O endereço é Campo de São Cristóvão, 26. Próximo a entrada da Linha Vermelha. Procurem por uma rosa gigante flutuando no alto de um sobrado.
Não sei explicar bem o porquê, mas gosto de São Cristóvão! Um bairro cheio de ruas misteriosas, clima noir, recheado pelo charme da Quinta da Boa Vista, com um coração nordestino que bate no Pavilhão e vestido pelo manto do passado imperial.
Fiquei intrigado logo de cara, um nome original, acompanhado de um logotipo imenso que trazia a gravura de uma rosa num forte tom rubro. Cacei um recanto para aportar o Sucatão e fui me aventurar.
Quando cheguei, a casa estava às moscas, uns dois ou três gatos pingados sentados e chapando latinhas de antártica. Atmosfera de bordel de beira de estrada, mas eu gosto, é onde se encontram as pérolas mais surpreendentes. Um senhor negro, que me lembrou muito o Grande Otelo, puxa conversa.
- Calor do caralho hoje, né companheiro? – Ele começa.
- Ô, deve estar rolando uns 40º. – Respondo.
- É... Por isso vim tomar uma gelada e afogar o ganso.
- É a boa. – Retruco sem muita animação.
- Conhece aquela ali? Chocolate, a nega é “siri kili de pau”.
Tive que computar e traduzir o “siri kili de pau”. Imaginei que o simpático senhor estava querendo dizer “serial killer de pau”. Uma comparação que me instigou a me aproximar da moça.
Chocolate é uma negra encorpada, alta, pernas grossas e bem definidas. A barriga também é sarada. Bunda bonita, esférica e lisinha. Tem a estrutura geral de uma mulher que malha regularmente. Garota boa de papo, decidi adiantar o embate.
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Entramos no quarto. A menina foi tirando as poucas peças de roupa que a cobriam enquanto eu observava as instalações. O quarto da Rosa Vermelha foi incluído na importante categoria Masmorra: simples e sem muito conforto.
O ponto forte da Chocolate é a chupada. Ela é a esposa de Drácula, a Chupa-Sêmen, a mulher nocauteia qualquer um no boquete. E foi o quer aconteceu comigo, a menina me deu uma gravata de pica e só soltou quando explodi em sua boca.
Como sobrava tempo, já que fui rapidamente derrotado, emendamos na conversa.
Foi quando aconteceu uma revelação que me oprimiu, é a segunda vez na minha vida de Putanheiro que me deparo com o mesmo tipo de assustadora confidência. Seguindo o roteiro básico do Best-Seller “Como manter diálogos interessantes com Prostitutas”, fui perguntando onde ela havia trabalhado antes, onde morava, etc. Segue a principal transcrição da conversa.
- Você trabalhava em que casa antes dessa? – Inicio o papo de forma bem original.
- Nunca trabalhei nisso antes. – Chocolate responde.
- Não?! – Me faço de surpreso.
- Não. Eu era catadora de papel e latas de cerveja.
- ... – Sim, Forista sem Fé, os três pontinhos representam o meu silêncio diante da sinceridade da mulata.
- E onde você mora? – Insisto na continuação do interrogatório.
- Sou moradora de rua, venho à tarde trabalhar aqui para ajudar meu marido.
Neste ponto da conversa, fui invadido por uma espécie de Síndrome do Pânico. É a segunda moradora de rua que conheço que decidiu fazer programas nas horas vagas. A primeira, conheci na Vila Mimosa. Pode ser preconceito, mas me senti intensamente desconfortável, mesmo praticando o sexo de maneira segura e com camisinha.
Vesti minha roupa e fui embora.
Agora, colega Forista, estou em frente ao monitor, com o meu velho pênis de molho numa solução que mistura Creolina, Pinho Sol e Diabo Verde. Pela experiência pregressa, acredito que ele sobreviva a mais essa desventura.
DANTE