América Latina
Cúpula em Cancún aprova novo bloco regional sem os EUA
Os presidentes dos países da América Latina e do Caribe aprovaram, nesta terça-feira em Cancún, no México, a criação de um novo bloco que represente todas as nações da região sem a participação do Canadá e dos Estados Unidos.
O organismo se chamaria, temporariamente, Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e iniciaria suas atividades a partir de julho de 2011 – data da próxima Cúpula da América Latina e do Caribe em Caracas, na Venezuela.
“Finalmente há um consenso sobre isso, também houve discussões intensas”, disse o presidente do México, Felipe Calderón.
Segundo ele, o novo bloco deve “impulsionar a integração regional e promover a agenda regional em encontros globais”.
Até agora, os líderes ainda não incluíram Honduras no novo grupo regional.
O bloco seria uma alternativa à Organização dos Estados Americanos (OEA) – o principal fórum das relações regionais nos últimos 50 anos.
A OEA tem sofrido críticas de seus próprios membros após uma série de embates políticos e comerciais entre países da região e os Estados Unidos.
Princípios
O novo organismo foi aprovado pelos 25 chefes de Estado e de governo que participaram da Cúpula no México.
Segundo o comunicado divulgado pelos líderes, o bloco terá entre seus princípios promover o respeito ao direito internacional, a igualdade dos Estados, evitar o uso de ameaça de força e trabalhar a favor do meio ambiente na região.
Além disso, o organismo deve promover a integração política da região assim como o diálogo com outros blocos.
As regras de operação definitivas deverão ser adotadas no evento de Caracas, no próximo ano, ou na Cúpula que ocorrerá no Chile, em 2012.
Apoio
O presidente de Cuba, Raúl Castro, elogiou o anúncio sobre a aprovação do novo bloco, que incluiria o país, diferentemente da OEA.
Cuba foi suspensa da Organização dos Estados Americanos em 1962 por causa do sistema político socialista da ilha. Em 2009, a OEA decidiu aceitar novamente os cubanos no bloco, mas Cuba rejeitou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância da criação do novo bloco para a integração da região
"É importante a gente lembrar que hoje não é um fato histórico menor, é um fato histórico de uma grande dimensão na medida em que estamos conquistando hoje nossa personalidade enquanto região, estamos firmando a personalidade quando decidimos criar uma comunidade da América Latina e do Caribe", disse Lula em Cancún.
"Todos nós estamos aos poucos descobrindo que a única saída que nós temos é trabalhar fortemente a nossa integração. E trabalhar a nossa integração significa nós nos confrontarmos com as instituições multilaterais existentes hoje e que não funcionam adequadamente", afirmou o presidente.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, já havia expressado seu apoio à proposta, afirmando que seria uma ação para distanciar a região da “colonização” americana.
Um representante do Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmou que não acredita que o novo bloco substituirá a OEA.
Os termos do novo organismo e a eventual substituição do Grupo do Rio e da Cúpula da América Latina e do Caribe pelo novo bloco ainda não foram esclarecidos.
Segundo o presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, “é muito importante que não tentemos substituir a OEA”.
“A OEA é uma organização permanente e tem suas próprias funções”, disse.
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DIREITOS HUMANOS
Sobre o jornalismo de esgoto
Por Chico Villela em 9/3/2010
Reproduzido da NovaE, 1/3/2010
A Folha trilha com veemência o caminho da Veja, tomada pelo que Luis Nassif chama (alguns) "jornalistas de esgoto". Irmana-se assim ao grupo Globo na falsificação sistemática da informação em defesa de interesses, sempre identificados, de empresas e governos e candidatos, seus ou favoráveis ao império, ou do próprio império, como se registra na edição do dia 27/2/2010.
A visita de Lula a Cuba, marcada pelo seu comportamento dúbio ante a presença de presos políticos e dissidentes e a morte do preso de consciência Orlando Zapata Tamayo (que comentei e condenei um dia antes de essa imprensa grande reagir), agora vem sendo explorada ad nauseam em harmonia com seus atos de falsificação jornalística que visam à campanha para presidente. A regra clara é: destruir Lula e o PT para destruir Dilma, principalmente agora que Dilma encostou em Serra e Aécio espera para decidir mais tarde, de olho na desistência de Serra e na abertura de seu caminho para a candidatura, ocasião em que seria praticamente imbatível. A missão da Folha é facilitada por declarações oportunistas, como a do assessor internacional Marco Aurélio Garcia em Cuba, de que direitos humanos são problema em todo o mundo. São, claro, mas isso não pode servir de escudo a gestos de omissão.
Aliados fascistas
Essa história, tudo indica que ficará em foco na Folha durante muito tempo: rende condenações e votos contra Lula e na edição de hoje (01/03) rendeu muitas páginas, editorial e matérias. Mas a debilidade reside em que a questão dos direitos humanos na Folha refere-se sempre aos adversários do império: para a Folha, há problemas de DH na China, na Rússia, no Irã, em Cuba, na Venezuela, em Mianmar, por aí. A questão da liberdade de imprensa, cara à Folha e aos senhores da Sociedade Interamericana de Imprensa, donos de reservas e monopólios dos meios, falsifica com lente grande a questão da Venezuela, por exemplo, ignorando que Chávez tem feito mais para democratizar a imprensa do que todos esses ilustres senhores juntos. Hoje, primeiro dia de março, esses senhores da grande imprensa fazem reunião e festa com seus promotores, agentes e servos remunerados em São Paulo, sob as asas do suspeito Instituto Millenium.
A julgar pelo noticiário e análises da Folha, que, insista-se, reproduz poucos meios dos EUA e uma e outra matéria da imprensa britânica, nos EUA não há problemas de direitos humanos. Nem no Egito, aliado dos EUA e governado pelo ditador retrógrado e torturador (veja uma mostra rápida de alguns deles) que caminha para seus trinta anos de tirania e promete fazer do filho o sucessor, criando uma dinastia familiar, como na ditadura de Cuba; na Colômbia, domínio de traficantes (veja e baixe a biografia do presidente-traficante) e tropas paramilitares e, ao lado do México, principal aliado estratégico dos EUA na América Latina; na Arábia Saudita, reino muçulmano ditatorial da corrente sunita, a mais repressiva do islã; em Israel, que joga hoje o jogo apoiado pelos EUA de tratar os palestinos como foram tratados pelo regime nazista, como se vê neste ensaio fotográfico (até a linguagem vai se aproximando); na Geórgia, que aboliu a liberdade de imprensa sem que os leitores da Folha sequer tomassem conhecimento; na Índia, aliada estratégica dos EUA que adota sistemas sociais de castas de cores pré-medievais e acumula problemas de DH de toda ordem; no Uzbequistão, outro aliado estratégico dos EUA, embora pendular e chantagista, que adotava até há pouco a técnica inquisitorial de fritar em óleo fervente prisioneiros enviados pela CIA; todos, sem exceção, aliados do império e modelos de drásticas violações de DH nunca noticiados pela Folha.
Assassinato em Honduras
Problemas de DH nos EUA? Na "pátria da democracia"? Após os atentados false flag em 2001, o instituto jurídico do habeas corpus foi abolido pela lei mais fascista já aprovada num país ocidental após o fim da Segunda Guerra, o Patriot Act do regime Cheney-Bush. O habeas corpus tem uma história de cerca de 800 anos, desde o século 13, com destaque para sua fixação no território que hoje é ocupado pelo Reino Unido na ilha inglesa. Espalhou-se, vingou e é reconhecido pela maior parte dos países. Mas nunca vi a Folha referir-se ao fato de o instituto do habeas corpus ter sido abolido nos EUA a partir do Patriot Act de 2001.
Nem ao fato de a violação ilegal e inconstitucional do sigilo de correspondência, e-mail e telefone ter operado e ainda operar no país, sob o governo de democratas. Um país em que os dados pessoais e da obra, de um leitor que a retira em biblioteca, mesmo de universidades, terem de ser compulsoriamente informados à polícia política não é, definitivamente, uma democracia. E que há mais de 100 mil cidadãos (dados de oito meses atrás) proibidos de viajar em aviões? Quantos leitores da Folha conhecem esses fatos pelas páginas do jornal?
O direito à defesa nos EUA também desapareceu, como se pode ver em outro artigo deste blog e no site referido. A organização e operação de centros de tortura, exaustivamente documentada na imprensa livre mundial, e que continua sob B.H. Obama, sempre foi ignorada pela Folha. A morte sob torturas de três jovens em Guantánamo, na mesma manhã de junho de 2009, foi ignorada pela Folha e pela imprensa dos EUA, que a Folha reproduz e copia, com destaque para seu conveniado New York Times. Da mesma forma, a construção pela Halliburton de cerca de 600 centros de detenção equipados com áreas de eliminação física de dissidentes (são tantos os sites que remeto o leitor ao menu), em vários pontos, sempre isolados e afastados de centros urbanos, no território dos EUA, sempre foi assunto tabu para a Folha.
E a Folha, que celebra a questão, obscena e condenável, dos prisioneiros políticos de Cuba, nem sequer noticiou o assassinato da principal ativista contra os golpistas de Honduras, com aspecto de obra de profissionais. As notícias dão conta de que sua morte levou marca registrada do serviço de inteligência israelense, que assessora os gorilas hondurenhos, apelido revivido pelos militares locais dependentes do Pentágono e de especialistas israelenses em morte de dissidentes. Assuntos tabus para a Folha são aqueles não noticiados pela grande mídia associada dos EUA. Pobre jornal.
Diplomacia ou corretagem?
A Folha faz parecer natural, e não um ato de escândalo digno de um governo Arruda, um alto funcionário diplomático em missão oficial de governo dos EUA dirigir-se ao Brasil para vender produtos de suas empresas. Na página A10 de hoje, a manchete é: "EUA dão última cartada para vender caças". A foto e legenda que ilustram a reportagem são de "William Burns, subsecretário para Assuntos Políticos dos EUA", que tenta chantagear o Brasil com a afirmação de que a compra de seus Boeing facilitaria a negociação para a compra de 200 SuperTucanos da Embraer pela Marinha.
Ao repórter sua voz: "[...] o recado foi enviado de forma diplomática e discreta, pela delegação que prepara a visita na semana que vem da secretária de Estado, Hillary Clinton, a Brasília. O subsecretário [...] esteve ontem com o ministro Nelson Jobim (Defesa)". Desconheço o que a Folha pensa sobre discrição. A reportagem não esclarece a diferença fundamental entre as propostas: os EUA não transferem tecnologia, querem ser eternos fornecedores; os outros proponentes, Suécia e França, transferem tecnologia, oferecem assessoria, compartem futuros projetos, configuram novas alianças armadas estratégicas ao largo do poder imperial, e isso se inclui nos preços.
Os EUA recentemente vetaram a venda de aviões da Embraer brasileira à Venezuela: para o império, os aviões têm "componentes euamericanos", e esse fato não garantiria a reposição ao país inimigo. O nome disso nos meios de bandidos e traficantes é chantagem, mas para a "diplomacia do império" e para a imprensa que a apóia é apenas tema corriqueiro de noticiário.
Essa mistura de negócios com diplomacia sempre foi, por mais de um século, marca registrada do império e, para eles, é postura aceita, tanto quanto o Pentágono abrigar conselheiros sobre ciência e tecnologia avançadas que são representantes de empresas. Para os EUA, e para a Folha, isso é o dia-a-dia. Anormal, para a Folha, é Lula apoiar a legítima aspiração do Irã de dominar o ciclo nuclear, tanto quanto o Brasil vem fazendo, e em que já se encontra bastante adiantado, com desenvolvimento de tecnologia própria.
Um primor de desinformação
Israel detém tecnologia nuclear, abriga cerca de (estimativas nesse campo são variadas e difíceis, mas há aproximações) de um mínimo de 200 artefatos aptos a explodir. Desenvolveram sua tecnologia com assistência dos EUA. É um país amigo.
O Irã a duras penas vem tentando dominar o ciclo nuclear. É membro do Acordo contra a Proliferação de Armas Nucleares, patrocinado pela desacreditada ONU. EUA e Israel nunca foram membros do Acordo. Mas essa realidade não impede que há anos o Irã venha sendo chantageado e ameaçado por sua "pretensão em ter a bomba". O Irã não é um país amigo, nem dos EUA, nem da Folha.
O Brasil adotou, finalmente, postura de dignidade e clareza nesta e noutras questões. Mas a visita oficial da esposa traída, pela agente do Mossad Monica Lewinski, do ex-presidente Clinton é abordada pela Folha sob ângulo diferenciado. Na sua página A4 da edição de hoje, sob a manchete arrogante "EUA vêem `erro´ em apoio do Brasil ao Irã e elevam pressão", com foto de aperto de mãos empilhadas de Lula e Ahmadinejad, a Folha lista os pontos de "controvérsia":
1. Caças. Veja o comentário acima, com o adendo da Folha de que a secretária Hillary Clinton também se empenhará na venda dos seus caças.
2. Bases na Colômbia. A cândida Folha anota: "EUA e Colômbia expandiram seu acordo militar, elevando o contingente americano no país. O Brasil pediu garantias e reclamou da reativação da Quarta Frota que, segundo Lula, alcança o pré-sal". O império de bases, que tem nas sete bases colombianas mais um pequeno capítulo e definição perfeita para o atual império em decadência, jamais foi abordado pela Folha, nem sequer em seu dominical "caderno de análises" Mais!.
3. Honduras. O texto do verbete é um primor de desinformação: "De mãos atadas após o `abrigo´ ao presidente deposto Manuael Zelaya em sua embaixada, o Brasil pediu ajuda aos EUA para, depois, discordar da solução apontada: acatar as eleições".
Império exagerou na dose
Sem comentários: nada disso é verdadeiro. Os EUA espernearam, plantaram críticas em muitas mídias, mas o Brasil manteve o asilo; e deixou a embaixada, sob supervisão de diplomata, nas mãos dos asilados, que tiveram apoio de muitos populares que se transferiram para lá. A Folha deveria ter vergonha de suas afirmações: chegou a manter um repórter, dentro da embaixada, que forneceu relatos, de elevada dignidade humana, sobre os asilados e o seu próprio papel; e, agora, escreve esse lixo editorial.
4. Irã. O texto é claro na denúncia da ilegalidade absoluta e da prepotência do império: "Lula recebeu o presidente Mahmoud Ahmadinejad e deu apoio a um programa nuclear com fins pacíficos. Os EUA acusam o Irã de buscar armas e articulam novas sanções ao país". O Irã é acusado, segundo a Folha e os EUA, de buscar armas. Israel já as tem, centenas. Mas o Irã não pode buscar essas armas. Mais claro, impossível. Lembra o caso do Iraque, que poderia ter armas de destruição em massa. Como disse em blog anterior, cuidado com o ímpeto de esfaquear seu vizinho, que poderia vir a ameaçá-lo um dia. A teoria da "guerra preventiva", herança dos neocons fascistas da era Cheney-Bush, mantém-se como doutrina estratégica do inerme governo B.H. Obama. A Folha ecoa.
5. Algodão. O Brasil ganhou direito na OMC de usar 830 milhões de dólares em retaliação contra subsídios ilegais dos EUA. Sugiro mandar os EUA transferirem os recursos ao Haiti. Desde que se retirem, e retirem também do país seus 20 mil soldados, armados até os cotovelos. O Haiti, assunto do item 6, não cabe neste espaço: o império exacerbou sua loucura e exagerou na dose.
