POSITIVO Nome da Garota:Suzy
Fez Oral sem camisinha:SIM
Fez Anal:NÃO
Beijou na Boca:SIM
Nota:8
Quando despertei, estava diante de uma tela de cinema, por alguns segundos não lembrava como fui parar ali. Fiquei estático, tentando esperar completar o reboot e voltar a memória. Na tela, duas mulheres se beijavam, num clima homoerótico da melhor qualidade. Que filme era? Até hoje não sei. Começava a me recordar que sentei no Amarelinho, pedi 3 doses de Salinas (a minha favorita) e degustei uma porção de queijo provolone como aperitivo. Eu estava no cine Odeon, lembrei. Fui assistir a um filme no meio da tarde para fazer hora e entrar em algum bordel na saída. Levantei-me da cadeira e saí do cinema. Antes da pandemia, Cinelândia num clima frenético de quinta-feira, gente se cruzando na rua como fantasmas que não se enxergassem. Eu continuava um pouco entorpecido pelo efeito da cachaça. Decidi parar num boteco quase na esquina da Senador Dantas para tomar uma água mineral. Encosto no balcão, peço a água e um senhor gordinho e careca ao meu lado me aborda com uma conversa despropositada.
– Esses políticos são uns merdas – ele diz.
– Hum... É... – Respondo sem interesse.
– Bom mesmo foi a monarquia.
– Monarquia, meu senhor? Nós não vivemos aquela época, difícil saber.
– É só estudar história. A monarquia sim, tempo bom.
– ... – Sim, forista sem fé, preferi ficar em silêncio reticente.
– Dom Pedro II era o homem, nosso imperador – o careca baixinho insistia no assunto.
– ... – Mantive o silêncio reticente.
– Dom Pedro II não foi o melhor líder que tivemos?
- Cof.. Cof... – Preferi tossir a responder, estava pisando em ovos enquanto tomava a água mineral.
– Dom Pedro tem que voltar. Volta, Dom Pedro! Volta Dom Pedro!... – o velhote começou a gritar em espasmos de histerismo.
Engoli a água engasgando e praticamente corri do botequim. Loucos estão à solta. O Rio é um manicômio.
Ainda atordoado, não tinha certeza de para onde ir. Segui a Av. Rio Branco, eu parecia estar num contrafluxo humano, toda a multidão das calçadas pareciam vir contra mim. Quando passei em frente à Sete de Setembro, entrei. Fui andando, como se minha bússola interior estivesse quebrada. Em determinada altura, o instinto me levou á porta da Cancun. De repente, ouvi um som meloso, um som do passado que vinha não sei de onde, uma música da década de 70 começou a tocar alta em algum lugar que eu não identificava, o romantismo dos anos 70 invadiu a atmosfera enquanto eu decidia se entrava ou não no bordel.
I need you love
O universo mundano é um naufrágio de amores – pensei enquanto a música me fazia viajar à entrada do puteiro.
Senti um tapa forte nas minhas costas, levei um susto. Olha para trás, não era um psicótico covarde me abordando à traição, era o meu bom e dileto amigo. Um encontro raro e mágico no Centro da Cidade.
– O que está fazendo aqui, Dante?
– O que eu poderia estar fazendo na porta do puteiro, Teixe? Decidindo se entro.
– Porra! Vamos então entrar logo nessa bagaça – Teixeirinha sempre foi um desbocado master.
Entramos na uisqueria...
– Caraii, Dante. Isso é puteiro ou enfermaria?
O clima da uisqueria da Cancun, novamente, não surpreendeu. O Teixeirinha exagerou ao comparar o salão com uma enfermaria, eu continuo considerando mais parecido com a sala de leituras da Biblioteca Nacional. Entrar na uisqueria da Cancun é ficar em dúvida se entrou no lugar certo, você pode pensar que entrou numa enfermaria (como o Teixe), numa biblioteca (como eu), numa capela de oração, na antessala de um médico de surdos-mudos, numa UTI etc. Meninas de comportamento apático, atendimento de funcionários que parecem não querer atender, um desastre. Pagamos para sair dali.
Fomos seguindo a Rio Branco, atravessamos a Presidente Vargas e alcançamos a Uruguaiana. Ao passarmos em frente as escadas da 210, concordamos em escalar o sobrado e verificar a situação.
O espaço claustrofóbico, a música alta, a neblina de cigarros, corpos espremidos, o barman quase jogando a garrafa de long neck na nossa cara, mas havia a alegria que a Cancun desaprendeu a fabricar.
– Dante, se lá era enfermaria, isso aqui está parecendo presídio com superlotação. – Meu camarada Teixe tinha razão. A casa estava tão cheia que ficar lá dentro parecia irrespirável.
Vejo uma morena, aparência de balzaquiana, estava entubada num vestido justíssimo, pernas grossas, olhos negros, cabelos escuros e compridos, rosto de cigana. Estava conversando com um idoso. Depois do Viagra, todo velhinho acha que pode dar uma. Quando o matusalém se afastou, eu avancei. Fiz a entrevista básica para evitar o pesadelo da alcova, a menina foi aprovada. Suzy seu nome. Pedi uma das masmorras da 210 e subimos. Quando estava galgando as escadas, começa a tocar “Shape of You”, escutei um gritinho agudo e quando olho para baixo Teixeirinha dançava eufórico entre as putas.
Shape You
Já na masmorra, a coroa me surpreendeu. Inteiraça nua, conseguiu deixar meu velho e combalido pênis inteiriço em pouco tempo. Beijos, pegação, chupação e coloco de quatro para um daqueles orgasmos que entram para os livros de história. Quando eu já colocava a roupa, a balzaca pediu caixinha. Como foi carinhosa e dedicada, deixei a minha homenagem revertida em reais. Quando voltei para a pista, o Teixeirinha não estava mais lá, é sempre assim. Pego o rumo do metrô, atravesso o camelódromo, uma galera bebia no entorno da estação, de uma das barracas vaza uma antiga batida conhecida.
Lose Your Self
Eminem... Parei num camelô com isopor e pedi uma cerveja, quis escutar a música. Olhei em volta, a vida pulsava sem vírus, sem medo, prestes a ser paralisada. Dei o primeiro gole e o álcool deslizou gostoso pela minha garganta.