Denuncie a Prostituição Infantil !!! Ótimo texto para reflexão...
A economia política da prostituição infantil
A campanha governamental contra a prostituição infantil e de adolescentes, concentrada nos pontos turísticos brasileiros, não passa de uma deslavada hipocrisia. Não é uma campanha para criar perspectivas de vida digna para crianças e adolescentes atoladas numa situação de miséria e degradação social. É uma campanha repressiva, que se apóia num código moral puritano, descolado da vida corrente e que ignora a realidade social das vítimas da prostituição. Não é uma política pública de resgate. É uma ação de polícia.
A degradação social da prostituição é terrível, mas desde tempos imemoriais ela tem sido preferida à morte ou ao trabalho escravo por mulheres de todas as idades. Quando a prostituição se torna uma chaga social em larga escala, como se tornou no Brasil, é que algo de errado existe no próprio eixo de organização da sociedade. Não precisamos procurar muito. Onde são maiores os índices de prostituição infantil e de adolescentes no Brasil, é aí mesmo onde estão as maiores taxas de desemprego e de subemprego.
As duas regiões metropolitanas do Nordeste para as quais o IBGE colhe estatísticas mostram isso. Em Salvador e Recife, de cada duas pessoas economicamente ativas, uma está desempregada ou subempregada (46% e 43%, respectivamente). É uma tragédia social. Imagine uma garota de 16 anos, com os pais desempregados ou subempregados, alguns irmãos mais novos famélicos, ela própria sem qualquer perspectiva concreta de sobrevivência: o código moral contra a prostituição acaso será capaz de detê-la?
Dirão que não há nenhuma solução a curto prazo para o problema social e que, enquanto essa solução não vem, tem-se que fazer alguma coisa para proteger a infância e a adolescência. De acordo. Esse trabalho de proteção no plano microeconômico, no meu entender, tem que ser feito essencialmente por instituições privadas, ONGs, igrejas, etc. Do Estado se espera um ataque frontal ao problema do ponto de vista macroeconômico. Só ele, ninguém mais, tem os instrumentos para fazer uma política de pleno emprego.
Vamos dar às coisas seus nomes reais, sem hipocrisia, e definir responsabilidades. O turista estrangeiro que for desestimulado a fazer sexo comprado com adolescentes brasileiras não estará dando rigorosamente nenhuma contribuição ao combate da prostituição infantil no Brasil. A vítima apenas deixará de ter acesso a "fregueses" estrangeiros, sem que lhe seja retirado o "mercado" doméstico e, sobretudo, a motivação da sobrevivência, que é o que a empurra para a prostituição.
Lembro-me de uma viagem profissional à Ásia, mais de duas décadas atrás. Nas Filipinas, onde fiquei quase um mês, alguns jornalistas internacionais me relataram que o país havia se tornado o prostíbulo da Ásia. O título não era definitivo. Já havia pertencido a outros, como Singapura e Coréia do Sul, mas estes países se haviam desenvolvido e criado perspectivas de vida para as suas jovens. As Filipinas eram uma ditadura política sobre uma tragédia social, com terríveis taxas de desemprego e subemprego, as maiores da Ásia, assim como uma abominável concentração de renda. Como o Brasil hoje. Também aqui estamos nos tornando o prostíbulo do Ocidente, por nossa condição de crise social profunda.
É uma vergonha nacional. É um crime contra nossas jovens. E não é algo que possa ser combatido hipocritamente com ações policiais nas portas dos hotéis. A prostituição em larga escala de nossas crianças e adolescentes é uma conseqüência direta da política macroeconômica: quando o senhor Meirelles mantém em patamares absurdos as taxas básicas de juros, ele está induzindo meninas nordestinas a ganharem a vida na rua; quando o senhor Palocci faz um superávit primário de mais de R$ 80 bilhões por ano, está estimulando a prostituição de nossas adolescentes.
Afundamos numa crise social sem precedentes e nossas elites dirigentes não se dão conta disso, muito satisfeitas pelo fato de terem capturado em suas redes um presidente da República que, por sua origem, parece ser uma boa pessoa para controlar a insatisfação do povo, assim como para atender inconscientemente os interesses das próprias classes dominantes. Acontece que isso tem limite. Vemos esse limite na degradação da infra-estrutura, na ponte da Regis Bitencourt que cai por falta de manutenção, no desemprego e no subemprego, na criminalildade, na insegurança, no aumento da prostituição infantil. É só olhar para ver: a política econômica contracionista está deixando sua marca não só na prostituição infantil, mas em toda vida social brasileira.