Sentimento é de nojo
Mas a Folha é insuperável. Na mesma página A4 em que esses temas se alinham, e da qual me abstenho de comentar a barafunda jornalística do texto da matéria, há um pé de página em que o enviado especial dos EUA , citado ao início deste texto, fala sobre os direitos humanos: "É preciso ser direto sobre abuso, afirma americano". O box do artigo foi entregue ao fantasma FHC. Serra despenca serra abaixo e é preciso ressuscitar até mesmo o viajante FHC (claro: com Serra ameaçado por Dilma, é preciso dar a palavra ao PSDB, e até mesmo ao caquético FHC). Que, até agora, não se manifestou contra a proibição da marcha do orégano em São Paulo. Logo ele, que vem fazendo esforços até pessoais pela causa!
Em tempo: durante a maior parte dos eventos sociais do terremoto do Haiti, a imprensa dos EUA sempre privilegiou a questão da propriedade e focou saques e destruição, ignorando os milhões de gestos sociais de solidariedade. A Folha de segunda-feira (1/3), dia da reunião celebratória dos seus pares em São Paulo, trouxe manchete repugnante: "Chile põe Exército nas ruas contra saques". Além de foto de quase meia página, de três saqueadores dentro de um centro de compras semidestruído. Como se tudo se resumisse a colocar tropas contra saqueadores perante mais de um milhão de pessoas em necessidade de sobrevivência e em desdobrados gestos de clemência e compaixão.
A grande imprensa é exemplar, sempre. Num momento em que se celebra, e o povo vivo celebra, a solidariedade, a salvação e o abrigo de vizinhos e pessoas em necessidade, milhares de demonstrações de solidariedade e desprendimento, e até mesmo os esforços do governo Bachelet de socorrer as populações com pelo menos água e comida, a imundície da Folha se revela em sua primeira página. O sentimento único possível é de nojo. Nassif tem razão: os empresários e jornalistas de esgoto estão à solta.
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Re: Brasil e política internacional
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A sabujice da Globo diante do conflito comercial Brasil-EUA
O governo Obama não gostou das medidas anunciadas pelo governo Lula em retaliação aos subsídios ilegais que os EUA concedem aos produtores de algodão, o que não deixa de ser natural. Inusitada neste episódio foi a reação de alguns bajuladores e aliados do império, com destaque para as Organizações Globo da família Marinho.
Por Umberto Martins, no Vermelho
Na noite de segunda-feira (8), o Jornal da Globo (televisivo) destacou matéria do diário inglês “Financial Times” sugerindo que o Brasil caminha para uma guerra comercial com os EUA. Na manhã do dia seguinte (9), o jornal “O Globo” chegou às bancas com a manchete principal enfatizando a ameaça de alta dos preços do pão nosso de cada dia em função da sobretaxa que será aplicada à importação do trigo norte-americano. Uma atitude que o ministro da agricultura, Reinhold Stephanes, classificou com muita propriedade de “terrorismo”.
O fora da lei
Em reunião com o ministro Miguel Jorge (do Desenvolvimento), realizada nesta terça em Brasília, o secretário de Comércio dos EUA, Gary Locke, procurou colocar panos quentes na controvérsia, afirmando que o governo Obama não está interessado em iniciar uma guerra comercial com o Brasil. Washington não tem razão nem mesmo pretexto para agir de outra forma. O fora da lei neste caso é o próprio Tio Sam e mais ninguém.
O governo brasileiro agiu rigorosamente dentro das normas internacionais e foi também criterioso ao definir setores e ramos de atividade que terão as tarifas de importação elevadas, de forma a não prejudicar a indústria e o desenvolvimento nacional. As medidas adotadas foram autorizadas pela Organização Mundial do Comércio (COM), que em novembro do ano passado considerou ilegais os subsídios governamentais aos produtores do algodão norte-americano, ao julgar ação movida pelo Itamaraty.
O valor das retaliações comerciais foi estimado em 591 bilhões de dólares, distribuídos por vários ramos, e não se espera que tenha grandes repercussões para a indústria estadunidense, segundo os especialistas. A OMC autorizou uma represália maior, de até US$ 829 milhões, e o governo promete aplicar os US$ 238 milhões restantes com quebra de patentes, o que pode provocar prejuízos mais concentrados e sensíveis, principalmente aos monopólios farmacêuticos.
Arrogância imperialista
O governo brasileiro priorizou o caminho do diálogo para resolver o impasse, mas a Casa Branca não parece propensa a conversas. No velho e arrogante estilo imperialista, o novo embaixador americano em Brasília, Thomas Shannon, já chegou ao país falando em contrarretaliação, “como se a parte condenada por violação das normas internacionais fosse a vítima, não a culpada”, conforme notou o jornal “O Estado de São Paulo” em editorial publicado nesta terça.
A posição dos EUA, que se nega a rever as práticas protecionistas ilegais condenadas pela OMC, traduz o detestável unilateralismo imperial que alguns imaginaram superado com o fim do governo Bush, mas que infelizmente foi reafirmado e em certa medida fortalecido por Obama. Os interesses imperialistas de Washington não podem se sobrepor ao direito internacional.
Unilateralismo versus multilateralismo
Em contraposição à arrogância imperial, a retaliação anunciada pelo governo Lula constitui uma defesa do multilateralismo nas relações internacionais, pois “busca salvaguardar a credibilidade e legitimidade do sistema de soluções de controvérsias” da Organização Mundial do Comércio, conforme esclarece a nota divulgada pelo Itamaraty sobre o tema.
Também não temos razões para temer contrarretaliações. O Brasil já não depende tanto dos EUA como no passado. A importância comercial e financeira da maior potência capitalista do mundo para a economia nacional declinou e de forma acentuada ao longo dos últimos anos, inclusive por causa da rejeição da ALCA e da diversificação das exportações brasileiras. A China já é nossa maior parceira comercial.
Terrorismo
A especulação em torno da hipótese de aumento dos preços do pãozinho não tem fundamento e serve a interesses obscuros, segundo o ministro da Agricultura. Apenas 5% do trigo consumido no Brasil provêm dos EUA e podem ser importados de outros países, como a Argentina. “Estão fazendo terrorismo”, sustentou Stephanes.
A manchete de “O Globo” reflete a mentalidade colonizada, atrasada e subalterna que parte das classes dominantes brasileiras continuam cultivando em detrimento da soberania nacional. Mas, o ministro da Agricultura enxergou outros interesses menores neste jogo.
Especulação
“Já tem gente querendo ganhar dinheiro à custa de uma determinada situação”, comentou Stephanes na entrevista coletiva concedida em Brasília para apresentar o sexto levantamento da safra de grãos 2009/2010.
A especulação ocorre porque apenas cinco grandes grupos de moinhos controlam toda a comercialização de trigo no país e sempre pressionam o governo para reduzir a tarifa de importação, embora não aceitem abrir seus estoques, na opinião do ministro.
“Tem que se considerar que o custo do trigo no pãozinho varia de 10% a 16%. Então, como a restrição de 5% da importação implicaria aumento de 16% no preço? Isso não tem lógica nenhuma. É terrorismo”, afirmou.
De acordo com a agência Brasil, ele mostrou aos jornalistas um gráfico com a variação do preço do trigo e do pão francês nos últimos três anos, no qual o primeiro sofreu variação de R$ 750 por tonelada em 2007 para menos de R$ 450 por tonelada neste ano. O valor do pãozinho, entretanto, se manteve no mesmo patamar, mesmo com a queda do valor de sua matéria-prima. "Alguém está ganhando dinheiro aí, e não é o produtor", concluiu Stephanes.
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11/03/2010 - 09:27
A retaliação comercial brasileira
Do Último Segundo
Coluna Econômica 11/03/2010
Está um pouco confusa essa história da retaliação brasileira aos produtos americanos, em decorrência na vitória obtida na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra o subsídio ao algodão norte-americano.
A retaliação consiste no direito do país vencedor em escolher quais produtos poderão ser retaliados (isto é, ter as alíquotas de importação aumentadas) do país condenado.
Pode parecer estranho à primeira vista. Os subsídios americanos foram para o algodão. As retaliações brasileiras foram sobre outros produtos. Qual a lógica de se retaliar setores que nada tinham a ver com a pendência original.
***
Essa possibilidade surgiu no final da Rodada Uruguai, que definiu as novas regras da OMC – organismo que regula o comércio mundial. Os países desenvolvidos propuseram o mecanismo, como forma de pressionar os emergentes.
A reação inicial dos emergentes foi contrária à proposta. Coube ao representante brasileiro na rodada – o então embaixador Celso Amorim – convencê-los a aceitar a regra, desde que os desenvolvidos concordassem em se submeter a elas.
Com isso, os emergentes ganharam uma arma extraordinária.
Tome-se o caso do algodão. A condenação da OMC permitiu ao Brasil retaliar produtos americanos até o montante de pouco mais de US$ 500 milhões – uma gota perto do montante das exportações americanas.
Ao poder selecionar setores, o quadro muda de figura. Em vez de se basear apenas na importância econômicas das exportações do setor, o Itamarati escolherá aqueles setores com maior influência política nos EUA. Ao aumentar as alíquotas sobre seus produtos, deflagra um alarido dos setores contra o governo americano.
***
Não é por outro motivo que, assim que soube da decisão brasileira de retaliar, o governo norte-americano enviou imediatamente um negociador ao Brasil. Aí tem início um jogo interessante de blefes e tentativas de influenciar a opinião pública e governos.
Para todo mundo que acompanha os meandros dessas negociações, está claro que não se partirá para as vias de fato. Joga-se de um lado e do outro, blefa-se daqui e dali para se chegar ao melhor acordo possível.
Nesse jogo, os meios de comunicações tem um papel relevante, seja para fortalecer ou para torpedear as posições nacionais.
***
Do lado norte-americano, a jogada veio através do Financial Times, com uma matéria alertando que a retaliação poderia produzir uma guerra comercial.
Do lado brasileiro, alguns jornais resolveram atirar contra o próprio país. Foi o caso de O Globo e do Jornal Nacional que, em vez de divulgar a lógica da retaliação, preferiram matérias mostrando que o aumento das alíquotas de importação prejudicariam o consumidor brasileiro – mesmo sabendo-se que existem produtos de outras origens para substituir o norte-americano.
***
No final do jogo, provavelmente se chegará a um acordo pelo qual o governo norte-americano aportará recursos para um fundo destinado ao setor algodoeiro nacional – que abriu a representação contra o dumping.
Mas o episódio demonstra como é difícil para alguns veículos defender o interesse nacional.
Brasil não quer disputa comercial com EUA
O Brasil não está interessado em um confronto comercial com os Estados Unidos, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, é importante que os EUA respeitem as determinações da OMC – de autorizar uma retaliação brasileira a produtos norte-americanos -, senão o mundo pode virar uma “bagunça”. “Os Estados unidos são muito ricos. Podem fazer o que quiser na economia mundial, mas não é justo”, afirmou.
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DEBATE ABERTO
Brasil: vocação natural e vontade de potência
Por imposição geográfica, histórica e constitucional, a prioridade número um da política externa brasileira sempre foi a América do Sul. Mas hoje é impossível o Brasil sustentar os seus objetivos e compromissos sul-americanos, sem pensar e atuar simultaneamente em escala global.
José Luís Fiori
Costuma-se falar de uma “vocação natural” dos países e dos povos, que estaria determinada pela sua geografia, pela sua história e pelos seus interesses econômicos. Mas ao mesmo tempo, sempre existiram países ou povos, que se atribuem um “destino manifesto” com o direito de ultrapassar os seus limites geográficos e históricos, e projetar o seu poder para além das suas fronteiras, com o objetivo de converter, civilizar ou governar os demais povos do mundo.
Entretanto, quando se estuda a história mundial, o que se descobre é que nunca existiram povos com vocações inapeláveis, nem países com destinos revelados. Descobre-se também, que todos os países que projetaram seu poder para fora de si mesmos, e conseguiram se transformar em “grandes potências”, foram em algum momento países periféricos e insignificantes, dentro do sistema mundial. E se constata, alem disto, que em todos estes casos de sucesso, existiu um momento em que havia uma distância muito grande entre a capacidade imediata que o país dispunha, e a sua vontade ou decisão política de mudar o seu lugar dentro da hierarquia internacional.
Uma distância objetiva, que foi superada sem voluntarismos extemporaneos, por uma estratégia de poder competente que soube avaliar em cada momento, o potencial expansivo do país, do ponto de vista político, econômico e militar. Donde se deva deduzir que existe uma “vontade de potência” mais universal do que se imagina, e que de fato o que ocorre é que a própria natureza competitiva e hierárquica do sistema impede que todos tenham o mesmo sucesso, criando a impressão equivocada de que só alguns possuem o destino superior de supervisionar o resto do mundo.
Por imposição geográfica, histórica e constitucional, a prioridade número um da política externa brasileira sempre foi a América do Sul. Mas hoje é impossível o Brasil sustentar os seus objetivos e compromissos sul-americanos, sem pensar e atuar simultaneamente em escala global. Partindo do suposto que acabou o tempo dos “pequenos países” conquistadores (como Portugal ou Inglaterra, por exemplo), e que o futuro do sistema mundial dependerá, daqui para frente, de um “jogo de poder” entre os grandes “países continentais”, como é o caso pioneiro dos EUA, e agora será também, o caso da China, da Russia, da India e do Brasil, excluida a União Européia enquanto näo for um estado único.
Neste jogo, os EUA já ocupam o epicentro e lideram a expansäo do sistema mundial, mas os outros quatro países possuem por si só, cerca de um quarto do território, e quase um terço da população mundial. E todos os quatro estäo disputando hegemonias regionais, e já projetam – em alguma medida - seu poder econômico ou diplomático, para fora de suas próprias regiões.
Pois bem, o que se deve esperar, na próxima década, é que a Russia se concentre na reconquista do seu antigo território e de sua zona de influencia imediata; que a expansäo global da China se mantenha no campo econômico e diplomático; e que a Índia siga envolvida com a construção de barreiras e alianças que protejam suas fronteiras, ao norte, onde se sente ameaçada pelo Paquistão e pelo Afeganistão, e ao sul, onde se sente ameaçada pelo novo poder naval da própria China.
Deste ponto de vista, comparado com estes três “países continentais”, o Brasil tem menor importância econômica do que a China e muito menor poder militar do que a Rússia, e que a Índia. Mas ao mesmo tempo, o Brasil é o único destes países que está situado numa região onde não enfrenta disputas territoriais com seus vizinhos, e por isto, é o país com maior potencial de expansão pacífica, dentro da sua própria região. Além disto, é o único destes países que contou – até aqui - com uma dupla vantagem com relação aos outros três, do ponto de vista de sua presença fora do seu próprio continente: em primeiro lugar, o Brasil usufruiu da condição de “potência desarmada”, porque está situado na zona de proteção militar incondicional dos Estados Unidos; e em segundo lugar, o Brasil usufruiu da condição de “candidato-herdeiro” à potência, porque é o único que pertence inteiramente à “matriz civilizatória” dos Estados Unidos.
