Achei esse artigo muito bom:
Mamãe natureza foi generosa com as mulheres. Não, não, isso não é papo de bêbado em pleno amanhecer do botequim da esquina. Ninguém melhor do que as próprias para ter a absoluta certeza disso. Aliás, disso e de que também a mesma mamãe natureza reservou para elas uma pá de coisinhas desagradáveis, como dizem alguns, ainda dívidas de uma certa maça mal digerida. Quer um bom exemplo disso? A candidíase, uma doença que até dá no homem, mas que adora mulher, até em TPM.
A candidíase é ocasionada por um bichinho, um fungo singelamente chamado de cândida. De fato, ele é uma criatura plácida na maioria das pessoas: vive no corpo da gente, sem causar nenhuma espécie problema. Mas isso só até que o organismo resolva achar que está numa tourada e que é hora de fazer uma hola. Se a cândida decidir que também vai entrar nessa, esteja certa de que vem problema pela frente. Da boca, com o velho sapinho, até a – digamos – outra extremidade, com a candidíase intestinal. Mas são mesmo as mulheres quem, de longe, mais sofrem com os ataques de vedete dessa tal de cândida. Como os lugares onde ela prefere se exibir são doces, escuros, quentes e úmidos, cá pra nós, não é lá muito difícil imaginar também em que time ela joga.
“A quantidade de mulheres no mundo inteiro que têm candidíase vaginal é enorme. A cândida faz parte da flora vaginal e fica ali, parada. Baixou a resistência, por qualquer coisa, ou por uma briga com o namorado, ou por uma situação de cansaço ou por uso de algum antibiótico, ela aparece, quase sempre com coceira, inchaço, vermelhidão e corrimento”, comenta o ginecologista Eduardo Zlotnik. “Qualquer modificação na flora, e ela pode surgir. É meio hormonal, às vezes também pode ser a pílula, às vezes pode aparecer em função do diabetes, ou do parceiro que tem diabetes. O cloro da piscina também modifica o pH da vagina e pode ocasionar a candidíase. Aliás, muitas mulheres acham que pegaram candidíase na praia e não é muito bem isso. É que a água do mar e o biquíni de lycra, que abafa ainda mais a região, favorece o surgimento dela. Mas a cândida já está lá, faz parte do corpo”, acrescenta a ginecologista Sônia Valentim.
Existem muitos tipos de candidíase vaginal. A maior parte deles pode ser curada com simples comprimidos e cremes, mas um em particular é praticamente um pagamento em cota única dos últimos dez anos de pecados: a candidíase de repetição ou reincidente. Essa, além de brincar de hola, também gosta de um pique-esconde. “A candidíase de repetição aparece em mais ou menos 10% dos casos. Ela se caracteriza pelo reaparecimento constante, duas ou três vezes por ano e, em alguns casos, até mais do que isso. Essa candidíase precisa de um tratamento mais vigoroso e consistente, geralmente com duração de seis meses, tomando um comprimido no período pré-menstrual, quando é maior a incidência dela”, explica o Dr. Eduardo.
No entanto, segundo a Dra. Sônia, para realmente mandar a cândida para o seu devido lugar, é imprescindível que se saiba quais as razões do seu aparecimento. “Sem a causa básica, você não vai conseguir resolver. É isso que vai determinar o tratamento. Tem que verificar anemia, uma série de coisas. Por sorte, hoje em dia, tem muita coisa que promete por aí. Existe um tratamento com vacinas, feito com imunologista, prescrito por ele, que é muito bom, apesar de ser um pouco caro. Na maior parte das vezes, consegue-se conter o problema com vacinas de farmácia, que também mexem na parte imunológica e que são mais baratas, ou com comprimidos para tirar a acidez pré-menstrual”, garante ela.
O tratamento preventivo é unanimemente o melhor sossega leão que a cândida pode tomar. E ele pode começar em pequenas medidas diárias, como orienta o Dr. Eduardo. “Dormir sem calcinha, evitar as de lycra, sobretudo no calor, tudo isso é altamente válido. Quem tem alguma tendência, pode experimentar um banho de assento com água e um pouco de bicarbonato de sódio, dez minutos, uma vez por mês, antes de ficar menstruada”, indica ele. A Dra. Sônia dá também um aviso sobre o uso de absorventes. “Muitas mulheres chegam no meu consultório dizendo que não agüentam ficar com corrimento e colocam um Carefree. Mas, no caso da candidíase, o Carefree abafa e deixa o ambiente ainda mais propício para que ela se desenvolva. Se não agüenta ficar com corrimento, é só limpar direitinho”, diz ela. Desse jeito, essa tal de cândida vai perceber logo que, com mulher, não tem essa de brincadeira.
Fernando Puga