MST - Movimento dos sem terra

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#466 Mensagem por Peter_North » 19 Out 2009, 18:51

Chinelo Havaiana escreveu:
Ele não disse que ninguém morre de fome, ele disse que poucos passam fome de verdade, o que é uma grande verdade. Isso obviamente não quer dizer que não devemos nos importar com isso nem que devemos deixar de ajudar essas pessoas, mas tratar a fome como se fosse o problema numero 1 do Brasil é um erro, porque não é nosso principal problema.
Sim. A fome não é o problema número 1 do Brasil.

Ok, mas então o Kank estava certo, não é mesmo?

Chinelo Havaiana escreveu:
Então, por favor me explique uma coisa: Imagine que no dia em que o Eike foi concebido, o pai dele resolveu comer o cu da mulher dele ao invés da xota. Dessa forma, Eike nunca nasceu. De que forma isso melhoraria a situação do Raimundinho? Por favor seja detalhado.
A situação do Raimundinho vir a melhorar independe do Eike ter nascido ou não. São fortunas, grande concentração de riqueza, como a da Família do Eike que geram a brutal desigualdade social existente no país.

Peraí, então vamos acompanhar o teu raciocínio. Se a situação do Raimundinho independe do Eike ter nascido, de que forma a existência do Eike prejudica o Raimundinho? Se a situação do Raimundinho independe do Eike existir ou não (tuas palavras) de que forma o Eike está prejudicando o Raimundinho? Se toda a família do Eike nunca tivesse nascido, em que isso ajudaria o Raimundinho?

Por outro lado, a existência do Eike e da família dele gera riquezas (sim, pode ser uma surpresa pra ti, mas riqueza se gera, não necessariamente muda de mão) e sobre essas riquezas são cobrado impostos (gigantescos, por sinal). Esses impostos, se bem usados pelo governo (tá, eu sei que o governo é do PT e portanto é incompetente, mas estou falando na teoria) são usados para ajudar os Raimundinhos da vida, não é mesmo? A existência do Eike faz bem ao raimundinho, e não contrário.

Chinelo Havaiana escreveu:A vida dos filhos do Eike sempre será farta e boa. Mesmo que eles venham a gastar grandes cifras como por exemplo em Putaria. Não precisam ou precisarão trabalhar para gozar dos caprichos da vida milionária..

Desde que não virem playboys vagabundos, não há nada de errado tem ter vida farta e boa. Se optarem pela malandragem, seus filhos ou netos é que pagarão. Não há riqueza que sobreviva para sempre à falta de trabalho.

Chinelo Havaiana escreveu:A vida dos filhos do Raimundinho é uma luta. Precisam trabalhar catanto lixo com o pai desde cedo, para isso não frequentam a escola e quando frequentam é essa escola que conhecemos (a pública).

Fazer o que né? Obra do destino? Castigo Divino? A dura e pura realidade social?


A situação do Raimundinho é péssima e tem que mudar, mas depende mais do Raimundinho do que do Eike ou de mim. O Raimundinho pode usar um programa de renda mínima (que existe desde o FHC) e manter seus filhos na escola, para que aprendam algo útil e não precisem catar lixo, com esforço e trabalho os filhos dos filhos do Raimundinho não vao precisar nem de programa de renda mínima, quem sabe até chegem à faculdade. Leva anos e dá trabalho, mas é o unico jeito. Foi assim que a minha família saiu de uma casa com chão de terra (onde nasci, aquele chão e as paredes de madeira são a minha lembrança mais antiga).

Chinelo Havaiana escreveu:Felizmente, o ser humano, através da ciência e da comprovação prática, descobriu que é possível viver em uma sociedade sem exploração e opressão, livre da mais-valia, da acumulação privada, eliminando qualquer tipo de desigualdade econômica entre os seres humanos.

Hein? Comprovação prática? Devo ter perdido o memorando. Onde é esta utopia???

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Peter_North
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#467 Mensagem por Peter_North » 19 Out 2009, 19:03

Chinelo Havaiana escreveu:
Peter_North escreveu: Sabe qual é o problema? É que nunca foi implementado o VERDADEIRO capitalismo em nenhum país. No verdadeiro capitalismo, todo mundo é rico, ninguém se explora, nenhuma buceta cheira mal e todas as crianças têm um pônei. Isso mesmo, um pônei, vejam que maravilha.

O verdadeiro "capitalismo" que aprendi a conceber é que "alguns são ricos" e a grande maioria vende a sua força de trabalho em troca de um salário. Portanto, nunca serão tão ricos ou iguais a aqueles que lhe pagam.

E, não se esqueça, que esse sistema passou e passa por uma séria crise, a maior dos últimos 80 anos. E precisa dizer nas costas de quem os donos de meio de produção jogaram a conta dessa crise?

