De fato, durante muito tempo em minha vida (R.C. …:-)..., eu sentia este conflito de ponto de vista. Para mim, o programa estava começando, a partir do momento em que eu escolhia a garota e entrava em um quarto, e para muitas, a partir deste mesmo momento, com o dinheiro praticamente garantido, ele estava acabado!
E, talvez porque o distanciamento faça a gente idealizar, tenho a impressão de que hoje a coisa anda pior do que antes.
Talvez para não cair em roubadas, a maioria dos programas que fiz neste ano (menos de 20, com certeza) foram “retornos”.
De minha parte, seriam ainda mais retornos; pena que faltou reciprocidade. Sei, coisa de meu lado idiota!
Mas, se quem tem de anos em putaria só um pouquinho menos de tempo de vida do que a maioria das moças que estão na ativa enxerga muita coisa que elas nem imaginam, quem é assim mais vivido sabe também que há um tempo mais propício para viver impulsivamente, para o dia de hoje, sem muita preocupação com o futuro; imediatismo.
E essas moças, na maioria bem jovens, vivem assim.
Dos 40 programas por mês, quantos são retornos? Dos 400 por ano, quantos são retornos?
(400 x R$200,00 = R$80.000,00; nada mal! Mas também “nada tanto assim”...
...
Tem férias? Não!
Tem final de semana remunerado? Não!
Tem FGTS? Não!
Recolhem previdência, na proporção dos ganhos? Não!
Tem outros “benefícios” (plano de saúde, auxílio transporte e alimentação...)? Não!
Tem boa perspectiva de carreira a médio e longo prazo? Não!
Sabem aproveitar bem o dinheiro? (resposta pessoal)
Muitas também mudam de ambiente, frequentemente (de cidade, de atendimento em clínica para “flat”; verdade que muitas regridem - voltam a atender "só no Lido" e congêneres, de nível igual ou pior...).
Percebe-se claramente que elas acreditam muito mais no poder de publicidade do GPGUIA, de “sites” e coisas assim do que no boca-a-boca e/ou no potencial destes, como eu – juntador de trocados, que retorna, eventualmente.
E, claro, não foi só com as putas que a história mexeu e continua a mexer... Quem viveu em outro tempo deve se lembrar de como era o tratamento dispensado antigamente pelos gerentes e vendedores das grandes lojas aos clientes. Eles também valorizavam o retorno. Mas nos dias de hoje a idéia dominante é a de que os clientes devem ser atraídos e de que negócios devem ser gerados, principalmente, por estratégias de comunicação massiva. Esta "prática de atacado", segundo imaginam, garante até contrapartida para eventuais perdas, verificadas no varejo!
O fenomeno se percebe até no “chat” do GPGUIA. Mocinhas de minutos em minutos colocam o endereço de seus blogs, apesar de a maioria dos frequentadores, penso eu, já estar cansada de “saber quem elas são”... Estamos, de novo, no domínio da publicidade... importa mais vender e receber; o que entregar, nem tanto.
Segundo meu juízo, um “serviço” bem pior do que o esperado, por um preço maior do que o justo e razoável.
(Digo meu juízo, porque os relatos apresentados indicam ao menos 85% de satisfação, no GPGUIA - isto daria uma tese!)
Só que mesmo estas que pertencem à esmagadora maioria, de pensamento e prática dominantes, devem o que resta ainda da procura por putaria àquelas que trabalham ou trabalharam direitinho. Devem, portanto, as putas medíocres, tudo o que consegem à boa conduta das putas raras e especiais, que não agem como elas.
Isto porque o putanheiro procura e sempre procurou a situação ideal:
- valor não maior do que o médio (em relação às melhores, que ele tem na cabeça – às quais estas que compõe a maioria nem de longe corresponde, em nenhum aspecto);
- que a moça não controle tempo (até porque, com bem pontuou Jack Nicholson, paga-se uma puta para dizer a ela quando ela deve ir embora...; não o contrário, e esta é uma das realidades mais difíceis de serem percebidas);
-enfim, ausência de sacanagem (exceto no bom sentido!), desde as mais levezinhas (como não dar atenção nos mensageiros instantaneos ou não atender telefonemas) até as mais graves, já por demais citadas nos relatos dos foristas (“TD's neutros e negativos);
E além de deverem tudo o que conseguem, não à publicidade, mas às putas que realmente atuam e atuaram bem, essas moças não percebem que, ao atenderem mal (cobraram muito, entregarem pouco), ao frustrarem expectativas, o interesse pelo ramo propriamente dito tende a acabar mais rápido – até porque está com os dias contados, com tanta gente dando de graça e sem compromisso, como talvez nunca na história deste país e da civilização.
Tal mudança é similar à que ocorre com o futebol, por exemplo: segmento aparentemente glamuroso, que movimenta muito dinheiro, mas carrega muita massa falida e tem destino incerto, dominado que está pelas corporações, tendo perdido o contato com o espírito que propriamente lhe deu origem e deveria sustentar.
Tudo seria uma questão de reflexão. Mas quantos(as) estão dispostos(as) a pensar hoje em dia? Outro sinal dos tempos!
Em tempo: ouso discordar da ídeia apresentada pelo Sr. Zé. Isto porque entendo que as moças estão putas; não são putas. E que há uma proporção direta entrenão ser puta o tempo todo com a qualidade de atendiemento. Penso que se ela não se sente puta, mas uma pessoa, não se comporta como uma máquina nem como ganhadora, ganha a vida, temporariamente, na vida, até com poesia.