Por isto, aliás, a expansão da influência brasileira tem seguido até aqui, a trilha que já foi percorrida pelos Estados Unidos, e pelos seus antepassados europeus. Mas além disto é fundamental destacar que o Brasil contou neste período recente com a liderança política de um presidente que transcendeu seu país, e projetou mundialmente sua imagem e sua influencia carismática. Como passou em outro momento, e numa outra clave, com a liderança mundial de Nelson Mandela, que foi muito além do poder real, e da influência internacional, da África do Sul.
Neste sentido, o primeiro que se deve calcular com relação ao futuro brasileiro, é que o fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, representará, inevitavelmente, uma perda no cenário internacional, como aconteceu também com a saída de Nelson Mandela. Com a diferença que o Brasil já está objetivamente muito à frente da África do Sul. Assim mesmo, para seguir adiante pelo caminho que já foi traçado, o Brasil terá que fazer pelo menos duas opçöes fundamentais e de longo prazo.
Em primeiro lugar, terá que decidir se aceita ou não a condição de “aliado estratégico” dos Estados Unidos, da Grã Bretanha e da França, com direito de acesso à tecnologia de ponta, mas mantendo-se na zona de influencia, e decisão militar dos Estados Unidos. Caso contrário, o Brasil terá que decidir se quer ou näo construir uma capacidade autônoma de sustentar suas posições internacionais, com seu próprio poder militar. Em seguida, o Brasil terá que definir a sua visão ou utopia, e o seu projeto de transformaçäo do sistema mundial, sem negar sua “matriz öriginária” européia, mas sem contar com nenhum “mandato” ou “destino”, revelado por Deus ou quem quer que seja, para converter, civilizar ou conquistar os povos mais fracos do sistema.
De qualquer forma, uma coisa é certa: o Brasil já se mobilizou internamente e estabeleceu nexos, dependências e expectativas internacionais muito extensas, num jogo de poder que näo admite recuos. Neste altura, qualquer retrocesso terá um custo muito alto para a história brasileira.
José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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Re: Brasil e política internacional
Esse bloco latino americano passará por sérias complicações no futuro, o negócio é o Brasil pensar primeiro nele, depois nos outros, parece egoísmo, mas nenhuma potência existe senão pensar em si mesma primeiro. E além do mais, ficar num bloco cheio de ditaduras de esquerda ou direita camufladas por uma democracia falsa e elitista não é modelo de equiparação com blocos mais sólidos. Se a unidade der certo, grandes passos serão dados e finalmente a América Latina terá um lugar de respeito, principalmente para o Brasil, México e Argentina. Chega de se inferiorizado por norte-americanos e europeus, tem que fazer que nem a China e Japão, manda todo mundo assistir e confie no seu talento.
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Re: Brasil e política internacional
Brasil vive um momento sublime na politica externa: o mundo condena o Irã e Lula o apóia; Fidel tá mais pra fossil do q pra ser humano, fisicamente e nas ideias, e na contramão do mundo Lula diz q ele é o cara.
De fato, temos tudo pra pleitear mesmo um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU!
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Re: Brasil e política internacional
Sobre o Irã favor ler os últimos posts neste tópico:lferrari escreveu:Brasil vive um momento sublime na politica externa: o mundo condena o Irã e Lula o apóia
viewtopic.php?p=1287653#p1287653
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Re: Brasil e política internacional
Nossa politica nacional jah eh uma piada de mal gosto , agora internacional ?
Nao sei porque tanta cisma em pleitear uma cadeira na ONU , se o pais (nosso) nem tem capacidade de resolver os proprios problemas . Essa nova organizacao deve ser um "jeitinho" de se conformar com a frustracao na ONU.
E as parcerias da nova organizacao ? Cuba ? Venezuela ? Bolivia ? Haiti ? Um pais pior que o outro ... so se for para virar fantoche do Chaves. Os outros paises melhores, Mexico e Chile (antes do terremoto) , na primeira oportunidade se alinham com os EUA. Argentina? esse nem precisa de comentario, parceria so se for pra afundar nosso pais junto.
Isso sem comentar tantos outros absurdos desse celso amorim. Pelo menos este ano o PT sai fora (assim espero e vai tarde).
Nao sei porque tanta cisma em pleitear uma cadeira na ONU , se o pais (nosso) nem tem capacidade de resolver os proprios problemas . Essa nova organizacao deve ser um "jeitinho" de se conformar com a frustracao na ONU.
E as parcerias da nova organizacao ? Cuba ? Venezuela ? Bolivia ? Haiti ? Um pais pior que o outro ... so se for para virar fantoche do Chaves. Os outros paises melhores, Mexico e Chile (antes do terremoto) , na primeira oportunidade se alinham com os EUA. Argentina? esse nem precisa de comentario, parceria so se for pra afundar nosso pais junto.
Isso sem comentar tantos outros absurdos desse celso amorim. Pelo menos este ano o PT sai fora (assim espero e vai tarde).
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Re: Brasil e política internacional
Acho incrível a discrepância entre a visão da mídia brasileira e da internacional sobre a política internacional brasileira. Quem foi até os link que postei logo acima teve uns exemplos disso...
Abaixo uma outra amostra do contraditório entre as duas visões mostrado na própria mídia local:
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... iplomacia/
http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16479
Abaixo uma outra amostra do contraditório entre as duas visões mostrado na própria mídia local:
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/ ... iplomacia/
16/03/2010 - 08:19
Manual de como analisar a diplomacia
Aqui no Blog tem havido discussões acerbas sobre a estratégia diplomática brasileira. Comentaristas antenados com a objetividade rude da diplomacia americana têm trazido críticas importantes – para serem analisadas e discutidas. Na outra ponta, analistas defendendo a estratégia do Itamarati. No pano de fundo, o novo papel do Brasil no mundo, a disputa com os Estados Unidos na influência sobre a América Latina, o novo protagonismo nas grandes discussões comerciais e os limites da realpolitik.
Enfim, tema dos mais relevantes, que exige enorme poder de análise, conhecimento histórico sobre o papel da diplomacia, reflexos sobre a posição do Brasil no mundo nas próximas décadas, tendo em vista o novo protagonismo do país.
Mas na mídia, discutir o tema obedece a um manual simplificador. Há como que templates que são preenchidos por conteúdo capturado aqui e ali, sem a preocupação de alinhavar um pensamento lógico. É uma soma de chavões e adjetivos, de pequenos truques retóricos para passar ao leitor a ilusão de que o autor domina o tema analisado. É o famoso “manual da dona Maria”, de tentativa de aplicação do senso comum nas grandes formulações complexas.
É o caso da análise que Otávio Frias Filho faz da diplomacia brasileira em seu jornal, peça preciosa para analisar o manual “como discutir na mídia sem dominar o assunto” (minhas observações em azul).
Aliás, a prova de que não lê sequer seu próprio jornal está na própria página com seu artigo. Na dobra abaixo, a matéria: “Prestígio universal permite a Brasil ser mediador, diz premiê palestino”, entrevista com o premiê palestino.
Da Folha
Uma política ingênua e errática
Definir algo como ingênuo confere ao polemista uma suposta superioridade intelectual, por tratar toda a formulação a ser combatida como algo intuitivo, primário em relação ao nível profundo de pensamento do crítico.
Na nossa diplomacia, cheia de distorções seletivas, a questão dos direitos humanos deixa de ter qualquer valor no trato com inimigos de Washington, os quais adulamos
OTAVIO FRIAS FILHO
DIRETOR DE REDAÇÃO
Durante muito tempo, a política externa brasileira foi negligenciada no debate público. Como ocorre em toda nação continental, a agenda interna sempre esmagou a externa, efeito acentuado, em nosso caso, pelo discreto relevo internacional do país. Aos poucos, esse quadro começa a mudar.
Talvez seja nossa inexperiência no palco do mundo, combinada à afoiteza do governo Lula em projetar a todo custo o peso geopolítico que o país já alcançou, o que nos leva a cometer equívocos em cascata e enveredar por um caminho temerário.
O paradoxo do Otavinho: “projetar a todo custo o peso geopolítico que o país já alcançou” pressupõe que esse peso seria alcançado inercialmente, sem que houvesse a necessidade de projetá-lo a todo custo. Ou seja, o país alcançou esse peso por obra da natureza ou pela mão divina, não pela ação diplomática.
Veja-se, por exemplo, o caso do Irã. Ao que tudo indica, a elite dirigente daquele país (incluída a facção oposicionista) acredita que possuir armas nucleares seja um imperativo de segurança nacional. Não é absurdo que pense assim. Os americanos promovem atualmente duas guerras de invasão nos países que fazem fronteira com o Irã a oeste (Iraque) e a leste (Afeganistão). A menos de mil quilômetros de seus limites territoriais, a distância entre São Paulo e Brasília, o Irã tem cinco vizinhos inamistosos e dotados de capacidade militar nuclear: Paquistão, Índia, China, Rússia e Israel.
Se essa premissa for aceita, nada deterá o Irã (exceto, talvez, um desesperado ataque preventivo de Israel). O mais provável é que Israel e Irã convivam no futuro sob o “equilíbrio do terror nuclear”, o mesmo mecanismo que deteve Estados Unidos e União Soviética no passado e detém os arqui-inimigos Índia e Paquistão hoje. O que o Brasil tem a ganhar ao se imiscuir em problema que não é diretamente seu, numa conjuntura geograficamente remota e comercialmente pouco importante para nós?
Apesar da diplomacia brasileira ser considerada, inclusive em Israel, um dos novos agentes mediadores no mundo, apesar do crescimento constante das exportações para o Oriente Médio, das possibilidades de parcerias tecnológicas com Israel, apesar do Brasil estar sendo considerado potência emergente, OFF considera a região pouco importante para o país. Faz parte do manual da dona Maria: não se meta em assuntos que não lhe digam respeito.
Os Estados Unidos influem e se intrometem nos conflitos do Oriente Médio não para pavonear seu peso mundial, como parecem supor nosso simplório presidente e seu trêfego chanceler.
Fantástico! Celso Amorim foi um dos atores centrais de todos os grandes eventos diplomáticos dos últimos anos. Como tal, está exposto a críticas – algumas muito bem fundamentadas, colocadas por comentaristas aqui do Blog. Lula virou ator político global. Merecem, no mínimo, crítica de gente grande. E o OFF, do alto da sua proficiência, trata um como “simplório” e outro como “trêfego”. Na próxima, emitirá o julgamento definitivo sobre personagens analisados: “bobo”, “feio” e “sujo.
Os EUA estão atolados até o pescoço na região porque sua economia é dependente do petróleo local (não é o caso da nossa) e sua comunidade judaica exerce peso desproporcional nas eleições americanas (diferente de novo do Brasil, onde comunidades de origem judaica e árabe têm expressão equilibrada e convivem de fato).
Não existe razão de política externa para que nossa atitude perante a complexa, quase insolúvel, contenda entre israelenses e palestinos seja outra que não uma equidistância comedida, sempre favorável à não violência e à negociação direta entre as partes.
A diplomacia brasileira é recebida de braços abertos em Israel, com exceção de um chanceler desequilibrado, Liberman. É recebida de braços abertos no Irã. Se isso não for “equidistância comedida”, o que seria? A cobertura editorial da Folha, talvez.
Retomar esse contato direto, aliás, é hoje o ponto crucial naquele conturbado trecho do globo. Nossa “diplomacia do futebol” tem pouco a fazer ali, exceto passar ridículo.
O que significa esse “retomar o contato direto”, tratado como “ponto crucial” daquele conturbado trecho do globo? E o que tem a ver a “diplomacia” do futebol” com isso? Parece ter sido montado no “gerador de lerolero”. Parece a dona Maria mediando brigas de vizinhos: deixem os dois resolverem por si só e ninguém se meta que não é problema nosso. OFF conseguiu ignorar o conceito histórico de mediação diplomática.
Numa entrevista recente, o novo embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, disse algo significativo, o que é inusitado entre diplomatas. Referindo-se às relações entre nossos dois países, constatou que “vamos começar a nos esbarrar por aí”. Shannon aludia ao fato de que o aumento do peso econômico e comercial do Brasil aumenta sua influência externa, irradia seus interesses e o expõe a crescentes áreas de atrito com outros países relevantes, desde logo os próprios Estados Unidos.
No começo do artigo, OFF diz que Oriente Médio está fora do raio de interesses do Brasil. Aqui, cita um diplomata para quem o aumento do peso econômico e comercial torna o país um player global. Para um player global o raio de interesse é o mundo. Nesse tipo de análise copia e cola, não se cuidou de costurar as partes coladas com o mesmo fio lógico. Se o Brasil aspira ser player global, se essa posição é admitida pelo próprio embaixador norte-americano, porque o conflito do Oriente Médio, que é tema diplomático global, não deveria ser tratado pela diplomacia brasileira? Há outras razões para tanto, mas OFF não as menciona por não saber elaborar sobre o tema.
Em outras palavras, não precisamos buscar sarnas para nos coçar, elas virão natural e infelizmente como decorrência de nossa projeção maior na geopolítica mundial. Logo teremos de enfrentar decisões realmente difíceis.
Também da série “os conselhos de dona Maria”. Uma conclusão que ninguém tinha pensado: para ser ator global basta o país ficar parado aguardando que as decisões difíceis cheguem naturalmente – e “infelizmente” (!). Qual seria o nome dessa nova diplomacia defendida por OFF? Provavelmente, “a diplomacia do protagonismo inercial“.
É provável, por exemplo, que o Brasil venha a ser um dos cinco entes soberanos a predominar no planeta antes de meados do século, junto com a China, os Estados Unidos, a Índia e a Europa. Continuaremos a ser o único a prescindir de armas nucleares como recurso dissuasivo? O ex-ministro Rubens Ricupero tem uma bela argumentação em defesa dessa originalidade, talvez até como contribuição da cultura brasileira ao futuro dos povos.
Como diria minhas caçulas: e… Aliás a contribuição da cultura brasileira ao futuro dos povos é justamente o que foi denominado de “a diplomacia do futebol”. OFF não se dá conta sequer dessa obviedade. Aliás, “entes soberanos” parecem mais divindades do Santo Daime.
Mesmo no âmbito de uma perspectiva pacifista, porém, que é da nossa tradição, abdicar de arma atômica implica como contrapartida a obrigação de dotar o país de recursos militares convencionais muito mais onerosos e destrutivos do que o aparato atual. São questões graves como essa que merecem debate profundo, mais que nossa ingênua, felizmente inócua, aparição no Oriente Médio ou nossa desastrada e igualmente inócua ingerência nos assuntos internos de Honduras.
Um dos argumentos mais simplistas da cartilha de “como discutir sem argumentar” é o das falsas opções. Não pode falar isso porque é mais importante falar aquilo, sendo que “isso” e “aquilo” não são conflitantes entre si. Para o raciocínio dar certo, faz-se de conta ser impossível tratar das duas coisas ao mesmo tempo. Aliás, ao defender a autodeterminação dos países – embora não tenha jamais avalizado experiências nucleares no Irã – a diplomacia brasileira está seguindo a lógica de pensar justamente o Brasil grande e os óbices diplomáticos que serão colocados mais à frente pelas potências atuais – como ocorre em todo processo histórico de emergência de novas potências.
Toda política externa deve combinar o interesse egoísta do próprio país com um elenco de valores universais (essencialmente, respeito aos direitos humanos e à autodeterminação dos povos). Ela será tanto mais sólida e respeitável quanto mais os dois aspectos se harmonizarem sem grande contradição. O que estamos fazendo é uma política errática, cheia de distorções seletivas, de modo que a questão dos direitos humanos, por exemplo, deixa de ter qualquer valor no trato com inimigos de Washington, os quais adulamos para sermos vistos como “independentes”.
