Rubão é um amigo meu. É um cara gente boa, de paz, voz forte e sempre animada. Impossível estar com ele e não dar boas gargalhadas. Rubão só tem um problema (ou uma virtude): não pode ver um rabo-de-saia-profissional (se é que me entendem), que já fica doidinho...
Rubão é casado, tem filhos... mas não deixa a night. Está sempre enrolado com alguma menina do metiê noturno. Quando não é uma da Boate tal, é outra da Clínica tal. Quando não conhece uma nova, volta pro caso antigo. Rubão é meu ídolo. Tem uma capacidade inigualável de trocar de “namorada”, e outra igualmente inigualável de se envolver com cada tipo... rio toda vez que lembro. E rimos juntos, sempre que lembramos juntos...
Rubens, certa vez, almoçava na casa dos pais, acompanhado também da mulher e dos dois filhos. Àquela altura, tinha um caso com uma profissional que, por sua vez, namorava um de seus clientes, dono de uma padaria. Imaginem a cena – Rubens, casado, em frente a seus pais, recebe o telefonema de Sheila, também profissional, dizendo que sua amiga de quarto, Emmanuele, “quase-namorada” dele, havia tentado o suicídio porque Manoel, o dono da padaria, lhe deu um pé-na bunda...
Ele ali, constrangimento no ar, tentando disfarçar para que nem os pais, nem a mulher, nem os filhos, notassem que – à mesa de domingo – estava atendendo a um telefonema de uma “amiguinha”... e assim era o diálogo:
- Rubens?
- Eu
- Sou eu, Sheila, amiga da Emmanuele, lá da Boate Private, no Centro...
- Oi, Reinaldo, fala...
- Rubens, a Emmanuele brigou com o Manoel... ficou com raiva e comeu naftalina!
- Ai, não fala... e onde ela, ops, ele, está?
- Ta no hospital...
- E machucou muito? O carro está destruído?
- Não sei, ta internada... você precisa vir aqui agora!!!
A essa altura, todos já olhavam pra cara dele. Os rostos mesclavam preocupação com desconfiança, todo mundo sabe bem que Rubens não é nenhum santo...
- Pessoal, vou precisar sair... um amigão do trabalho se acidentou de carro...
- Nossa, quem? – perguntou a esposa
- Você não conhece. Bateu o carro aqui no Centro. Ta no hospital. Fica aí com as crianças e com meus pais que já volto...
Nisso, seu pai, acometido de uma vontade incontrolável de ajudar:
- Não filho, seu pai vai com você. Você pode precisar de ajuda. Sei que você vai falar para eu não me incomodar, mas nem precisa se dar ao trabalho... Vou e pronto! Sem discussão!
Rubens, sem ter saída, acaba tendo que levar o pai.
Chegando ao hospital, ele tenta falar baixinho com a recepcionista: “vim atrás de uma amiga que deu entrada agora há pouco, intoxicada com naftalina...”. “Ah, fique tranqüilo” – disse ela – “o médico já a liberou para voltar para casa... aliás, olha ela vindo ali...”, e aponta na direção do corredor.
Pobre Rubens. Ao lado do pai, o que vê é uma loira tingida, com uma micro-saia, um perfume daqueles, vindo aos prantos:
- Ai, Rubens.... ai, Rubens... não agüento isso... ai, meu Deus...
O pai nem se dá ao trabalho de continuar ali. Vira as costas e sai andando.
Rubão continua com ela... fala que não pode fazer nada... que ela tem que se entender com Manoel, o padeiro, e não fazer mais essas bobagens. Que ela também tem de se lembrar que ele tem mulher e filhos (quem diria...) e que telefonemas desse tipo, nessa hora, podem comprometê-lo...
Ela seguia aos prantos.
Rubens lhe dá um trocado para o ônibus. Afinal, não dava pra levar ela pra casa... todo mundo em casa, pleno domingão, almoço na mesa, esperando por ele... seu pai, sabe lá Deus para onde foi, também precisava ser localizado... muitos problemas, enfim, para um dia só.
Lá se vai Emmanuele. Aos prantos. Acompanhada de Sheila, sua fiel escudeira.
Rubão sai do hospital e pergunta a um guardador de carros sobre o senhor que lhe acompanhava... o menino lhe responde: “ah, aquele senhor que estava com você? Ele ta ali, ó... no bar... ta bebendo ali faz um tempinho já...”
Lá se vai meu amigo, Rubens... em direção ao pai... ar de preocupado, constrangido, envergonhado talvez...
- Nem precisa me falar nada, Rubens. Nem precisa me falar nada!
- Mas, pai, calma...
- Calma nada... Já entendi tudo... Ela está grávida, não é? E o filho é seu, né? Já entendi tudo, Rubens, já entendi tudo...
- Pai, você...
- Você nada, Rubens! Ela está grávida de você e deve ter tentado abortar seu irresponsável. Quero só ver você explicar isso tudo pra Mariana, sua esposa. Que você tem uma amante, grávida e que... sei lá... com aquelas roupas... aquele perfume...
Rubão, o mestre na invenção de histórias, deve ter inventado outra para o pai. Sei que desmentir a história da gravidez e da amante não foi nada fácil...
... mas sei também que não foi exatamente a verdade o que ele contou...
