Gato vence profissionais em competição de investimento em ações
Autora: Lara Rizério
SÃO PAULO - O jornal britânico The Guardian desafiou três tipos de investidores para uma disputa de quem conseguiria alcançar a maior rentabilidade ao final do ano de 2012, acompanhando-os durante todo o ano.
Até aí, tudo normal: exceto por um detalhe. Enquanto um grupo era formado por gestores profissionais, outro era composto por alunos de ensino médio da escola John Warner, em Hoddesdon, uma cidade britânica; por fim, e o mais surpreendente: o último grupo era formado apenas por um gato, chamado Orlando – que sagrou-se o campeão do teste.
Cada equipe recebeu um aporte inicial de £ 5 mil para investir em ações de cinco empresas do índice FTSE All-Share no início do ano. A cada três meses, as equipes poderiam trocar os seus papéis, substituindo-os por outros do índice.
Até o final de setembro, os gestores profissionais – estes gestores de riquezas da Seven Investment Management, os corretores da Killick & Co e os gestores de fundo da Schroders Andy Brough -, lideraram os ganhos, com lucro de £ 497,00 ante os £ 292,00 gerenciados por Orlando.
Entretanto, uma reviravolta aconteceu no último trimestre, resultando em um ganho de 4,2% no período para o felino. Assim, ele finalizou o ano com um total de £ 5.542,60, em comparação com £ 5.176,60 dos profissionais. Já os estudantes registraram perdas, totalizando £ 4.480,00 ao final do ano.
Vale ressaltar que apenas uma das ações de Orlando não subiu durante os últimos três meses de 2012. Por outro lado, os profissionais decidiram manter seus papéis do terceiro para o quarto trimestre e pagaram o preço, com as ações da British Gas caindo 19% e da Imagination Technologies tendo baixa de 16,8%, levando a uma forte queda de sua rentabilidade.
Apesar dos estudantes terem ficado na lanterna, eles tiveram uma recuperação nos últimos três meses do ano, sendo que a mudança do portfólio de ações no período foi fundamental, aumentando a rentabilidade da carteira em 5,4%.
Experiência versus aleatoridade
Esse resultado bota em dúvida uma máxima do mercado: quando a maioria das pessoas pensa em algum lugar para investir o dinheiro que economizaram, a busca normalmente acaba quando encontra os profissionais de mercado, que possuem maior experiência no assunto e que possuem métodos bastante elaborados para analisar qual é a decisão mais correta a ser feita em termos de investimento.
Entretanto, o resultado do teste mostrou que um animal de estimação consegue ser muito mais bem sucedido, alcançando maior rentabilidade do que estes profissionais. ”Enquanto os profissionais usaram suas décadas de conhecimento para investir, o gato selecionou as suas ações lançando seu rato de brinquedo favorito em uma grade de números atribuídos a diferentes empresas do índice”, ressalta a reportagem. Assim, o desafio acabou levantando a questão, segundo a reportagem, se alunos de novatos de finanças ou se uma seleção aleatória de ações, como a de Orlando, pode configurar um desempenho tão bom ou até melhor do que os investimentos feitos pelos gestores mais experiente.
“É hora de abrir a ração [para comemorar]“, disse Justin Urquhart-Stewart, um dos gestores que participou do desafio pela Seven Investment Managers, admitindo que o gato “tem talento para os negócios”. Para celebrar o feito, o dono de Orlando comprou um colar vermelho no mesmo estilo dos habituais suspensórios usados pelo gestor.
Com isso, o resultado indica que a “hipótese de passeio aleatório”, popularizada pelo economista Burton Malkiel, também se aplica ao mercado acionário, sendo assim mais verdadeira do que anteriormente pensada. Em seu livro, Malkiel explora a ideia de que os preços das ações se movem de forma totalmente aleatória, tornando este tipo de mercado totalmente imprevisível.