Que tal OFF analisar com a profundidade que lhe é peculiar esse paradoxo: se um país comete delitos contra direitos humanos (primeiro ponto do manuel OFF de diplomacia externa), como interferir em sua política sem desrespeitar a autodeterminação dos povos (segundo ponto do manuel OFF de diplomacia externa)? E que tal analisar os valores de direitos humanos à luz de suas considerações sobre a ditabranda?
Vamos confrontar os Estados Unidos, sim, e cada vez mais. Mas vamos fazê-lo quando for relevante para o Brasil, não para realizar as fantasias ideológicas da militância que aplaude o presidente Lula e seu chanceler Celso Amorim, o qual errou mais uma vez quando se filiou no ano passado ao PT. Chanceler não deveria ter partido. Parodiando Clemenceau (1841-1929), a diplomacia é assunto sério demais para ser relegado a diplomatas e a ideólogos partidários.
Outro ponto do manual de discussões inúteis: citar sempre um pensador, de preferência com a data de nascimento e morte para passar a impressão de que buscou dados precisos. Mesmo que a paródia turve o sentido da frase original. Clemenceau dizia que a guerra é importante demais para ser conduzida por militares, porque era apenas uma extensão da… política diplomática.
Da Folha
Prestígio universal permite a Brasil ser mediador, diz premiê palestino
Em entrevista à Folha, Fayad afirma que “Estado palestino está pronto” e que esse fato em breve vai ficar óbvio para o mundo a despeito de paz com Israel
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A RAMALLAH
O premiê palestino, Salam Fayad, está à frente de uma revolução silenciosa. Nos três anos desde que assumiu o cargo, Fayad, 58, tem sido o motor de uma lenta mas persistente transformação da imagem da Autoridade Nacional Palestina (ANP). De entidade corrupta e ineficiente para embrião institucional de um país. Economista internacionalmente respeitado, com passagens pelo Banco Mundial e FMI (Fundo Monetário Internacional), Fayad nunca portou uma pistola. Suas armas são a eficiência, a responsabilidade e a transparência.
Em entrevista exclusiva à Folha, Fayad, que hoje se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Belém, explicou porque ainda crê em seu plano de estabelecer um Estado palestino até 2011.
FOLHA – Diante de tantos percalços, ainda é possível um Estado palestino em 2011?
SALAM FAYAD – Sim, é possível. Estamos construindo nossas instituições e seguindo padrões internacionais de gestão financeira que muitos países não têm. Mas para isso precisamos de um processo político capaz de terminar a ocupação. Esse processo não começou agora, mas nos anos 90. Deveria terminar em maio de 1999. Os temas já foram extensamente negociados. O que é considerado um desfecho aceitável para as negociações é mais que conhecido a esta altura. Mas a comunidade internacional precisa se esforçar muito mais para colocar fim à ocupação israelense.
FOLHA – Falta mais esforço dos Estados Unidos?
FAYAD – Não há dúvida de que para que esse processo seja bem-sucedido, os EUA terão de ter um papel dominante, por todo o longo envolvimento do país na região. Mas isso não significa que bastam os EUA. Nos últimos anos houve uma ampliação da mediação, com o envolvimento do Quarteto (EUA, União Europeia, Rússia e ONU). Foi criada uma sensação de parceria internacional, o que é um avanço. Mas essas não são as únicas potências mundiais que têm interesse em paz no Oriente Médio. O equilíbrio de poder mundial mudou e continua mudando. O Japão, por exemplo, é uma grande potência e não faz parte do Quarteto. China, Índia e Brasil tampouco. Quem discute o peso político e econômico do Brasil no mundo hoje?
FOLHA – Que tipo de papel o Brasil pode ter nesse processo?
FAYAD – O Brasil goza de prestígio universal e afeição imediata. É um atributo único, que pode ser extremamente importante numa negociação. Tenho imenso respeito pelo que o presidente Lula fez em seu país. A ampliação do processo de mediação é necessária para refletir a nova ordem mundial, e o peso do Brasil não pode ser ignorado. É claro que não falo de uma mediação conduzida somente pelo Brasil, porque aí estaríamos voltando às mesmas limitações de um processo só com os EUA. Mas numa negociação multilateral a participação do Brasil seria de grande ajuda.
FOLHA – Digamos que houvesse uma guinada dramática e o acordo de paz com Israel fosse assinado amanhã. O Estado palestino estaria pronto?
FAYAD – O Estado palestino está pronto. E esse fato vai ficar tão óbvio para o mundo que em breve será impossível negá-lo. Nossa ideia é criar uma massa crítica de mudanças positivas que tornará fácil convencer a comunidade de nações que os palestinos têm, de fato, algo que parece um Estado em funcionamento. Se a ocupação não terminar até lá, nossa convicção é que haverá tanta pressão para que o processo político produza esse resultado que ele acontecerá. Nossa independência será um dia que toda a humanidade celebrará, e a comunidade de nações estará com os palestinos.
FOLHA – Alegações de corrupção sempre marcaram a administração palestina. É um obstáculo?
FAYAD – Pela primeira vez os doadores começaram a transferir dinheiro diretamente para nós, o que indica a confiança que eles têm em nosso sistema. Não é segredo que rumores de corrupção e desvios acompanham a Autoridade Nacional Palestina. A realidade é que houve uma significativa evolução na forma de administração da ANP e na construção de instituições. O Ministério das Finanças funciona muito bem, seguindo os mais altos padrões internacionais. O fato de sermos capazes de publicar com absoluta regularidade todo dia 15 do mês um relatório financeiro sobre o mês anterior mostra não só nossa abertura, mas também a capacidade administrativa de tornar possível essa transparência. O problema é que a percepção de corrupção pode ser tão ruim como a própria corrupção. Estamos tentando mudar isso sendo agressivamente abertos.
FOLHA – O sr. acredita no premiê israelense quando ele diz apoiar o estabelecimento do Estado palestino?
FAYAD – A questão é de que país ele está falando. Se for país formado por restos, em que Israel mantém o controle, não aceitaremos. Queremos um Estado que emerja em todos os territórios ocupados por Israel em 1967. E sim, com Jerusalém Oriental como capital.
http://www.cartamaior.com.br/templates/ ... a_id=16479
“A política externa não é um bibelô na vitrine do governo”
Segundo o Assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, a política externa do governo Lula é um elemento constitutivo de um projeto de desenvolvimento nacional. "No mundo multipolar que se está constituindo, nós queremos aparecer sozinhos ou na excelente companhia dos países vizinhos? Nesse mundo que está em modificação, nós queremos ter uma relação forte com os países da África, da Ásia e do mundo árabe ou nós queremos ficar presos às nossas velhas fidelidades com os EUA e a Europa?” - questiona Garcia.
Maurício Thuswohl
RIO DE JANEIRO – Durante o debate realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) para o lançamento do livro “Brasil, entre o passado e o futuro” (Ed. Boitempo e Ed. Fundação Perseu Abramo), o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, defendeu a política externa levada a cabo pelo governo Lula nesses últimos anos: “Nossa política externa não é simplesmente um elemento decorativo ou um bibelô na vitrine do governo, mas é um elemento consubstancial em nosso projeto de desenvolvimento nacional”, disse.
Garcia defendeu que o Brasil assuma cada vez mais seu papel de protagonista nas grandes questões internacionais: “A política externa atual tem a capacidade de suscitar questões que estavam antes encobertas por alguns interesses e colocar em discussão temas que são fundamentais para o futuro da humanidade e para o futuro do Brasil em particular”.
O assessor de Lula citou como exemplo a política de integração sul-americana e fez uma provocação aos críticos do governo: “É importante ou não ter essa política? Ou nós queremos ser uma ilha de prosperidade em meio a um oceano de desigualdades? Esse é um tema fundamental. No mundo multipolar que se está constituindo, nós queremos aparecer sozinhos ou na excelente companhia dos países vizinhos? Nesse mundo que está em modificação, nós queremos ter uma relação forte com os países da África, da Ásia e do mundo árabe ou nós queremos ficar presos às nossas velhas fidelidades com os EUA e a Europa?”, questionou.
A busca desse fortalecimento com os países do Sul, segundo Garcia, não significa uma ruptura com os países desenvolvidos: “Sempre tivemos excelente relação com o governo dos EUA e continuamos tendo. Tivemos essa boa relação mesmo quando, nos primeiros dias do governo Lula, o Brasil assumiu uma posição de repúdio à Guerra do Iraque. É importante que tenhamos uma presença na discussão dos grandes temas da humanidade, como os que sacodem o mundo em torno de décadas de impasse na Palestina. Esse é um impasse que tem a capacidade de espraiar-se para o resto do mundo, alimentando pólos de inquietação e de fundamentalismo. Por isso, estamos presentes nessa discussão com independência, autonomia e realismo”, disse.
Estabilidade econômica
A estabilidade econômica do Brasil, na opinião de Marco Aurélio Garcia, fortalece a posição do país junto aos interlocutores internacionais: “Depois de mais de duas décadas de estancamento da economia brasileira, nós passamos a ter um crescimento constante. Sem dúvida ainda é insuficiente, mas antes nós lutávamos contra aqueles que diziam que o Brasil não podia crescer mais do que 3%, pois nossa estrutura não agüentaria. Claro que não agüentaria, porque durante duas ou três décadas nós nos preparamos cuidadosamente para ser um pequeno país, um país tacanho”.
Segundo Garcia, “o crescimento era uma ameaça” para a elite dirigente brasileira: “Na imprensa de alguns anos atrás, uma palavra banida era desenvolvimento. No atual governo, crescemos com distribuição de renda, com equilíbrio macroeconômico e com redução da vulnerabilidade externa. Se observarmos a história das seis últimas décadas no Brasil, vamos constatar que tivemos períodos de extraordinário crescimento da economia, mas isso quase sempre se deu com a manutenção da desigualdade social e com aumento da vulnerabilidade externa e macroeconômica”.
Prestígio internacional
A diplomacia brasileira, disse Garcia, goza de um inédito prestígio internacional: “Houve momentos da história do país em que tivemos uma política externa com visibilidade, mas foram momentos fugazes ou truncados, em tempos de política externa independente, com San Tiago Dantas e Afonso Arinos. Dois chanceleres, diga-se de passagem, que eram ligados a partidos, um ao PTB e outro à UDN. Essa história de que chanceler não pode ser ligado a partido político é novidade, e eu incluo aí o Celso Lafer, que também foi filiado ao PSDB e chegou a ser tesoureiro da campanha do Fernando Henrique. Tudo bem, isso virou nota de pé de página”, brincou.
A nova política externa brasileira, segundo Garcia, beneficia-se dessa tradição progressista do Itamaraty: “Obviamente que a política externa está demarcada em uma política de Estado, mas também traz características próprias ao momento atual. Não é uma forma simplesmente de projetar o Brasil no mundo, mas também de projetar o mundo no Brasil”.
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Re: Brasil e política internacional
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... -fria.html
24 de março de 2010 às 22:03
OEA, herança maldita da Guerra Fria
por Breno Altman*, em Opera Mundi
A recondução do chileno José Miguel Insulza à secretaria-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos) normalmente seria fato de pouca monta. Afinal, trata-se de uma relíquia da Guerra Fria. Qualquer que seja seu dirigente, essa entidade tem em seu código genético o papel de articular a supremacia geopolítica dos Estados Unidos abaixo do rio Bravo.
Sua nova assembléia geral, convocada para reeleger o atual secretário-geral, chama atenção apenas porque ocorre em um cenário no qual muitos países latino-americanos parecem dispostos a superar o antigo modelo de associação continental.
A ampliação do Mercosul, o nascimento da Alba, a criação da Unasul e, mais recentemente, a fundação da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac) são sinais de que amadurece um forte sentimento autonomista na região. Por maiores que sejam as dificuldades, ganha força a percepção de que não é satisfatória a condição de quintal do vizinho ao norte, historicamente guarnecida pela OEA.
A pia batismal dessa instituição foi o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), assinado no Rio de Janeiro em 1947. Esse documento adotava um sistema de segurança coletiva no qual qualquer ataque a uma das nações do continente seria respondido pelos demais países signatários. Expressava, na prática, um contrato de adesão à hegemonia militar dos EUA na disputa contra a União Soviética e o campo socialista.
De nada serviu quando a Argentina, em 1982, foi atacada pela Inglaterra, depois de recuperar provisoriamente o controle das Ilhas Malvinas. A Casa Branca, mais do que cruzar os braços, colocou seus serviços de inteligência para auxiliar a marinha inglesa. Mas essa é outra história, fica aqui apenas um retrato da hipocrisia reinante nas tais “relações interamericanas”.
A criação da OEA
A submissão dos governos sulistas ao TIAR animou Washington a novos passos. Na 9ª Conferência Internacional dos Estados Americanos, realizada em Bogotá entre março e abril de 1948, o general George Marshall, então secretário de Estado, convocou os países presentes a um “compromisso de luta contra o comunismo”. Levou para casa uma nova organização continental, oficialmente fundada no dia 30 de abril de 1948 através de uma declaração, a Carta da OEA, que contou com a assinatura de 21 países e passou a vigorar a partir de dezembro de 1951.
A intenção dos norte-americanos, para além de estabelecer sua direção sobre questões de defesa, era criar um novo instrumento jurídico, político e econômico com o qual pudessem construir laços de subordinação que não reproduzissem o velho e fracassado colonialismo europeu. Suas ambições hegemônicas deveriam se realizar a partir da renúncia voluntária de países formalmente independentes a porções de sua soberania.
O recurso à violência viria a assumir um caráter punitivo e de ação política, respaldando oligarquias nacionais contra forças insurgentes ou governos populares, mas sem a lógica da ocupação permanente ou da anexação territorial. Uma estratégia na qual a OEA, nas palavras de Fidel Castro, desempenharia o papel de “ministério das colônias” dos EUA.
Cuba, aliás, seria a primeira vítima do tacape da entidade sediada na capital norte-americana. Acusada de se aliar ao bloco socialista, teve sua participação suspensa em 1962. Logo depois, em 1965, foi a vez da República Dominicana. Quando forças leais ao presidente constitucional Juan Bosh estavam a um passo de derrotar grupos civis e militares que tinham realizado um golpe de Estado, o país foi invadido por tropas conjuntas dos EUA e da OEA, com vergonhosa participação brasileira.
As ditaduras do continente, a propósito, sempre puderam desfilar livremente pelos corredores e encontros da instituição. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, mui seletivamente, só tinha olhos para governos que rompessem o alinhamento com a Casa Branca.
Nenhuma dessas informações consta do sítio eletrônico da organização liderada pelo socialista Insulza. Devidamente submetida a uma cirurgia plástica quando se esgotou o ciclo dos militares, no final dos anos 1980, a OEA foi reinventada como articuladora de iniciativas integracionistas. Foram forjados, em seu âmbito, projetos como o da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), que buscavam redesenhar os mercados e Estados nacionais como espaços acessórios da economia norte-americana.
Giro à esquerda
Mas essas tentativas acabaram frustradas ou comprometidas pela ascensão de forças progressistas em alguns dos principais países da região, especialmente no Brasil, na Venezuela e na Argentina. A primeira década do século 21 significou um importante giro à esquerda no continente.