E assim voltaram para o almoço de domingo. O pai, desconfiado... E ele, preocupado com os tipos com quem se metia e com o celular que pudesse voltar a tocar.
(Para Rubão) nada como um domingo em família...
Rubão é casado, tem filhos... mas não deixa a night. Está sempre enrolado com alguma menina do metiê noturno. Quando não é uma da Boate tal, é outra da Clínica tal. Quando não conhece uma nova, volta pro caso antigo. Rubão é meu ídolo. Tem uma capacidade inigualável de trocar de “namorada”, e outra igualmente inigualável de se envolver com cada tipo... rio toda vez que lembro. E rimos juntos, sempre que lembramos juntos...
Rubens, certa vez, almoçava na casa dos pais, acompanhado também da mulher e dos dois filhos. Àquela altura, tinha um caso com uma profissional que, por sua vez, namorava um de seus clientes, dono de uma padaria. Imaginem a cena – Rubens, casado, em frente a seus pais, recebe o telefonema de Sheila, também profissional, dizendo que sua amiga de quarto, Emmanuele, “quase-namorada” dele, havia tentado o suicídio porque Manoel, o dono da padaria, lhe deu um pé-na bunda...
Ele ali, constrangimento no ar, tentando disfarçar para que nem os pais, nem a mulher, nem os filhos, notassem que – à mesa de domingo – estava atendendo a um telefonema de uma “amiguinha”... e assim era o diálogo:
- Rubens?
- Eu
- Sou eu, Sheila, amiga da Emmanuele, lá da Boate Private, no Centro...
- Oi, Reinaldo, fala...
- Rubens, a Emmanuele brigou com o Manoel... ficou com raiva e comeu naftalina!
- Ai, não fala... e onde ela, ops, ele, está?
- Ta no hospital...
- E machucou muito? O carro está destruído?
- Não sei, ta internada... você precisa vir aqui agora!!!
A essa altura, todos já olhavam pra cara dele. Os rostos mesclavam preocupação com desconfiança, todo mundo sabe bem que Rubens não é nenhum santo...
- Pessoal, vou precisar sair... um amigão do trabalho se acidentou de carro...
- Nossa, quem? – perguntou a esposa
- Você não conhece. Bateu o carro aqui no Centro. Ta no hospital. Fica aí com as crianças e com meus pais que já volto...
Nisso, seu pai, acometido de uma vontade incontrolável de ajudar:
- Não filho, seu pai vai com você. Você pode precisar de ajuda. Sei que você vai falar para eu não me incomodar, mas nem precisa se dar ao trabalho... Vou e pronto! Sem discussão!
Rubens, sem ter saída, acaba tendo que levar o pai.
Chegando ao hospital, ele tenta falar baixinho com a recepcionista: “vim atrás de uma amiga que deu entrada agora há pouco, intoxicada com naftalina...”. “Ah, fique tranqüilo” – disse ela – “o médico já a liberou para voltar para casa... aliás, olha ela vindo ali...”, e aponta na direção do corredor.
Pobre Rubens. Ao lado do pai, o que vê é uma loira tingida, com uma micro-saia, um perfume daqueles, vindo aos prantos:
- Ai, Rubens.... ai, Rubens... não agüento isso... ai, meu Deus...
O pai nem se dá ao trabalho de continuar ali. Vira as costas e sai andando.
Rubão continua com ela... fala que não pode fazer nada... que ela tem que se entender com Manoel, o padeiro, e não fazer mais essas bobagens. Que ela também tem de se lembrar que ele tem mulher e filhos (quem diria...) e que telefonemas desse tipo, nessa hora, podem comprometê-lo...
Ela seguia aos prantos.
Rubens lhe dá um trocado para o ônibus. Afinal, não dava pra levar ela pra casa... todo mundo em casa, pleno domingão, almoço na mesa, esperando por ele... seu pai, sabe lá Deus para onde foi, também precisava ser localizado... muitos problemas, enfim, para um dia só.
Lá se vai Emmanuele. Aos prantos. Acompanhada de Sheila, sua fiel escudeira.
Rubão sai do hospital e pergunta a um guardador de carros sobre o senhor que lhe acompanhava... o menino lhe responde: “ah, aquele senhor que estava com você? Ele ta ali, ó... no bar... ta bebendo ali faz um tempinho já...”
Lá se vai meu amigo, Rubens... em direção ao pai... ar de preocupado, constrangido, envergonhado talvez...
- Nem precisa me falar nada, Rubens. Nem precisa me falar nada!
- Mas, pai, calma...
- Calma nada... Já entendi tudo... Ela está grávida, não é? E o filho é seu, né? Já entendi tudo, Rubens, já entendi tudo...
- Pai, você...
- Você nada, Rubens! Ela está grávida de você e deve ter tentado abortar seu irresponsável. Quero só ver você explicar isso tudo pra Mariana, sua esposa. Que você tem uma amante, grávida e que... sei lá... com aquelas roupas... aquele perfume...
Rubão, o mestre na invenção de histórias, deve ter inventado outra para o pai. Sei que desmentir a história da gravidez e da amante não foi nada fácil...
... mas sei também que não foi exatamente a verdade o que ele contou...
E assim voltaram para o almoço de domingo. O pai, desconfiado... E ele, preocupado com os tipos com quem se metia e com o celular que pudesse voltar a tocar.
(Para Rubão) nada como um domingo em família...