A Crise Econômica Mundial

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A Crise Econômica Mundial

#1 Mensagem por Carnage » 30 Mar 2009, 17:41

Existem tópicos falando da crise, mas todos relacionando a crise com a putaria.

Abro este para falar apenas da crise e seus efeitos no Braisl

Tranferi pra cá um post meu feito a alguns dias, como abertura, e o comentário a respeito desse post.



O Ministério do Trabalho informou que o emprego formal voltou a crescer em fevereiro com 9.179 novas vagas. Mercado reage e contrata, conclui o Ministério. O setor de serviços foi destaque com 57.518 postos de trabalho em fevereiro de 2009. Entre os estados, Goiás, Santa Catarina e Rio de Janeiro tiveram os melhores resultados.
http://economia.uol.com.br/ultnot/multi ... 6AD0A18326

http://brasil.melhores.com.br/2009/03/p ... -2008.html
PIB Cresce 5,1% Em 2008
Escondida nas manchetes de queda de 3,6% do PIB no quarto trimestre de 2008, ficou a excelente notícia do crescimento do PIB  DE 5,1% em 2008 -- um dos melhores crescimentos de nossa história.
Se não fosse a queda de 3,6%, teríamos fechado o ano com crescimento de 8,7%
-- muito, muito acima do esperado no ano, gerando uma perigosa bolha de consumo.
Nossos jornalistas econômicos estão se esquecendo de que as previsões em 2007 do grupo FOCUS, com 150 economistas brasileiros, era de crescimento de 5,1% para 2008 -- EXATAMENTE o ocorrido. E aí dizem que economistas nunca acertam as suas previsões. Mentira! Acertamos na mosca.

Se tivéssemos crescido 8,7% em 2008, aí sim teríamos problemas, com inflação, falta de capacidade de produção etc. -- e provavelmente teríamos aumentado os juros para uns 13%, e não os abaixando, como tem ocorrido agora.
Crescemos exatamente o que todo mundo estava prevendo e isso vira uma má notícia? Ainda bem que corrigimos esta bolha de consumo de 3,6% a tempo.
Uma ação sobe 8% de manhã, cai 3,6% de tarde, e a notícia é a da queda de 3,6% da tarde e não a  da valorização de 5,1% ao longo do dia?
http://brasil.melhores.com.br/2009/02/i ... neiro.html
Indústria de São Paulo Pode Ter crescido 5,7% em janeiro
al, calculado pela AES e FGV, costuma prever os dados do IBGE sobre o crescimento da indústria com boa dose de acerto.
Agora, prevê que a indústria cresceu 5,7% em janeiro, dados que, anualizados, dariam mais de 60% ao ano. Quem previu que o Brasil só iria crescer 1% em 2009 precisa revisar os cálculos rapidamente.
Normalmente, O Brasil Que Dá Certo jamais faria um comentário como "o que, anualizado, daria mais de 60% ao ano". Apesar de ser um dado matematicamente correto e daria uma visão do que significa este crescimento mensal, achamos que isso levaria alguns a um otimismo irresponsável.
Abrimos uma exceção para mostrarmos como notícias podem ser exageradas para ambos os lados. Não há como o Brasil crescer 60%, mas me chama a atenção um crescimento de 5,7% num país que só começa depois do carnaval. Tecnicamente, deveríamos estar em férias e parados.
http://brasil.melhores.com.br/2009/03/v ... neiro.html
Vendas do Comércio Crescem 1,4% em Janeiro
O IBGE aponta crescimento de 1,7% nas vendas do comércio, após 3 meses de queda. Mas, segundo especialistas consultados, isso é devido a promoções adotadas pelas lojas para desovar estoques.
Nos meus cálculos, uma loja que faz uma liquidação abaixando os preços em 30% dificilmente vende 1,7% a mais no mês de janeiro. Será que esses especialistas estão sugerindo que, em volume de peças, essas lojas venderam 31,7% a mais? (O calculo correto é ainda mais promissor!)
Se for o caso, temos aí  uma excelente pauta para novos jornalistas no início de suas carreiras.

http://brasil.melhores.com.br/2009/03/f ... neiro.html
Fosfértil Vende 3% a Mais em Janeiro
Fertilizantes são um bom indicador da confiança dos agricultores nos preços e nas previsões econômicas sobre o futuro dos agricultores.

Quem acredita na crise ou numa queda de preços não coloca mais adubo do que no ano anterior. Ou seja, os agricultores não estão levando a sério as previsões catastrofistas. Do contrário, estariam perdendo dinheiro.

A importância desta notícia reside no fato de que a previsão para os fertilizantes era de desastre total, devido à falta de crédito para financiamento, aumento do preço dos insumos importados etc. etc.