Ao contrário de velhos governos oligárquicos e conservadores, as novas correntes se propunham a uma estratégia de fortalecimento do poder público, expansão do mercado interno de massas, distribuição de renda e ampliação dos direitos sociais. Ainda que com fortes diferenças em cada experiência local, esse caminho colocou em cheque o modelo privatista e desnacionalizante, base fundamental para a associação subordinada desejada pelos Estados Unidos.
O novo ciclo político, acoplado ao retumbante fracasso de países que embarcaram nos tratados de livre-comércio com Washington, cujo caso mais emblemático é o México, recolocou o tema da integração. O velho programa das plutocracias latino-americanas, verticalizado pela ambição de se tornarem sócias minoritárias e lucrativas do empreendimento norte-americano, veio sendo substituído pela defesa de um bloco autônomo, amparado sobre redes comuns de infra-estrutura, fontes de financiamento, fluxos comerciais e instituições políticas, além de planos ambiciosos para unificação da moeda e do sistema de defesa.
Mesmo nações dirigidas por partidos direitistas foram levadas, em alguma medida, a se juntar a essa onda, motivadas pela propulsão econômica da área latino-americana, no contexto de um mundo em crise e repartido por grandes alianças regionais. Essa tem sido a base objetiva, afinal, para o associativismo crescente entre os países do subcontinente.
Entulho neocolonial
Apesar de seu relativo enfraquecimento no jogo regional, a Casa Branca segue com cartas poderosas nas mãos. O cerne de sua contra-ofensiva, no terreno diplomático, é o bilateralismo. Dividir para reinar. Impedir ou atenuar as iniciativas autonomistas. Atrapalhar ou minimizar a construção de espaços sem sua participação. A OEA, para essa estratégia, segue com uma função relevante, que inclui a pressão sobre governos que aceleram seu distanciamento dos interesses norte-americanos, claro que sempre em nome da democracia e dos direitos humanos.
O mesmo não pode ser dito, quanto à pertinência dessa instituição, na perspectiva dos governos progressistas e da unificação latino-americana. A existência de uma organização dessa natureza é um fator inibidor. Não tem qualquer serventia positiva um organismo que historicamente se apresentou como guarda pretoriana de interesses imperiais.
Tampouco faz sentido no próprio aprimoramento das relações com os Estados Unidos. Quanto mais freqüentes e robustas forem as negociações em bloco, maior será o poder de pressão dos países ao sul. Quanto menor for a presença político-militar de Washington no subcontinente, mais amplas serão as possibilidades de integração e soberania.
A OEA, de fato, não passa de um entulho neocolonial. Seu esvaziamento progressivo, acompanhado pela denúncia do TIAR, significaria um avanço notável no processo democrático e independentista.
*Breno Altman é jornalista e diretor editorial do Opera Mundi
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Re: Brasil e política internacional
http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=29573
Matéria no Indian Times
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Matéria tratuzida:
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... -cara.html
Senador americano dá uma surra no PiG (*). O Brasil não é espelho dos Estados Unidos
8/abril/2010 8:02
Christopher Dodd, do Partido Democrata de Connecticut, anunciou que não se candidatará à re-eleição.
O último trabalho dele, nesta legislatura, será ajudar o presidente Obama a redigir uma lei que impõe mais rigor e vigilância sobre o “cassino” do mercado financeiro, como dizia o Lord Keynes.
Dodd veio ao Brasil ajudar o Governo Lula a dar uma lição de moral ao PiG (*) e aos chanceleres da GloboNews.
Sobre o Irã:
“Não é função do Brasil espelhar a política externa dos estados Unidos… O presidente Lula acredita que isso (o programa nuclear iraniano) pode ser resolvido pela diplomacia. Espero que ele esteja certo, mas em algum momento nós teremos que decidir que talvez o Irã não esteja disposto a isso.”
Sobre Lula e o Bolsa Família:
“O Presidente Lula merece grande crédito. O Bolsa Família é uma ideia esplêndida, e uma fonte de renda atrelada à educação… É por isso que 80% dizem que Lula faz um bom trabalho.”
Sobre a tese do PSDB, da mulher do governador de São Paulo e dos DEMOS de que o Bolsa Família é uma espécie de “Bolsa para Vagabundos”:
“Considero válido esse ponto de vista, mas é fácil dizer quando você tem um bom emprego no Wall Street Journal” (Ou no PiG (*) – PHA). Vá explicar isso a uma família em SP, no Rio ou em Recife.”
Essa entrevista apareceu hoje no espaço que o Otavinho concedeu à Monica Bergamo, na Folha (**) da província de S. P. e, estranhamente, não mereceu a primeira página.
Em tempo: na mesma colona (***) se lê que 88 empresas brasileiras vão ao Irã na comitiva do presidente Lula. O Brasil exporta US$ 1,2 bilhão para o Irã e não importa US$ 15 milhões. E o PiG (*) e os chanceleres da GloboNews ainda querem que o Brasil trate mal o Irã …
Em tempo 2: Um amigo meu, mineiro, disse que, se o Serra fosse – porque não será – eleito, ele venderia o Bolsa Família à Wal Mart.
Paulo Henrique Amorim
Matéria no Indian Times
Link original: http://timesofindia.indiatimes.com/home ... 775158.cms
Matéria tratuzida:
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... -cara.html
[/quote]Porque Lula é "O Cara"
Shobhan Saxena, Apr 9, 2010, 12.00am IST
do Times da Índia, via twitter do Tão Gomes Pinto
Brasília — Recentemente, a secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton pressionou o presidente brasileiro Lula da Silva para que o Brasil se juntasse aos Estados Unidos na imposição de novas sanções contra o Irã. Lula rebateu Clinton dizendo que “não é prudente empurrar o Irã contra a parede”. Não é o que Clinton gostaria de ter ouvido de um país que tem um dos assentos não permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas e faz lobby por um assento permanente.
Subsequentemente, em Tel Aviv, Lula chocou líderes israelenses por se negar a visitar o túmulo do pai do sionismo, Theodore Herzl. Em maio, Lula vai ao Irã para se encontrar com o presidente Ahmadinejad, uma decisão que jornais dos Estados Unidos descreveram como “não representativa de um país que aspira ser considerado um igual entre os líderes do mundo”. Lula está agindo como um líder mundial?
Caçoado pelos comentaristas do Brasil por sua gramática imprecisa, Lula se tornou um hit no palco mundial com seu estilo de homem comum. Na cúpula financeira sobre a crise global em Londres, no ano passado, ao ver Lula o presidente Barack Obama gritou: “Lá está o meu cara. Eu amo esse cara. Ele é o político mais popular da terra”. As declarações de Obama foram feitas apenas alguns dias depois do brasileiro ter atribuído a crise global ao “comportamente irracional dos brancos de olhos azuis que antes da crise pareciam saber tudo sobre economia”. As declarações de Lula fizeram a elite brasileira ranger os dentes.
A nove meses de deixar o poder, Lula viaja o mundo atacando a ONU pelo “sistema de castas”, o mundo rico em Copenhagen e em campanha por um maior papel global para “poderes emergentes” e pregando o “diálogo” com o Irã. Isso fez alguns observadores ocidentais se perguntarem se ele está seguindo os passos de Hugo Chávez como “gladiador da batalha antiimperialista”.
Nada mais distante da realidade. Lula se tornou um herói em casa e um estadista no mundo por razões genuínas. No Brasil, sua taxa de aprovação está em 76%, um recorde para um presidente em fim de mandato. Sua conquistas domésticas foram sem precedentes: desde 2003, ele mais que dobrou o salário mínimo para o equivalente a 300 dólares, ajudou a tirar 20 milhões de brasileiros da pobreza e derrubou a dívida pública para 35% do PIB (de 55%). No ano passado, os reais brasileiros foram a quinta moeda com melhor performance do mundo, a inflação caiu para 4% e o país navegou pela crise econômica mundial quase sem danos.
Graças aos programas sociais de Lula, os maiores beneficiários do crescimento foram os pobres para os quais o presidente, que cresceu engraxando sapatos e dividindo um quarto com a mãe e oito irmãos, é um símbolo de esperança. A popularidade de Lula é tão grande que ele até recebeu crédito pela descoberta de petróleo na costa do Brasil.
O país pode se tornar em breve o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e Lula já anunciou planos para gastar a renda do petróleo com programas contra a pobreza.
Naturalmente, Lula cometeu erros. Houve escândalos no governo e ele tem sido criticado pela esquerda do Partido dos Trabalhadores por ter se movido “muito para o Centro”. Mas ninguém questiona sua maior conquista: o posicionamento do Brasil no mundo. Lula converteu o músculo econômico em influência global ao promover o comércio “sul-sul” e crescentes ligações políticas com países em desenvolvimento. O que explica suas posições sobre o Irã, com o qual o comércio do Brasil cresceu 40% desde 2003. A químic com Ahmadinejad é tão boa que Obama pediu ao Brasil que medie as relações do Irã com os Estados Unidos, algo que Lula adoraria fazer. Na passagem por Tel Aviv, Lula sugeriu “alguem com neutralidade” para mediar o processo de paz no Oriente Médio. E ele não queria dizer Tony Blair.
Uma vez caçoado pela elite que bebe caipirinha em Copacabana, que “temia” que Lula poderia envergonhar o Brasil no exterior, o ex-operário metalúrgico tem demonstrando um domínio sólido da política externa. Durante seu primeiro mandato, ele trabalhou por relações mais próximas com a Índia, a China e a África do Sul.
Hoje a China, não os Estados Unidos, é o maior parceiro comercial do Brasil. Jogando um papel crucial na criação da IBSA e da BASIC, dois grupos envolvendo o Brasil, a Índia, a China e a África do Sul, Lula se tornou a voz mais forte das nações emergentes em questões globais como as mudanças do clima e a crise financeira. Com o movimento dos não-alinhados morto, esses grupos se tornaram a voz da Ásia, da África e da América Latina em questões globais. Descrevendo Lula como “uma referência para os países emergentes e também para o mundo em desenvolvimento”, em 2009 um importante jornal francês escolheu Lula como “homem do ano”.
Lula é o homem do momento porque ele seguiu uma fórmula simples, a de reforçar a economia doméstica, desligando o sistema financeiro do Brasil dos Estados Unidos, cultivando relações com países emergentes e seguindo uma política externa independente. E é por isso que ele pode falar o que quer em qualquer assunto.
Chamem de sorte, mas a falta de líderes carismáticos em outras nações emergentes também ajudou. Hoje, a China e a Índia são lideradas por tecnocratas, não por líderes de massa, a África do Sul não produziu um líder conhecido desde Nelson Mandela e o presidente da Rússia Vladimir Putin não tem as credenciais democráticas. Neste cenário, Lula agarrou a oportunidade com as duas mãos. Um líder indiano com imaginação poderia ter escrito este papel para si próprio.
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Re: Brasil e política internacional
[/quote]Carnage escreveu:http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=29573
(...)
Matéria no Indian Times
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Matéria tratuzida:
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... -cara.htmlPorque Lula é "O Cara"
Shobhan Saxena, Apr 9, 2010, 12.00am IST
do Times da Índia, via twitter do Tão Gomes Pinto
Brasília — Recentemente, a secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton pressionou o presidente brasileiro Lula da Silva para que o Brasil se juntasse aos Estados Unidos na imposição de novas sanções contra o Irã. Lula rebateu Clinton dizendo que “não é prudente empurrar o Irã contra a parede”. Não é o que Clinton gostaria de ter ouvido de um país que tem um dos assentos não permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas e faz lobby por um assento permanente.
Subsequentemente, em Tel Aviv, Lula chocou líderes israelenses por se negar a visitar o túmulo do pai do sionismo, Theodore Herzl. Em maio, Lula vai ao Irã para se encontrar com o presidente Ahmadinejad, uma decisão que jornais dos Estados Unidos descreveram como “não representativa de um país que aspira ser considerado um igual entre os líderes do mundo”. Lula está agindo como um líder mundial?
Caçoado pelos comentaristas do Brasil por sua gramática imprecisa, Lula se tornou um hit no palco mundial com seu estilo de homem comum. Na cúpula financeira sobre a crise global em Londres, no ano passado, ao ver Lula o presidente Barack Obama gritou: “Lá está o meu cara. Eu amo esse cara. Ele é o político mais popular da terra”. As declarações de Obama foram feitas apenas alguns dias depois do brasileiro ter atribuído a crise global ao “comportamente irracional dos brancos de olhos azuis que antes da crise pareciam saber tudo sobre economia”. As declarações de Lula fizeram a elite brasileira ranger os dentes.
A nove meses de deixar o poder, Lula viaja o mundo atacando a ONU pelo “sistema de castas”, o mundo rico em Copenhagen e em campanha por um maior papel global para “poderes emergentes” e pregando o “diálogo” com o Irã. Isso fez alguns observadores ocidentais se perguntarem se ele está seguindo os passos de Hugo Chávez como “gladiador da batalha antiimperialista”.
Nada mais distante da realidade. Lula se tornou um herói em casa e um estadista no mundo por razões genuínas. No Brasil, sua taxa de aprovação está em 76%, um recorde para um presidente em fim de mandato. Sua conquistas domésticas foram sem precedentes: desde 2003, ele mais que dobrou o salário mínimo para o equivalente a 300 dólares, ajudou a tirar 20 milhões de brasileiros da pobreza e derrubou a dívida pública para 35% do PIB (de 55%). No ano passado, os reais brasileiros foram a quinta moeda com melhor performance do mundo, a inflação caiu para 4% e o país navegou pela crise econômica mundial quase sem danos.
Graças aos programas sociais de Lula, os maiores beneficiários do crescimento foram os pobres para os quais o presidente, que cresceu engraxando sapatos e dividindo um quarto com a mãe e oito irmãos, é um símbolo de esperança. A popularidade de Lula é tão grande que ele até recebeu crédito pela descoberta de petróleo na costa do Brasil.
O país pode se tornar em breve o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e Lula já anunciou planos para gastar a renda do petróleo com programas contra a pobreza.
Naturalmente, Lula cometeu erros. Houve escândalos no governo e ele tem sido criticado pela esquerda do Partido dos Trabalhadores por ter se movido “muito para o Centro”. Mas ninguém questiona sua maior conquista: o posicionamento do Brasil no mundo. Lula converteu o músculo econômico em influência global ao promover o comércio “sul-sul” e crescentes ligações políticas com países em desenvolvimento. O que explica suas posições sobre o Irã, com o qual o comércio do Brasil cresceu 40% desde 2003. A químic com Ahmadinejad é tão boa que Obama pediu ao Brasil que medie as relações do Irã com os Estados Unidos, algo que Lula adoraria fazer. Na passagem por Tel Aviv, Lula sugeriu “alguem com neutralidade” para mediar o processo de paz no Oriente Médio. E ele não queria dizer Tony Blair.
Uma vez caçoado pela elite que bebe caipirinha em Copacabana, que “temia” que Lula poderia envergonhar o Brasil no exterior, o ex-operário metalúrgico tem demonstrando um domínio sólido da política externa. Durante seu primeiro mandato, ele trabalhou por relações mais próximas com a Índia, a China e a África do Sul.
