(s) governo(s) a investirem mais na área. No âmbito internacional, chamará a atenção dos mercados externos para a nossa indústria espacial. Isso tudo sem falar no mais objetivo: a oportunidade de realizar experimentos no maior e melhor laboratório de microgravidade do mundo, a Estação Espacial Internacional.

(05:26:21) Pedro-sjc fala para Salvador Nogueira: Boa Tarde. Eu sou filho de um grande amigo do Marcos Pontes, moramos nos EUA na mesma época e mesmo local. Como todo amigo, eu tenho preocupações quanto à segurança do vôo, até porque assisti a alguns desastres nesse ramo (na TV, claro). O que você poderia me dizer sobre isso?

(05:29:02) Salvador Nogueira: Pedro, exploração espacial e risco são sinônimos. Então, não posso te dizer que a chance de uma catástrofe é zero. O que posso te dizer, no entanto, é que a Soyuz é um veículo extremamente confiável e inerentemente seguro -- ou seja, não depende de controles artificiais para fazer uma reentrada com sucesso na atmosfera, a própria aerodinâmica cuida disso. Não há acidente fatal com uma Soyuz desde 1971. A espaçonave é usada desde 1967. Mais de 200 foram lançadas, apenas 2 resultaram em morte da tripulação (um total de quatro cosmonautas perdidos). O registro é bom. O Marcos Pontes, que já foi piloto de prova de avião, já esteve em apuro muito maior que esse num cockpit de avião. ;-)

(05:29:07) edu fala para Salvador Nogueira: O que este piloto brasileiro vai fazer lá?

(05:30:31) Salvador Nogueira: Edu, o astronauta irá realizar experimentos preparados por cientistas brasileiros. Mas seu trabalho não se resume a isso. Nos últimos sete anos, ele não só adquiriu todo o treinamento para essa viagem espacial como sofreu na função de burocrata, representando o Brasil na Nasa diante dos outros 15 países participantes do projeto da ISS.

(05:30:32) Loirinho sarado fala para Salvador Nogueira: O "astronauta" brasileiro não está pronto ainda, não está suficientemente treinado para essa missão. Os cientistas ainda podem mudar de idéia e ele não ir.

(05:31:47) Salvador Nogueira: Loirinho sarado, a missão não será adiada. E todos os envolvidos estão trabalhando duro para que o Pontes tenha todo o treinamento necessário para a execução dos experimentos antes do lançamento. De toda forma, é importante ressaltar que o único problema é o treinamento com os experimentos. Do ponto de vista de segurança, o astronauta brasileiro está mais que pronto para voar.

(05:32:04) Délbio Lima fala para Salvador Nogueira: Boa tarde Salvador Nogueira... o que você está achando da ideia de ir um astronauta brasileiro no espaço?

(05:33:39) Salvador Nogueira: Délbio, tenho duas respostas. Uma como jornalista: acompanho isso com um olhar crítico; é preciso que a sociedade civil não deixe que a ida do astronauta seja apenas um espetáculo, mas um marco para um vigoroso programa espacial nacional. Como cidadão: estou achando uma grande oportunidade para mostrar lá fora que o Brasil é mais que futebol e Ayrton Senna (com todo respeito ao grande campeão da F1 e aos que vestem a amarelinha).

(05:33:46) Olimpo fala para Salvador Nogueira: me fale da chances de ingressar outro astronauta brasileiro na nasa e se isso acontecer qual é o tempo p estar pronto p realizar uma tarefa como a do Pontes ?

(05:35:15) Salvador Nogueira: Olimpo, logo depois da escalação do Pontes, em 1998, as chances de um segundo astronauta nacional eram altas. Numa época, a AEB (Agência Espacial Brasileira) chegou até a anunciar novo processo de seleção. Mas de lá para cá a participação brasileira na ISS foi severamente reduzida, e não há perspectiva atual da preparação de um segundo astronauta. De toda forma, estou certo de que quem vai mais lutar para ver isso acontecer é o próprio Pontes, que já declarou que é o primeiro, mas não quer ser o último.

(05:35:43) H Ctba fala para Salvador Nogueira: A Russia cobrou US$10 milhoes para levar o astronautra brasileiro... peraí... este é exatamente o valor cobrado por um turista espacial... nao seria o "astronauta brasileiro" apenas o primeiro "turista espacial brasileiro", bancado pelo governo?

(05:36:56) Salvador Nogueira: H Ctba, o valor por turista espacial é de cerca de US$ 20 milhões. O americano Jeffrey Williams vai voar na mesma Soyuz que o Pontes por US$ 21 milhões, pagos pela Nasa. Ninguém está dizendo que ele é um turista espacial brasileiro. Não é o pagamento que caracteriza o turismo, é o turista. Minhas viagens a trabalho também são pagas, e nem por isso eu me sinto turista. ;-)

(05:37:16) Bei fala para Salvador Nogueira: Salvador, qual a real possibilidade do Brasil continuar a investir na pesquisa espacial, seja na ISS ou em algum outro vôo tripulado?

(05:39:06) Salvador Nogueira: Bei, na ISS o Brasil ainda está por cumprir suas obrigações, ou seja, entregar as peças que se comprometeu a fazer para uso no complexo orbital. Elas estão no momento sendo prototipadas pelo SENAI, e a tecnologia de sua fabricação então será repassada à indústria nacional, para que elas sejam confeccionadas e entregues. Ou seja, ainda tem muito trabalho pela frente. Quanto a outro projeto tripulado, é difícil de antever. Vai depender de vontade política e oportunidade. Hoje, nem mesmo na Nasa ou na Rússia está claro como, e com que parcerias internacionais, serão realizados os próximos projetos tripulados, além da ISS.

(05:40:12) Guili fala para Salvador Nogueira: Qual a sua dica para engressar no mundo jornalistico?

(05:40:57) Salvador Nogueira: Guili, prestar atenção a tudo que está ao seu redor. Perceber que há matérias em toda parte. E bater perna. Correr atrás. Estudar. Sorte também ajuda. ;-)

(05:41:07) saulowan fala para Salvador Nogueira: Alguém do alto escalão do governo federal tem idéia do que representa a missão, além do efeito político?

(05:42:11) Salvador Nogueira: Saulowan, para ser bem honesto, duvido. Mas vale lembrar que os soviéticos, quando lançaram o Sputnik, registraram como uma materinha de pé de página em seu jornal oficial, o Pravda. Eles só descobriram o tamanho do negócio quando virou manchete de primeira página do New York Times...

(05:42:11) Francisco fala para Salvador Nogueira: Você acha que o custo desta viagem vale a pena pelas tantas misérias que o Brasil passa ? Será que chegou a nossa hora ?

(05:44:02) Salvador Nogueira: Francisco, não gosto do discurso "o que poderia ser feito com esse dinheiro em vez de mandar o astronauta"... acho que um país que quer ser grande e justo precisa apostar não só em políticas sociais (óbvio) mas também em pilares sólidos sobre os quais sustentar uma economia e uma educação saudáveis e competitivas. O valor educacional do vôo do astronauta, como eu já disse, é imensurável. E se ele mantiver mais cem crianças na escola, em vez de nas ruas, acho que já valeu a pena.

(05:44:17) Murilo fala para Salvador Nogueira: por favor só me responde uma coisinha ...porq existe tanta dificuldade assim para o Homem voltar a lua..visto q o EUA projeta isso só para 2015...sendo que essa tecnologia ja foi desenvolvida em 1965

(05:46:07) Salvador Nogueira: Murilo, porque é caro pra burro. Com a União Soviética nos calcanhares, os americanos gastavam 5% de TODO O DINHEIRO ARRECADADO anualmente na Nasa, no Projeto Apollo. Hoje, o orçamento da Nasa é inferior a 1% do total. Com menos dinheiro, o tempo para projetar os sistemas é maior. É como se a Nasa tivesse, nos anos 1960, pago a viagem a Lua em prestações mais gordas, durante 8 anos. Agora, com menos recursos, eles vão ter de dividir em 13, 14 anos...