Nobre amigo, com todo o respeito, mas HUMANIZAR o Capitalismo? Torná-lo ético?
Cômico se não fosse trágico! Prefiro parar por aqui, pois essa discussão cai sobre a memória de Bilhões de seres humanos vitimados pela ganância do capital, inclusive esse mesmo capital provocador de duas grandes guerras mundiais.
Uau, tu realmente não entendeu a minha ironia e mordeu a isca com anzol, bóia e linha. Olha só, lê isso aqui sobre a falácia do verdadeiro escocês: http://ceticismo.net/ceticismo/logica-f ... de-verdade

Aí pensa nos teus posts sobre o "verdadeiro socialismo". Aí vê que eu sou escancaradamente irônico ao falar em pôneis para todos. Entendeu agora?

Não há sistema perfeito porque o homem é imperfeito, e sendo o homem imperfeito, o melhor (o único, na verdade) é o capitalismo e a liberdade individual. E essa frase definitivamente não é ironia.

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#468 Mensagem por Tricampeão » 19 Out 2009, 19:09

florestal escreveu:um movimento transformador vai colocar reivindicações e não agiria dessa forma.
Você está dizendo que o MST não coloca reivindicações? Acorda, florestal.
florestal escreveu:Anteriormente o MST já havia demonstrado seu desapreço pelas instituições ao invadir o Congresso;
Quem errou foi o governo, ao tentar impedir a entrada de pessoas no Congresso, que é um local público. Ninguém, nunca, pode ser impedido de entrar no Congresso.
florestal escreveu:antes já havia atacado uma empresa agrícola de alta tecnologia no RS.
mostrando que tem consciência de que as pesquisas com organismos transgênicos são uma grande ameaça à segurança alimentar dos brasileiros. Ponto para o MST.
florestal escreveu:O marxismo, por exemplo, não pode ser contra os transgênicos
Os transgênicos certamente merecem um post só para eles.
Qualquer pessoa com nível razoável de informação a respeito do assunto será contra os trangênicos, não é preciso ser marxista.
florestal escreveu:O marxismo não é contra as inovações criadas pelas ciência e a técnica, portanto não é também contra o agronegócio.
O agronegócio não é uma inovação criada pela ciência e a técnica. É uma maneira de organizar a produção agrícola. Um produto social, como qualquer pessoa com os conhecimentos básicos de sociologia facilmente identificará.
florestal escreveu:A propósito, você também fala em revolução brasileira; o caminho da revolução brasileira é nacional e democrática, ou seja, trata-se de enfrentar o imperialismo com uma política econômica que privilegie a empresa nacional, que reoriente a economia, hoje voltada aos interesses do capital financeiro.
Exatamente. Por isso é fundamental combater o agronegócio, que é uma instituição altamente concentrada e dominada por 3 ou 4 empresas estrangeiras. O campo é, atualmente, uma frente de batalha das mais importantes para os agentes da transformação social.

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#469 Mensagem por Tricampeão » 19 Out 2009, 20:47

leteseu escreveu:Argumentas que a tal Cutrale estaria ilegamente desenvolvendo sua atividade econômica naquela área. Até onde eu li, e posso estar errado, a referida empresa discute judicialmente a posse (ou propriedade) da terra e a ocupa mediante decisão judicial liminar, que aguarda trânsito em jugado do mérito. Se isso for de fato verdade não me parece que a tal Cutrale exploraria de forma ilegal a terra.
Não sou a pessoa mais indicada para discutir assuntos jurídicos. Pelo que entendi, a propriedade estava em litígio. Logo, a Cutrale tinha tanto direito a plantar laranjas quanto o MST de plantar arroz e feijão lá.
Além disso, para desmatar é necessária licença ambiental e é duvidoso que a Cutrale a tenha obtido com a terra em situação de litígio.
leteseu escreveu:Além disso, considerando que a tal Cutrale eventualmente seja praticante de uma ilegalidade quem autorizaria terceiros, neste caso o MST, à fazer justiça no lugar do Estado?
Não me parece que o MST tenha desejado fazer justiça.
Para tentar fazer justiça é preciso, em primeiro lugar, aceitar a lei como ela é. Não é o caso, na minha opinião. A ação do MST foi, em certa medida, também um protesto contra a lei.
leteseu escreveu:O mundo é violento, as condutas são fascistas e qualquer força é totalitária por definição. Nada podemos fazer quanto à isso. Porém, em minha opinião, penso que são as micropolíticas que promovem mudanças efetivas. No melhor estilo de Deleuze e Guatarri, que viveram o turbilhão de 68, aposto nas revoluções moleculare muito mais do que nas ditas sociais.
Em 68, os estudantes europeus botaram pra quebrar. Fizeram piquetes, destruíram mobília, intimidaram professores, enfrentaram a autoridade.
Além disso, o livro mais popular entre eles era o Livro Vermelho, de Mao Zedong.
Assim, não se pode pensar o turbilhão de 68 como algo idílico, avesso à violência.
O que ele teve de especial é que não foi um movimento de massas, e sim de uma pequena minoria, não tendo por isso levado a nenhuma grande mudança social. Reformou-se a escola, nada mais.
O seu caráter inofensivo levou-o a ter sua importância amplificada pela imprensa, indevidamente.
Na mesma época, foram os negros americanos que obtiveram vitórias expressivas. Mas não é interessante que sua luta e suas conquistas sejam divulgadas ou sirvam de exemplo a outros grupos sociais.
leteseu escreveu:O que me causa espanto é esta lógica dualista do MST que inspirada num maniqueísmo ultrapassado coloca os operários da terra no lado dos mocinhos e os donos de terra no lado dos bandidos. Sou um total ignorante nos aspectos que envolvem a dita reforma agrária mas algo no meu íntimo diz que é tão imoral destruir lares quando explorar ilegalmente a terra.
Explorar ilegalmente a terra é certamente um crime menor. Obstruir o assentamento de famílias que precisam trabalhar a terra para sobreviver, não é.
Destruir lares provavelmente é um caso de violência desnecessária e inconsequente. Destruir produtos e equipamentos, não é.
O inimigo do trabalhador do campo é o capital. Não se pode nem mesmo culpar os donos de terras, que são meros joguetes nas mãos dos bancos e dos oligopólios do agronegócio.
Não são os donos de terras que compram a imprensa para produzir notícias enviesadas, são os bancos e os oligopólios do agronegócio. Este sim é um crime terrível contra as instituições democráticas, que dependem de uma população corretamente informada para funcionar bem.

