O Zé dava mesmo duro. Ganhava pouco mais de quinhentão por mês como moto-boy, e tudo ia parar na mão da mulher, que fazia o diabo para pagar as contas e dar de comer para a turma de casa. Diversão para ele era dar umas caneladas e jogar um carteado regado a pinga no domingo. As aliviadas na coroa já não contavam, ia só na base do sacrifício para não ganhar fama de viado ou de corno. E, incrível, ele ainda mantinha-se fiel à megera desde o noivado, por muitos e muitos anos. Uma vidinha de merda, às vezes pensava.
Num dia desses, um acidente mudou sua rotina. Numa briga de trânsito na Marginal, com motoqueiro ensangüentado para variar, viu uma moça cercada por uns 10 neguinhos de jaqueta, querendo tomar satisfação. É verdade que ela tinha jogado o carro cegamente em cima do coitado, que agora gritava estatelado no chão ao lado da moto semi-destruída, mas a situação à frente era mesmo uma covardia. O Zé não era tão macho assim, mas chegou bradando:
- Que porra é essa! Por que cês tão assim em cima da muié! – engrossando a voz e impondo algum respeito, como um dos mais velhos por lá.
- Essa piranha quase mata nosso colega! O baiano tá cheio de sangue! – disse um dos mais exaltados.
- Mas prá quê ficar em cima dela? Cadê a ambulância, porra? – o Zé tentando ser prático.
- Tá vindo, mas ela vai ter que pagar pelo estrago! – emendou um outro pentelho.
- Tá certo, mas alivia a dona, caralho! – e o Zé finalmente conseguiu um espaço para a mulher respirar.
No meio da discussão, a turma mal se deu conta da algazarra que estava se formando em volta, por outro motivo. O pessoal da favela ao lado tinha invadido a pista num arrastão com o trânsito parado e, do nada, saíram dois tiros. A gritaria tomou conta, carros ficaram largados, os motoqueiros debandaram, a mulher ficou histérica, mas a polícia logo chegou para abafar a multidão, tudo em menos de dois minutos.
Quando o Zé se deu conta, estava com a mulher colada nele, buscando proteção. Ela não era tão novinha (tinha lá seus quase 40), nem tão bonita, mas era quase uma princesa perto das quengas que de vez em quando ele encoxava no ônibus. Nestes poucos instantes em que os dois ficaram alheios ao que ocorria ao redor, o motoqueiro acidentado tinha sido levado inconsciente para a ambulância e os policiais pareciam mais preocupados em conter o arrastão do que fazer o BO do acidente. Foi quando ela lhe dirigiu a palavra pela primeira vez:
- Obrigada por me ajudar. Mas o que eu faço agora?
- A senhora é que sabe. Eu daria no pé agora. – respondeu o Zé, sem pensar muito, como do seu feitio.
- Mas e o acidente? Vai ficar assim? – perguntou a mulher, meio espantada.
- Do jeito que o negócio está, ninguém vai reparar – o Zé mantendo a fala.
Na verdade, quando a mulher saiu arrancando com o carro intacto logo depois, o Zé até se surpreendeu por ela ter seguido seu conselho de jerico. Mais surpreso ainda ficou quando percebeu em seu bolso um cartão com o telefone da mulher, junto com uma nota de 50, sem nenhuma explicação.
Num impulso, o Zé acabou também se mandando de lá, sem ser importunado. O negócio por lá tava uma zona mesmo, ninguém percebeu.
Mais calmo quando chegou no escritório, com o cartão e a grana na mão, ficou pensando no que iria fazer com aquilo. O mais fácil foi o cartão, rasgou de imediato e jogou na lixeira (o que eu ia falar com aquela dona? – pensou). Para a grana, ele não ia ter muita explicação se levasse para casa, a mulher controlava tudo o que entrava. O melhor era gastar logo, sem deixar rastro.
Ao final do expediente, decidiu então fazer o que sonhava há tempos: comer uma gostosa de jeito. Seus colegas sempre falavam de um prédio do pecado que havia no Centrão, mas ele nunca tinha tido coragem nem grana para encarar, mas aquele seria o dia da desforra.
Todo garboso, o Zé rumou para a casa das rameiras, com o troféu de 50 bem guardado na carteira. Ao chegar lá, quase gozou nas calças só de ver tanta mulher quase sem roupa se mostrando para um bando de cuecas. Haviam quatro putas, três boas e uma coitada que mais parecia a faxineira da casa. Porém, as três melhores pareciam querer fuzilá-lo com tamanho desprezo e ela acabou pegando a mais fuleirinha mesmo, que ninguém queria, mas que foi a única a se comportar com um mínimo de decência com o coitado. Ele chegou até a escutar dela para as outras:
- Vocês um dia vão sofrer na pele! Isso é jeito de tratar cliente?!