(05:46:13) Gabriel fala para Salvador Nogueira: O Vôo do astronauta brasileiro seria em uma missão STS pq houve a mudança para um Soyuz?

(05:47:51) Salvador Nogueira: Gabriel, porque o STS (sigla chique para as missões do ônibus espacial) ficou na garagem por mais de dois anos, após o acidente com o Columbia, aumentando enormemente a "fila" de astronautas para voar. E, em segundo lugar, porque o Brasil reduziu o escopo de sua participação na ISS, o que tornou ainda mais difícil sua escalação num ônibus. No entanto, essa chance ainda existe. Nosso astronauta continua em "status" de pronto para voar lá na Nasa. Se precisarem dele, pode apostar que ele vai, sem pestanejar!

(05:47:57) Edd fala para Salvador Nogueira: Salvador, boa tarde! Não deveriamos estar focados na recostrução de Alcantara, concluir o projeto do veiculo lançador, e ai sim enviar um brasileiro para o espaço? Neste momento para mim, parece mais marketing do que outra coisa. temos a lição de casa para fazer.

(05:49:47) Salvador Nogueira: Edd, temos sim de reconstruir Alcântar e concluir o projeto do VLS-1, tendo em vista o desenvolvimento de outros lançadores ainda mais poderosos. Mas uma coisa não exclui a outra. Um programa espacial saudável equilibra seus diversos elementos. Foi muito ruim, por exemplo, o Brasil ter evoluído tanto em satélites, mas estar tão atrasado em lançadores. É preciso equilíbrio. Nesse sentido, acho que o vôo do Pontes (com US$ 10 milhões não dá para fazer nada disso que você mencionou) vem bem a calhar.

(05:50:11) spok fala para Salvador Nogueira: Como vai? nos diga algo sobre a situação tecnologica da russia, o que vc achou?

(05:52:12) Salvador Nogueira: Spok, a Rússia é uma país orgulhoso de suas tradições. E vive muito delas também. Infelizmente, o programa espacial russo está em estado de penúria. Eles vivem basicamente das glórias do passado, investindo quase tudo em seu programa tripulado e em satélites terrestres. Desde 1996 eles não tentam lançar nada além da órbita da Terra (e em 1996 eles falharam na tentativa!). É um país com imensa capacidade intelectual, mas sem dinheiro. Se você chegar lá com o dinheiro, eles te levam para a Lua antes dos americanos -- e se bobear com mais segurança.

(05:53:12) fdsf fala para Salvador Nogueira: como vc acha que ira se sair o nosso astronauta brasileiro?

(05:54:21) Salvador Nogueira: fdsf, muito bem. O Pontes é um sujeito extremamente bem-preparado e dedicado. Sempre esteve entre os melhores de sua turma na Nasa e tem uma extensa experiência com vôo em aeronaves experimentais. Ele vai tirar de letra. ;-)

(05:54:27) Luiggi_40 fala para Salvador Nogueira: Salvador: Há quem diga que os Shuttles são vasos de porcelana Ming voadores, e que as naves russas são sucatas... Sabemos que a tecnologia espacial ainda é precária em vários pontos, embora seja a melhor que dispomos. Vc não acha que a exploração robotizada traria avanços mais rapidamente que missões tripuladas?

