AS TERMAS PÓS-PANDEMIA
Li uma matéria em O Globo alertando que 40% das salas comerciais do Centro do Rio estão sendo devolvidas aos proprietários. O número é alarmante, são 40% do total de salas em prédios comerciais que ficarão vazias e sem perspectivas de nova ocupação. Já se fazia visível a decadência do Centro antes da pandemia, talvez pelo alto índice de desemprego da cidade, pelo fechamento de muitas empresas ou pelo início da falência do comércio da região. O avanço da crise também podia ser testemunhado por quem frequenta as Termas, que na maior parte da semana ficavam às moscas ou com movimento significativamente reduzido, apoiavam-se no imprevisível movimento de clientes às quintas e sextas-feiras. Até mesmo os trashs estavam sendo afetados pelos efeitos de devastação econômica.
Quem ainda mantinha o hábito de excursionar à noite pelas ruas no entorno da Av. Rio Branco e Marechal Floriano, percebia que após às 20h tudo começava a ficar ermo e ameaçador. Conheci gente que foi assaltada quando transitava pela Marechal Floriano por esse horário; eu quase fui assaltado na Av. Rio Branco indo em direção à Cinelândia, em torno das 21h. Quem andava pelo Centro há dez anos não o reconhecia atualmente. A imagem árida e empobrecida machuca o boêmio de hoje.
No meio do apocalipse, estão as velhas e renomadas Termas. O que restou? A internacional 4x4 aparenta ter se transformado em jazigo perpétuo; a 21 caduca e minha previsão é de que não deve sobreviver nos moldes em que tenta existir; a 65 nunca mais conseguiu recuperar a alma da saudosa e original 65, com exceção de um breve período da sua reinauguração; a 502 de segunda a quarta-feira era um pasto sem gado, só voltava a respirar as quintas e sextas. Bombeirinho, 114, 210, Afrodite e os inferninhos da rua Leandro Martins seguiam por um caminho insalubre. A verdade é que boêmios e libertinos estavam vivendo de saudade ou tentando se convencer de que a coisa não era tão ruim assim.
Eu já tinha me restringido a frequentar um único local, o Clube 26 ali próximo à Uruguaiana. Eu me sentia bem atendido em todos os aspectos e não sofria extorsão.
Apesar da queda de receita, da perda de clientes, da ausência de um número razoável de mulheres bonitas, todas as boates insistiam nos seus erros ancestrais, como se a realidade do entorno não fosse real para os gestores dessas casas. Valores dos itens de consumo cobrados com cifras de agiotagem, programas que feriam o poder aquisitivo da maioria dos potenciais clientes, péssima recepção e atendimento ruim. