Além das "roubadas" (a puta era linda nas fotos e uma baranga em carne e osso) e "pisadas na bola" (a puta deu bolo no putanheiro, a puta terminou o programa antes do tempo combinado), existem os "golpezinhos" que as putas mais malandras (não necessariamente mais espertas) tentam (ou conseguem) aplicar nos seus clientes. Quem aqui nunca se deparou com uma dessas situações:
1. A puta, geralmente de privê barato, começa a contar a sua vida para o cliente, que o puteiro não está rendendo o que antes rendia, que está ficando cada dia mais difícil pagar as contas, motivo pelo qual ela pretendia sair do puteiro e procurar um emprego que pague mais. Essa história geralmente é contada a um cliente trash, meio oglo, mas que demonstre gostar muito da sua buceta, que certamente "sentirá muita falta" da chupeta da vagabunda. A intenção é fazer com que o sujeito se torne assíduo com ela e que até pague mais (caixinha) pelo TD, tudo para evitar que a puta largue o puteiro. Essa história não é contada para um bop, que é mais sensível ou precupado com a condição social precária na qual a meretriz está enquadrada, porque o bop "daria a mó força" pra ela sair dessa vida.
2. A puta, geralmente de privê barato, começa a contar a sua vida para o cliente, que o puteiro não era a sua primeira escolha na vida, que ela queria ser alguém, mas que não pôde estudar, não pôde aprender uma profissão, então caiu nessa vida. Essa história é contada para o bop, disposto a dar à puta uma "pensão mensal" para que ela pague os estudos ou um curso técnico com a finalidade de, um dia, sair daquela vida e se sustentar. Inobstante isso, ela continua trabalhando no puteiro "ad perpetum", dando mil e uma desculpas ao bop para continuar lá ao invés de "seguir o seu sonho e ter uma vida digna". Invariavelmete, dá lições de moral ao bop.
3. A puta, geralmente de privê barato, começa a contar a sua vida para o cliente, dando ênfase ao fato de ter um filho pequeno, cujo pai não paga pensão, que tem uma mãe doente, que a última enchente inundou sua casa e estragou todos os seus móveis, que tem prestação do guarda-roupa atrasada, enfim, sua vida está num redemoinho de problemas e ela não sabe o que fazer. A intenção da perva é sensibilizar o cliente, possivelmente um candidato a bop, que agirá de forma a livrá-la daquela situação penosa, por óbvio, enfiando a mão no bolso.
4. A puta, geralmente de privê barato, chora e diz que não suporta ser puta, mas que a sociedade obrigou-a a entrar nessa vida. Ela não vislumbra alternativa, mas está no limite, não suporta mais abrir as pernas para mais de 10 por dia. "Se um dia eu encontrasse um homem bom, que gostasse um pouco só de mim, eu não me importaria de lhe dar uma meia dúzia de filhos e de me tornar uma dona-de-casa" (esta frase é da personagem de Cláudia Cardinale no filme "Era uam vez no Oeste", de Sérgio Leone, 1968). Esse golpe, combinado com outros elementos dos golpes anteriores, tem o objetivo de arrumar "um senhor que me ajuda", alguém que a privatize, que a tire do puteiro (o que não significa que ela irá deixar de ser puta).
5. A puta, geralmente de flat caro, diz que é universitária, que está na graduação ou no mestrado, mas que estágios ou empregos na área não pagam o suficiente para que ela custeie os estudos. Afirma ser fluente numa língua estrangeira, mas na verdade seu vocabulário não vai além de "the books is on the table" ou "je suis la femme, la voiture est blue". Parece ter uma conversa inteligente, o que sensibiliza o cliente, que conclui deva ela merecer algo melhor, resolve ajudá-la, pagando seus estudos, o aluguel do seu flat, compra um leptop de última geração, tudo em prol de que ela tenha uma vida "mais fácil".
6. A puta, geralmente de flat caro, conta toda a ladainha acima descrita, mas vai mais além, fazendo uma mescla com os golpes 2 e 3, chorando as pitangas que o pai dela está com uma doença incurável, que além de tudo ela sente que tem de perseguir o seu sonho de se realizar profissionalmente (na área relacionada ao seu curso universitário), mas que se vê defronte a um "muro intransponível" (o vocabulário e a criatividade da puta de alta roda são visivelmente mais amplos). Essa história ela conta para o cliente que se acha amigo dela, que é seu confidente, do tipo que sempre responde "faça o que o seu coraçãozinho mandar, viu?" e que resolve bancar todas as contas da puta e sustentá-la, sem pedir nada em troca, apenas para vê-la "longe daquela vida e livre do seu passado". Teoricamente ela deixa de ser puta, mas quem pode garantir que, quando ela não atende o celular, diz que está passando debaixo de um túnel ou que liga depois porque está no meio de uma aula, ela não está é cavalgando na pica de outro cliente?
7. A puta, seja de flat caro ou de puteiro trash, "confessa" que está apaixonada pelo cliente e que vai se matar se não puder passar o resto da vida com ele. Usando esse argumento do suicídio ou algo menos penoso e mais agradável, do tipo "não consigo viver sem você, penso em você todos os dias, todas as horas e minutos da minha vida", pouco importa, o objetivo da puta é que o cara case com ela e a sustente, o que não significa que ela venha a deixar de ser puta.
Eu ia incluir o golpe da puta que também é atriz pornô, que fica enfatizando ser atriz, ser uma profissional, que o que ela faz na frente das câmeras "não é putaria", mas "performance", etc. O objetivo, de início, me parecia ser valorizar o TD, deixando o cliente "contente e satisfeito" por poder trepar com uma celebridade por um cachê irrisório (para ela). Mas depois, refletindo, acho que não é golpe nenhum não, é apenas um sintoma da esquizofrenia de que padecem todas essas putas de filme pornô.
Alguém pode citar mais algum desses "golpezinhos"?
Abraços,
Roman Barak.