As entregas de janeiro foram acima das expectativas e em ritmo bastante forte, diz a diretoria da Fosfértil.
Relatório do IEDI
http://www.iedi.org.br/cgi/cgilua.exe/s ... nfoid=4134
Alguns indicadores da atividade econômica apresentaram resultados positivos em fevereiro. Embora não permitam traçar uma tendência de recuperação dos efeitos da crise sobre a economia brasileira no final do ano passado, eles apontam para um quadro menos desfavorável nesse mês. Isso é um sinal importante, pois colabora para melhorar as expectativas de empresários e consumidores e preserva um certo nível de atividade na economia enquanto não fazem efeito as medidas recentes de redução de taxa de juros. Como se sabe, o Brasil começou muito tarde o seu processo de redução de taxa de juros após o agravamento da crise internacional em setembro do ano passado.
Um relevante indicador antecedente na área industrial, o Sinalizador da Produção Industrial, SPI – elaborado em parceria entre a Fundação Getulio Vargas e a AES Eletropaulo –, indica que a produção física industrial no Estado de São Paulo pode ter aumentado 5,0% em fevereiro com relação a janeiro, na série com ajuste sazonal. Já de acordo com os dados da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR), o fluxo de veículos total nas rodovias concessionárias apontou crescimento de 1,3% na passagem janeiro/fevereiro, na série livre de efeitos sazonais. Ao se considerar somente o número de veículos pesados, que serve como um indicador das atividades econômicas gerais do País, houve um aumento de 2,1% de seu fluxo nas estradas pedagiadas. Vale dizer que esse é o primeiro aumento desse fluxo após quatro meses consecutivos de quedas. Com relação ao fluxo de veículos leves nas estradas brasileiras, foi assinalado avanço de 0,6% contra o mês anterior, descontados os efeitos sazonais.
Outro indicador mais geral das atividades da economia brasileira, a carga de energia utilizada no Sistema Integrado Nacional (SIN) assinalou decréscimo de 0,7% em fevereiro em relação ao mesmo mês de 2008. No entanto, cabe salientar que esse recuo é bem menor do que o observado nos dois meses que o antecederam (–4,3% em dezembro e –4,0% em janeiro). Por fim, em fevereiro, segundo dados da Anfavea, a produção total de autoveículos (montados e desmontados) totalizou 201.685 unidades, contra 184.765 no mês passado. Feitos os ajustes sazonais, essa variação representou um aumento de 10,5%, o que marcou o segundo mês consecutivo de alta nessa comparação (em janeiro a alta foi de 75,7%). Foram exportados 27,9 mil veículos em fevereiro, contra 21,8 mil em janeiro e 43,5 mil em dezembro de 2008. Em comparação a janeiro de 2009, já descontados os efeitos sazonais, houve um incremento de 5,3%.
De acordo com os dados da Associação Comercial de São Paulo, no mês de fevereiro, o número de consultas ao sistema Usecheques, indicador do nível de vendas varejistas à vista, apresentou estabilidade na comparação com o mês imediatamente anterior, na série livre de efeitos sazonais. Na comparação com mesmo mês do ano passado, a variação foi negativa de 5,5%, a maior desde abril de 2003, quando a variável acusou decréscimo de 6,5%. Nos dois primeiros meses de 2009, o recuo do número de consultas ao sistema Usecheques foi elevado, com queda de 5,3%; enquanto no acumulado dos últimos doze meses houve ampliação de 2,4%, a menor variação desde dezembro de 2004 (2,2%). O sistema SCPC, que indica o grau de aquecimento das vendas a prazo no varejo, assinalou queda expressiva na passagem janeiro/fevereiro, na série com ajustamento sazonal, com recuo de 6,7%. Na comparação de fevereiro de 2009 frente ao mesmo mês de 2008, as vendas a prazo registraram retração de 12,8%, aumentando o ritmo de retração iniciado em dezembro do ano anterior, quando assinalou queda de 1,3%. O período que englobou os dois primeiros meses de 2009 apontou recuo de 9,2% do número de consultas ao SCPC, enquanto que no acumulado dos últimos 12 meses esse valor alcançou variação positiva de 3,7%.
http://brasil.melhores.com.br/2009/03/i ... reiro.html
Indústria Pode Ter Crescido Mais 5% em Fevereiro
O Sinalizador de Produção Industrial, que acompanhamos mensalmente, é um indicador que antecede o cálculo do PIB Industrial. O SPI divulgado recentemente aponta para um possível aumento de 5% da produção industrial em fevereiro. Isso após um aumento de 5,7% em janeiro, como pontualmente divulgamos aqui.
Isso confirma (novamente!) que a queda do PIB em dezembro já havia sido superada, e que seria um desserviço ao público leitor divulgá-la com muito estardalhaço sabendo-se que janeiro e fevereiro foram meses positivos.
Estou até com medo dos dados de março: com juros 20% menores, teremos um crescimento ainda maior, a ser sentido sobretudo a partir de abril.
http://brasil.melhores.com.br/2009/03/r ... stre-.html
Receita das Empresas Cresce 17,3% no Quarto Trimestre!
Em 1974, criei um Banco de Dados das 500 maiores empresas do país -- o Melhores e Maiores da revista Exame. Isso me permitiu ter acesso a informações macroeconômicas maravilhosas: muitas das previsões acertadas que fiz no passado se devem àquele banco de dados. Economistas que não entendem a fundo como funcionam as empresas que mandam neste país, e que não analisam os dados sistematicamente, jamais entenderão a economia moderna -- só a neoclássica.
A Economática apresenta uma prévia todo ano com 100 empresas de capital aberto. Os resultados de 2008 são estes:
1. Faturamento sobe de 86 bilhões para 104 bilhões. Crescimento de 17% no quadrimestre em que o PIB caiu 3,6%.
2. O Lucro das Operações aumenta 9% NO TRIMESTRE. Lucros das operações são aferidos antes de impostos e juros; medem se o negócio é viável, independente da taxação e da política de financiamento da empresa.
3. O Patrimônio Líquido das Empresas subiu 10%, para R$ 187 bilhões. O Banco Central lucrou 180 bilhões com derivativos, quase o patrimônio de 100 grandes empresas brasileiras. E ninguém percebeu? Esse lucro do Banco Central foi a causa da única má noticia para as empresas: suas despesas financeiras aumentaram 363%, para poderem pagar pelo hedge, que o Banco Central deveria ter proporcionado, mas não cumpriu (uma outra questão polêmica que aqui não vem ao caso).
A má noticia é que, devido ao que foi dito acima, as empresas tiveram uma queda de lucro de 50%. Esta queda, contudo, NÃO É RECORRENTE: não se estenderá por 2009, porque advém das despesas pagas ao Banco Central pelos hedge do dólar que subiu no período. 
Ou seja, o lucro em 2009, por definição, já deve ter dobrado, já que tudo isso decorreu de despesas financeiras únicas e não-recorrentes.
Mas adivinhem a que notícia foi dada manchete (e estas manchetes é que são distribuídas pela Reuters, AP e Bloomberg mudo afora)? Esta: "Lucro das Empresas Brasileiras Despenca 50%". Sem nenhuma menção ao fato  de que as despesas de juros despencaram novamente e que o lucro voltou ou voltará ao normal.
Assim, eu vou logo, logo jogar a toalha. Com essas notícias, as profecias só podem se cumprir.
http://brasil.melhores.com.br/2009/03/t ... reiro.html
Títulos Protestados Têm Queda de 28% em Fevereiro
Em crises financeiras, o número de títulos protestados normalmente aumenta. É muito difícil haver diminuição.