- Cliente? Hahaha, nem morta! Faça bom proveito! – gritou uma delas.
Meio humilhado com a rejeição ostensiva das “belezuras”, mas ainda assim bem disposto a pegar a coitadinha solidária, foi com ela para o quarto.
- Não liga não, elas são assim mesmo, vão morrer com o próprio veneno! – disse a garota de sotaque baiano, uma mulata novinha de olhar triste, com dentinhos meio tortos, pouco mais de 1,50, cheinha mas durinha, ainda um colírio perto da coroa que ia encarar em casa.
- Tudo bem, obrigado por me defender! – era um Zé realmente agradecido.
A consumação foi rápida. O Zé era precoce e só demorou mais porque aquele troço de borracha era novidade (com a coroa era no só no pêlo). Ainda assim, gozou com tudo a que tinha direito naquela buceta jovem e ainda ganhou de brinde uma chupada profissional que nunca tinha provado igual. Foram mesmo os 15 minutos de sexo mais intensos que ele já experimentara na vida. Pela idade, não ia dar mesmo para mais, e o que rolou estava bom demais para ele, que foi então se lavar, liberando a moça bem antes do período acabar.
O programa era 20tão por meia hora, mas ele deixou a nota de 50 que tinha na carteira em agradecimento pelo respeito dela e pela “foda” memorável, deixando a menina toda radiante – chegando até a dar um beijo na boca do Zé, que não escondeu a satisfação com isso, mas foi de novo se lavar para não deixar rastro para ser descoberto em casa.
A coroa do Zé desconfiou um pouco ao vê-lo tão alegre e chegando em casa um pouco mais tarde, mas achou melhor ter o marido de bom humor do que ranzinza como de hábito. A putinha baiana voltou para casa toda feliz com a maior caixinha que já tinha recebido por lá. A barbeira do trânsito suspirou aliviada por se livrar do preju, achando que os 50 de gratificação tinham saído até barato pelas circunstâncias. E o Zé, claro, estava nas nuvens, pois fora o melhor dia da sua vida há tempos, e dormiu o sono dos inocentes. Enfim, todos dormiram felizes, menos o motoqueiro atropelado, que acabou pagando o pato do dia. Não que lhe sirva de consolo, mas quem acabou levando a melhor com a situação foi um colega da classe dos moto-boys (sempre tão unidos) – e uma puta conterrânea, que no final acabou ficando com o ganho material do episódio, como rege a história ...
Num dia desses, um acidente mudou sua rotina. Numa briga de trânsito na Marginal, com motoqueiro ensangüentado para variar, viu uma moça cercada por uns 10 neguinhos de jaqueta, querendo tomar satisfação. É verdade que ela tinha jogado o carro cegamente em cima do coitado, que agora gritava estatelado no chão ao lado da moto semi-destruída, mas a situação à frente era mesmo uma covardia. O Zé não era tão macho assim, mas chegou bradando:
- Que porra é essa! Por que cês tão assim em cima da muié! – engrossando a voz e impondo algum respeito, como um dos mais velhos por lá.
- Essa piranha quase mata nosso colega! O baiano tá cheio de sangue! – disse um dos mais exaltados.
- Mas prá quê ficar em cima dela? Cadê a ambulância, porra? – o Zé tentando ser prático.
- Tá vindo, mas ela vai ter que pagar pelo estrago! – emendou um outro pentelho.
- Tá certo, mas alivia a dona, caralho! – e o Zé finalmente conseguiu um espaço para a mulher respirar.
No meio da discussão, a turma mal se deu conta da algazarra que estava se formando em volta, por outro motivo. O pessoal da favela ao lado tinha invadido a pista num arrastão com o trânsito parado e, do nada, saíram dois tiros. A gritaria tomou conta, carros ficaram largados, os motoqueiros debandaram, a mulher ficou histérica, mas a polícia logo chegou para abafar a multidão, tudo em menos de dois minutos.
Quando o Zé se deu conta, estava com a mulher colada nele, buscando proteção. Ela não era tão novinha (tinha lá seus quase 40), nem tão bonita, mas era quase uma princesa perto das quengas que de vez em quando ele encoxava no ônibus. Nestes poucos instantes em que os dois ficaram alheios ao que ocorria ao redor, o motoqueiro acidentado tinha sido levado inconsciente para a ambulância e os policiais pareciam mais preocupados em conter o arrastão do que fazer o BO do acidente. Foi quando ela lhe dirigiu a palavra pela primeira vez:
- Obrigada por me ajudar. Mas o que eu faço agora?