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#470 Mensagem por Tricampeão » 19 Out 2009, 21:08

Roy Kalifa escreveu:Tricampeão escreveu: A lei reconhece o direito de se usar a violência em várias situações, não existindo um limite absoluto; este depende das circunstâncias. Se alguém me ameaça numa discussão em um bar, por exemplo, posso me defender, mas caberá à autoridade judiciária determinar se eu me excedi ou não no uso da força. Dependendo da ameaça a que eu estava sujeito, posso até matar e alegar legítima defesa.

Pela mesma ótica, podemos então entender quando os fazendeiros reagem a tiros (também uma forma de violencia) quando tem suas propriedades invadidas.
Acho que neste caso não deve haver "choradeira" do MST, pois o direito ao uso da violencia é para qualquer cidadão que sinta-se ameaçado. Certo ?
O leteseu, com seu saber jurídico, está melhor aparelhado do que eu para responder a essa questão. Afinal de contas, não se trata de uma tese minha, mas da nossa lei.
Entendo que, se alguém invadir seu apartamento e você der um tiro nele, está lascado. O crime dele foi invasão de domicílio, o seu, tentativa de assassinato. A não ser que consiga provar que sua vida encontrava-se ameaçada. Ou que consiga pagar um advogado melhor que o defensor público que vai advogar pro outro. Acho que você entende como funcionam as coisas.
Em tese, não se justifica matar uma pessoa para defender propriedade, uma vez que a vida humana vale mais do que qualquer outra coisa.

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#471 Mensagem por Tricampeão » 19 Out 2009, 21:12

Peter_North escreveu:
Tricampeão escreveu:Dessas instituições, algumas certamente já passaram da hora de ser destruídas, outras ainda aguentam uma meia-sola, outras ainda podem ser consideradas adequadas aos nossos problemas atuais.
E quem decide quais instituições devem ser destruídas? Não seria o caso de isso ser decidido pela maioria (como em uma democracia) e não por um bando qualquer de arruaceiros que acha que sabe o que é melhor para os outros?
Já os convidei a definirem o que entendem por democracia. Sem isso, a discussão será impossível.
Por enquanto, só temos a do Chinelim. De acordo com ela, o Brasil não é uma democracia. Logo, não se pode esperar que ela decida que instituições devem ser destruídas.

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#472 Mensagem por leteseu » 19 Out 2009, 22:03

Tricampeão escreveu: Não sou a pessoa mais indicada para discutir assuntos jurídicos. Pelo que entendi, a propriedade estava em litígio. Logo, a Cutrale tinha tanto direito a plantar laranjas quanto o MST de plantar arroz e feijão lá.
Além disso, para desmatar é necessária licença ambiental e é duvidoso que a Cutrale a tenha obtido com a terra em situação de litígio.

Nem eu me sinto assim tão autorizado à discussão mas optei por pesquisar no site do Tribunal de Justiça e percebi que a Cutrale tem a posse precária da terra por meio de uma liminar. A liminar dá a posse em caráter precário mas não autoriza desmatamento. Há, além de ligítio entre a tal Cutrale a União pela posse da terra, ainda ação sobre possível crime ambiental. Enquanto não há condenação transitada em julgado a Cutrale é inocente, pelo menos para quem respeita o Judiciário enquanto instituição.