Essa notícia aparece como uma notinha na coluna do Guilherme Barros, no Caderno B. Achamos que merecia a primeira página d'O Brasil Que Dá Certo.

04/02/2009 - 15h54
Apenas países do Bric escapam da queda na venda de veículos; veja ranking


KAREN CAMACHO
Editora-assistente de Dinheiro da Folha Online
Dos dez países que lideram o ranking da venda de automóveis, apenas os que compõem o chamado Bric (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China) não registraram queda em seus mercados em 2008, na comparação com o ano anterior. Os dados são da Jato do Brasil, consultoria da área automotiva.
De acordo com a pesquisa, a Rússia foi o país com o maior crescimento na venda de automóveis e comerciais leves no ano passado (14,2%), consolidando-se em quinto lugar no ranking mundial desse segmento com a venda de 2,92 milhões de unidades.
O Brasil registrou o segundo maior crescimento entre os dez primeiros do ranking, com alta de 14,1% sobre 2007. Foram vendidos 2,67 milhões de automóveis em 2008. Somando os demais segmentos de veículos, a indústria automotiva registrou venda de 2,82 milhões de unidades em 2008 no Brasil.

Logo no começo do ano, as manchetes eram sobre o fato do saldo da balança comercial em 2009 estar negativo.
Agora, o que dizem as notícias?

16/03/2009 - 12:45 (atualizada em 16/03/2009 12:46)
Saldo da balança comercial brasileira acumula US$ 1,6 bi em 2009
Resultado da diferença entre exportações e importações até a segunda semana de março é 19% menor que o registrado no mesmo período do ano passado

A balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 138 milhões na segunda semana de março (dias 9 a 15). No período, as exportações somaram US$ 2,515 bilhões e as importações, US$ 2,377 bilhões. Com esse resultado, no mês a balança comercial acumula um superávit de US$ 422 milhões.

A balança comercial acumula, no ano, até a segunda semana de março, um superávit de US$ 1,665 bilhão. O saldo é resultado de exportações de US$ 24,567 bilhões menos importações de US$ 22,902 bilhões registradas no período. Apesar do saldo positivo, o saldo acumulado no ano, pelo critério da média diária, é 19% menor que o apresentado no mesmo período do ano passado. De janeiro até a segunda semana de março de 2008, a balança comercial registrou um superávit de US$ 2,140 bilhões.
Em pouco tempo passamos do negativo para o muito positivo, mas eles só conseguem destacar o fato de que esse resultado positivo é ainda inferior ao do mesmo período do ano passado... Mas a alguns poucos dias estava muito pior!!

http://brasil.melhores.com.br/2009/03/v ... 3%A7o.html
Vendas de Automóveis Crescem 4% na 1.ª Quinzena de Março
Os leitores d'O Brasil Que Dá Certo já devem estar cansados de tantas notícias acerca do crescimento contínuo de nosso setor automobilístico -- o setor "em crise", segundo alguns renomados especialistas.

Chegou-se a publicar uma estimativa de queda de 16% na produção de carros, fato esse que acarretaria uma queda de 1,6% do PIB, dada a enorme importância do setor.

Vamos ver quem está certo. Daqui três meses encerra o semestre e saberemos se a queda será essa mesmo, já que o segundo semestre é considerado de crescimento, mesmo para os mais pessimistas.
http://brasil.melhores.com.br/2009/03/t ... ce-18.html
Turismo Cresce 18%

Turismo brasileiro cresce 18% em comparação ao ano anterior. Isso tudo num cenário de crise, em que muitos formadores de opinião recomendavam apertar os cintos e cortar despesas supérfluas, como turismo.
http://brasil.melhores.com.br/2009/03/as-.html
As Boas Notícias da Semana

1. A melhor notícia da semana terá impactos duradouros: pela primeira vez, teremos um plano governamental de caráter Administrativo, pautado no corte de custos e na eficiência. Trata-se, como já sabem os nossos leitores, do pacote habitacional do Governo Federal.

2. Já fiz esta pergunta e repito: o quanto teria crescido o nosso setor automobilístico se não tivesse dado ouvidos aos catastrofistas, que previram uma retração de 16%? Nunca saberemos ao certo, mas cada vez mais surgem provas de que os catastrofistas estavam errados. Nesta semana temos mais uma: a Renault reconvocou 500 empregados no Paraná.

3. O índice de confiança do consumidor sobe nos Estados Unidos, conforme prevíaramos no dia 18 de março.
Editado pela última vez por Carnage em 02 Abr 2009, 10:04, em um total de 2 vezes.

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#2 Mensagem por Compson » 30 Mar 2009, 19:05

Carnage escreveu:Pois é, a crise está aí.

