Prezado catozé.
Vai dar um certo trabalho, mas vou te explicar melhor o meu ponto de vista.
Respeito a opinião de todos, mesmo quando não comungo com certas opiniões.
Você não concorda comigo?
Não tem problema.
O que é que faz, na tua opinião, um jogador ser um craque?
Bater bem na bola? Saber chutar com efeito? Ter força na perna para potentes petardos de fora da área? Fazer gols bonitos?
O Neto sabia fazer essas coisas; O Gralak também. Ou o Getúlio, outro gordo da história do futebol, lateral direito do São Paulo. E muitos outros que não me ocorrem agora.
Na minha forma de ver o jogo, isso não basta. Mais que isso: é muito pouco.
Acho que, para ser craque, o fulano precisa, além de muito talento ( e isso não faltava ao Neto) é preciso dar sangue na partida.O cara tem que ter gana de vencer, não de deixar a sua marca por ser egoísta demais para pensar em outra coisa. É preciso jogar com vontade. É preciso respeitar a camisa que veste, é preciso ser líder. E, é claro, tem que treinar com afinco, correr , ser um atleta na acepção da palavra.
O Sócrates encerrou a carreira no Flamengo, ganhando rios de dinheiro, porque percebeu que não conseguia mais fazer tudo isso, embora , se quisesse, poderia enganar facinho mais uns quatro anos , pelo menos. Ele não quis fazer isso por respeito a camisa que vestia, a torcida que gritava seu nome na arquibancada e a ele mesmo, provavelmente. E o Sócrates não era um atleta na acepção da palavra, porque exagerava fora do campo. Nunca, porém, alguém disse a respeito dele que não corria ou que, em campo, ele era um a menos para o time. O Neto ouviu isso a carreira inteira.
Comparar Neto com Sócrates ou Rivellino me parece algo absurdo, mas se você insiste mesmo em colocar o Neto e o Marcelinho Carioca no mesmo nível desses caras - ou, ao que parece, acima deles - é algo que não é da minha conta. Eu não os coloco no mesmo patamar de forma alguma. Sócrates e Riva foram gênios do futebol, foram caras que marcaram sua passagem pelo esporte de forma inequívoca. Foram líderes na acepção da palavra; no clube e na seleção brasileira, numa época em que isso era a glória máxima para um jogador de futebol.
Tiveram, além de muito sucesso em suas carreiras, uma avaliação muito próxima da unanimidade entre a crítica a respeito do representaram como atletas.
Maradona fala com admiração a respeito do Riva, citando-o como inspiração em seus primeiros passos no futebol. " Siempre com la surda" dizia ele sobre o Riva, com indisfarçáve respeito e até certo ponto admiração.
Raí mal pode ouvir algum tipo de comparação entre ele e o irmão e já se apressa em deixar claro que o 'Magrão" foi muito melhor do que ele ( esse sim, o Raí, um cara digno do termo craque).
Voce consegue imaginar o Neymar dizendo o mesmo sobre o Marcelinho?
Ou o Messi entoando loas sobre o Neto?
Não, né?
Neto , na minha opinião, foi um gordão, criador de caso, paneleiro, MASCARADO, que tinha como ponto forte a bola parada porque era PREGUIÇOSO e GORDO demais para ser um atleta.
Marcelinho foi , ao contrário do Neto, um jogador de futebol profissional. Não acho que era um jogador espetacular mas sua história no clube fala por si mesma. Fez muitos gols, talvez na mesma proporção que arrumou problemas e fomentou panelinhas nos grupos que fez parte. E, se caráter é atributo importante para se julgar um jogador de futebol, nesse quesito ele foi muito mal.
Tanto o Neto quanto o Marcelinho são personagens importantes da história do time.
Eu nunca afirmei o contrário, é bom que se diga. O comentário que fiz foi em relação ao termo "craque" e ao termo ídolo, e à forma como outros craques de verdade ficam á margem enquanto estes dois são incensados como expoentes máximos da história do time apenas porque, aparentemente, o que se passou dos anos oitenta pra trás parece não ter importãncia alguma para muita gente ( inclusive e principalmente algumas pessoas da mídia esportiva muito novas e pouco interessadas no que não viram).
O Marcelinho ser chamado de craque me parece um certo exagero, mas é compreensível pela sua história no clube. Agora, o Neto? Se o Neto é craque o Sócrates foi o que? O Rivellino? O Neco? O Teleco? Luizinho?
Não ter visto um atleta em ação de anos passados visto como grande nome da história do clube não me parece justificativa para incensar pernas de pau encrequeiros mais recentes, apenas porque foram campeões. Ou no caso aqui, até mesmo ser vice campeão paulista já é visto como uma extraordinária façanha.
Portanto, com a sua compreensão, gostaria de reiterar o que disse anteriormente, embora eu esteja muito certo de que não serei maioria nisso.
Acho que citar o Marcelinho como um dos grandes jogadores da história do Corinthians um certo exagero, mas um argumento respeitável.
O Neto já é outro caso. Citá-lo como craque o ídolo é caso de não saber muito bem o que significam estes termos. Porque, se alguém que viu o neto jogar e acompanhou sua história como atleta ( eu fiz isso) consegue atribuir esses adjetivos a ele. é sinal de que as coisas certamente não andam muito bem. E disso eu não tenho a menor sombra de dúvida.