O direito da Cutrale sobre a terra é objetivo pois decorre de uma decisão judicial que legitima a posse. Já o direito do MST sobre àquela terra seria subjetivo e dependeria de um exercício mental não amparado em nosso ordenamento jurídico.
Tricampeão escreveu: Não me parece que o MST tenha desejado fazer justiça.
Para tentar fazer justiça é preciso, em primeiro lugar, aceitar a lei como ela é. Não é o caso, na minha opinião. A ação do MST foi, em certa medida, também um protesto contra a lei.
Ou uma ode à anarquia? Sempre fico em dúvida...
Tricampeão escreveu: Em 68, os estudantes europeus botaram pra quebrar. Fizeram piquetes, destruíram mobília, intimidaram professores, enfrentaram a autoridade.
Além disso, o livro mais popular entre eles era o Livro Vermelho, de Mao Zedong.
Assim, não se pode pensar o turbilhão de 68 como algo idílico, avesso à violência.
O que ele teve de especial é que não foi um movimento de massas, e sim de uma pequena minoria, não tendo por isso levado a nenhuma grande mudança social. Reformou-se a escola, nada mais.
O seu caráter inofensivo levou-o a ter sua importância amplificada pela imprensa, indevidamente.
Na mesma época, foram os negros americanos que obtiveram vitórias expressivas. Mas não é interessante que sua luta e suas conquistas sejam divulgadas ou sirvam de exemplo a outros grupos sociais.
Concordo. Todavia maio de 68 serviu para mostrar que é possível operar revoluções a partir do "poder" das minorias. Até então não se poderia pensar que as minorias (os estudantes, os negros, os imigrantes, ...) poderiam rachar com algumas instituições. O movimento estudantil, operando nas ruas e ainda na cátedra conseguiu, razoavelmente, dentro das regras do jogo institucional estabelecer novas formas de se vincular com o desejo social.
Tricampeão escreveu: Explorar ilegalmente a terra é certamente um crime menor. Obstruir o assentamento de famílias que precisam trabalhar a terra para sobreviver, não é.
Destruir lares provavelmente é um caso de violência desnecessária e inconsequente. Destruir produtos e equipamentos, não é.
O inimigo do trabalhador do campo é o capital. Não se pode nem mesmo culpar os donos de terras, que são meros joguetes nas mãos dos bancos e dos oligopólios do agronegócio.
Não são os donos de terras que compram a imprensa para produzir notícias enviesadas, são os bancos e os oligopólios do agronegócio. Este sim é um crime terrível contra as instituições democráticas, que dependem de uma população corretamente informada para funcionar bem.

Acho que aí reside o ponto fundamental. A dimensão da discussão da maioria da população fica na imagem divulgada pela mídia, de um lado o MST devastador e de outro os proprietários rurais. Claro que há outras formas igualmente dicotômicas de abordar esta dualidade, mas todas excluem, no meu ponto de vista, este fato inegável que TODOS, tanto o MST como os produtores, são manipulados pelas forças dos grandes especuladores de comodities. Mesmo que o MST pudesse promover a reforma agrária em minifúndios, por exemplo, o preço dos produtos agrículas dependeria de cotações na Bolsa de Valores de Londres.

É por isso que não vejo sucesso nas intervenções violentas. Analogicamente eu poderia dizer que nada funcionaria existir um grupo semelhante ao MST para derrubar o muro de Berlim. Anos após anos o que se operou com sucesso foi uma estratégia de sabotagem ao totalitarismo que era simbolizado pelo muro até o momento que estas microrevoluções obteve o alinhamento do desejo de quase toda população no sentido de derrubar o muro. Antes da queda daqueles tijolos o mundo viu cansativas ações no sentido de "limar o muro".

O que me preocupa é o quanto pacato o povo brasileiro é no sentido de que não consegue apresentar uma razoável capacidade de se indignar. Indignação é o primeiro passo para as revoluções moleculares num país onde o MST faz atos molares.

Por fim, queria concluir dizendo que me é muito fácil, na qualidade de cidadão urbano, burguês, falar sobre a realidade do campo. Para saber o eventual sentido que há nos atos do MST talvez só nascendo camponês miserável. Descolar os olhos do foco do umbigo é um exercício de despersonalização que os intelectuais franceses de 68 operaram com sucesso. Isso nos falta, pois a maioria de nossos intelectuais e políticos fala tudo em tese.

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#473 Mensagem por Nazrudin » 20 Out 2009, 08:03

Tricampeão escreveu:
Roy Kalifa escreveu:Tricampeão escreveu: A lei reconhece o direito de se usar a violência em várias situações, não existindo um limite absoluto; este depende das circunstâncias. Se alguém me ameaça numa discussão em um bar, por exemplo, posso me defender, mas caberá à autoridade judiciária determinar se eu me excedi ou não no uso da força. Dependendo da ameaça a que eu estava sujeito, posso até matar e alegar legítima defesa.