Mas, que tal vermos algumas boas notícias sobre a economia??

PIB Cresce 5,1% Em 2008
Escondida nas manchetes de queda de 3,6% do PIB no quarto trimestre de 2008, ficou a excelente notícia do crescimento do PIB  DE 5,1% em 2008 -- um dos melhores crescimentos de nossa história.
Se não fosse a queda de 3,6%, teríamos fechado o ano com crescimento de 8,7%
-- muito, muito acima do esperado no ano, gerando uma perigosa bolha de consumo.
Nossos jornalistas econômicos estão se esquecendo de que as previsões em 2007 do grupo FOCUS, com 150 economistas brasileiros, era de crescimento de 5,1% para 2008 -- EXATAMENTE o ocorrido. E aí dizem que economistas nunca acertam as suas previsões. Mentira! Acertamos na mosca.

Se tivéssemos crescido 8,7% em 2008, aí sim teríamos problemas, com inflação, falta de capacidade de produção etc. -- e provavelmente teríamos aumentado os juros para uns 13%, e não os abaixando, como tem ocorrido agora.
Crescemos exatamente o que todo mundo estava prevendo e isso vira uma má notícia? Ainda bem que corrigimos esta bolha de consumo de 3,6% a tempo.
Uma ação sobe 8% de manhã, cai 3,6% de tarde, e a notícia é a da queda de 3,6% da tarde e não a  da valorização de 5,1% ao longo do dia?
É, desse ponto de vista, a brecada do PIB foi uma boa mesmo. Os preços de insumo da construção civil já estavam estourando, o que ia comprometer os milhares de lançamentos dos últimos dois anos pelo lado da construção, não do financiamento, como pode acontecer agora... Uma boa se a crise "acabar" este ano, como todo mundo está prevendo (rezando).

(Mas sem querer ser chato, as previsões de 5,1% foram feitas com o navio a pleno vapor, ou seja, com o cenário "real" de cerca de 8% que a matéria cita (não basta simplesmente somar as porcentagens, pois há alguns truques econométricos para enganar os números). Como a economia brasileira é que nem jabuticaba (só dá aqui), a crise ajudou os economistas, em vez de comprometê-los)

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#3 Mensagem por Carnage » 02 Abr 2009, 09:44

A mim parece que a notícia de que a produção industrial começou a crescer de novo é uma ótima notícia, mesmo que tenha sido pouco. Mas parece que todos os jornais preferem destacar a queda em relação ao ano anterior. Como sempre dando mais ênfase às notícias ruins.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 3896.shtml
01/04/2009 - 09h03
Produção industrial sobe 1,8% em fevereiro, mas recua 17% em um ano

CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio

A produção industrial do país voltou a subir a apresentou alta de 1,8% em fevereiro, na comparação com janeiro, segundo informou nesta quarta-feira o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação a igual período em 2008, porém, a indústria teve retração de 17%.

Em janeiro, na comparação com dezembro, a produção havia registrado alta de 2,1%; em relação a janeiro de 2008, a queda anotada ficou em 17,4% (número revisado), pior resultado em 19 anos na base de comparação.

No acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial tem queda de 1%, o primeiro resultado negativo nessa comparação desde setembro de 2002, quando a queda foi de 0,4%. Nos 12 meses imediatamente anteriores, a produção registrou alta de 1%.

A Pesquisa Industrial Mensal demonstra que houve aumento de produção em 16 dos 27 ramos pesquisados em fevereiro, na comparação com o mês anterior. O principal destaque ficou por conta do setor de veículos automotores, com alta de 8,7%. Em janeiro e fevereiro, o setor acumulou alta de 52,2% depois das paralisações do final do ano passado.

Cresceu também a produção no setor de outros produtos químicos (8%) e material eletrônico, equipamentos de comunicações (8,7%).

Por outro lado, os principais resultados negativos foram constatados nas produções na indústria farmacêutica (-6,9%) e outros equipamentos de transporte (-4,2%).

Já em relação a fevereiro de 2008, houve recuo em 23 das 27 atividades pesquisadas, com destaque para nos setores de veículos automotores (-29,8%) e máquinas e equipamentos (-32,2%).

Entre as categorias de uso, o setor de bens de consumo duráveis teve alta de 10,5% em relação a janeiro. Na mesma comparação, subiram as produções de bens de consumo semi e não duráveis (1,7%) e bens intermediários (1,5%). Já a produção de bens de capital esteve redução de 6,3%.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 3971.shtml
1/04/2009 - 11h15
Crise faz indústria voltar ao patamar de produção de 2004
CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio

Apesar da tímida recuperação nos dois primeiros meses de 2009, a produção industrial continua em nível bem abaixo do que vinha sendo constatado antes da crise global, em patamar próximo do verificado em junho de 2004.

De janeiro para fevereiro, a produção nacional subiu 1,8%, apontou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação a fevereiro do ano passado, a produção da indústria caiu 17%. Trata-se do quarto movimento de queda seguido nessa comparação. Desde novembro, a produção industrial caiu, em média, 13,9%. Antes disso, a indústria vinha crescendo há 22 meses consecutivos, na mesma base de comparação.

Diante disso, na comparação com o início de 2008, a indústria registrou em fevereiro índices recordes negativos, principalmente no setor de bens intermediários, cuja produção caiu 21% em relação a igual período no ano passado. Trata-se da maior queda desde o início da série, em 1991.

