Falando em Stripper... a noticia é do começo do ano, não sei se já foi postado... então aí vai.
7/04/2006 - 15h47
Ex-stripper se torna pastora e leva a palavra a "inferninhos" americanos
LOS ANGELES, 27 Abr (AFP) - Alta, loira, olhos azuis e corpo escultural. A ex-stripper Heather Veitch se serviu durante um longo tempo de seus atributos físicos para vender fantasias sexuais em clubes noturnos dos Estados Unidos até que um dia passou a freqüentá-los exclusivamente para levar a palavra de Deus a ex-colegas, fiéis eventuais de uma igreja dedicada àqueles que trabalham na indústria do sexo.
"Se você é cristão, veja-nos em ação", diz o lema ao qual Heather empresta corpo e voz, enquanto segura uma bíblia em pose provocante, junto a duas colegas tão atraentes quanto ela que pregam em sua igreja na Califórnia (oeste), em exposições da indústria pornográfica ou "inferninhos".
Apesar da voz suave, esta mulher de 32 anos teve uma vida intensa: um casamento fracassado por violência, um filho nascido quando tinha 18 anos, a carreira de 'stripper', quatro aparições em filmes de "pornô soft" e a segunda filha com o atual marido, desenganado por um câncer cerebral.
Há três anos, Heather é pastora da igreja cristã "JC's Girls, Girls, Girls", sendo que o tal 'JC' é Jesus Cristo e 'Girls' (moças) para cada uma das principais evangelizadoras que, além dela, incluem Lori, outra ex-stripper, e Tanya, professora escolar.
As três mulheres são os rostos de uma igreja que, garantem, não tem fins lucrativos. A sede, localizada em Riverside, a 200 km de Los Angeles, fica num local austero, que em nada lembra a estética rosada e cintilante de suas missas celebradas em Las Vegas ou de sua página na internet, que tem 2.100 membros.
A Convenção Batista do Sul da Califórnia apóia a igreja "JC's Girls" como associada, embora reconheça que seu site pode ser provocante demais para alguns crentes.
As pregações de Heather a levaram, em março passado, ao popular programa de TV "Club 700", do polêmico pastor Pat Robertson, que a apresentou como "Holy Hottie" (santa gostosa).
"Se as pessoas querem doar, não há problema, usamos o dinheiro para manter a sede", explica na sede da igreja, situada em um típico subúrbio americano.
Embora aos domingos leia salmos e entoe cânticos cristãos acompanhada por um violão em Riverside, a verdadeira missão de Heather de evangelização acontece uma vez por mês, quando ela visita clubes noturnos com algumas voluntárias.
"Entramos e, ao acaso, escolhemos uma das meninas que fazem 'lapdance' (dança sensual em que a bailarina se senta no colo do cliente). São apenas três minutos, pagamos e quando ficamos frente a frente, pedimos que não o faça, que viemos trazer-lhe fé", acrescenta.
Poucas resistem e como Heather já se tornou famosa após aparecer na imprensa, várias moças a reconhecem e se aproximam para lhe pedir conselhos, contar seus problemas.
Heather começou a dançar trajando apenas um biquíni em 1995, quando aos 21 anos se viu sozinha, sem dinheiro e com um filho para criar. Na época, ganhava "entre 200 e 700 dólares por noite, trabalhava três dias", mas não tirava ficava sem roupa.
Poupou até poder pagar uma cirurgia de seios de 5.000 dólares, que rendeu as primeiras ofertas para atuar em filmes pornográficos de baixo orçamento, "sem penetração", garante. Fez quatro, ganhou menos do que a cirurgia lhe custou e voltou aos clubes noturnos.
De volta, por tirar a parte de cima do biquíni chegou a ganhar 2.000 dólares por noite. Mas diante do dinheiro fácil, do álcool, da solidão e do terror de que o mundo fosse acabar com a virada do milênio, decidiu abandonar tudo em 1999.
Foi quando entrou para a Igreja cristã, casou-se com seu estilista, Jon Veich, estudou para ser maquiadora e cabeleireira e se desvinculou de seu passado, até que em 2003 soube que uma de suas melhores amigas, uma 'stripper', havia morrido sozinha, vítima do alcoolismo e das drogas.
"Nunca falei sobre o meu passado com ninguém, mas este episódio realmente partiu o meu coração e soube que tinha que voltar e falar com as moças que existe um outro caminho e que Deus cuida de nós também", conta Heather, esclarecendo que não quer mudar suas vidas, mas que não se sintam sozinhas e que para isto podem contar com Jesus Cristo.
Sua missão chamou a atenção inclusive da imprensa britânica. "Queremos continuar crescendo, mas não temos dinheiro, por isso se alguém está interessado na nossa igreja, pode nos ajudar, mas não pagamos nada", adverte.
O projeto cresceu, com voluntárias espalhadas por todo o país, que ligam pedindo ajuda ou querendo apenas seguir seu exemplo de pregação.
"Também vamos às exposições da indústria pornográfica" e distribuímos bíblias. Ela afirma ser mais pobre do que antes, mas que ainda sai para dançar para aproveitar o tempo que lhe resta ao lado do marido doente.