Hoje a China, não os Estados Unidos, é o maior parceiro comercial do Brasil. Jogando um papel crucial na criação da IBSA e da BASIC, dois grupos envolvendo o Brasil, a Índia, a China e a África do Sul, Lula se tornou a voz mais forte das nações emergentes em questões globais como as mudanças do clima e a crise financeira. Com o movimento dos não-alinhados morto, esses grupos se tornaram a voz da Ásia, da África e da América Latina em questões globais. Descrevendo Lula como “uma referência para os países emergentes e também para o mundo em desenvolvimento”, em 2009 um importante jornal francês escolheu Lula como “homem do ano”.
Lula é o homem do momento porque ele seguiu uma fórmula simples, a de reforçar a economia doméstica, desligando o sistema financeiro do Brasil dos Estados Unidos, cultivando relações com países emergentes e seguindo uma política externa independente. E é por isso que ele pode falar o que quer em qualquer assunto.
Chamem de sorte, mas a falta de líderes carismáticos em outras nações emergentes também ajudou. Hoje, a China e a Índia são lideradas por tecnocratas, não por líderes de massa, a África do Sul não produziu um líder conhecido desde Nelson Mandela e o presidente da Rússia Vladimir Putin não tem as credenciais democráticas. Neste cenário, Lula agarrou a oportunidade com as duas mãos. Um líder indiano com imaginação poderia ter escrito este papel para si próprio.
Eu destacaria a lucidez e objectividade deste artigo porque, goste-se ou não, as presidências do Lula e a ascenção do Brasil ao grupo das super-potências estão a fazer História e serão lembradas como o amadurecimento definitivo desse país.

Isto é como a velha discussão de olhar para o copo meio cheio ou meio vazio

Tudo bem, o Brasil continua sendo aquele grande exportador global de futebolistas e putas gostosas

Mas factos são factos...Nunca vi tanto brasileiro com tanto poder de compra como hoje em dia, viajando, comprando casa, estudando e (in)formando-se mais. O Brasil é esse país que mais parece um continente e mesmo assim consegue produzir em grande escala, mostrar crescimento económico acima da média mundial e continua atraindo consideráveis investimentos estrangeiros sem grande esforço, apesar de todas as dificuldades e contradições, e ainda consegue manter uma identidade cultural muito forte e ser sinónimo de nação jovem, criativa e destino turístico do mundo inteiro.
Já para não falar desse bónus imenso que foi descobrirem petróleo debaixo dos pés...
Isso só confirma a enorme riqueza natural do Brasil. E em tempos de crise e recessão, produtividade e criatividade é tudo...mesmo com corrupção e abusos de poder (não existe país imune a isso). E vocês produzem e criam pra caramba. Na minha humilde opinião, o Lula chegou no momento certo, por várias razões. Não me parece que se tenha deslumbrado, geriu muito bem a dívida pública do vosso país e deixou o caminho aberto para o reconhecimento internacional do Brasil numa escala sem precedentes.
Se, mesmo num país hipócrita e psicótico como os Estados Unidos, um actor de cinema série B (Reagan) e um afro-descendente (Obama) chegaram ao topo do poder contra todas as probabilidades, o Brasil que leva décadas de crise e ultrapassou uma ditadura militar e sabe "se virar" como ninguém com pouco que tenha, agora mostrou algo diferente, algo que não seja o previsível alinhamento em tudo o que os Estados Unidos dizem e fazem.
Pessoalmente, não tenho dúvidas que a única razão porque o Brasil só não está mais forte hoje, nem chegou mais rápido a esse super-grupo tem sido a crise mundial prolongada.
Acho que os brasileiros só ganharam nesta última década. E esse artigo, escrito por um indiano (em outra potência "emergente"), só vem mostrar a imagem que o Mundo tem do Brasil. Quem disse que a História é sempre igual?
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Re: Brasil e política internacional
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... duplo.html
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... -aqui.html
Marco Aurélio Garcia nega base militar dos EUA aqui: “Brasil não tem discurso duplo”
ATUALIZAÇÃO em 12 de abril às 16h43
O Viomundo acabou de conversar com a assessoria de Marco Aurélio Garcia, em Brasília, que informou: “A íntegra do acordo militar Brasil-Estados Unidos deve ser publicada entre hoje e amanhã no site do Itamaraty”.
***************
por Conceição Lemes
A imprensa internacional reiteradamente tem noticiado: está prevista a instalação no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, de uma base estadunidense.
Carta Capital não entrou nesse rumor e explicou por quê:
Em março, o chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, general Douglas Fraser, reuniu-se com o presidente Lula, o ministro Nelson Jobim e o chefe da Polícia Federal. O Globo e O Estado de S. Paulo lançaram o boato, reproduzido pela imprensa internacional, sobre a negociação de uma base do Pentágono no Rio de Janeiro. Alguns jornalistas entenderam que o subsecretário de Estado, Arturo Valenzuela, confirmou esse acordo em Quito, dia 5 de abril.
Em 6 de abril, em entrevista à Telam, agência de notícias da Argentina, Marco Aurélio Garcia, assessor especial de política internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desmentiu os boatos disseminados aqui e no exterior. Carta Capital reproduziu as suas declarações.
“Não é verdade que o Brasil esteja negociando a instalação de uma base estadunidense”, afirmou Marco Aurélio. “O que existe é um programa de cooperação com os EUA contra o narcotráfico, mas que não tem nada a ver com a possibilidade de instalar uma base militar estadunidense no Brasil. Não há qualquer chance de isso acontecer.”
Em 7 de abril, o Ministério das Relações Exteriores divulgou nota esclarecendo acordo Brasil-EUA, que deve ser assinado brevemente:
O acordo tem como objetivo aperfeiçoar a cobertura institucional para a cooperação bilateral já existente e futura em áreas como: a) visitas de delegações de alto nível, b) contatos em nível técnico, c) encontros entre instituições de defesa, d) troca de estudantes, instrutores e pessoal de treinamento, e) eventos de treinamento e aperfeiçoamento, f) visitas de navios, g) eventos esportivos e culturais, h) iniciativas comerciais relacionadas à defesa, e i) programas e projetos de tecnologia de defesa.
Em outro trecho, salienta:
Seguindo o estabelecido pelo Art. 1.IV.c da Resolução adotada na II Reunião Extraordinária de Ministros das Relações Exteriores e da Defesa da União de Nações Sul-Americanas, realizada em Quito no último dia 27 de novembro, o presente acordo contém cláusula expressa de garantias que assegura respeito aos princípios de igualdade soberana dos Estados, de integridade e inviolabilidade territorial e de não intervenção nos assuntos internos de outros Estados.
A nota do Itamaraty não fala em instalação de base militar. Trata da cooperação em equipamentos, tecnologia e treinamento. Não havia um acordo formal desde 1977, quando o general Ernesto Geisel, acusado de violações de direitos humanos, rompeu com os EUA. Ela não foi suficiente para tranquilizar o excelente Mauro Santayna, que, no dia 8, publicou o artigo Tratado indesejável , no JBOnline:
Com todas as explicações, incluídas as do Itamaraty, em nota oficial, é inconveniente o Acordo Militar que o Brasil está pronto a assinar com os Estados Unidos. Podemos firmar acordos semelhantes com países que podem comparar-se ao nosso, mas não com aquela república. É lamentável que esse tratado seja negociado pelo atual governo.
Mais adiante acrescentou:
Conviria ao ministro Nelson Jobim poupar-se de outro escolho biográfico – ele que deles anda bem servido – e explicar sua posição no episódio.
Estranhamente, no mesmo dia em que o Itamaraty divulgou a sua nota, Valenzuela, o subsecretário dos EUA para América Latina, em outra entrevista em Quito, Equador, à Ansa, agência italiana de notícias, reavivou a suspeita: “Washington está preparando a instalação de uma base militar norte-americana no Brasil para combater o narcotráfico”.
O Viomundo contatou Marco Aurélio Garcia. “O Brasil não tem discurso duplo”, respondeu por meio de sua assessoria. “Seria um contrassenso ante a forte reação brasileira às bases militares dos EUA na Colômbia. Insisto: não há menor possibilidade de isso acontecer.”
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... -aqui.html
Acordo militar não fala em base dos Estados Unidos no Brasil
O Brasil e os Estados Unidos assinaram nesta segunda-feira, 12 de abril, acordo de cooperação militar.
Ele confirma o que Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, havia dito em matéria publicada pelo Viomundo. O acordo não contempla a instalação de bases militares estadunidenses no Brasil nem o uso de nenhuma base brasileira por parte das Forças Armadas americanas, ao contrário do que a imprensa internacional noticiou a partir de boatos veiculados em O Globo e O Estado de S. Paulo.
Pelo Brasil, assinou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem aos Estados Unidos para Cúpula Nuclear. Pelo lado estadunidense, o secretário de Defesa, Robert Gates.
O acordo facilitará a compra de equipamentos e os contatos entre as Forças Armadas dos dois países. Prevê a colaboração em assuntos técnicos, além de encontros entre instituições de defesa, intercâmbios de estudantes e instrutores e treinamentos militares conjuntos. Segundo a agência EFE, fontes do Pentágono assinalaram que o acordo destina-se a formalizar vínculos já existentes.
Desde 1977, não havia um acordo formal entre os dois países. Na época, o general Ernesto Geisel, acusado de violações de direitos humanos, rompeu com os EUA.
“Na prática, de lá para cá, continuou havendo cooperação entre os dois países, mas sem acordo formal”, disse ao Viomundo uma fonte do governo brasileiro.”O acordo assinado hoje é absolutamente genérico e semelhante a outros 28 que o Brasil assinou nos últimos anos com outros países.”
Segundo a mesma fonte, o ponto mais importante é o artigo 3, que trata das garantias. É uma cláusula consagrada no pacto da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) assinado em novembro passado:
Na execução das atividades de cooperação realizadas no âmbito deste Acordo, as Partes comprometem-se a respeitar os princípios e propósitos relevantes da Carta das Nações Unidas e da Carta da Organização dos Estados Americanos, incluindo os de igualdade soberana dos Estados, integridade e inviolabilidade territoriais e não-intervenção em assuntos internos de outros Estados.
A íntegra do acordo (logo abaixo) foi publicado no final da tarde no site do Ministério das Relações Extertiores.
ACORDO ENTRE O GOVERNO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O GOVERNO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA SOBRE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE DEFESA
O Governo da República Federativa do Brasil
(doravante “Brasil”)
e
O Governo dos Estados Unidos da América
(doravante “Estados Unidos”)
(doravante denominados coletivamente “as Partes” e “Parte”, individualmente),
Imbuídos do interesse comum na paz e segurança internacionais, assim como na resolução pacífica de conflitos internacionais;
Desejando fortalecer suas boas e cordiais relações;
Reafirmando o princíp io da soberania; e
Desejando fortalecer a cooperação em matéria de Defesa,
Acordam o seguinte:
Artigo 1 – Escopo
O presente Acordo, regido pelos princípios de igualdade, reciprocidade e interesse mútuo, em conformidade com as respectivas leis e regulamentos nacionais e as obrigações internacionais das Partes, tem como objetivo promover:
a) a cooperação entre as Partes em assuntos relativos à Defesa, particularmente nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, apoio logístico, segurança tecnológica e aquisição de produtos e serviços de Defesa;
b) a troca de informações e experiências adquiridas no campo de operações e na utilização de equipamento militar de origem nacional e estrangeira, bem como as relacionadas a operações internacionais de manutenção de paz;
c) a troca de experiências na área de tecnologia de defesa;
d) a participação em treinamento e instru ção militar combinados, exercícios militares conjuntos e o intercâmbio de informações relacionado a esses temas;
e) a colaboração em assuntos relacionados a sistemas e equipamentos militares; e
f) a cooperação em quaisquer outras áreas militares que possa ser de interesse mútuo das Partes.
Artigo 2 – Cooperação
A cooperação entre as Partes pode incluir:
a) visitas recíprocas de delegações de alto nível a entidades civis e militares;
b) conversações entre funcionários e reuniões técnicas;
c) reuniões entre as instituições de Defesa equivalentes;
d) intercâmbio de instrutores e pessoal de treinamento, assim como de estudantes de instituições militares;
e) participação em cursos teóricos e práticos de treinamento, orientações, seminários, conferências, mesas-redondas e simpósios organizados em entidades militares e civis com interesse na Defesa, de comum acordo entre as Partes;
f) visitas de navios militares;
g) eventos culturais e desportivos;
h) facilitação de iniciativas comerciais relacionadas à área de Defesa; e
i) implementação e desenvolvimento de programas e projetos de aplicação de tecnologia de defesa, considerando a participação de entidades militares e civis estratégicas de cada Parte.
Artigo 3 – Garantias
Na execução das atividades de cooperação realizadas no âmbito deste Acordo, as Partes comprometem-se a respeitar os princípios e propósitos relevantes da Carta das Nações Unidas e da Carta da Organização dos Estados Americanos, incluindo os de igualdade soberana dos Estados, integridade e inviolabilidade territoriais e não-intervenção em assuntos internos de outros Estados.
Artigo 4 – Disposições Financeiras
1. Salvo se mutuamente acordado em contrário, cada Parte será responsável por suas despesas, incluindo, mas não limitado a:
a) gastos de transporte de e para o ponto de entrada no Estado anfitrião;
b) gastos relativos a pessoal, incluindo os de hospedagem e alimentação;
c) gastos relativos a tratamento médico e dentário, bem como de remoção ou evacuação do seu pessoal doente, ferido ou falecido.
2. Todas as atividades desenvolvidas no âmbito deste Acordo estarão sujeitas à disponibilidade dos recursos e fundos apropriados para estes fins.
Artigo 5 – Implementação, Protocolos Complementares e Emendas
1. Os Agentes Executivos das Partes deverão facilitar a implementação do presente Acordo. O Agente Executivo do Brasil será o Ministério da Defesa; o Agente Executivo dos Estados Unidos será o Departamento de Defesa.
2. Protocolos Complementares a este Acordo poderão ser celebrados com o consentimento das Partes, por escrito, pelos canais diplomáticos, e constituirão partes integrantes do presente Acordo.
3. Os Arranjos de Implementação no âmbito deste Acordo e programas e atividades específicas empreendidos para a consecução dos objetivos do presente Acordo e de seus Protocolos Complementares serão desenvolvidos e implementados pelos Agentes Executivos das Partes, serão restritos às matérias previstas neste Acordo e estarão em conformidade com as respectivas legislações das Partes.
4. Este Acordo poderá ser emendado por acordo escrito com consentimento das Partes. As emendas entrarão em vigor na data da última notificação entre as Partes, por meio dos canais diplomáticos, que indique o cumprimento dos respectivos requisitos internos para a vigência das emendas.
Artigo 6 – Solução de Controvérsias
Qualquer controvérsia relativa à interpretação ou aplicação deste Acordo será resolvida por meio de consultas e negociações entre as Partes, por via di plomática.
Artigo 7 – Validade e Denúncia
1. Este Acordo poderá ser denunciado por qualquer das Partes após 90 dias da notificação escrita à outra Parte, pelos canais diplomáticos.
2. A denúncia deste Acordo não afetará os programas e atividades em curso no âmbito do presente Acordo, salvo se acordado em contrário pelas Partes.
Artigo 8 – Entrada em Vigor
O presente Acordo entrará em vigor na data da última notificação trocada entre as Partes, por via diplomática, que indique o cumprimento dos respectivos requisitos internos para a vigência deste Acordo.