Alguém me explica isso??

http://economia.uol.com.br/ultnot/2009/ ... u2422.jhtm
Na comparação com fevereiro de 2008, 23 ramos analisados tiveram queda na produção, como veículos automotores (-29,8%), máquinas e equipamentos (-32,2%), metalurgia básica (-31,5%), outros produtos químicos (-22,3%), aparelhos eletrônicos e de comunicações (-44,4%) e indústrias extrativas (-18,8%). Do lado oposto, as contribuições mais relevantes partiram de outros equipamentos de transportes (28,1%) e do segmento farmacêutico (13,1%).
http://oglobo.globo.com/economia/mat/20 ... 097758.asp
Venda de carros é recorde no trimestre
Publicada em 01/04/2009 às 23h52m
O Globo

RIO - A redução do IPI deu resultado, e o primeiro trimestre de 2009 foi o melhor da história da indústria automotiva nacional. Segundo dados do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), foram emplacados 668.314 veículos (automóveis, ônibus e caminhões). Houve crescimento de 3,14% em relação ao mesmo período de 2008. Na segunda-feira, o governo anunciou a ampliação, por mais três meses, da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e caminhões , iniciada em dezembro como uma das novas medidas anticrise.

Março também teve seus recordes. Em 22 dias úteis, foram emplacados 271.494 veículos. É o segundo melhor mês da História - só perde para os 288.137 licenciamentos registrados em julho de 2008. Em comparação ao mesmo período do ano passado, houve crescimento de 16,95%.
Como pode a produção do setor automobilístico diminuir 29,8% em relação ao ano passado ao mesmo tempo que está tendo vendas recordes, chegando em março a vender 17% a mais que no ano passado?

E essa matemática, quem me explica?

http://economia.uol.com.br/ultnot/2009/ ... u2422.jhtm
A produção industrial no Brasil em fevereiro caiu 17% sobre igual mês de 2008, segundo informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação a janeiro deste ano, houve avanço de 1,8%.

No acumulado em 12 meses, a atividade da indústria recuou 1%, o primeiro resultado negativo desde setembro de 2002, quando a queda foi de 0,4%. Nos doze meses imediatamente anteriores, a produção industrial havia registrado alta acumulada de 1%.
Em relação a fevereiro do ano passado, a produção industrial em fevereiro deste ano caiu 17%, mas no acumlado do ano a redução foi de 1%? Não entendi.
Dão destaque a uma queda terrível, mas na verdade a queda foi só de 1%?

Quem explica essa?

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#4 Mensagem por Carnage » 02 Abr 2009, 09:46

http://economia.uol.com.br/ultnot/2009/ ... u2424.jhtm
01/04/2009 - 11h40
Balança comercial sobe 9% e fecha trimestre com saldo de US$ 3 bi
Da Redação
A balança comercial brasileira fechou o primeiro trimestre deste ano com resultado positivo de US$ 3,012 bilhões.

O desempenho acumulado no trimestre é 9% maior que o de igual período de 2008, quando a balança teve superávit de US$ 2,761 bilhões, segundo os números divulgados nesta quarta-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Em março, o superávit foi de US$ 1,771 bilhão, o que significa um salto de 79,25% em relação a março do ano passado, quando o resultado positivo ficou em US$ 988 milhões.

Em março agora, as exportações somaram US$ 11,809 bilhões, e as importações foram de US$ 10,038 bilhões.

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#5 Mensagem por Carnage » 02 Abr 2009, 09:47

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinh ... 4501.shtml
02/04/2009 - 07h00
Bolsas da Ásia sobem impulsionadas por indicadores da economia dos EUA
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da Folha Online

As Bolsas da Ásia fecharam em forte alta nesta quinta-feira, impulsionadas pela divulgação de dados positivos da economia americana ontem. Uma contração menor que a esperada no setor manufatureiro, o crescimento das vendas pendentes de casas e uma queda também menor que a esperada nos gastos em construção nos EUA animaram os investidores de Wall Street e provocaram efeito ainda melhor nos mercados de ações asiáticos.

O índice Nikkei, da Bolsa do Japão, subiu 4,4% e fechou em 8.719 pontos, o maior nível em três meses. Em Hong Kong, o índice Hang Seng disparou 7,4%, o maior ganho em quatro meses, e atingiu os 14.521 pontos. O índice Shangai Composite, da China, teve alta de 0,7% e chegou aos 2.425 pontos. Em Taiwan, o Taiex ganhou 3%, fechando em 5.473 pontos. O índice Kospi, da Coreia do Sul, subiu 3,5%, chegando aos 1.276 pontos. O ASX 200, da Austrália, fechou em alta de 2,8%, aos 3.680 pontos.

No Japão, as montadoras e empresas de produtos eletrônicos --altamente dependentes de exportações aos EUA-- foram as que apresentaram os melhores resultados. As ações da Toyota, maior fabricante de veículos do mundo, tiveram alta de 5,5%. Já os papéis das suas concorrentes Honda e Nissan se valorizaram ainda mais, 11% e 14%, respectivamente.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng zerou suas perdas em 2009 com a alta de 7,4%. As ações do banco HSBC tiveram sua maior alta em cinco meses, 15,5%. Os papéis da China Resources Land, construtora controlada pelo governo, ganhou 14% depois de um indicador mostrar que a venda de casas subiu na China. Já as ações da China Petroleum & Chemical, beneficiadas por uma indicação do Goldman Sachs, subiu 6,2%.

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#6 Mensagem por Carnage » 02 Abr 2009, 09:48

http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ ... 4520.shtml
02/04/2009 - 08h12
PIB do Brasil cairá 1% em 2009, prevê comissão latino-americana
MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Buenos Aires

A crise econômica internacional deve fazer com que a economia brasileira registre uma retração de 1% em 2009, segundo informou nesta quarta-feira a secretária-executiva da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), Alicia Bárcena, durante um fórum em Bogotá, na Colômbia.

