Fonte: http://economia.terra.com.br/noticias/n ... R_82131559
Cansado de preços 'abusivos', publicitário cria site para boicotar SP
Contra abuso nos preços, um publicitário e seus amigos resolveram criar o site BoicotaSP
FELIPE OLIVEIRA
Direto de São Paulo
A cidade de São Paulo "exige" que o paulistano reserve um bom dinheiro para conseguir fazer uma refeição em um restaurante de alto padrão ou ainda para ir a um grande evento. Contra o abuso nos preços, um publicitário e seus amigos resolveram criar o site BoicotaSP (http://www.boicotasp.com.br), onde os paulistanos podem divulgar os estabelecimentos que estão cobrando preços muito caros e reclamar dos valores que, segundo o publicitário, "não condizem com aquilo que se está consumindo".
Responsável pelo site, Danilo Corci afirmou ao Terra que a ideia surgiu após uma conversa com os amigos que os deixou revoltados ao perceberem o quanto ficou mais caro morar na capital paulista. "(O custo de vida em São Paulo) está incomodando bastante. Há dois anos eu saía com minha família para jantar e gastava, em média, R$ 75 ou R$ 80, mas agora isso quase dobrou. Os preços em São Paulo sobem mais que a inflação", afirmou. "Quem sabe com o site conseguimos ajudar para termos preços mais justos?", completou Corci.
O portal mostra um mapa de São Paulo dividido por bairros onde o consumidor pode marcar o estabelecimento comercial que está com o preço considerado abusivo e descrever o "problema". Os locais apontados são dividido por categorias como lanchonete, museu, restaurante, pizzaria e eventos. Em uma das reclamações postadas, um consumidor relatou que um milk shake feito com cerveja e sorvete era servido em uma lanchonete por R$ 45.
O consumidor ainda pode pesquisar por regiões e pelo "ranking de exploração", definido pela quantidade de votos que o local recebe. "Vendo os preços altos em São Paulo resolvemos mapear os lugares para saber onde estamos sendo explorados ou não", afirmou Corci.
Para o criador do site, um dos motivos do preço abusivo é a "velha desculpa do tem quem pague". A descrição do site diz que "nada mais 'novo rico deslumbrado' do que pagar um preço extorsivo por um produto/serviço que não corresponde e fingir que arrasa, mostrar que tem poder de consumo só pelo poder de consumo".
"A gente não quer nenhuma revolução. Estamos pensando na oferta e procura. Se cobram caro pelo serviço é porque tem gente que paga. Se as pessoas deixarem de frequentar o lugar, o estabelecimento vai ter de diminuir os preços. Pensamos que isso será uma maneira das pessoas refletirem sobre o assunto. Acho que se o consumidor começar a dar conta dessa discrepância nos preços, alguma coisa vai acontecer", avaliou o publicitário.
Danilo afirmou que, no primeiro momento, a intenção não é julgar o serviço disponibilizado pelos estabelecimentos, mas apenas destacar os preços abusivos. "Não queremos entrar na discussão se o serviço do local é bom ou ruim. O site servirá apenas como um guia para mostrar os locais com preços abusivos na cidade", afirmou.
O publicitário disse ainda que os responsáveis pelo site não têm condições de entrar em contato com os estabelecimentos comerciais citados, mas esperam se tornar referência para que esses locais possam acessar o site e bater papo com os clientes por meio de comentários. "Os donos de estabelecimentos que estiverem se sentindo incomodados têm todo o espaço para se justificar. Até torcemos para que isso aconteça, para que a gente possa ter uma ideia porque os preços estão tão altos na cidade", disse Corci.
"Não somos um 'Procon' ou um 'Reclame Aqui'. Queremos nos tornar uma referência para que os donos de estabelecimento também nos coloquem no 'radar' para poder dar uma explicação aos seus consumidores", completou.
Acessos
Lançado na segunda-feira, o site teve cerca de cinco mil acessos em menos de 24 horas no ar e chegou a apresentar problemas para aqueles que tentavam acessá-los ontem. O grande volume surpreendeu até mesmo o idealizador do projeto. "Mais de cinco mil pessoas acessaram o site até a tarde de segunda-feira. Tivemos um volume gigante em pouco tempo. A maioria é de pessoas que vem visitar por curiosidade. Foram 15 envios de material nesse período", contabilizou.
"Estamos mudando algumas partes de tecnologia para isso (o site sair do ar) não acontecer. O volume de visitas foi muito concentrado e tivemos muitos acessos simultâneos", concluiu.
Inflação em São Paulo cresceu nos últimos seis meses
O indicador de custo de vida da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) divulgado na segunda-feira apontou que os preços ficaram 0,63% mais altos na cidade em fevereiro de 2013, o sexto mês consecutivo de alta. No acumulado dos últimos 12 meses, encerrados em fevereiro, a alta foi de 5,92%.
De acordo com a FecomercioSP, o aumento de 0,63% no mês equivale a uma inflação anualizada de quase 7,5%, muito acima do centro da meta de inflação do Banco Central, de 4,5%.