Em tempo...dados sobre no$$as meninas.
É coisa de 2002...é focado nas meninas de rua, bares e boates...mas tá valendo...pois consta q no universo da prostituição esse grupo é o majoritário e importantíssimo pra deduções sobre a 'comunidade' em geral.
http://www.beijodarua.com.br/materia.as ... =296&num=1
O retrato da prostituta brasileira
Pesquisa revela que a maioria das prostitutas tem de 20 a 29 anos, ganha até quatro salários mínimos e tenta esconder dos outros a profissão
A maioria das prostitutas do Brasil tem entre 20 e 29 anos, não completou o primeiro grau, ganha de um a quatro salários mínimos e está na profissão há menos de cinco anos. A maior parte trabalha na rua, em bares e boates, fazendo programas em hotéis. Na hora do sexo,
67 por cento usam preservativo com os clientes.
Com o parceiro fixo, no entanto, só 20 por cento usam camisinha, número igual ao das mulheres de um modo geral. Quase metade das prostitutas (43 em cada 100) já fez exame para verificar se está infectada pelo vírus da aids, o HIV, enquanto só 20% da população brasileira se submeteram ao teste. O que chama a atenção é que as profissionais do sexo se preocupam mais em fazer o teste de HIV do que o exame ginecológico preventivo: só 40% se cuidam para evitar o câncer de colo de útero. No total,
6 em cada 100 mulheres tem o vírus HIV. Este número é menor do que o das prostitutas do Canadá (15%), Tailândia (19%) e China (10%). Mas é maior do que o número de profissionais infectadas na Índia (5%) e na Argentina (4%).
Esse perfil da prostituta brasileira é o resultado da primeira pesquisa nacional feita com a categoria profissional. Foram entrevistadas 3 mil mulheres nos estados do Maranhão, Paraíba e Sergipe (Região Nordeste), São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro (Sudeste) e Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Região Sul). O trabalho foi encomendado pela Coordenação Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde e realizado pela Universidade de Brasília, a UnB, em 2001-2002. Prostitutas e técnicos da Rede Brasileira de Profissionais do Sexo acompanharam tudo, para garantir os direitos das pesquisadas: entre eles estão o de receber tratamento, em caso de necessidade, e o de não ter os nomes divulgados. Foram comparados dois grupos de prostitutas: um, que não tem acesso a programas de prevenção de aids e outras doenças venéreas; e outro, de mulheres que participam de programas desse tipo, em geral promovidos por organizações não-governamentais (ONG). A pesquisa mostrou que o trabalho das ONG funciona: as meretrizes com acesso a projetos de prevenção usam mais o preservativo com clientes e parceiros e recorrem com maior freqüência a serviços de saúde, realizando exames preventivos e de aids em maior proporção.
Os dois grupos de mulheres têm, contudo, pontos positivos em comum:
sabem colocar corretamente o preservativo masculino, têm orgulho de sustentar os filhos, não sofrem discriminação nos serviços públicos de saúde, sabem que o uso de drogas (legais ou ilegais) atrapalha na hora da prevenção, têm bons clientes, gostam da liberdade e do ambiente em que trabalham e consideram a atividade bem mais vantajosa do que outras para ganhar dinheiro. Entre os pontos negativos dos dois grupos estão:
ainda acreditam que o uso de dois preservativos, ao mesmo tempo, é eficaz para prevenir Aids e DST; se sentem humilhadas e discriminadas por causa de profissão e evitam revelar o que fazem, principalmente para os filhos; têm de agüentar clientes desagradáveis e outros que insistem em fazer programa sem camisinha; sofrem os efeitos da concorrência, reduzindo os preços; e evitam participar de associações de prostitutas porque temem assumir a profissão e ser identificadas.
>>O TRABALHO QUE DÁ CERTO
O principal objetivo da pesquisa da UnB foi medir a efetividade das ações educativas em DST/Aids voltadas a mulheres profissionais do sexo. Para isso, foram comparados grupos de prostitutas que tiveram acesso a projetos de intervenção de ONGs e outras que nunca participaram deles, em 11 municípios do país. O resultado foi positivo. Entre as mulheres que participam de ações educativas, 74% usam preservativo com o cliente, enquanto apenas 60% do outro grupo disseram se prevenir. No caso de namorado ou companheiro, os números são de 24%, para as primeiras, e 16% para as demais. As prostitutas que têm acesso aos projetos fazem mais o exame de Aids (50% contra 37%) e o preventivo de câncer de colo de útero (46% a 35%).
Ainda há muito a conquistar.
Uma das preocupações é o menor uso do preservativo no sexo anal do que no vaginal ou oral. No grupo dos projetos, são 67% as que põem a camisinha; no outro, só 49%. “A informação de que o sexo anal é mais arriscado não está batendo porque é o lugar que não engravida” , interpreta a coordenadora geral da pesquisa, Kátia Guimarães. Outro ponto sensível é a redução do uso do preservativo conforme aumenta a idade. “As prostitutas precisam discutir essa questão. A concorrência predatória está dificultando a negociação do preservativo entre as mulheres mais velhas”, afirma o pesquisador João Marcos Jungmann.
