Heii, J-Dean.
Me diga uma coisa quem é a gatinha segurando o alfange???
Então vai lá.
Diz a lenda que em uma pequena cidade do interior, um vulto de uma mulher vestida de negro e com uma foice em punho era vista em pontos diferentes do lugarejo altas horas da noite por muitas vezes.
Sempre que essa mulher misteriosa era vista alguma coisa estranha acontecia e a polícia do local era acionada. Certa ocasião, por volta da meia noite a viatura policial chegou a tempo de encontrar um homem de uns 35 anos caído nas últimas e ao ser indagado por um policial, disse assustado e com muito medo que um vulto de uma mulher armada de uma foice havia se aproximado e... Não deu tempo de terminar de falar, pois o coração parou de vez. A verdade é que esse não foi o primeiro, apenas mais um de muitos casos semelhantes ao longo dos anos. E o que dizem na cidade é que esse também não foi o último. O que deixa todos muito alarmados.
Dizem as más línguas que tudo começou desde o dia em que uma família se mudou para aquela cidadezinha que era só paz e sossego. (Mas ninguém fala das festas varando a noite que aconteciam em um
prostibulo com o som altíssimo atrapalhando toda vizinhança de dormir e muito menos das rodinhas de “cheiradores” nos becos e nas beiradas dos muros alheios pela madrugada afora).
Essa família havia chegado pro lugarejo há alguns anos e fora morar numa casa próxima ao unico puteiro do local. A verdade, diz a lenda que chegaram com a mudança pela madrugada e ninguém viu absolutamente nada, apenas pela manhã foi percebido que havia movimentos na casa. Não se sabia quem morava ali, quantas pessoas eram se homens e mulheres ou apenas um e outro. Sabia-se sim que por algumas vezes saía da garagem um carro preto com vidros escuros que sumia por horas e retornava sem que ninguém fosse visto. Imagina-se que fosse a uma cidade vizinha fazer compras ou coisa parecida. Alguém um dia disse ter visto uma mulher loira ao volante, mas nunca foi confirmado tal boato.
O jornaleco local, o “Correio do Córrego Vermelho” associa o começo da aparição do “Vulto da Mulher da Foice” com a chegada da família misteriosa à cidade. “Concidencia?”
Uma outra coisa que não foi dita, é que mesmo antes da mudança dessa família furtos aconteciam nos lares, por vezes sumiam de peças de roupas no varal até aparelhos eletro eletrônicos.
Passarinhos como canários, pintassilgos, João Congo, papagaios, curiós, entre outros, desapareceram aos montes nos últimos tempos, geralmente á noite e só restavam algumas penas para seus donos. Seria uma ação natural dos gatos que existem em grande número na região? Para a abalada comunidade não. Tudo é transferido para o tal vulto da “Mulher da Foite”.
Por informação do delegado, as pessoas que haviam morrido nos últimos anos em ocorrência da visão do vulto da “Mulher da Foice” eram ou ladrões, “cheiradores” com passagem pela polícia e um cara amalucado que perturbava todo mundo na região da casa do carro negro. Esse, coitado, foi encontrado morto dentro de uma vala no quintal de uma casa. Sabe-se que muita gente se sentiu aliviada quando correu a notícia do óbito do famigerado. Ele amedrontou tanta gente, saía pela cidade rasgando até o lixo na porta das casas. Deve ter provocado a ira de um montão de pessoas e caso o chefe de polícia fosse interrogar os possíveis envolvidos certamente que mais da metade da população passaria pelo distrito policial. Mas as suspeitas policiais foram todas direcionadas para o vulto da “Mulher da Foice”.
Outra coisa curiosa é que por vezes, à noite, saía da “casa do carro negro” um som automotivo muito alto incomodando vizinhos da redondeza. Sempre, em torno de meia hora, Amado Batista e Eduardo Costa gritavam baladas bem alto. Ninguém tinha coragem de denunciar, pois suspeitavam que daquela casa viesse o tal vulto da “Mulher da Foice” e morriam de medo, muito medo.
O que as pessoas não conseguiam perceber é que depois do surgimento da lenda da “Mulher da Foice”, as noites ficaram mais tranqüilas, visto que ninguém mais conseguia sair depois da meia noite. O prostibulo agora mudou de ramo e agora promovia festas infantis e bailes para idosos e aposentados, sempre no turno vespertino. Os assaltos às residências chegaram a zero e os “cheiradores” que persistiram no vício mudaram de cidade, segundo estatísticas da polícia local.
Como será que termina nossa história? A polícia vai visitar a casa suspeita? Será que mora mesmo lá uma loira? Encontrará uma coleção de foices trancada na despensa? Pássaros empalhados no porão? Uma capa preta pendurada atrás da porta da sala? Uma coleção de literaturas macabras? Todos os filmes do Conde Drácula?
O que se sabe é que alguns dos desaparecidos não tiveram seus corpos encontrados e surgiu um boato que a “Mulher da Foice” era dona de um matadouro frigorífico que produzia um delicioso salame.
Tudo se volta agora para a varanda de uma casa, numa noite chuvosa onde dois irmãos conversam com uma mulher loira vestida de negro toda sorridente e cheia de histórias, os rapazes gargalham muito ao ouvi-la e quase suspiram pela sua misteriosa beleza. Sobre a mesa cerveja, bisnagas de salame... Num instante há uma queda de energia, tudo fica escuro, ouvem-se longos gritos. Um barulho de lâmina. Será mais uma investida da “Mulher da Foice”?
Fique sabendo no próximo capítulo? Próximo episódio? Semana que vêm? Nãããão, somente quando a luz voltar.