Roy Kalifa escreveu:Caro Carnage
Cada vez que debato aqui, fico sem saber mais ainda o que você apoia realmente.
Sem rodeios. Você é a favor de uma revolução, onde quem tem terra, empresas e bens fique sem nada da noite para o dia? Por favor me responda somente sim ou não, sem anexar textos.
É óbvio que o que você sugere não é o correto.
Mas o negócio é que uma parcela imensa das terras que compões as grandes propriedades deste país não são de posse legítima de seus afirmados donos.
Estima-se que as terras devolutas ultrapassem 300 milhões de hectares, 35% do total do território brasileiro!
Essas pessoas não tem direito a esta terra, a roubaram e usaram para enriquecer legitimamente. É imperativo que estas terras sejam tomadas destas pessoas.
Outra grande parecela de terras foi comprada com o fruto de roubo e corrupção, e a impunidade que reina neste país deixou com que se safassem. Todo mundo quer a cabeça do MST quando estes cometem crimes ou irregularidades, mas a maioria das pessoas não tem a mesma indignação contra os poderosos que cometem crimes muito piores. Não tem disculpa aqui. Nunca há a mesma veemência contra as coisas que cometem esses sujeitos.
Portanto, sou a favor de que essas terras que foram adquiridas de forma ilegal sejam todas tomadas sim. E que seja dado um fim correto a elas, por meio de redistribuí-las a quem realmente sabe e quer trabalhar na terra.
O agronegócio depreda o meio ambiente, compõe carteis que encarecem os produtos, exploram os seus trabalhadores e não dão contrapartida significativa ao país, a sua riqueza e ao bem estar do povo. Estas grandes empresas devem ser cobradas e fiscalizadas. Impedidas de utilizarem parlamentares comprados com seu dinheiro para defenderem os seus interesses contra os interesses do Brasil e de seu povo.
Uma massa de pequenos produtores é mais facilmente controlável contra este tipo de corrupção.
As estatiscas mostram que a agricultura familiar e as pequenas propriedades são as que realmente alimentam o Brasil. É economicamente viável ter o mesmo enriquecimento através dela e é ambientalmente mais correta e fiscalizável.
Pra mim, num mundo ideal as coisas seriam assim.
Um exemplo do tipo de coisa que se faz no país;
http://precodapacoca.blogspot.com/2009/ ... de-85.html
Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2009
Terra grilada! Desconto de 85%
A assembléia legislativa do Estado de São Paulo vota projeto de lei (PL 578/2007) que “dispõe sobre a regularização de posse em áreas de terras devolutas ou presumivelmente devolutas, acima de 500 hectares, situadas na 10ª Região Administrativa do Estado (Presidente Prudente)”
Está tudo errado! Porque regularizar terras irregulares, e sabe-se lá qual a procedência e o que foi feito para estas pessoas estarem ocupando estas terras do Estado. Alega-se reforma agrária. Mas, fica clara a intenção de proteger aos usineiros da região. O PL foi feito em junho e em julho a Odebrecht comprou na região 85% da usina Alcídia por R$ 290 milhões. Estranho!?
O projeto diz que propriedades de 500 ha devem dispor de 15% para o Estado, acima de 1 mil ha 20% e acima de 2 mil ha 25%. O que acontece é que 100% destas terras são do estado e porque as pessoas que se empoçaram ilegalmente delas vão ter que oferecer porcentagens ao verdadeiro proprietário.
Obviamente nem todas as propriedades são fruto de grilagem, mas o próprio PL já diz que mesmo sendo “devolutas ou presumivelmente devolutas” (O Estado não sabe quem está irregular ou não – é de se convir que sabe e muito bem) serão todas oficializadas na canetada.
Pois bem, as terras não necessariamente serão devolvidas ao estado, o proprietário pode pagar o valor referente e ficar com a área. Quer dizer, se for para reforma agrária pode esperar em pé. Quem tem terras nestes padrões com certeza vai ter dinheiro para comprá-las e não irá repassá-las ao Estado.
Ainda mais agora que o processo de latifúndio da cana de açúcar já toma conta da agricultara regional e as usinas estão investindo entre outras coisas no arrendamento de terras. O que vai subsidiar a posse das terras que os grileiros compraram do Estado com desconto de 85%, 80% e 75%. É mais que qualquer oferta das casas Bahia.
Detalhe ele prevê a regularização de aproximadamente 200 propriedades que ocupam um total de 300 mil hectares, sendo que vivem 3,7 mil famílias na região na dependência da reforma agrária.
Em meio a tudo isso os sem terras (Leitor: Entenda como queria as reivindicações do movimento, o fato é que reforma agrária é fundamental para o desenvolvimento de um país, muito melhor que desertos verdes de cana que muitos defendem pelo fato de enriquecer o Brasil (Eu nunca ganhei um centavo e pago caro pelo álcool) e também passa pelo erro histórico da monocultura e concentração de terras) nunca receberam terra alguma neste processo e o Estado será “indenizado” sem sobrar nenhuma área agrícola para ser distribuída.
Outro fato é que os agricultores de pequenas propriedades também irregulares não terão suas terras legalizadas. Deve-se buscar a legalidade para todas, não é defesa pelo fato de ser pequenas, mas com rigor e com 100% de indenização. Se assim for aprovado o PL pessoas com um sítio de 10 ha serão cobrados no futuro pela irregularidade e provavelmente terão que devolver suas terras engolidas pela expansão da cana de açúcar.
É um projeto muito bem maquiado pelo governado José Serra que vai proteger os interesses da agroindústria canavieira e prejudicar não só os sem terras como também todos os pequenos proprietários da região.
Por fim, a PL age como instrumento de desmobilização e enfraquecimento político do movimento das pessoas sem terra, porque ao legalizar terras griladas nega o argumento de que elas são públicas e ocupadas de maneira irregular.