Feito em Washington D.C., em 12 de abril de 2010, nos idiomas português e inglês, sendo ambos os textos igualmente autênticos.
Os negócios e a soberania
14/04/2010
Por Mauro Santayana
O ministro Nelson Jobim, sem que o Congresso e o povo fossem ouvidos, assinou, em Washington, tratado militar com os Estados Unidos. O objetivo é restaurar o acordo que existia antes e que o general Geisel rompeu em 1977. O governo cometeu erro político de que se dará conta no futuro. O Tratado, dizem seus defensores, é igual ao que temos com outros países do mundo. Não é: desafia-se o ministro Jobim a firmar um equivalente, em todas as suas cláusulas, com a Rússia de Putin ou a China Continental. Como todos os tratados, ele favorece o signatário mais forte. Benjamin Franklin aconselhava tratar bem o vizinho, mas manter o portão bem trancado. Jobim abre a porta do quarto. O tratado prevê o treinamento de militares brasileiros nos Estados Unidos. Quem treina, adestra, e quem adestra, busca obter certos resultados, entre eles, o da fidelidade.
Os convênios militares são necessários quando um inimigo comum aos contratantes ameaça atacá-los em conjunto, ou em separado. É natural que juntem seus recursos, humanos, militares e econômicos, para a defesa. A que necessidade corresponde a submissão do Ministro Nelson Jobim? Estamos em paz com nossos vizinhos e com países distantes. Não temos contencioso algum que não possa ser resolvido com a diplomacia. Ao contrário: a grande ameaça que sofremos, a da perda de soberania sobre o território amazônico, vem, desde o século 19, exatamente dos Estados Unidos. O único acordo de defesa que a realpolitik nos aconselha é o tratado da Unasul, que reúna todos os recursos dos países do continente, a fim de enfrentar as ameaças externas à região.
Argumenta-se que o governo do presidente Obama busca construir bom entendimento com o Brasil e os outros países. Mas os tratados, sobretudo os militares, não vinculam pessoas ou governos: vinculam estados. O Obama de hoje pode ser substituído por um Bush, um Reagan ou um Ted Roosevelt, amanhã. Não podemos abrir a guarda.
Outro argumento, e este, imoral, é que sua assinatura é necessária para que a Embraer venda cem aviões supertucanos à Força Aérea Norte-Americana. Se os aviões são bons, o preço conveniente, e os Estados Unidos deles precisam, não há que subordinar uma coisa à outra. Seria natural que, em troca de comprar os aviões, os norte-americanos nos propusessem que lhes comprássemos veículos ou navios. Seriam moedas equivalentes de intercâmbio. Não podemos vender aviões, oferecendo, como vantagem extra, um só palmo de soberania.
O presidente Lula sabe, de suas visitas ao Exterior, que o nacionalismo continua a ser a força das elites e do povo. Só no Brasil os grupos dirigentes desprezam a nação com a mesma desenvoltura que defendem os negócios. A firmeza na defesa da nacionalidade é tanto maior, quanto mais discreta. Há momentos em que se torna impossível conter a indignação, como ocorreu aos policiais federais, obrigados, pelo brio, a prender e a expulsar do país turistas ianques que nos ofenderam com seus gestos indecentes, como ocorreu no Mato Grosso. A soberania se exerce como a exerceu o presidente Geisel, em 1977, revogando, unilateralmente, como era de nosso direito, o Acordo Militar de 1952.
O ministro Jobim desconhece como o povo acompanha seus atos, a começar pelo uso indevido de uniformes militares, proibido aos civis, pela lei 1803, de 14 de agosto de 1958, em seu artigo 40. É difícil aceitar, que ele tenha inserido – como declarou publicamente – dispositivo ilegítimo à Constituição da República. Não há razão política para que ele se mantenha nos mais altos cargos da República, com tal comportamento. Quem assim age, não defende a pátria: agride-a.
A cidadania está reagindo com indignação ao acordo, como os internautas averiguam, ao visitar os comentários dos leitores dos blogs dos grandes jornais. Essa é também uma forma de o Congresso aferir a vontade popular. Todos os candidatos às eleições de outubro devem dizer, de forma clara, o que pensam do documento. Não podemos votar naqueles dispostos a alienar a soberania por um prato de lentilhas – perdão, por um mero negócio, como a venda de aviões.
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Re: Brasil e política internacional
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... clear.html
Obama nuclear
14/4/2010, Pepe Escobar, “Blog The Roving Eye”, Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/LD15Ak05.html
Tradução de Caia Fittipaldi
A reunião sobre segurança nuclear do presidente Obama dos EUA e 47 países, uma espécie de ‘Grupo dos 20’ bombado, bem pode ter sido a maior solenidade de engambela-trouxas, comandada por presidente dos EUA, desde a conferência de San Francisco em 1945, que criou a ONU.
Ninguém jamais precisou de qualquer show de relações públicas & propaganda, acompanhado de chave-de-braço à moda Washington, para convencer os políticos globais do perigo de urânio ou plutônio enriquecidos caírem em mãos de grupos jihadistas à moda al-Qaeda, ou de terroristas free-lancers.
Pois, ainda assim, analistas norte-americanos como Steve Clemons da New America Foundation não se cansam de elogiar a “sutileza calculada” de Obama, falam de “habilidade nixoniana” e de “profundidade estratégica”; e, isso, quando não estão falando dos esforços para elevar a reunião à categoria de “manifestação do que pode ser uma ordem mundial liderada pelos EUA”. A realidade é muito mais prosaica. Ou mais perigosa. Ou as duas coisas
A agenda nada-oculta do “Obama nuclear” visou exclusivamente a obter apoio global para uma rodada de sanções mais duras contra o Irã. Obama quer que as novas sanções estejam implantadas em junho. Obama e o presidente Hu Jintao conversaram sobre isso durante uma hora e meia. O impecavelmente lacônico Hu saiu da sala para dizer, basicamente, que o mundo está preparado para discutir o assunto – mas nada prometeu, absolutamente nada.
Obama, ao mesmo tempo em que, na conferência de imprensa pós-reunião, ainda insistia em que o Irã estaria tentando burlar a opinião pública global e estaria, sim, construindo armas atômicas – e, isso, sem qualquer prova do que diz –, insiste também em não convidar Israel a descer da torre de marfim em que se autoexilou e esclarecer se tem ou não armas atômicas (apesar de todos os especialistas garantirem que sim, Israel têm bombas atômicas). Obama, no máximo, repete que os EUA sempre convidaram “todos os países” a respeitar os acordos de não-proliferação (Israel, que nunca se declarou potência nuclear, nunca assinou o Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares, NPT).
O SALT da terra
O governo Obama está atualmente impingindo à opinião pública global que seu principal desejo seria amarrar todos os fios nucleares, sem deixar ponta solta em todo o mundo, antes de 2014. O desejo foi manifesto pelo próprio Obama, em discurso em Praga, ano passado: quer um mundo “livre de armas nucleares”.
Bem… Não é bem assim, não exatamente, como podem ver com os próprios olhos os cidadãos bem informados da imensa maioria das nações do mundo. Com ou sem reduções, o grosso do poder de fogo nuclear mundial continuará protegido nos EUA e na Rússia – não por acaso os juízes supremos, por décadas, que decidiam quem podia e quem não podia entrar no clube nuclear.
Semana passada, Obama e o presidente russo Dmitry Medvedev assinaram um acordo de desarmamento nuclear em – outra vez – Praga, o qual, teoricamente, reduzirá os arsenais de EUA e Rússia grosso modo em um terço.
Até agora, ninguém em Washington sabe, sequer, se o Senado ratificará esse acordo.
O que acontecerá com certeza é que o Senado não ratificará o Comprehensive Nuclear Test Ban Treaty (CTBT) [“Tratado Geral de Proibição de Testes Nucleares”] o qual, na opinião dos Republicanos, “ameaça a segurança nacional dos EUA”. Diferente de George W Bush em 2001, Obama em 2010 apoia a ratificação do Tratado da Proibição de Testes Nucleares.
Bom momento para lembrar o que aconteceu aos antigos tratados de limitação de armas estratégicas [ing. Strategic Arms Limitation Talks (SALT)].
O SALT-1, em 1972, anulou o Sistema de Mísseis Antibalísticos [ing. sistema Anti-Ballistic Missile (ABM)]. Os EUA começaram a corrida. A ex-URSS correu atrás dos EUA. Washington entrou em pânico. E então Richard Nixon teve um choque de realidade.
O SALT-2 foi construído para monitorar o crescimento dos arsenais nucleares. Washington temia o poder de fogo dos mísseis balísticos intercontinentais soviéticos [ing. Intercontinental Ballistic Missiles (ICBMs)] – SS-1, SS-18 e SS-19. Se não fossem monitorados, a URSS poderia instalar quantas ogivas nucleares quisesse em cada um desses mísseis, o que triplicava o poder de fogo.
Os EUA não ratificaram o acordo SALT-2 – embora, na prática, tenha sido respeitado pelo Pentágono. Nada disso foi explicado à opinião pública dos EUA à época, final dos anos 70s. O acordo SALT-2 foi vendido aos cidadãos como “um favor” dos EUA a Moscou – e, depois, foi rasgado, quando, nas palavras do presidente Jimmy Carter, a URSS atacou “aquele país profundamente religioso”, o Afeganistão, em 1979.
Meses antes, o embaixador dos EUA no Afeganistão fora assassinado por aqueles tipos “profundamente religiosos”, apesar de até a inteligência russa ter tentado salvá-lo. Essa história foi revelada à imprensa por ninguém menos que o rei supremo da política exterior de Carter, Dr. Zbigniew “vamos conquistar a Eurásia” Brzezinski.
Anos depois, o governo Bush rabiscou o tratado antimísseis balísticos [ing. Anti-Ballistic Missile Treaty (ABM Treaty ou ABMT) e, em 2003 decidiu adotar o Prompt Global Strike [Ataque Global Imediato] – sob o qual milhares de armas nucleares estratégicas passaram a poder ser convertidas para ser disparadas por ogivas convencionais no prazo de duas a quatro horas, o suficiente para destruir totalmente a infraestrutura vital de qualquer inimigo.
O plano de ataque global imediato de Bush é hoje o plano de ataque global imediato de Obama. Nada, rigorosamente nada, foi alterado.
Impressionados com a minha postura?
Já enquanto negociava um possível acordo SALT-3 com os russos, o governo Obama anunciou sua Revisão da Postura Nuclear dos EUA [ing. US Nuclear Posture Review (NPR)], de 72 páginas. A ‘nova postura nuclear’, pelo menos, reconhece explicitamente que a Rússia “já não é inimigo” e entroniza, nua e crua, uma política de “nenhuma nova arma nuclear”.
Mas a ‘nova postura nuclear’ não estabelece claramente o quanto ainda será reduzido o formidável arsenal nuclear dos EUA. E, como os russos imediatamente perceberam, nada diz, nem uma palavra, sobre as 200 bombas atômicas táticas que os EUA guardam em cinco bases da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Europa: na Alemanha, na Itália, na Bélgica, na Holanda e na Turquia.
Em teoria, a ‘nova postura nuclear’ dos EUA é um primeiro golpe dos EUA contra qualquer dos países que assinaram os tratados NPT – com duas notáveis exceções: o Irã, Estado-bandido (signatário dos NPT) e a Coreia do Norte, Estado-bandido, também, mas que não assinou os NPT. Não por acaso, nem um nem outro foram convidados para a reunião de engabelação geral em Washington – o que converte a reunião de engambelação geral, é claro, em reunião de engambelação geral sem importância alguma.
Nada se ouviu, vindo de Piongueangue – mas a Coreia do Norte é potência nuclear altamente idiossincrática; e Piongueangue, como o resto do mudo, sabe que a Coreia do Norte é imune a qualquer intimidação vinda dos EUA. E o resto do mundo sabe também que, se o Iraque se tivesse convertido em potência nuclear, jamais teria sido atacado por Washington.
Quanto ao Irã, não há qualquer prova de que seu programa de enriquecimento de urânio tenha sido orientado para fabricar armas. Por isso, precisamente, Obama jamais convencerá Hu, da China, a aceitar sanções pesadas contra o Irã.
E logo no início do encontro de Washington, ambos, Brasil e Turquia – anunciaram, mais uma vez, que são contrários a sanções, e especialmente contrários ao que o primeiro-ministro de Israel insiste em repetir que devem ser “sanções incapacitantes”.
Os líderes iranianos viram a ‘nova postura nuclear’ pelo que ela é: uma abertura para que os EUA ataquem o Irã com armas nucleares. Teerã exigirá da ONU uma resolução que condene os EUA – mas todos sabem que a medida dará em nada.
Não se metam com o meu espectro
Obama disse em Praga ano passado que queria “por um fim ao pensamento da Guerra Fria”; pregou que “o papel das armas nucleares seja reduzido, em nossa estratégia de segurança nacional” e conclamou “outros a fazerem o mesmo”.
Se isso é bem assim, Obama está em rota de colisão com o Pentágono e sua doutrina de “espectro total de dominação”.
Não há qualquer sinal de que os EUA estejam a caminho de reduzir o orçamento militar, maior que todos os orçamentos nacionais do planeta, somados. Com Obama, trata-se de “ataque global imediato”. O Pentágono está reforçando todo seu vasto poder estratégico não-nuclear; está muito à frente, e a plena carga, nos mísseis de defesa global; está impulsionando a OTAN, para que se converta em polícia global; já converteu submarinos nucleares de classe Ohio em transportadores de mísseis-cruzadores com ogivas não-nucleares; e nem cogita de abandonar seus sonhos de nuclearizar o espaço estelar.
A beleza disso é que o Pentágono só tem a ganhar com a ofensiva “Obama Nuclear”. O espectro de total dominação não exige imenso arsenal nuclear; o atual arsenal de mísseis balísticos intercontinentais que transportam ogivas nucleares é mais do que suficiente.
O Irã deve ser o teste. Na eventualidade – até aqui pouco provável – de um ataque ao Irã, o “ataque global imediato” teria seu batismo de fogo (literal), o que implicaria uma nova versão atualizada da operação “choque e pavor”.
Mas o show não pode parar. Mês que vem, haverá a conferência da ONU dedicada à revisão de cinco anos dos Tratados de Postura Nuclear. Obama estará no comando dessa revisão – que já está sendo divulgada em Washington como uma “estratégia efetiva” para conter o Irã.
Assim sendo, deve-se esperar que o governo Obama pressione ainda mais as relutantes China e Rússia – o que pouco tem a ver com “habilidade nixoniana” de oferecer cenouras (não só porretes), e terá de enfrentar a absoluta (e não infundada) paranóia de Teerã, que não se cansa de falar de golpe orquestrado pelos EUA contra o regime dos aiatolás.
Quanto à conversa, de que Washington teria interesse em “mundo completamente livre de armas nucleares”… Desse material se fazem os sonhos-delírios de quem não conhece o Pentágono.
Pepe Escobar é jornalista, colaborador de Asia Times Online. Recebe e-mails em [email protected]
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Re: Brasil e política internacional
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Os jornalões e os interesses de fora
A aliança dos jornalões não é só com os tucanos. É também contra o país: no debate nuclear, como em outros, o governo Lula defende nossos interesses e a mídia fica com os de fora. Nas primeiras páginas da “Folha”, Estadão e “O Globo” a foto de ministro brasileiro presenteando o vilão Ahmadinejad com a camisa da seleção encantou os editorialistas. Como desprezam os interesses nacionais, eles festejam as leis extraterritoriais criadas nos EUA para intimidar e punir países que divergem de suas posições. O artigo é de Argemiro Ferreira.