(05:57:19) Salvador Nogueira: Luiggi_40, os shuttles são muito delicados, esse é o problema deles -- a analogia dos vasos Ming é boa. Quanto às naves russas, não são sucata não. O design é extremamente sofisticado -- não é porque é dos anos 1960 que é ruim. Ela funciona e funciona bem. "Um veículo bem inteligente", segundo o nosso astronauta. Agora, sem dúvida que ainda tem muito chão para que as naves tripuladas se tornem robustas a ponto de permitir a exploração consistente do sistema solar. Nesse sentido, o papel da ISS como "banco de testes" é fundamental. Sem ela, dificilmente aprenderemos a ir a Marte ou a outros lugares. Então, sim, hoje a exploração não-tripulada rende mais dividendos científicos. Agora, se você tiver a chance de enviar gente a um lugar, pode esperar muito mais. Nenhuma missão não-tripulada fez tanto pelo estudo da Lua quanto as missões Apollo tripuladas. Moral da história: tudo vale a pena, se a verba não é pequena. ;-)

(05:58:15) Salvador Nogueira: Pessoal, agradeço pelas perguntas e peço que todos façam muitas figas pelo sucesso do nosso astronauta. E, para quem se interessa pelo assunto de exploração espacial, não resisto a fazer uma auto-propaganda: dêem uma folheada no meu livro "Rumo ao Infinito". Grande abraço a todos.

(05:58:21) Moderador UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Salvador Nogueira e a participação de todos os internautas. Até o próximo!

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cien ... 4285.shtml

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já voltou ?

#9 Mensagem por tankard » 10 Abr 2006, 23:31

O que mais me surpreendeu, foi que o russo e o americano vão ficar 6 meses no espaço (substituindo dois outros astronautas, que já estavam na estação espacial há 6 meses também), enquanto o brasileiro não ficou nem 10 dias.

Porra, o brasileiro viajou de Bilhete Único ?

Se bem que deve ser um saco ficar no espaço durante 6 meses. Sem mulher, sem futebol, sem feijoada/churrasco...

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#10 Mensagem por ElPatrio » 11 Abr 2006, 00:11

Onsly escreveu:Esse artigo exemplifica claramente os profissionais frustrados que existem no mercado, o tipozinho "intelectual" que só existe para reclamar das atitudes alheias e não sabe ser imparcial.
Onsly,

legal trazer o outro lado da moeda, uma opinião diferente de um outro especialista pois, assim como eu, a maioria aqui é leiga no assunto e então dizer alguma coisa não passará de mero palpite. E concordo com oq vc disse, tem tb esse lado dos profissionais frustrados que emitem opiniões deturpadas.

Mas acho que aqui não se trata desse caso pois o Rogério de Freitas Mourão, se não me engano, é um fera no assunto. O cara não é qualquer um não.

E a impressão que dá é que tudo não passa de propaganda politica mesmo, e olha que eu até simpatizo com o governo Lula. Mas claro que posso estar enganado.

Então é muito legal ouvir e ler diversar opiniões de quem entende do negócio.

Valeu por trazer esse artigo tb.

E se tem uma coisa pela qual torço nesse país é pela ciência, torço mesmo de coração. Espero que a politcagem barata dê espaço pra gente de talento.

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Re: já voltou ?

#11 Mensagem por faregiador » 11 Abr 2006, 02:19

tankard escreveu:O que mais me surpreendeu, foi que o russo e o americano vão ficar 6 meses no espaço, enquanto o brasileiro não ficou nem 10 dias.

Se bem que deve ser um saco ficar no espaço durante 6 meses. Sem mulher, sem futebol, sem feijoada/churrasco...
É só chamar umas GPs para fazer uma festinha. O único inconveniente é que o "taxi" delas vai custar US$ 10 milhões. :lol:

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#12 Mensagem por Arrombator » 11 Abr 2006, 07:50

Hehe, esse foi o cabo eletoral mais caro da história!!! Nós todos trouxas pagamos 10 milhões pro Lula ter um "Heroi Nacional" como cabo eleitoral!!!