Segundo a Cepal, o Brasil deve ser um dos países mais afetados pela crise na região, junto com México --cujo PIB deve registrar queda de 2%--, Costa Rica (-0,5%) e Paraguai (-0,5%).

Ainda de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira, a economia da região como um todo deve registrar um recuo de 0,3% em 2009, no que seria "o primeiro retrocesso depois de seis anos de crescimento", segundo com um comunicado divulgado pelo órgão.

Em um discurso no seminário Latin America Emerging Markets Forum 2009 (Fórum de Mercados Emergentes da América Latina, em tradução livre), em Bogotá, Bárcena afirmou que os efeitos da crise internacional serão "sentidos com força" este ano na América Latina e no Caribe.

A Cepal também prevê que a taxa de desemprego na região deverá aumentar para cerca de 9% em 2009, depois de atingir 7,5% em 2008.

Este resultado, segundo o organismo, deverá provocar uma "alta na pobreza".

Em uma entrevista recente à BBC Brasil, Bárcena observou que a região - e especialmente o Brasil - experimentou um período "extraordinário" de crescimento econômico e inclusão social, mas afirmou temer que a crise mudasse este cenário.

Efeitos

Segundo as previsões da Cepal, os únicos países da região que devem registrar crescimento econômico este ano são Panamá, Peru, Cuba e Bolívia, "que manteriam um crescimento positivo igual ou superior a 3%".

Chile e Equador, por outro lado, devem apresentar crescimento nulo em 2009, de acordo com a Cepal.

Para o organismo, os efeitos negativos são resultado da desaceleração do comércio internacional, da queda nos preços das matérias-primas e da redução nas exportações.

Por estes motivos, as economias definidas como "mais abertas" - como o México e os países da América Central -, seriam as mais afetadas.

Outros motivos para a retração seriam a queda no turismo --especialmente no Caribe e na América Central-- e uma "redução nos investimentos estrangeiros diretos".

Dificuldades

Alicia Bárcena afirmou que, "por enquanto", as economias da região mostraram "solidez" para "enfrentar os impactos" da turbulência financeira.

"Isso ocorre por terem aproveitado a bonança dos anos anteriores para acumular reservas e diminuir o endividamento", afirmou, segundo comunicado da Cepal.

No entanto, alguns países "podem ter dificuldades" se a crise atual se prolongar ou se aprofundar.

A Cepal também prevê que a região registrará, este ano, déficit em suas contas públicas e externas.

Para amenizar os efeitos negativos da crise, a secretária-executiva do órgão sugeriu que os setores mais vulneráveis da sociedade recebam "proteção ativa" do Estado e que "se evite o protecionismo e se preserve o gasto social".

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#7 Mensagem por FucaBala » 02 Abr 2009, 09:53

Pessoal, desculpem, mas eu não vejo este crescimento da Indústria.

A única coisa que literalmente ouço e vejo é corte de investimentos. As vendas de veículos podem ter crescido, mas não necessariamente ocorreu um aumento na produção e, principalmente, uma retomada dos investimentos por parte das montadoras.

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#8 Mensagem por Carnage » 02 Abr 2009, 10:03

Como se "sente" um aumento de 1,8% de um mês pra outro?

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FucaBala
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#9 Mensagem por FucaBala » 02 Abr 2009, 10:14

Carnage escreveu:Como se "sente" um aumento de 1,8% de um mês pra outro?
Não é questão de sentir um aumento de 1,8%, nem tenho como me atentar a este número.

Minha percepção é prática. O primeiro trimestre do ano costuma ser fraco para o setor industrial, historicamente. Ainda assim "paga-se" as contas.

Neste ano ficou muito mais complicado, ao menos no setor de máquinas e equipamentos que, para existir, depende de investimentos na indústria.
Como a economia, voltando a crecer, será em "doses homeopáticas", as empresas não tem planos de investimentos nem a curto e nem a médio prazo.

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#10 Mensagem por Compson » 02 Abr 2009, 11:14

Carnage escreveu:Abro este para falar apenas da crise e seus efeitos no Braisl
Boa!
FucaBala escreveu:
Carnage escreveu:Como se "sente" um aumento de 1,8% de um mês pra outro?
Não é questão de sentir um aumento de 1,8%, nem tenho como me atentar a este número.

Minha percepção é prática. O primeiro trimestre do ano costuma ser fraco para o setor industrial, historicamente. Ainda assim "paga-se" as contas.
Não vi os dados detalhados, mas provavelmente o aumento é puxado pela indústria automobilística, e precisariam ser relativizados (a queda brusca das montadoras cagonas em 2008, a redução do IPI). Por isso não há um reflexo "prático" evidente.

De qualquer forma, demonstra vitalidade do mercado interno, já que carro é um produto relativamente caro (mesmo com redução de impostos) e de financiamentos longos, o que é muito bom, principalmente se os EUA não melhorarem e a China não desabroxar como nova "locomotiva".

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#11 Mensagem por Sempre Alerta » 02 Abr 2009, 11:20

Muito mais do que uma crise financeira

Longo, porém interessante.
Artigo de John Gray

Vivemos um momento histórico: a derrubada da liderança política e econômica dos Estados Unidos no mundo. É um giro geopolítico tão importante como o da queda da União Soviética.

O artigo é de John Gray, autor de “Black Mass: Apocalyptic Religion and the Death of Utopia” [Missa negra: religião apocalíptica e a morte da utopia] e de “Cachorros de Palha” (Record, 2006), publicado no jornal espanhol El País, 11-10-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

É possível que tenhamos o olhar posto na queda dos mercados, mas a convulsão que estamos experimentando é mais do que uma crise financeira. Estamos diante de um giro geopolítico de dimensões históricas que está alterando o equilíbrio de poder no mundo de maneira irrevogável.

