Até tú, Scotland Yard...
Execução
Quarta, 17 de agosto de 2005, 07h32 Atualizada às 07h43
Jornais destacam erro de polícia em morte de Jean
As novas revelações vazadas para a TV da Grã-Bretanha sobre as circunstâncias da morte do eletricista Jean Charles de Menezes pela polícia, no mês passado, colocam em xeque a versão anteriormente divulgada pela Scotland Yard sobre o ocorrido e reforçam o caso da família do brasileiro contra a polícia, disseram jornais britânicos em suas edições desta quarta-feira.
"Ele não tentou correr, ele foi imobilizado antes de ser morto, os tiros foram dados enquanto ele estava sentado", estampa o jornal inglês The Guardian em sua principal manchete
Segundo o jornal, "a revelação que vai se mostrar a mais desconfortável para a Scotland Yard é de que o eletricista de 27 anos já havia sido imobilizado por um policial antes de levar oito tiros, sete deles na cabeça".
O jornal ainda destaca que o eletricista não foi propriamente identificado porque o policial responsável estava no banheiro no momento exato em que ele deixava sua casa; que Jean Charles não sabia que estava sendo seguido, não estava usando um casaco de inverno, não correu da polícia e não pulou a roleta do metrô.
Em sua primeira página, o Daily Mail pergunta: "Como foi que eles erraram tão feio?" e, em uma coluna, mostra, passo-a-passo, como o público foi enganado pelas primeiras declarações da polícia, que inicialmente disse que Jean Charles usava um casaco de inverno onde poderia estar escondida uma bomba e saltou a roleta do metrô e fugiu, ao perceber que estava sendo seguido.
O jornal The Independent afirma que um "catálogo de erros da polícia levou à morte do brasileiro" e diz que as alegações colocam a família do eletricista em uma melhor posição contra a Scotland Yard.
Por sua vez, diário The Times afirma que o chefe da Polícia Metropolitana, Ian Blair, vai ser pressionado a explicar como uma sofisticada operação policial deu tão errado, e o Daily Telegraph questiona as declarações iniciais de Blair, que insistiu que a morte do eletricista foi a trágica conseqüência de uma operação legítima.
O Financial Times, por sua vez, destaca que os tiros contra Jean Charles foram disparados por dois policiais.
BBC Brasil