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#13 Mensagem por FucaBala » 11 Abr 2006, 10:13

Arrombator escreveu:Hehe, esse foi o cabo eletoral mais caro da história!!! Nós todos trouxas pagamos 10 milhões pro Lula ter um "Heroi Nacional" como cabo eleitoral!!!
Melhor maneira de resolver isso: mandar aquele palhaço e sua turma vazarem de Brasília...

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#14 Mensagem por Gringo Aposentado » 11 Abr 2006, 10:26

Até que $ 10 mi não seria caro para mandar todos eles pro espaço ...

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#15 Mensagem por Carnage » 11 Abr 2006, 11:49

ElPatrio escreveu:
Onsly escreveu:Esse artigo exemplifica claramente os profissionais frustrados que existem no mercado, o tipozinho "intelectual" que só existe para reclamar das atitudes alheias e não sabe ser imparcial.
Onsly,

legal trazer o outro lado da moeda, uma opinião diferente de um outro especialista pois, assim como eu, a maioria aqui é leiga no assunto e então dizer alguma coisa não passará de mero palpite. E concordo com oq vc disse, tem tb esse lado dos profissionais frustrados que emitem opiniões deturpadas.

Mas acho que aqui não se trata desse caso pois o Rogério de Freitas Mourão, se não me engano, é um fera no assunto. O cara não é qualquer um não.

E a impressão que dá é que tudo não passa de propaganda politica mesmo, e olha que eu até simpatizo com o governo Lula. Mas claro que posso estar enganado.

Então é muito legal ouvir e ler diversar opiniões de quem entende do negócio.

Valeu por trazer esse artigo tb.

E se tem uma coisa pela qual torço nesse país é pela ciência, torço mesmo de coração. Espero que a politcagem barata dê espaço pra gente de talento.
Only, me desculpe, mas o Rogério de Freitas Mourão é um dos grandes, senão o maior, nome da astronomia brasileira na atualidade. Não é um "profissional frustrado". Muito pelo contrário.
E ele não está sozinho, em coro com ele estão grandes nomes da atronomia e tecnlogia do Brasil. Até mesmo membros do programa espacial brasileiro! Não tenho comigo agora, mas já vi vários criticando o gasto desse dinheiro.

Mas também as coisas não são tão simples assim. Pode e existe mesmo um componente de propaganda nesta missão. E sim, o programa espacial brasileiro faria um uso muito melhor destes recursos. Mas existe o lado da parceria entre Brasil e Rússia no programa espacial. Essa grana, acredito eu, podeira ser vista como um "agrado" aos Russos, pra facilitar o intercâmbio de tecnologia que deve ocorrer.
No mais, essa missão é apenas simbólica. As experiências feitas pelo astronauta, apenas "algo pra ele fazer lá" pra não ficar parecendo que foi só a passeio.
ElPatrio escreveu:Espero que pelo menos essa missão idiota sirva para aguçar a curiosidade nas crianças pela astronomia e ciência em geral.
Acho que a única coisa que possa ser capitalizada dessa viagem é despertar o interesse da população por esses assuntos, e a vontade nos nossos jovens de ir por esse caminho e gerar mentes importantes pro desenvolvimento desse país.
Pois o Brasil carece muito de profissionais nestas áreas, e somente o apoio da população à pesquisa tecnológica, via simpatia, pode estimular os políticos a liberar mais grana pra essas coisas.
Pois vocês sabem que políticos só fazem coisas que acham que o povão vai gostar. Quantos já não ouviram alguém dizer que "Tem gente passando fome no Brasil e o governo fica gastando dinheiro tentando lançar um foquete! Que absurdo tem coisas melhores pra se fazer com esse dinheiro" Mas essas pessoas não pensam que se o país dominar a tecnologia de lançamento de foguetes, pode meter a mão numa parte do incomensuravelmente lucrativo mercado de lançamentos de satélites, e assim gerar uma riqueza imensa que pode ser usada também pra aplacar a fome!!
Mas também de nada aditanta estimular as crianças e não dar a elas condições de estudar e se tornarem estes profissionais que precisamos!

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