Pela mesma ótica, podemos então entender quando os fazendeiros reagem a tiros (também uma forma de violencia) quando tem suas propriedades invadidas.
Acho que neste caso não deve haver "choradeira" do MST, pois o direito ao uso da violencia é para qualquer cidadão que sinta-se ameaçado. Certo ?
O leteseu, com seu saber jurídico, está melhor aparelhado do que eu para responder a essa questão. Afinal de contas, não se trata de uma tese minha, mas da nossa lei.
Entendo que, se alguém invadir seu apartamento e você der um tiro nele, está lascado. O crime dele foi invasão de domicílio, o seu, tentativa de assassinato. A não ser que consiga provar que sua vida encontrava-se ameaçada. Ou que consiga pagar um advogado melhor que o defensor público que vai advogar pro outro. Acho que você entende como funcionam as coisas.
Em tese, não se justifica matar uma pessoa para defender propriedade, uma vez que a vida humana vale mais do que qualquer outra coisa.
Corretíssimo, mas há uma presunção não institucionalizada que respeita a lógica de que o lar é o reduto sagrado do homem. O medo e a presunção de que alguem que invade o lar de outrem está para qualquer coisa, não autoriza mas compreende uma reação mais forte. É fácil entender a lógica de que quase sempre alguem que invade um domicilio ameaça a vida de quem está alí. É controverso, ficaria dificil contra uma criança que pula um muro para buscar uma pipa ou furtar frutas, mas não contra um bandido de ficha corrida como os milhares que andam a solta pelo Brasil. Na minha opinião, se vc. dispor dos meios e tiver a aptidão necessaria, atire antes e pergunte depois. Pense primeiro na sua família.

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#474 Mensagem por Nazrudin » 20 Out 2009, 08:19

Tricampeão escreveu:
Peter_North escreveu:
Tricampeão escreveu:Dessas instituições, algumas certamente já passaram da hora de ser destruídas, outras ainda aguentam uma meia-sola, outras ainda podem ser consideradas adequadas aos nossos problemas atuais.
E quem decide quais instituições devem ser destruídas? Não seria o caso de isso ser decidido pela maioria (como em uma democracia) e não por um bando qualquer de arruaceiros que acha que sabe o que é melhor para os outros?
Já os convidei a definirem o que entendem por democracia. Sem isso, a discussão será impossível.
Por enquanto, só temos a do Chinelim. De acordo com ela, o Brasil não é uma democracia. Logo, não se pode esperar que ela decida que instituições devem ser destruídas.
Bom livros são escritos a respeito, vou tentar não complicar mandando o que eu aprendi no colégio. Na Democracia o Poder "emana" do povo. Sem entrar naquela de direta, indireta e por ai vai. Para isso Instituições que garantam esse regime tem que ser razoavelmente sólidos, o voto uma das mais importantes e de forma universal. Entende-se a Democracia de forma simplista como a politica da maioria mas na verdade uma boa democracia deve garantir que suas minorias também tenham voz. Incluiria ai também algo fundamental como alternância de Poder e acesso a informação (imprensa livre, oh coisa dificil).

Dá para abrir um tópico....

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#475 Mensagem por florestal » 20 Out 2009, 09:10

Relembrar é viver.

O primeiro sindicato rural fundado no Brasil foi o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Engenho da Galiléia, na Zona da Mata Pernambucana, no distante ano de 1955. Seu fundador foi José Firmino, ligado ao Partido Comunista Brasileiro. Podemos tomar conhecimento disso no excelente livro de Josué de Castro, um geógrafo pernambucano que se dedicou a estudar o problema da fome no Brasil e no mundo e que morreu no exílio, na França, em 1975; seu livro "Sete Palmos de Terra e um Caixão" nos mostra a triste realidade desses trabalhadores, que fundaram o sindicato para defenderem os mortos e não os vivos, já que a finalidade primeira do sindicato era financiar um enterro digno para aqueles agricultores, que esperavam ser enterrados em um caixão (até então eram enterrados em redes) e bem vestidos para aparecerem bem apresentados no dia do Juízo Final.

Esse sindicato começou a mobilizar os trabalhadores rurais do nordeste brasileiro e logo apareceria um advogado, Francisco Julião, ligado ao pensamento religioso, com uma visão incendiária da questão agrária, começou a imprimir ao movimento a palavra de ordem "Reforma agrária na lei ou na marra", algo muito distante dos anseios da massa de trabalhadores e das possibilidades do movimento. Essa radicalização artificial era falsa e, posteriormente, foi alvo de várias críticas de intelectuais que analisaram o movimento.