Abaixo você lê os resultados globais da pesquisa, acompanhados de outras informações e comentários sobre cada grupo.
>>PRÁTICAS SEXUAIS
“O primeiro que eles pedem é a chupadinha,
depois a bundinha, e a frente fica lá pra trás”
(prostituta de Campina Grande, na Paraíba)
Tipos de relação sexual
Sexo anal
Sempre: 5%
Freqüentemente: 2,6%
Às vezes: 31,9%
Nunca: 60,2%
Sexo oral no homem (boquete)
Sempre: 35,2%
Freqüentemente: 9,8%
Às vezes: 37,5%
Nunca: 17,6%
Sexo oral do cliente na profissional
Sempre: 22%;
Freqüentemente: 7,5%;
Às vezes: 45,5%;
Nunca: 24,8%
O sexo anal é mais atendido pelas mulheres do Nordeste:
metade aceita fazer e a outra metade nega. Por outro lado, as nordestinas são as que menos concordam em fazer boquete: só 17,9% topam sempre o pedido do cliente.
As prostitutas que mais fazem sexo oral no homem estão no Sudeste:
só 10,9% nunca aceitam o boquete. Não há diferença significativa entre o grupo que passou por intervenção e o outro.
>>CAMISINHA
“Todo mundo bate o pé, camisinha, camisinha,
mas duvido que não têm algumas que não saem sem camisinha”
(prostituta de Campina Grande, na Paraíba)
Uso do preservativo
Com o cliente: 67% (média nacional)
Com o companheiro: 20% (média nacional)
Por local de trabalho
Rua/hotel: 65%
Bar/boate/hotel: 66%
Bordel: 61%
Só hotel: 73%
Rodovia: 46%
Postos em rodovias: 56%
Outros: 67%
As prostitutas que já foram abordadas por projetos de prevenção de DST/Aids são as que mais usam o preservativo: 74%. As mulheres que nunca tiveram acesso a esse tipo de projeto usam menos: 60%. Com o companheiro, 24 em cada 100 mulheres do grupo que teve contato com educadores sempre usam camisinha. No outro grupo, só 16%. O Estado em que as profissionais mais se previnem é Minas Gerais: 77% utilizam sempre o preservativo com o cliente – é bom esclarecer que essas são as que trabalham nos hotéis de Belo Horizonte. Mulheres com mais de 40 anos se importam menos com a prevenção. É impressionante constatar que o preservativo é menos usado no sexo anal, que apresenta um maior risco de infecção do que a relação vaginal ou oral. Outro dado interessante: mulheres que não tomam droga nenhuma, nem álcool, e mulheres que só bebem álcool, usam preservativo na mesma proporção: 70%. De acordo com a pesquisadora Kátia Guimarães, é possível que, exatamente por saber que a bebida alcoólica pode levar ao esquecimento do preservativo, a mulher que bebe fique mais atenta. No entanto, quando o álcool é tomado com outra droga, ou mais de uma, aumenta muito o número das prostitutas que dispensam a camisinha.
>>DROGAS
“Se todos os adolescentes procurassem as prostitutas,
a maioria dos pais não estaria com problema devido a drogas.
Mostra um cartaz assim: Não use droga,
transe com uma prostituta” (Belo Horizonte)
Uso de drogas injetáveis: 2%
O Sudeste é a região em que menos se usa droga injetável: só uma mulher em cada grupo de 200 prostitutas.
O Sul tem o maior número de usuárias: seis mulheres em cada 200.
>>ACESSO A SERVIÇOS DE SAÚDE
“Nenhuma mulher se queixou de ter sido discriminada
por causa da profissão em unidades de saúde,
mas a maioria criticou a qualidade dos serviços”
(relatório da pesquisa)
Exames e testes
Realização de teste para detectar o HIV: 43,1%
Realização de exame preventivo ginecológico no último ano: 40,8%
DST nos últimos seis meses: 9,7%
Mulheres com DST que se trataram: 87,5%
Prostitutas fazem mais exame para detectar o HIV do que o preventivo de câncer de colo. As que têm acesso a projetos de prevenção fazem mais o anti-HIV e o preventivo do que as outras. Quase nove entre 10 com doenças venéreas se trataram.
Resultados de testes (média nacional)
Prevalência do HIV – 6,9%
Incidência anual do HIV – 0,9%
Sífilis – 4,3%
Hepatite B –32,9%
Hepatite C – 4,8%
As mulheres que participaram da pesquisa fizeram teste para verificar se estavam infectadas por HIV, sífilis, hepatite B e hepatite C. A testagem foi voluntária e anônima. Todas as que apresentaram infecção tiveram o tratamento garantido.