Fortino Samano, revolucionário profissional, morto em 1917, no México. A única foto que prova sua existência é justamente a foto tirada antes de sua execução. Com ar bonachão e irreverente, Samano se posta ante o pelotão de fuzilamento como se estivesse diante de uma loura gostosa: sorriso cínico, mãos nos bolsos, um charuto na boca.
Fulgêncio Batista, Presidente de Cuba, eleito em 1940. Em 1952, realizou um golpe de estado. Íntimo dos americanos e da máfia, Batista governou Cuba de maneira corrupta e canalha, até que, em 1959, Fidel Castro lhe deu um chute no cu. Morreu na Espanha.
O fato é que ambos gostaram demais da vida na terra para não se entediarem com as harpas, anjos e palestras constantes sobre a beleza da vida virtuosa, eventos diários no céu (também chamado de Paraíso, por incrível que pareça).
Resolveram aliar-se (temporariamente, já que se detestavam mutuamente - um dos passatempos preferidos de Samano era dizer a Batista que este tinha um desejo reprimido de chupar o pau de Fidel). Planejaram uma fuga do céu, ou Paraíso, para reencarnarem. Escolheram um povo de pouca importância, e dois indivíduos de menor importância ainda. Ninguém notará, dizia Batista. Além disso, como iriam reencarnar em corpos que já continham almas (mesmo que não muito desenvolvidas), decidiram escolher dois homens de personalidade fraca, para que seus espíritos não oferecessem resistência.
Resultado: Brasil, dois putanheiros. Fortino Samano e El Patrio. O primeiro, escolhido justamente por usar o nome de Fortino em chats e fóruns de discussão na Internet. O outro, por usar um apelido que Batista usava para referir-se a si mesmo, em segredo. No existe la Patria, sino El Patrio!, dizia Batista quando estava sozinho no banheiro.
O que eles não sabiam é que estes dois indivíduos acabariam se encontrando, e que suas personalidades acabariam sendo a pior escolha que poderiam ter feito. Fortino Samano, conservador, tradicionalista, mas com uma tendência notável para a putaria quando ninguém estava vendo, possuído pela alma do verdadeiro Fortino, tornou-se um revolucionário do pior tipo: calculista, frio, racional. Já Batista, ao encarnar em El Patrio, encontrou um homem empenhado em apenas um coisa: atingir a marca de 100 putas degustadas em um único mês. Ambos, além de tudo, atraídos pelo lado mais negro da sacanagem, da putaria, da perversão.
O resultado foi a pior merda possível. Os dois acabaram se encontrando na noite paulista, num teatro decadente da Rua Aurora, e, após uma hora de conversa, já tinham planejado a revolução suprema: a operação Hilton / Predião.
Mas disso falaremos depois.