A era da liderança mundial dos Estados Unidos, que começou na II Guerra Mundial, terminou.
Pode-se comprovar isso se se observa como o domínio dos EUA diminui em seu próprio quintal, quando o presidente venezuelano, Hugo Chávez, provoca e ridiculariza a superpotência com impunidade. Mas o retrocesso da posição dos EUA no resto do mundo é ainda mais chamativo.

Com a nacionalização de partes fundamentais do sistema financeiro, o credo norte-americano do livre mercado destruiu a si mesmo, enquanto os países que mantêm algum tipo de controle dos mercados viram-se reivindicados. É uma mudança de repercussões tão transcendentais como a queda da União Soviética: derrubou-se todo um modelo de governo e de economia.

Desde o final da guerra fria, os sucessivos governos norte-americanos pregaram aos outros países a necessidade de se ter sistemas financeiros sólidos. Indonésia, Tailândia, Argentina e vários países africanos tiveram que suportar sérios cortes de gastos e profundas recessões como preço pela ajuda do Fundo Monetário Internacional, que colocava em prática a ortodoxia norte-americana. A China, em particular, sofreu intimidações sem fim pela debilidade de seu sistema bancário. Mas o êxito da China deriva de seu permanente desprezo pelos conselhos ocidentais, e não são os bancos chineses os que hoje estão quebrando.

Os Estados Unidos sempre tiveram uma política econômica para si próprios e outra para o resto do mundo. Durante os anos em que castigavam os países que se afastavam do equilíbrio orçamentário, estavam pedindo empréstimos gigantescos para financiar seus cortes fiscais domésticos e seus compromissos militares. Mas agora que as finanças federais dependem por completo de que grandes remessas de capital estrangeiro sigam entrando, serão os países que haviam rejeitado o modelo de capitalismo estadunidense os que influirão no futuro de sua economia.

Os detalhes do plano de salvação das instituições financeiras norte-americanas elaborado pelo secretário de Tesouro, Hank Paulson, e o presidente do Fed, Ben Bernanke, são menos importantes do que o que esse resgate supõe em si mesmo para a posição dos EUA no mundo. A indignação pela cobiça dos bancos espalhada no Congresso pode nos distrair das verdadeiras causas da crise. A grave situação dos mercados financeiros norte-americanos se deve ao fato de que os bancos trabalharam em condições de liberdade absoluta criadas por esses mesmos legisladores. A classe política dos EUA é a responsável pelo caos atual.

Nas circunstâncias atuais, um fortalecimento sem precedentes do Governo é a única forma de evitar uma catástrofe no mercado. A conseqüência, no entanto, será que os EUA dependerão ainda mais das potências emergentes. O Governo federal está acumulando empréstimos ainda maiores, e seus credores podem temer, com razão, que nunca lhes serão devolvidos. É muito possível que o governo sinta a tentação de engordar essas dívidas com um repentino aumento da inflação, que deixaria os investidores estrangeiros com perdas consideráveis. Nessa situação, os governos dos países que compram grandes quantidades de bônus norte-americanos, como a China, os Estados do Golfo e a Rússia, por exemplo, estarão dispostos a seguir apoiando o papel do dólar como divisa de reserva mundial? Em qualquer caso, o controle dos acontecimentos já não está nas mãos dos Estados Unidos.

O destino dos impérios, com freqüência, é decidido pela relação entre guerra e dívida. Foi assim com o Império Britânico, cujas finanças se deterioraram a partir da Primeira Guerra Mundial, e com a URSS. A derrota no Afeganistão e a carga econômica que tentou responder ao programa da guerra das galáxias de Reagan foram fatores cruciais que contribuíram para o desmoronamento soviético. Apesar de sua insistência em sua excepcionalidade, nos EUA não é diferente. A guerra do Iraque e a bolha de crédito feriram de morte a hegemonia econômica. Os EUA seguirão sendo a maior economia do mundo durante um tempo, mas serão as potências emergentes as que, uma vez passada a crise, comprarão o que tenha ficado intacto entre as ruínas do sistema financeiro norte-americano.

Nas últimas semanas, falou-se muito sobre um apocalipse econômico. Na realidade, não estamos, nem muito menos, diante do fim do capitalismo. O frenesi que se observa em Washington não é mais do que a morte de um tipo de capitalismo, a variedade que existiu nos EUA durante os últimos 20 anos. Essa experiência de laissez-faire fracassou. Ainda que o impacto da queda se faça sentir em todas as partes, as economias de mercado que resistiram ao desregulamento no estilo estadunidense contornarão melhor o temporal. É provável que o Reino Unido, que se converteu em um fundo de proteção gigantesco, mas um fundo que carece da capacidade de se beneficiar de uma piora da situação, acuse especialmente o golpe.

O irônico do período posterior à guerra fria é que a queda do comunismo foi seguida da ascensão de outra ideologia utópica. Nos EUA, no Reino Unido e, em menor medida, em outros países ocidentais, a filosofia reinante passou a ser um tipo concreto de fundamentalismo de mercado. A derrubada atual do poder norte-americano é a conseqüência previsível. Como o desmoronamento soviético, terá amplas repercussões geopolíticas. Uma economia debilitada não pode seguir sustentando por muito tempo os excessivos compromissos militares dos EUA. É inevitável que haja uma redução de gastos que, seguramente, não será gradual nem bem planificada.