Argemiro Ferreira
O primeira reação de muitos leitores que viram as manchetes idênticas, dia 14, na “Folha de S.Paulo” e no Estadão (a primeira página de “O Globo”, mesmo sem a manchete, coincidiu no enfoque e na foto) foi recordar a peça de propaganda do tucano Geraldo Alckmin na campanha eleitoral de 2006 - o pacote de dinheiro nas primeiras páginas, exposto de norte a sul do Brasil.
Daquela vez o truque sujo adiou a decisão do eleitorado para o 2˚ turno - no qual Alckmin acabaria com menos votos do que no 1˚. Agora a “coincidência” funciona como alerta para truques futuros. Mas a aliança dos jornalões não é só com os tucanos. É também contra o país: no debate nuclear, como em outros, o governo Lula defende nossos interesses e a mídia fica com os de fora.
Jornalões, revistonas e penduricalhos (Rede Globo à frente) apoiam-se no estereótipo iraniano fabricado por eles próprios. O presidente Ahmadinejad é baixo, magrelo e feio. Não está em questão a aparência dele e nem o holocausto - que reconheceu ter ocorrido, mesmo lembrando que os mortos na II Guerra foram 60 milhões e não apenas os 6 milhões de judeus.
O expediente de produzir o vilão e a partir dele demonizar um país inteiro para invadi-lo e tomar-lhe o petróleo - como foi em 1953 no próprio Irã (de Mossadegh) e em 2003 no Iraque (de Saddam) - começa com difamação e sanções. Armas de destruição em massa foram o pretexto dos EUA para invadir o Iraque. Armas que sequer existiam, como não existe a bomba-A do Irã.
Ao invés de sanções a política externa do Brasil prefere o apelo sensato à negociação. Afinal, o Iraque foi arrasado pelas bombas dos EUA e viu um milhão de civis (segundo estimativas) serem mortos. E lá as sanções, que puniram mais as crianças do que o governo, foram o capítulo inicial. Hoje a acusação dos EUA é que o Irã pode vir a ter uma bomba - em cinco anos.
Seria situação menos ameaçadora do que o arsenal nuclear de 100 bombas que o estado de Israel já tem, sem nunca ter assinado o TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear). A exemplo dos israelenses, Índia e Paquistão negaram-se a aderir ao TNP e já têm armas nucleares - não tantas como Israel, mas prontas para serem usadas numa guerra entre os dois.
E onde entra o Brasil nesse quadro? Assinou e cumpre o TNP, não tenta desenvolver a bomba (mesmo tendo condições para isso), proclama em sua Constituição que não o fará e ainda assinou pactos (um bilateral, com a Argentina; e outro regional, com a América Latina) nesse sentido. Mas sofre cobrança dos EUA, que descumprem o TNP e se arvoram em xerife nuclear.
O TNP não lhe confere tal autoridade. Ao contrário: manda os detentores de armas atômicas reduzirem os arsenais até sua eliminação completa. Os acordos EUA-Rússia só aposentam armas obsoletas, logo substituídas pelas modernas, sofisticadas e portáteis, que tornam mais provável o uso. (Até hoje um único país usou a bomba-A - duas, em Hiroshima e Nagasaki, contra populações civis e não instalações militares).
Nas primeiras páginas da “Folha”, Estadão e “O Globo” a foto de ministro brasileiro presenteando o vilão Ahmadinejad com a camisa da seleção encantou os editorialistas. Como desprezam os interesses nacionais, eles festejam as leis extraterritoriais criadas nos EUA para intimidar e punir países que divergem de suas posições, seja em Cuba ou no Irã.
Em janeiro do ano passado a mídia corporativa já criticava o destaque dado na Estratégia Nacional de Defesa, anunciada então pelo governo Lula, ao desenvolvimento da energia nuclear. Os jornalões prestavam-se claramente ao papel de veículo da pressão do governo Bush em fim de mandato - um “pato manco” agonizante, golpeado ainda pela derrota eleitoral humilhante.
Os mesmos veículos ansiosos para anistiar os crimes da ditadura (de que foram cúmplices e beneficiários) viam - e ainda vêem - com suspeita o compromisso dos militares brasileiros com a democracia e a defesa dos interesses nacionais. O faroeste midiático na época ainda buscava legitimar a superpotência invasora do Iraque no papel insólito de guardiã da paz e do desarmamento.
Essa mídia não costuma ter dúvidas, só certezas. Condena a resistência do Brasil em aderir ao protocolo adicional ao Acordo de Salvaguardas do TNP e atribui a culpa a militares obcecados em ter a bomba-A. Não leva em conta que a questão do desenvolvimento nuclear está longe de ser simplista como sugere o cacoete de um jornalismo aliado aos interesses externos.
Países sem armas nucleares sofrem restrições nas pesquisas - punidos por assinar o TNP. Índia, Paquistão e Israel, por ignorarem o TNP, têm suas bombas-A e são paparicados e privilegiados com acordos especiais. Em 1997-98 essa mesma mídia aplaudiu FHC por sujeitar-se à pressão dos EUA e aderir ao TNP, enquanto o Iraque sob sanções era acusado de ter a bomba - sem tê-la.
Depois do TNP os EUA passaram ainda a exigir que nós, os “sem bomba-A” (ou “have nots”, em oposição aos “haves”) assinássemos o tal protocolo adicional, que amplia as restrições, os controles e as inspeções. Inexistente antes, o protocolo teria de ser negociado com cada signatário do TNP, nunca imposto pelos EUA.
Os “sem bomba” sofrem limitações nas pesquisas, que a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) faz cumprir com inspeções. O compromisso do Brasil é com o uso pacífico da energia atômica. Defende o desarmamento nuclear e é reconhecida sua tradição pacífica. Mas não pode abrir mão da tecnologia nuclear e da necessidade estratégica de desenvolvê-la e dominá-la.
Em 2004 a “Folha” não hesitou em propor rendição singular, a pretexto de ser “transitória” a existência de países com e sem a bomba: o Brasil devia aderir ao protocolo adicional, “como uma decisão soberana”, e ao mesmo tempo “pedir” avanços pelo desarmamento. Ora, os que apóiam o protocolo são pouco mais de 80 dos 190 que assinaram o TNP. A maioria, assim, percebe a ameaça dos EUA de eternizar seu arsenal “transitório”.
Há ainda os interesses comerciais: em 2001 o crescente mercado mundial de urânio enriquecido já movimentava US$18 bilhões. Dono da 5ª maior reserva natural de urânio, o Brasil tem tecnologia própria de centrifugação, desenvolvida por seus cientistas ao longo de 30 anos. Para preservá-la protege com painéis, nas inspeções da AIEA, a sala das centrífugas na Fábrica de Combustível Nuclear da INB, em Resende.
Os interesses dos detentores de arsenais nucleares, claro, são diferentes daqueles dos “sem bomba”. A hipótese de espionagem industrial nas inspeções da AIEA não pode ser subestimada mas a proteção da tecnologia inovadora do Brasil foi descartada pela “Folha” com a alegação de que os EUA não precisam disso porque dispõem de sua espionagem “clássica”.
Antes da invasão do Iraque, no entanto, a CIA usava a equipe de inspeção da ONU (UNSCOM) - chefiada pelo sueco Rolf Ekeus até 1997 e depois pelo australiano Richard Butler (1998) - para espionar. O inspetor Scott Ritter, ex-fuzileiro dos EUA e veterano da guerra do Golfo, acusou os dois de tolerarem o jogo da CIA, permitindo a espionagem nas inspeções.
Na mesma linha do editorial da “Folha”, o do Estadão, dias depois, negou haver razão que justifique a não adesão ao protocolo adicional. Alegou ser do interesse do Brasil ratificar o compromisso com o desenvolvimento pacífico da energia atômica e “evitar atritos” com as potências empenhadas em impedir a proliferação nuclear. (E a FCN? E o mercado de urânio?)
Meses depois dos editoriais, o secretário de Estado de Bush, Colin Powell, ouviu no Brasil a explicação do ministro Celso Amorim sobre a proteção da tecnologia desenvolvida por nossos cientistas. E minimizou, ao falar à “Veja”, o que “Folha” e Estadão maximizaram: o Brasil não preocupava os EUA e nem devia ser comparado a Irã e Coréia, apesar dos “desacordos momentâneos” na AIEA.
Ao voltar ao ataque a 9 de janeiro de 2009, a “Folha” publicou matéria do chefe da surcusal de Brasília, Igor Gielow. “Os EUA cobraram ontem a adesão do Brasil ao chamado protocolo adicional”, dizia o texto. Não ficou claro se a “cobrança” era iniciativa americana, usando a “Folha”, ou se viera por acaso, premiando alguma solicitação de entrevista do jornal.
O entrevistado era o embaixador Gregory Schulte, que representava os EUA não no Brasil mas na AIEA e outros organismos sediados em Viena. Gielow omitiu (de propósito?) se o diplomata respondera a perguntas, se falara em Brasília (estaria ali por alguma razão?), se a entrevista fora por telefone ou se mandara respostas por email a perguntas enviadas a Viena.
Como o próprio jornalista caracterizara a entrevista como “cobrança” dos EUA, seria oportuno informar como tinha ocorrido - por telefone, cara-a-cara, troca de emails ou qualquer que tenha sido a situação. Teria sido uma tentativa de intimidação? Afinal, a dupla Bush-Cheney, derrotada, vivia seus últimos momentos – a apenas 12 dias do final do mandato.
No relato insólito da “Folha” Schulte cobrava a adesão do Brasil a pretexto de que “os EUA aderiram”. Mas o protocolo adicional ao Acordo de Salvaguardas (artigo III do TNP) só é aplicável (e impõe obrigações) aos “sem bomba”. Para os EUA a adesão não prevê inspeções - que são compulsórias para os "sem bomba". Estes têm de aceitá-las. Cabe à AIEA decidir o que inspecionar, como e onde.
Blog de Argemiro Ferreira
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Re: Brasil e política internacional
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Jeito ‘carinhoso’ do Brasil é obstáculo para estar entre os grandes, diz jornal
Do Estadão
Reportagem do ‘Financial Times’ destaca ascensão política do Brasil, mas alerta para gafes e erros.
Um artigo publicado nesta terça-feira pelo jornal britânico Financial Times afirma que o jeito “carinhoso” do Brasil é um obstáculo para que o país consiga um lugar entre as grandes potências no cenário internacional.
O texto assinado pelo jornalista John Paul Rathbone afirma que, após a crise financeira global, o Brasil “tornou-se importante na comédia das nações, quase sem ninguém perceber”.
Há seis anos, o Brasil participava apenas pela primeira vez como convidado de uma reunião do G8, grupo que reúne as maiores economias industrializadas do planeta, e tinha mil diplomatas espalhados pelo mundo. Hoje, segundo o jornal, o Brasil tem 1,4 mil diplomatas e sua voz, ao lado da Turquia e China, é importante em questões internacionais, como as sanções nucleares ao Irã.
Política de ‘arco-íris’
No entanto, segundo o texto, “a política de arco-íris do Brasil pode estar atingindo o seu limite e poderia até colocar em risco a vaga permanente no Conselho de Segurança que o país cobiça”.
“Gafes recentes mudaram a imagem açucarada do Brasil e do seu presidente também”, afirma o Financial Times.
Entre os episódios citados pelo jornal estão a crítica feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à greve de fome ativista cubano Orlando Zapata e os comentários do presidente sobre protestos da oposição após as eleições no Irã – quando Lula disse que as manifestações eram “choro de perdedores”.
O jornal também destaca o fato de que o Brasil condenou a instalação de bases militares americanas na Colômbia, mas ignorou a compra de armas russas feita pela Venezuela ou o suposto apoio do governo de Caracas às milícias das Farc.
“Para os críticos, essa é uma política externa irritante – narcisista e ingênua. Mas como todos os países poderosos, o Brasil está perseguindo o que acredita que sejam seus interesses. Se ele está fazendo isso bem é outro assunto”, diz o texto.
Para o jornal, o Brasil tem diplomatas de competência reconhecida, sobretudo na área comercial, mas o país não tem institutos de pesquisa capazes de abastecê-los com informações sobre o mundo, como Moscou e Washington, o que levaria o país a cometer “erros” e não se acostumar “aos holofotes da opinião internacional”.
“Isso custou pouco ao Brasil até agora”, diz o Financial Times.
“Ainda assim, muitos sentem que se o Brasil vai se sentar na principal mesa, ele terá de tomar decisões difíceis”, afirma o jornal, citando a posição do país sobre propriedade intelectual na Rodada Doha.
Outro desafio do Brasil, segundo o artigo, acontecerá após as eleições, quando o país perderá o “charme de Lula”.
“A imagem do império carinhoso pode não durar mais”, conclui o texto. BBC Brasil – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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Pesquisa indica que 41% do mundo vê Brasil de forma positiva
Da Revista Fórum
Em 28 países onde pessoas foram consultadas, 41% vê o Brasil como um país que tem influência positiva no mundo, contra 23% que entendem o país como uma influência negativa. A pesquisa foi encomendada pelo Serviço Mundial da BBC e conduzida pela GlobeScan/PIPA e ouviu quase 30 mil pessoas pessoalmente ou por telefone entre novembro do ano passado e fevereiro deste ano.
Durante a realização da pesquisa, houve alteração para baixo do índice de pessoas que viam o Brasil de forma positiva – de 45% para 42% em três meses. Os entrevistados foram perguntados se, dentro 17 países apresentados, eles eram considerados como uma influência positiva ou negativa na política global.
Nos países mais próximos, como no México e no Chile, a proporção de aprovações à política brasileira internacional é de 59% e 77%, respectivamente. Nos países asiáticos também há grande aceitação, como China (55%), Coreia do Sul (51%), Filipinas (47%) e Tailândia (44%).
Também houve uma melhora na percepção da imagem do país entre os europeus. No Reino Unido, a percepção negativa caiu em cinco pontos percentuais (de 20% para 15%) e na França a percepção positiva aumentou em oito pontos, de 42% para 50%.
A pesquisa da BBC também mostrou que a Alemanha é hoje o país com a avaliação mais positiva no mundo, com 59% de aprovação, enquanto o Irã foi indicado como a menor avaliação positiva (15% de aprovação contra 56% de rejeição). No Brasil, 80% dos entrevistados entendem que o Irã exerce uma influência negativa no mundo.
A imagem dos Estados Unidos melhorou em comparação com a última pesquisa, e hoje é visto como uma influência positiva por 46% dos entrevistados, contra 35% que o veem como uma influência negativa. Em comparação com o ano anterior, houve aumento da aprovação em quatro pontos percentuais e queda na rejeição em nove pontos percentuais.
A revista inglesa Monacle publicou na edição deste mês uma reportagem sobre o “boom” diplomático brasileiro e classificou o Brasil como um “jogador intrigante no cenário diplomático mundial”. O texto diz que o país cutuca “gentilmente” antigas potências, especialmente os Estados Unidos, “para que saiam de seu caminho quando necessário”, e aponta que estamos nos aproximando, conforme analisam especialistas, de países como Venezuela e Irã e China.
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