Aníbal e o brinquedo no alto da estante - Autor: bop de elite

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Aníbal e o brinquedo no alto da estante - Autor: bop de elite

#1 Mensagem por General » 14 Abr 2009, 00:36

Elefantes de porcelana. Miniaturas de elefantes, em todas as cores e poses imagináveis. Isso era o que marcava a impressão de todos os poucos que visitavam o modestíssimo apartamento onde moravam Aníbal e sua vó. Neste momento, Aníbal segurava em suas mãos um branco, com estranhas manchas vermelhas, com a tromba para o alto, com longas presas de marfim, certamente a miniatura fôra inspirada em algum macho alfa de uma manada nas savanas africanas, e transmitia muito bem toda a virilidade e imponência de um líder nato. Ao pensar nisso, Aníbal percebeu como a ironia é uma vadia que se diverte às custas dos menos espirituosos...

- Sua vó lhe deixou uma quantia admirável como herança, senhor Aníbal - lhe disse o advogado. Ninguém suspeitava, mas ela tinha uma poupança no banco há mais de 40 anos, onde todo mês depositava religiosamente uma pequena quantia, que com os juros chegou a uma pequena fortuna, e como o senhor é o único herdeiro, aconselho o senhor a... - Aníbal parou de ouvir por aí, e se poupou de ouvir o advogado tentando lhe convencer a fazer aplicações mirabolantes que multiplicariam aquele patrimônio. É claro que era tudo um meio do engravatado tomar ainda mais dinheiro dele, mas Aníbal não se atentou muito à questão.

O advogado lhe dissera para largar o emprego, mas essa idéia não lha agradava. Desde pequeno, do primário até a faculdade, tudo que fazia era se enfiar em meio aos livros e tentar o menor contato com as outras pessoas. Se formou, e logo arranjou um emprego burocrático em um escritório de contabilidade. A rotina se manteve, ia para o trabalho, se enfiava em meio a papéis, interminavelmente maçantes para qualquer mero mortal, mas imprescindíveis a Aníbal, e a noite retornava para casa, onde poderia jantar e assistir novela junto do único ser vivente com quem conseguia se relacionar, a sua vó. Não conhecera seus pais. Segundo a sua avó, eles teriam partido para o exterior, e voltariam assim que tivessem juntado um bom dinheiro. Isso ela dizia quando ele era pequeno e ainda tinha uma mínima curiosidade sobre seus pais, mas conforme o tempo foi passando, o único ser humano que importava para ele, era ela, sua avó.

Dois mil reais, em dinheiro vivo. Era a quantia que o engravatado lhe dera, só para comprar umas roupas melhores, sair para uma noitada, conhecer umas amigas, tudo isso palavras do próprio advogado. Para ele, apenas idéias fúteis. Nunca gastara dinheiro por conta própria, suas coisas eram sempre compradas por sua vó, os mantimentos da casa, eletrodomésticos, absolutamente tudo era feito por ela. Por isso o fato de estar segurando nas mãos uma quantia equivalente a mais de 2 meses de trabalho, para ser gasta a seu bel prazer, lhe era surreal. Pensou nas palavras do advogado, e uma coisa lhe reverberava pelas paredes de sua mente: conhecer umas amigas. Apesar de seu asco ao contato social, qualquer presença feminina era para ele inebriante. O doce perfume, as curvas insinuantes, o hálito quente os cabelos esvoaçantes. Olhava para as mulheres como uma criança olha para um brinquedo guardado no alto da estante. Em alguns momentos da sua vida, uma ou outra garota, por algum motivo misterioso, lhe dirigiram olhares. Viram alguma coisa naquele pobretão apático que tropeça nas próprias pernas, afinal, existem coisas que só uma mulher consegue enxergar. E estes olhares eram o começo de sua tortura. O suor frio lhe escorria pela testa. Sua mente trabalhava a toda velocidade em busca de palavras pra formar uma frase de abordagem. Busca inútil, depois de alguns minutos, entediada, logo a garota mudava de alvo. Nas raras oportunidades em que pensava ter encontrado a frase perfeita, e tomava coragem para se aproximar e dizê-la, o máximo que conseguia era algumas palavras gaguejadas, que eram retribuídas por um sorriso amarelo e um “desculpa, preciso ir num banheiro” por parte da garota, que depois se dirigia para o lado oposto ao de onde ele se encontrava.

De repente, uma idéia lhe ocorreu. O único jeito de pular as trocas de olhares, as abordagens, as conversas e flertes que separavam o garoto do brinquedo no alto da estante, estava bem nas suas mãos. Uma rápida pesquisa na internet, e em pouco tempo, Aníbal tinha em suas mãos o número de um telefone de uma “acompanhante”. Pelas fotos, parecia ser uma coletânea de todas as mulheres que ele já tinha cobiçado na vida. Seios fartos, cintura esculpida a mão, uma bunda enorme e redonda, lábios carnudos, e mesmo assim um rosto angelical, que aliados aos cabelos dourados proporcionavam a garota uma aura inexplicavelmente profana e divina ao mesmo tempo. Ligou, gaguejou algumas coisas, e em pouco tempo ouviu a resposta de que ela estaria lá em 30 minutos.

