Em tempo, os Rafale que caíram operam a bordo do porta-aviões francês Charles de Gaulle, versão diferente da que está sendo oferecido pra nós. Os que caíram são os Rafale M (de Marinha), otimizados pra uso em porta-aviões, como trem de pouso reforçado, ganchos de parada e tratamento contra a corrosão marinha.25/09/2009 - 18h30
Jobim diz que queda de caças Rafale não interfere em plano de compra do Brasil
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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O ministro Nelson Jobim (Defesa) disse nesta sexta-feira que a queda de dois caças Rafale franceses no mar Mediterrâneo, nesta semana, não muda a disposição do governo brasileiro em adquirir as aeronaves da França. É o mesmo tipo de aeronave que a empresa francesa Dassault ofereceu ao Brasil para participar da licitação para compra de 36 caças, estimada em R$ 10 bilhões.
Jobim disse acreditar que o acidente tenha sido consequência de erro humano ou falha de manobras na aeronave --sem necessariamente estar ligado a problemas técnicos dos caças.
"[O acidente] não interfere absolutamente em nada. Essa é uma avaliação que tem que ser feita pela Força Aérea. O prazo de análise das propostas termina no dia 2 de outubro. Vamos examinar. Quem vai decidir é a Aeronáutica", disse Jobim.
A Dassault disputa a licitação com a americana Boeing e com a sueca Saab, que ofereceram ao Brasil os caças F-18 e Gripen, respectivamente.
Embora o prazo para entrega das propostas acabe só em 2 de outubro, o governo brasileiro já sinalizou preferência pelos caças Rafale. No último Sete de Setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a visita do francês Nicolas Sarkozy para anunciar o início do acordo para compra dos caças Rafale. No dia seguinte, Jobim disse que a negociação ainda estava em andamento e que o negócio não tinha sido fechado
Sem esconder a preferência pelos aviões franceses, Jobim afirmou que o governo brasileiro deseja ampliar a parceria comercial que mantém com o país desde que a França assuma compromissos firmados com o Brasil ao longo das negociações.
"A disposição política do Brasil é no sentido de ter negociações com a França. Com eles, nós temos uma parceria estratégica. O desejo do presidente Lula, do Ministério da Defesa, do governo brasileiro, é continuar com essa parceria, mas é evidente que tem que haver condições. Tudo depende dos resultados que vão ser examinados após o dia 2 de outubro."
Segundo o ministro, a decisão do Brasil está condicionada à promessa do governo francês de transferir tecnologia dos caças para o país, assim como capacitação técnica para a sua futura montagem e manutenção. "O importante é termos uma definição que é a capacitação nacional. Exigimos absoluta capacitação. Isso faz com que os projetos de defesa se encaixem e participem do processo de desenvolvimento nacional", afirmou o ministro.
Jobim disse não acreditar em consequências jurídicas para o Brasil caso o país efetivamente escolha os aviões franceses ao final do processo de negociações. Além da França, a Suécia e os Estados Unidos disputam a venda dos aviões-caça ao país. "Consequência jurídica, não tem. Eu não entendo de assunto de caça, mas assunto jurídico, entendo", afirmou.
Acidente
De acordo com a agência France Presse, o Comando da Aeronáutica pediu às autoridades francesas acesso às investigações sobre o acidente envolvendo dois caças Rafale.
Equipes da Marinha francesa mantêm nesta sexta-feira as buscas pelo piloto que sumiu após a queda de dois aviões de caça Rafale, no Mar Mediterrâneo, nesta quinta-feira (24). O piloto de um deles, que conseguiu se ejetar, foi resgatado. O acidente é investigado.
O ministro francês da Defesa, Hervé Morin, ordenou uma investigação para determinar as causas do acidente, ocorrido no fim de uma missão de teste, quando as aeronaves voltavam para o porta-aviões Charles de Gaulle.
"Parece que os dois aviões se chocaram. É preciso deixar claro que não sabemos mais nada além disso. Uma investigação está sendo feita", declarou o ministro, em entrevista à imprensa em Toulon com base nos testemunhos do piloto sobrevivente. "Não há vestígios de destroços, nem nada encontrado pelas equipes de busca", acrescentou.
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