Esta história se passou na boate Dama da Noite, que deveria se chamar Capiroto da Noite, uma das boates mais trash de sampa, numa época que seu chão era de tacos e tinha vários faltando (não sei se foi reformada, nunca mais fui).
Escolhida uma garota fomos para o quarto.
Bem, a história começa justamente aqui...
Para ir para o quarto (que ficava no porão da casa) tivemos que descer uma escadinha apertada em caracol que ficava do lado do bar num tipo de buraco no chão, reclamei para a gp e ela retrucou "tem coisa pior"...
Adentramos num quarto escuro (única luz era uma lampada de luz negra) reclamei da única lampada e a gp falou "tem coisa pior"...
Fui me sentar na cama para tirar os calçados, e para isso apoiei a mão no colchão (que era apenas uma espuminha) e minha mão quase foi até o chão num buraco no estrado, reclamei para a gp e ela me disse para ter cuidado pois a cama toda era cheia desses buracos, mas tinha coisa pior...
Perguntei então o que era pior e ela respondeu "olha para cima, cuidado com os fios de luzes"...
A fiação era toda pendurada pelo teto e paredes, e emendada de qualquer jeito com uns fiapos de fita isolante ou grepe (ou seria esparadrapo?). Falei: É melhor não ficar em pé na cama com esses fios perigosos roçando a cabeça, e ela falou: "tem coisa pior"...
E eu: "O quê?" Ela: "Olha o chuveiro."
Olhei, ficava num canto, sem box, sem vaso, sem pia, a água caia direto no chão do quarto, também de tacos. que mesmo com a luz negra dava para ver que estavam cheios de mofo e limo, e saia por um buraquinho no canto da parede.
Diante disso falei: "Bem agora deu né, ou ainda tem coisa pior?" E ela: "Tem, tem coisa pior."
E eu de novo:
"O quê?"
E Ela:
"Quando a casa fecha, o dono põem os cachorros do quintal aqui para virem dormir nas camas."
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A sequência dessa história foi...
Já que tinha pago eu iria até o fim, tudo porque a garota era bem bonita, alta, branca, magra, cabelo preto bem liso até a cintura, magra, ou seja perfil modelete do jeito que curto, encontrada perdida numa casa trash.
Porém,
Não sabia onde colocava meus pés naquele quarto muquifo de chão imundo e molhado.
Em cima da cama ora eram minhas mãos que afundavam, ora eram meus joelhos, ora meus cotovelos.
E, se ainda não bastasse, a gp era muita fresca na cama.
Mas depois fiquei pensando... apesar do atendimento ruim no quarto pois no salão ela foi legal, era uma coitada, pois foi trampar num lugar de quinta categoria.
Enfim, programa trash, numa boate trash, num quarto pra lá de trash.
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Quem conheceu esta casa sabe do que estou falando.