Os processos de crise, como o que estamos presenciando, não se desenvolvem em câmera lenta. São rápidos e caóticos, e têm efeitos secundários que se estendem a toda velocidade. Pensemos no Iraque. O êxito do esforço, que foi conseguido à base do suborno dos sunitas e, ao mesmo tempo, do consentimento da limpeza étnica que está sendo realizada, gerou uma situação de paz relativa em algumas partes do país. Quanto tempo ele durará, se o nível atual de gasto dos EUA na guerra não pode mais se manter?

Se os EUA se retiram do Iraque, o Irã ficará como vencedor regional. Como ele se relacionará com a Arábia Saudita? Haverá mais ou menos probabilidades de uma ação militar para impedir que o Irã adquira armas nucleares?

Os governantes chineses, até agora, permaneceram calados diante da crise. A debilidade norte-americana irá animar-lhes a reafirmar o poder da China ou continuarão sua política precavida de “ascensão pacífica”? Até agora, não se pode responder a nenhuma dessas perguntas com segurança. O que é evidente é que os EUA estão perdendo poder em uma velocidade enorme. A Geórgia nos mostrou a Rússia redesenhando o mapa geopolítico, sem que os EUA pudessem ser nada mais do que um espectador impotente.

Fora dos EUA, a maioria das pessoas aceitou, há muito tempo, que o desenvolvimento de novas economias que acompanha a globalização diminuirá a importância da posição norte-americana no mundo. Quase todos imaginavam que se trataria de uma mudança em sua situação relativa, um giro que ia se produzir de forma gradual, ao longo de vários decênios e gerações. Hoje, essa hipótese parece cada vez menos realista.

Depois de ter criado as condições que geraram a maior bolha da história, os dirigentes políticos dos EUA parecem incapazes de compreender a magnitude dos perigos que afrontam agora o seu país. Envoltos em guerras culturais encarniçadas e brigados uns com os outros, parecem não se dar conta de que sua liderança mundial está se desvanecendo a toda velocidade. Está nascendo um novo mundo, quase sem que se note, e, nele, os EUA não são mais do que uma grande potência a mais entre as várias outras e que enfrenta um futuro incerto, no qual já não pode mais influir.

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#12 Mensagem por FucaBala » 02 Abr 2009, 11:32

Compson escreveu:De qualquer forma, demonstra vitalidade do mercado interno, já que carro é um produto relativamente caro (mesmo com redução de impostos) e de financiamentos longos, o que é muito bom, principalmente se os EUA não melhorarem e a China não desabroxar como nova "locomotiva".
A redução do IPI contribuiu consideravelmente, com certeza. Em números absolutos algo em torno de R$3000,00 de desconto no valor dos veículos.
As vendas também só não foram maiores devido aos juros do financiamento bancário.

Entretanto, não podemos esquecer também que praticamente todas as montadoras estavam com os estoques abarrotados de veículos no final do ano passado. Muitas pessoas acharam por bem adiar a compra do carro para o início de 2009 devido a turbulência, aumento de juros, dificuldade de crédito, etc.

Só agora nos primeiros meses do ano o estoque diminuiu. As vendas subiram, mas a produção não, pelo contrário.

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#13 Mensagem por kank » 02 Abr 2009, 11:51

eu acho que poucos analistas conseguiram perceber o obvio

os governos com as novas tecnologias transformaram a sonegação em quase 0 o que fez com que eles arrecadassem um excesso de imposto. exaurindo os contribuintes e ficando os governos com imensas reservas cambiais

agora estão precisando distribuir o que foi arrecadado a mais para ver se conseguem fazer o mercado voltar a funcionar

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#14 Mensagem por Roy Kalifa » 02 Abr 2009, 12:19

Crise economica mundial?

Que nada !

É so uma marolinha....

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#15 Mensagem por Compson » 02 Abr 2009, 12:48

kank escreveu:eu acho que poucos analistas conseguiram perceber o obvio

os governos com as novas tecnologias transformaram a sonegação em quase 0 o que fez com que eles arrecadassem um excesso de imposto. exaurindo os contribuintes e ficando os governos com imensas reservas cambiais

agora estão precisando distribuir o que foi arrecadado a mais para ver se conseguem fazer o mercado voltar a funcionar
Depende de onde você está falando. Há três casos notáveis:

- EUA: não há superávit fiscal; pelo contrário, o governo gasta muito, mas muito mais do que arrecada e o país não quebrou porque os títulos americanos são considerados de risco zero e todo mundo empresa dinheiro pra eles a juros baixos.

- China: ninguém fora do partido sabe muito bem o que acontece lá; mas o governo chinês arrecada muito e, sim, coloca muita coisa em reservas, títulos ou investimentos internacionais; realmente não sei se há problemas de liquidez na China, mas fora das ilhas de livre mercado, o sistema econômico é muito engessado, por isso acho que não;

- Brasil: houve superávit primário nos últimos quinze anos como garantia de confiança internacional e incentivo à capitalização do país; há um engessamento considerável de moeda em reservas internacionais (e esse é um dos motivos por que o dólar não está custando 10 reais por causa dessa crise, com as consequentes pressões inflacionárias), mas é compensado pela entrada de capital estrangeiro, embora esse não seja lá muito confiável; não há crise de liquidez no Brasil (pelo menos não havia até dezembro do ano passado, auge da arrecadação), haja visto que a inflação estava sempre beliscando as metas.

Portanto, não me parece nada óbvio que se trate de um problema fiscal. Aliás, um dos principais problemas da aquisição dos papéis "podres" pelo governo americano, além das consequências políticas, é o que vai acontecer com o derrame de dinheiro no mercado, sem os mecanismos financeiros que estavam absorvendo o excesso de dinheiro nos últimos anos e contendo a inflação no mercado de bens e serviços.

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