natanbhz escreveu:pqp...meu sonho de consumo...uma sala ou um apto. no Imperial Palace erigido na década de 1930 pelo engenheiro italiano Romeo di Paoli.
Peço vênia ao companheiro Lenin para inserir parte de um texto sobre o nosso saudoso Hotel...pqp. Ussamas, bem que vc me contou que ficou internado ali em 1933 e não coloquei fé nas suas assertivas...rs
Entre os arquitetos e/ou
engenheiros italianos mais atuantes nos primórdios de Belo Horizonte (1920-
1940) e responsáveis pela introdução do estilo, cabe sublinhar Luis Olivieri,
Luis Signorelli, Raffaello Berti, Américo Gianetti e Romeo di Paoli. Esse
último foi quem projetou o Hotel Imperial Palace, à Rua Guaicurus, 446, no
Centro. Contudo, por se tratar de uma região de meretrício e de circulação de
“pobres”, por muito tempo o imóvel passou despercebido pelas autoridades
patrimoniais e culturais. Segundo a mentalidade que preside as políticas
públicas, a prioridade de preservação patrimonial é a Av. do Contorno e as
áreas “nobres”, em cujas casas viveram os ilustres de Belo Horizonte.
As áreas centrais que abrigavam atividades ligadas ao meretrício, moradias
transitórias, serviços mecânicos etc. (...) o “quintal” da cidade, têm sido
5 Segundo Marins (2005), essa paisagem arquitetônica também causou o
desaparecimento da arquitetura colonial de inspiração barroca.
A influência Italiana na arquitetura de Belo Horizontte - Marcel de Almeirda Freitas
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destruídas e desarticuladas. Grande parte do casario da Lagoinha, onde essas
atividades tradicionalmente se concentravam, foi literalmente tombada com
a construção do trem metropolitano. (MARQUES; MONTE-MOR, 1994, p.
90)
Num primeiro instante, o edifício funcionou como sanatório para
moléstias contagiosas. Segundo entrevista realizada com o “gerente” do hotel,6
o prédio foi construído no fim da década de 1920 por motivos higienistas: como
eram comuns casos de tuberculose e gripe espanhola na recém-criada Belo
Horizonte e o único cemitério existente era o Bonfim, no Bairro Lagoinha, o
primeiro “hospital” improvisado foi ali, erguido estrategicamente para agilizar
a locomoção dos cadáveres, que saíam pela Rua Guaicurus e subiam pela Rua
Além Paraíba até o cemitério, caracterizado por “túmulos de grande dimensão,
ornamentados com esculturas de bronze e pedra, formando conjuntos artística e
esteticamente expressivos” (PAIVA, 1997, p. 32). Em seguida, já na década de
1940, Juscelino Kubistchek transformou o edifício num hotel, reconstruindo-o
no estilo então em voga, o art déco. Nessa época, os hotéis da região ainda se
caracterizavam por abrigar famílias vindas do interior e de outros Estados para
tentar a vida na capital.Como sobrevivência desse período, o elevador, embora interditado
ao uso, conserva caracteres peculiares, como a grade de treliça. Ao lado dele
há uma placa de bronze com as insígnias do construtor, Romeo di Paoli, e
mais à frente, a escadaria que conduz aos quatro andares. Os quartos hoje são
cubículos, muitos dos quais internos sem janela (alcovas). Grande parte dos
pórticos originais, arredondados, foi mantida, mas o piso primordial (taco)
foi trocado por retalhos de cerâmica (o que faz do chão um mosaico kitsch).
Assim, os apartamentos, inicialmente destinados à cura de doentes, depois
adaptados para hospedagem, foram milimetricamente divididos para que mais
“moças” pudessem trabalhar. Conforme o informante, o prefeito concedeu a
uma conhecida família daquele período o direito de arrendar a propriedade:
6 O senhor para o qual as “meninas” pagam a diária do quarto – cerca de R$ 35,00 (em
abril de 2003).
Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, Belo Horizonte, v.14 - n.15 - dezembro 2007
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poderiam tirar dividendos financeiros das instalações e do ponto, mas não
vendê-lo, com a promessa de que parte da renda, ele acha que 10%, fosse
doada para a ala de indigentes da atual Santa Casa. Em conseqüência, hoje o
prédio se encontra sob a responsabilidade de uma senhora, filha do primeiro
beneficiário.
Uma observação mais detida da fachada da construção revela que
a maior influência italiana se encontra nas janelas em veneziana, elemento
arquitetônico abundante na cidade de São Paulo, onde a imigração foi ainda
mais forte. Sua proporção e tonalidades tiram partido dos efeitos de perspectiva,
dando-lhe ao mesmo tempo um caráter maciço e de movimento. Descobri por
acaso que tal construção fazia parte da arquitetura italiana em Belo Horizonte:
na ocasião desenvolvia pesquisa sobre a prostituição em Belo Horizonte
e fui ao estabelecimento agendar entrevistas com garotas que ali trabalham
por indicação de outras já entrevistadas. Na foto da edificação ainda se vê
uma profusão de pichações na fachada não pintada.7 Quanto aos elementos
arquitetônicos que evidenciam a influência italiana, destacam-se as fechaduras
das janelas em estilo cremona8 e as janelas de veneziana com três partes. Aliás,
essas terminologias arquitetônicas fazem referência a regiões italianas: Veneza
e Carmona.
Em relação ao seu estilo, a riqueza decorativa exterior difere do art
nouveau e do ecletismo, pois é baseada em linhas verticais e no racionalismo
isento de detalhes. Muitos estudiosos classificam o art déco como um estilo
de transição (por isso adequado aos ideais antropofágicos da elite cultural e
intelectual daquele momento) entre o ecletismo e o modernismo, congregando
elementos clássicos e de vanguarda da época (OLIVEIRA, 2001). A alternância
de cheios e de vazios o faz ganhar volumetria e, nesse caso, não apresenta
linhas curvas, caracterizando-o como pertencente à linha geométrica. A
7 O edifício está sendo reformado e por isso se percebem melhor as linhas longitudinais,
tão caras ao estilo aqui tratado.
8 Tipo de fechadura de metal de cima abaixo da janela ou porta, que trava as abas
destas quando a maçaneta, em geral arredondada ou ovalada, é girada – também conhecida
como carmona (LIMA, 1997-1998).
A influência Italiana na arquitetura de Belo Horizontte - Marcel de Almeirda Freitas
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composição arquitetônica tem matriz clássica, no sentido da estrutura simétrica
de organização da forma. O eixo de simetria do edifício foi disposto de modo
a valorizar a esquina.
FOTO 1: Rua Rio de Janeiro com Rua Guaicurus, Centro.
Autor: Marcel Freitas. Novembro/2006.
FONTE DE PESQUISA: http://pucminas.br/imagedb/documento/DO ... e6b16dfc2c
FOTO ATUAL DO HOTEL: http://img33.imageshack.us/my.php?image ... palace.jpg
Plagiando o Modera
Alguem pode resumir !!!!!!!!!!!!!!!