Uma hora depois, toca a campainha. Aníbal vai atender a porta, certo de que encontraria a mais perfeita exemplar do sexo feminino.
-Pois não senhora, o que deseja?- Pergunta Aníbal a mulher que se encontrava parada à sua porta.
-Foi você que me chamou aqui, gato, já esqueceu? Eu demorei um pouquinho pq o trânsito desta cidade tá um inferno, e porque tipo assim, quando fui saí de casa né, …. ... ...
Aníbal já não ouvia mais o que ela dizia. Ele não conseguia atinar que aquela criatura perfeita das fotos fosse aquilo que tagarelava na sua porta. Nada fazia mais sentido para o pobre Aníbal.
-Mas então, vc num vai deixar eu entrar não?- Disse a meretriz, fazendo Aníbal acordar do seu transe.
Aníbal deixou a criatura entrar, enquanto ela despejava uma quantidade imensurável de palavras por minuto, ininterruptamente. Ela sentou-se no sofá, ele sentou-se ao lado, e ficou olhando para a miniatura de elefante que estava na mesa a sua frente. Cor branca, tromba para o alto, presas longas, viril, imponente, dominador. Um estranho silêncio despertou-lhe, a criatura parara de tagarelar e agora começava a lhe lamber o pescoço.
A língua áspera, a saliva viscosa e grudenta, o hálito de cigarro e bebida barata. Aníbal não tirava os olhos do pequeno paquiderme na mesa. Logo a criatura lhe tirou as calças e colocou a boca no seu membro flácido. Depois de uns bons minutos, a criatura dá um suspiro e diz:
-Ihhh, acho que num vai levantar não hein... será que vc joga nesse time mesmo?- e Soltou uma estridente gargalhada.

Talvez tenha sido a gargalhada. Talvez tenha sido a dúvida quanto a sua masculinidade. Ou talvez tenha sido pelo conjunto da obra, de toda a quebra do sonho, de ver que o brinquedo em cima da estante não funcionava. O motivo exato que desencadeou o processo, não dá pra afirmar. A única coisa que Aníbal pensava, enquanto segurava o pequeno paquiderme com suas novas e estranhas manchas vermelhas, e enquanto seu membro agora rijo e latejante despejava um líquido branco sobre o suor e o sangue do corpo da criatura, era que a redenção também era uma vadia que zomba dos menos espirituosos, mas esta, pelo menos, faz um boquete divino.
....

“Da puta vierdes, à puta voltarás”. O que a vó de Aníbal nunca lhe contou, é que o dinheiro que ela usava para sustentar a casa não provinha da pensão do marido. E nem que sua mãe não tinha ido para o exterior com seu pai em busca de boas oportunidades. Sua avó na verdade era uma das cafetinas mais conhecidas de sua cidade. Enquanto Aníbal passava o dia estudando, ela tocava o bordel mais conhecido da região. No passado, uma das “protegidas” da casa, dizem as más línguas que a mais feia delas, engravidou de um renomado político da cidade, que pagara uma boa quantia para a garota e a criança sumirem. A cafetina enviou a garota para um bordel de uma conhecida sua na cidade vizinha. Mas acabou se afeiçoando a criança. Resolveu cuidar ela mesma, afinal sempre quisera ter um filho, mas como a idade já não permitia mais, não resistiu a esta chance. Quanto a garota, dizem que engravidou de novo, dessa vez de uma menina, que quando cresceu seguiu os passos da mãe. Só que tinha o péssimo hábito de usar photoshop demais.

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#2 Mensagem por General » 14 Abr 2009, 00:38

Essa é das minhas: recalque, hipocrisia, repressão sexual, sangue, drama e fino humor.
Quem diria que foi escrita por um BOP.

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#3 Mensagem por Dr._Gori » 14 Abr 2009, 01:44

Faltou a Chetoos Bolinha e uma pizza 4 queijo!

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#4 Mensagem por Fortimbrás » 14 Abr 2009, 09:20

Mais um discípulo do Nelson, hein?
Os elementos estão todos lá, como lembrou o general.
Muito bem escrita.
Gostei mais da parte em que ele segura o elefante na mão , "agora com novas e estranhas
manchas vernelhas...".
Parabéns , Bop de Elite.

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#5 Mensagem por capa dura » 14 Abr 2009, 11:58

Eu jamais imaginaria esse final......
Quer dizer q a velha era cafeta?
Parabéns, Bop....... História muito bem contada!

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#6 Mensagem por Peter_North » 14 Abr 2009, 12:16

Ótimo! Ótimo! Essa seção de crônicas está cada vez melhor.

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#7 Mensagem por Nazrudin » 14 Abr 2009, 18:23

Adoro a figura de Aníbal e seus elefantes. Deve ter sido ALGO realmente fantástico invadir a Europa com aquelas criaturas monstruosas. Parabéns BOP, especialmente pelo final inusitado.

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#8 Mensagem por Tricampeão » 14 Abr 2009, 21:06

Mais um novo cronista para os anais e genitais da APL. Parabéns, e vê se larga de ser BOP, seu mané.

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#9 Mensagem por bop de elite » 14 Abr 2009, 23:02

Confesso que nunca li nada de Nelson Rodrigues, Fortimbrás. Minha fonte veio toda das crônicas daqui do fórum mesmo, gostei muito dessa seção, li quase tudo que foi postado, e tem coisas sensacionais por aqui. Fico contente por poder contribuir um pouquinho.

Ah, e quanto ao meu nick, na época que fiz soava bem, tinha o Tropa de Elite e o BOPE (batalhão), mas o tempo passou e a única associação que fica é essa do bop mané mesmo... pensava que podia trocar depois, senão tinha pensado melhor antes de fazer o cadastro, mas enfim, foda-se 8)

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#10 Mensagem por Lesbos man » 16 Abr 2009, 16:32

Parabéns Bop. Todos os elementos que um bom conto(ou crônica) devem ter, principalmente o final desconcertante e surpreendente.Essa seção está cada vez melhor.

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#11 Mensagem por Mr hyde » 29 Abr 2009, 22:59

=D>
e aguardando a próxima.

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