No dia 13 de março de 1964, no comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, João Goulart, o Jango, um brasileiro esquecido por todos, pronunciou o célebre discurso que seria aproveitado pelos conservadores para deslanchar o golpe militar do 31 de março. Vejam aqui o discurso:

http://www.youtube.com/watch?v=KjM48ZjevmA

Jango, um brasileiro honesto e interessado em mudar a condição de vida do povo brasileiro, teve toda a sua vida vasculhada e nunca se achou nada que o desmerecesse, nunca desviou um centavo do dinheiro público. Permanece como um desconhecido para todos os brasileiros.

A partir de 1980, com o apoio dos militares e da grande imprensa, que não queriam o retorno da esquerda apeada do poder em 1964, surgia a grande mentira brasileira, o PT, com o apoio da Igreja golpista de 1964.

A mesma radicalização feita por Julião nos anos sessenta hoje é feita pelo MST, muito embora hoje seja um instrumento de marketing para iludir os brasileiros pobres e possibilitar a manutenção do petismo no poder.

A reforma agrária como deveria ser feita, com critérios e apenas para proprietários que revelassem interesse em realmente produzir e que fossem viáveis sob o ponto de vista econômico, passa ao largo das preocupações dos petistas no poder, mais interessados em acumular benefícios (cargos, diárias, viagens, etc.) do que realmente em solucionar os problemas brasileiros.

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#476 Mensagem por Chinelo Havaiana » 20 Out 2009, 17:28

Não há sistema perfeito porque o homem é imperfeito, e sendo o homem imperfeito, o melhor (o único, na verdade) é o capitalismo e a liberdade individual. E essa frase definitivamente não é ironia.

A do Pônei também não é ironia. Desde que algumas famílias tenham de fato ese pônei ou outra merda do tipo o seu sistema está legitimado.

e...para legitimá-lo cada vez mais torna-se necessário defender essas teorias excêntricas de "o ser humano é imperfeito"...
É imperfeito e daí? Por isso não pode viver em uma sociedade igualitária, fraterna e socialmente justa?

Amigo, falo com toda humildade possível, vc deveria ler mais sobre a dialética!

Não me leve a mal. Mas como professor de História dos filhos do povo (escola Pública) não posso usar esse argumento com meus alunos.
"Alunos, nós seres humano somos imperfeitos, portanto o melhor sistema é esse que esta aí. Adaptem-se!

Da minha parte, encerro a discussão aqui, em respeito as ideias divergentes do colega PN!

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#477 Mensagem por florestal » 20 Out 2009, 19:09

Chinelo Havaiana escreveu:Nobre amigo, com todo o respeito, mas HUMANIZAR o Capitalismo? Torná-lo ético?
Chinelo Havaiana,

Eu tenho visto o que você tem escrito, mas desejo dizer que existem algumas diferenças entre a nossa maneira de pensar. Considero-me à esquerda do espectro político, mas tenho visto suas idéias e, salvo engano, você raciocina como a extrema-esquerda.

A esquerda hoje, após a desintegração da URSS, pauta-se por um forte reformismo. O modelo criado pela Revolução Socialista de Outubro de 1917 pertence definitivamente ao passado, com todas as suas categorias: centralismo democrático, planejamento econômico centralizado, ditadura do proletariado, partido único, etc... Dessa forma, a esquerda luta pelo aprofundamento da democracia como via para o socialismo, que seria uma sociedade projetada para o futuro e a ser pensada ainda. A discussão se aquilo foi ou não verdadeiramente socialismo é uma discussão sem sentido, na medida em que não se pretende criar uma sociedade análoga. A discussão deve centrar-se em como seria o socialismo do século XXI, coisa que inclusive o Chávez anda dizendo, muito embora eu tenha restrições ao seu modo de governar pouco democrático.

Essa visão, de aprofundamento da democracia, decorre também dos significativos avanços experimentados pelo capitalismo, ou seja, o capitalismo venceu a disputa com o campo socialista, nada obstante carregar consigo todas as contradições inerentes a esse tipo de sociedade: extremos de riqueza e miséria, sociedade voltada para o dinheiro e não para o homem, etc... Basicamente, o autor que continua atual é Antonio Gramsci, é ele quem nos dá a teoria para continuarmos lutando. Evidentemente, a palavra socialismo não mobiliza, é algo muito abstrato, daí buscarmos mozilizar as pessoas por educação e saúde de qualidade.

Como você é professor e a educação é um campo importantíssimo para a esquerda, desejo notar que o modelo adequado de sindicalismo que reputo como válido é o praticado pela CGT francesa; um professor na França ganha ao redor de 8/9 mil reais por mês, http://www.education.gouv.fr/cid1120/re ... degre.html ,se trabalhar o período integral. A educação tem qualidade, ficando, nas aferições, entre as dez melhores do mundo. A Force Ouvrière, http://www.force-ouvriere.fr/ , de inspiração trotskista, é a segunda central sindical em mobilização e acompanha a CGT, http://www.cgt.fr/ , nas reivindicações. A CGT, históricamente sempre foi hegemonizada pelo Parti Communiste Français, http://www.pcf.fr/ , mas não é partidarizada e possui vários aderentes que se identificam com o Parti Socialiste, http://www.parti-socialiste.fr/ .

