Comecei minha turnê erótica por um grande bairro do subúrbio e descobri que a existência de vida inteligente na noite de Bonsucesso se resume à entrada da SUAM, uma ilha onde ainda vemos o borbulhar de universitários em clima de esbórnia. O resto do território é silencioso, deserto, sombrio e com aspecto ameaçador. Na região, se concentram três bordéis: todos decadentes. A coincidência é que a decrepitude dos bordéis cariocas é um fato que se alastrou por toda a cidade, a falta de dinheiro no país do desemprego não favorece a luxúria. Soma-se a isso a limitada gestão dos rufiões velhos neste período de severa crise econômica.
As maiores casas de Bonsucesso cobram valores incompatíveis pelo que são e pelo ponto em que se localizam. Faz-se premente que a realidade nacional seja compreendida pelos proprietários de alguns estabelecimentos voltados para o sexo. Se querem continuar alimentando a margem de lucro pelos preços majorados, melhor fecharem antes de morrerem por desnutrição aguda. O mesmo acontece no Centro do Rio, onde os trashs com preços populares ainda conseguem o lupanário clima de euforia que torna esse lazer um vício contagiante. As casas maiores, como Cancun, 44 e outras do mesmo porte padecem diariamente sonhando com um tipo de cliente que não mais existe na quantidade que sustente o modelo de negócio que ainda se quer seletivo, quando deveria abrir as fronteiras para todas as classes sociais. A verdade é que essas casas de maior porte, supostamente de luxo, se tornaram elefantes brancos, com alto valor de manutenção e pouco atrativas para o cliente mediano.
Não há criatividade nos velhos rufiões que ultrapasse a promoção de cerveja. Não flexibilizam o suficiente para sobreviverem. Nesse vácuo, os sobrados onde se instalam os bandejões sexuais prosperam oferecendo instalações mais simples, a possibilidade de que as mulheres possam atender em hotéis próximos, bebidas com valores semelhantes a qualquer bar de rua e uma alegria que contrasta com a depressão generalizada que atingiu as casas de tolerância. Quando cito as “instalações mais simples” dos trashs, não estou dizendo que as alcovas das casas consideradas de primeira linha sejam melhores, a maioria é semiprecária e se diferencia apenas no preço do aluguel. Os trashs fazem o básico e angariam público, principalmente pelos preços acessíveis e até pela maior diversidade de garotas, imagine se fizessem mais. Não possuem lençóis de cetim nem travesseiros de pena de ganso, mas não afetam tanto o orçamento de quem tenta sobreviver às adversidades financeiras atuais.
Não sei o porquê, mas sempre fico com a impressão de que o rufião velho é aquele sujeito que arranja uma loja, abre a porta de ferro, põe uma placa de neon na entrada, manda distribuir panfletos, flyers e espera sentado o dinheiro entrar. Acostumaram-se com o passado próspero e ainda não aceitaram o presente indigesto. Agora, seria necessário trabalhar, usar prioritariamente o cérebro. Pensar em lucro fácil é marcar a data do próprio velório. Hoje, a fórmula mais óbvia é o lucro pelo volume, não mais pela majoração.
Diante da devastação atômica que atingiu o Rio, talvez só sobrevivam os trashs e as baratas. Assim, chegaremos a surpreendente conclusão de que as baratas são mais inteligentes do que muitos dos velhos rufiões.
As maiores casas de Bonsucesso cobram valores incompatíveis pelo que são e pelo ponto em que se localizam. Faz-se premente que a realidade nacional seja compreendida pelos proprietários de alguns estabelecimentos voltados para o sexo. Se querem continuar alimentando a margem de lucro pelos preços majorados, melhor fecharem antes de morrerem por desnutrição aguda. O mesmo acontece no Centro do Rio, onde os trashs com preços populares ainda conseguem o lupanário clima de euforia que torna esse lazer um vício contagiante. As casas maiores, como Cancun, 44 e outras do mesmo porte padecem diariamente sonhando com um tipo de cliente que não mais existe na quantidade que sustente o modelo de negócio que ainda se quer seletivo, quando deveria abrir as fronteiras para todas as classes sociais. A verdade é que essas casas de maior porte, supostamente de luxo, se tornaram elefantes brancos, com alto valor de manutenção e pouco atrativas para o cliente mediano.
Não há criatividade nos velhos rufiões que ultrapasse a promoção de cerveja. Não flexibilizam o suficiente para sobreviverem. Nesse vácuo, os sobrados onde se instalam os bandejões sexuais prosperam oferecendo instalações mais simples, a possibilidade de que as mulheres possam atender em hotéis próximos, bebidas com valores semelhantes a qualquer bar de rua e uma alegria que contrasta com a depressão generalizada que atingiu as casas de tolerância. Quando cito as “instalações mais simples” dos trashs, não estou dizendo que as alcovas das casas consideradas de primeira linha sejam melhores, a maioria é semiprecária e se diferencia apenas no preço do aluguel. Os trashs fazem o básico e angariam público, principalmente pelos preços acessíveis e até pela maior diversidade de garotas, imagine se fizessem mais. Não possuem lençóis de cetim nem travesseiros de pena de ganso, mas não afetam tanto o orçamento de quem tenta sobreviver às adversidades financeiras atuais.
Não sei o porquê, mas sempre fico com a impressão de que o rufião velho é aquele sujeito que arranja uma loja, abre a porta de ferro, põe uma placa de neon na entrada, manda distribuir panfletos, flyers e espera sentado o dinheiro entrar. Acostumaram-se com o passado próspero e ainda não aceitaram o presente indigesto. Agora, seria necessário trabalhar, usar prioritariamente o cérebro. Pensar em lucro fácil é marcar a data do próprio velório. Hoje, a fórmula mais óbvia é o lucro pelo volume, não mais pela majoração.
Diante da devastação atômica que atingiu o Rio, talvez só sobrevivam os trashs e as baratas. Assim, chegaremos a surpreendente conclusão de que as baratas são mais inteligentes do que muitos dos velhos rufiões.
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