- A senhora é que sabe. Eu daria no pé agora. – respondeu o Zé, sem pensar muito, como do seu feitio.
- Mas e o acidente? Vai ficar assim? – perguntou a mulher, meio espantada.
- Do jeito que o negócio está, ninguém vai reparar – o Zé mantendo a fala.
Na verdade, quando a mulher saiu arrancando com o carro intacto logo depois, o Zé até se surpreendeu por ela ter seguido seu conselho de jerico. Mais surpreso ainda ficou quando percebeu em seu bolso um cartão com o telefone da mulher, junto com uma nota de 50, sem nenhuma explicação.
Num impulso, o Zé acabou também se mandando de lá, sem ser importunado. O negócio por lá tava uma zona mesmo, ninguém percebeu.
Mais calmo quando chegou no escritório, com o cartão e a grana na mão, ficou pensando no que iria fazer com aquilo. O mais fácil foi o cartão, rasgou de imediato e jogou na lixeira (o que eu ia falar com aquela dona? – pensou). Para a grana, ele não ia ter muita explicação se levasse para casa, a mulher controlava tudo o que entrava. O melhor era gastar logo, sem deixar rastro.
Ao final do expediente, decidiu então fazer o que sonhava há tempos: comer uma gostosa de jeito. Seus colegas sempre falavam de um prédio do pecado que havia no Centrão, mas ele nunca tinha tido coragem nem grana para encarar, mas aquele seria o dia da desforra.
Todo garboso, o Zé rumou para a casa das rameiras, com o troféu de 50 bem guardado na carteira. Ao chegar lá, quase gozou nas calças só de ver tanta mulher quase sem roupa se mostrando para um bando de cuecas. Haviam quatro putas, três boas e uma coitada que mais parecia a faxineira da casa. Porém, as três melhores pareciam querer fuzilá-lo com tamanho desprezo e ela acabou pegando a mais fuleirinha mesmo, que ninguém queria, mas que foi a única a se comportar com um mínimo de decência com o coitado. Ele chegou até a escutar dela para as outras:
- Vocês um dia vão sofrer na pele! Isso é jeito de tratar cliente?!
- Cliente? Hahaha, nem morta! Faça bom proveito! – gritou uma delas.
Meio humilhado com a rejeição ostensiva das “belezuras”, mas ainda assim bem disposto a pegar a coitadinha solidária, foi com ela para o quarto.
- Não liga não, elas são assim mesmo, vão morrer com o próprio veneno! – disse a garota de sotaque baiano, uma mulata novinha de olhar triste, com dentinhos meio tortos, pouco mais de 1,50, cheinha mas durinha, ainda um colírio perto da coroa que ia encarar em casa.
- Tudo bem, obrigado por me defender! – era um Zé realmente agradecido.
A consumação foi rápida. O Zé era precoce e só demorou mais porque aquele troço de borracha era novidade (com a coroa era no só no pêlo). Ainda assim, gozou com tudo a que tinha direito naquela buceta jovem e ainda ganhou de brinde uma chupada profissional que nunca tinha provado igual. Foram mesmo os 15 minutos de sexo mais intensos que ele já experimentara na vida. Pela idade, não ia dar mesmo para mais, e o que rolou estava bom demais para ele, que foi então se lavar, liberando a moça bem antes do período acabar.
O programa era 20tão por meia hora, mas ele deixou a nota de 50 que tinha na carteira em agradecimento pelo respeito dela e pela “foda” memorável, deixando a menina toda radiante – chegando até a dar um beijo na boca do Zé, que não escondeu a satisfação com isso, mas foi de novo se lavar para não deixar rastro para ser descoberto em casa.
A coroa do Zé desconfiou um pouco ao vê-lo tão alegre e chegando em casa um pouco mais tarde, mas achou melhor ter o marido de bom humor do que ranzinza como de hábito. A putinha baiana voltou para casa toda feliz com a maior caixinha que já tinha recebido por lá. A barbeira do trânsito suspirou aliviada por se livrar do preju, achando que os 50 de gratificação tinham saído até barato pelas circunstâncias. E o Zé, claro, estava nas nuvens, pois fora o melhor dia da sua vida há tempos, e dormiu o sono dos inocentes. Enfim, todos dormiram felizes, menos o motoqueiro atropelado, que acabou pagando o pato do dia. Não que lhe sirva de consolo, mas quem acabou levando a melhor com a situação foi um colega da classe dos moto-boys (sempre tão unidos) – e uma puta conterrânea, que no final acabou ficando com o ganho material do episódio, como rege a história ...