Tudo muito diferente do nosso Brasil, onde o petismo hegemoniza a educação há 29 anos, os salários são baixíssimos e a educação bate todos os recordes negativos nas aferições das quais participa. Já vi professores que, em uma aula de cinqüenta minutos, conseguem falar no nome do Paulo Freire umas dezesseis vezes, muito embora seu método já esteja superado pela nossa sociedade do conhecimento; o livro que mais vende na educação é o da Marilena Chauí, é comum vermos estudantes com esse livro embaixo do braço, muito embora suas idéias sejam confusas, principalmente quando ela se põe a comentar sobre o socialismo; ela também defendeu o mensalão e afirmou que era uma invenção da mídia.

Nos outros sindicatos, como os bancários, o petismo também sempre atuou buscando o efeito demonstração, eles gostavam de filmar a cavalaria da Polícia Militar enfrentando os grevistas, mas nunca propuseram nada para os bancos públicos, tanto que são dirigidos atualmente pelo mesmo pessoal que vem desde a ditadura militar. O Banco Popular do Brasil, subsidiária do Banco do Brasil, foi à falência e fechou as portas. O Banespa foi privatizado com um rombo gigantesco e o petismo estava lá, no Conselho de Administração do banco. Hoje, os bancários fazem somente lavagem do piso em frente aos bancos; vão com baldes, sabão em pó e vassouras e ficam lavando a frente dos bancos. Convenhamos, é muito pouco para quem algum dia falou que iria mudar radicalmente a sociedade brasileira; percebemos que faltam idéias. Afora isto, o que eles mais fazem é xingar os outros; xingavam o Montoro, xingavam o Ulysses, xingavam o Sarney (e hoje vivem juntos); xingavam o Joaquinzão, ex-presidente dos Metalúrgicos de SP, xingavam todos, até mesmo bancários que discordavam de suas diatribes.

Enfim, é isso, a ideologia serve para guiar a prática política e eu entendo que a prática política adequada para os trabalhadores é buscar o reformismo, como forma de enfrentarmos as mazelas criadas pelo capitalismo. Os brasileiros seguramente estariam melhores se tivessemos educação de qualidade e bancos públicos voltados para o desenvolvimento nacional.

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florestal
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MST

#478 Mensagem por florestal » 20 Out 2009, 19:35

É preciso estar atento para que saia esta CPI, o MST abandonou há muito a reforma agrária e as probabilidades de estar desviando dinheiro público são elevadas.
CPI do MST: Pressão para retirar apoio tem de ser denunciada, diz Moreira


O deputado Moreira Mendes (PPS-RO) disse esperar que os parlamentares da base não cedam à pressão do governo e retirem as assinaturas de apoio ao requerimento de instalação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as ações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra).

O foco das investigações será o repasse de recursos a entidades ligadas ao MST. “Se (os governistas) retirarem o apoio, essa manobra tem de ser denunciada à sociedade porque o governo não quer que os contribuintes fiquem sabendo que são eles que indiretamente financiam as ações violentas do MST”, criticou Moreira.

continua:
http://portal.pps.org.br/portal/showData/162803

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#479 Mensagem por Tricampeão » 20 Out 2009, 20:37