Abs...
Ace !!!
A economia política da prostituição infantil
A campanha governamental contra a prostituição infantil e de adolescentes, concentrada nos pontos turísticos brasileiros, não passa de uma deslavada hipocrisia. Não é uma campanha para criar perspectivas de vida digna para crianças e adolescentes atoladas numa situação de miséria e degradação social. É uma campanha repressiva, que se apóia num código moral puritano, descolado da vida corrente e que ignora a realidade social das vítimas da prostituição. Não é uma política pública de resgate. É uma ação de polícia.
A degradação social da prostituição é terrível, mas desde tempos imemoriais ela tem sido preferida à morte ou ao trabalho escravo por mulheres de todas as idades. Quando a prostituição se torna uma chaga social em larga escala, como se tornou no Brasil, é que algo de errado existe no próprio eixo de organização da sociedade. Não precisamos procurar muito. Onde são maiores os índices de prostituição infantil e de adolescentes no Brasil, é aí mesmo onde estão as maiores taxas de desemprego e de subemprego.
As duas regiões metropolitanas do Nordeste para as quais o IBGE colhe estatísticas mostram isso. Em Salvador e Recife, de cada duas pessoas economicamente ativas, uma está desempregada ou subempregada (46% e 43%, respectivamente). É uma tragédia social. Imagine uma garota de 16 anos, com os pais desempregados ou subempregados, alguns irmãos mais novos famélicos, ela própria sem qualquer perspectiva concreta de sobrevivência: o código moral contra a prostituição acaso será capaz de detê-la?
Dirão que não há nenhuma solução a curto prazo para o problema social e que, enquanto essa solução não vem, tem-se que fazer alguma coisa para proteger a infância e a adolescência. De acordo. Esse trabalho de proteção no plano microeconômico, no meu entender, tem que ser feito essencialmente por instituições privadas, ONGs, igrejas, etc. Do Estado se espera um ataque frontal ao problema do ponto de vista macroeconômico. Só ele, ninguém mais, tem os instrumentos para fazer uma política de pleno emprego.
Vamos dar às coisas seus nomes reais, sem hipocrisia, e definir responsabilidades. O turista estrangeiro que for desestimulado a fazer sexo comprado com adolescentes brasileiras não estará dando rigorosamente nenhuma contribuição ao combate da prostituição infantil no Brasil. A vítima apenas deixará de ter acesso a "fregueses" estrangeiros, sem que lhe seja retirado o "mercado" doméstico e, sobretudo, a motivação da sobrevivência, que é o que a empurra para a prostituição.
Lembro-me de uma viagem profissional à Ásia, mais de duas décadas atrás. Nas Filipinas, onde fiquei quase um mês, alguns jornalistas internacionais me relataram que o país havia se tornado o prostíbulo da Ásia. O título não era definitivo. Já havia pertencido a outros, como Singapura e Coréia do Sul, mas estes países se haviam desenvolvido e criado perspectivas de vida para as suas jovens. As Filipinas eram uma ditadura política sobre uma tragédia social, com terríveis taxas de desemprego e subemprego, as maiores da Ásia, assim como uma abominável concentração de renda. Como o Brasil hoje. Também aqui estamos nos tornando o prostíbulo do Ocidente, por nossa condição de crise social profunda.
É uma vergonha nacional. É um crime contra nossas jovens. E não é algo que possa ser combatido hipocritamente com ações policiais nas portas dos hotéis. A prostituição em larga escala de nossas crianças e adolescentes é uma conseqüência direta da política macroeconômica: quando o senhor Meirelles mantém em patamares absurdos as taxas básicas de juros, ele está induzindo meninas nordestinas a ganharem a vida na rua; quando o senhor Palocci faz um superávit primário de mais de R$ 80 bilhões por ano, está estimulando a prostituição de nossas adolescentes.
Afundamos numa crise social sem precedentes e nossas elites dirigentes não se dão conta disso, muito satisfeitas pelo fato de terem capturado em suas redes um presidente da República que, por sua origem, parece ser uma boa pessoa para controlar a insatisfação do povo, assim como para atender inconscientemente os interesses das próprias classes dominantes. Acontece que isso tem limite. Vemos esse limite na degradação da infra-estrutura, na ponte da Regis Bitencourt que cai por falta de manutenção, no desemprego e no subemprego, na criminalildade, na insegurança, no aumento da prostituição infantil. É só olhar para ver: a política econômica contracionista está deixando sua marca não só na prostituição infantil, mas em toda vida social brasileira.
Abs...
Ace !!!