Era do que estávamos precisando. Informação precisa:
leteseu escreveu:
Tricampeão escreveu: Não sou a pessoa mais indicada para discutir assuntos jurídicos. Pelo que entendi, a propriedade estava em litígio. Logo, a Cutrale tinha tanto direito a plantar laranjas quanto o MST de plantar arroz e feijão lá.
Além disso, para desmatar é necessária licença ambiental e é duvidoso que a Cutrale a tenha obtido com a terra em situação de litígio.
Nem eu me sinto assim tão autorizado à discussão mas optei por pesquisar no site do Tribunal de Justiça e percebi que a Cutrale tem a posse precária da terra por meio de uma liminar. A liminar dá a posse em caráter precário mas não autoriza desmatamento. Há, além de ligítio entre a tal Cutrale a União pela posse da terra, ainda ação sobre possível crime ambiental. Enquanto não há condenação transitada em julgado a Cutrale é inocente, pelo menos para quem respeita o Judiciário enquanto instituição.
Faltou apenas citar que a terra está em litígio porque a Cutrale grilou e não utilizou de forma produtiva, levando o Incra a tentar sua desapropriação.
kank escreveu:tricampeão
Com relação ao uso das terras improdutivas/abandonadas da União para assentamentos, é exatamente isso que o MST está defendendo no caso em discussão. O problema, não sei se você se lembra, é que a Cutrale invadiu essas terras, recusa-se a sair, devastou a mata nativa e tentou jogar a opinião pública contra o MST, utilizando-se dos serviços dos meios de comunicação avassalados.
vc é um cara inteligente e de bons argumentos mas aqui eu não entendi
vc fala que esta sendo defendido o uso de terras abandonadas e não usadas porem a cutrale estava usando esta terra o que eu sugeri é que se o objetivo deles é terra o pq não invadir aonde esta abandonado não vai gerar escanda-lo e eles poderam ficar muito tempo sem que ninguem perceba assim como a cutrale fez.
mas não eles querem um lugar que ja tem trator aonde eles vão roubar o fertilizante, aonde vai ter ********* na globo pois isto gera mais visão ao movimento e com isso mais poder pra seus lideres
Peter_North escreveu:Não chegou nem perto de responder a pergunta do kank...
Agora vou tentar explicar melhor minha resposta ao kank, que, pelo visto, foi obscura:
1) A Cutrale grilou as terras e não plantou nada lá.
Portanto, estamos falando de terras improdutivas/abandonadas. Claro?
2) O MST fez o que todo mundo aqui disse que ele devia fazer: esperou a desapropriação pelo Incra, pacientemente, uma vez que se tratava de terras improdutivas/abandonadas.
Estão seguindo? Estamos falando de terras improdutivas/abandonadas.
Se a Cutrale tivesse plantado alguma coisa antes, a lei brasileira, que é conivente com a grilagem de terras, estaria a seu favor, e o Incra não buscaria desapropriar a terra.
3) Ao se ver ameaçada de perder as terras improdutivas/abandonadas que ocupava ilegalmente, a Cutrale se defendeu na Justiça, e entrou com uma liminar para evitar ser desalojada antes do final do trâmite da ação. Ação moralmente desprezível, uma vez que ela sabe melhor do que ninguém que não é a legítima dona da terra, mas ainda dentro dos marcos da legalidade.
4) Além de entrar na Justiça, a Cutrale, deslealmente, plantou laranjas no local, sem licença ambiental, para tentar iludir a autoridade judiciária e a opinião pública.
Continuamos falando de terras improdutivas/abandonadas, uma vez que os laranjais foram plantados depois de o Incra tentar a desapropriação, pois, se a Cutrale tivesse plantado alguma coisa antes, não haveria litígio.
Continuamos falando de terras improdutivas/abandonadas, uma vez que os laranjais estavam em situação irregular e teriam que ser destruídos.
Mas agora falamos também de um desrespeito às leis do país, perpetrado pela Cutale. Ou melhor, dois.
A Cutrale, para defender sua propriedade ilícita, tenta enganar a Justiça.
A Cutrale, para defender sua propriedade ilícita, cometeu um crime ambiental.
Por que não li ninguém dizendo que a Cutrale não respeita as instituições do país?
5) A Cutrale, fechando com chave de ouro a comédia de erros e crimes que vem cometendo no local, armou um espetáculo midiático tentando desacreditar o MST.
E, por tabela, também o Incra, que está do lado do MST nesse caso.
E, por tabela, também o Judiciário, se este der ganho de causa ao Incra nesse caso.
Será que eu cheguei perto de responder à pergunta?
Diriam os senhores que a Cutrale respeita a instituição do Judiciário?
Quantas irregularidades mais a Cutrale estará disposta a cometer para tentar manter a posse das terras que ocupou ilegalmente?

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#480 Mensagem por leteseu » 20 Out 2009, 20:56

Tricampeão escreveu:Por que não li ninguém dizendo que a Cutrale não respeita as instituições do país?
Talvez porque a Cutrale, cercada de "bons" advogados consegue jogar dentro das regras do jogo institucional, por mais sórdido que isso possa parecer. Jogar o jogo do judiciário é respeitar o processo civil com todos os recursos possíveis, garantindo-se o amplo direito à defesa e recurso. Quem joga o jogo respeita o judiciário.

O MST poderia ter incentivado uma ação civil pública em função do suposto crime ambiental, isso seria jogar o jogo institucional. Qualquer promotor iria ficar do lado do meio ambiente e processaria a empresa de modo que cedo ou tarde perderiam a terra e teriam prejuízos financeiros e multas de desestimulariam a prática criminosa. Todavia o MST opta por outra via ao invadir a propriedade cuja posse não tinha. O MST não respeitou o ordenamento jurídico, a Cutrale respeitou.

Se no curso deste "jogo" a Cutrale desrespeitou leis, inclusive procrastinand, caberá a autoridade judicial tomar as medidas cabíveis e jamais ao MST que com sua atitude possibilita que a mídia venda a idéia de uma ação de "justiça pelas próprias mãos".

Reprovo a condulta moralmente controversa da Cutrale e reprovo a conduta violenta do MST.

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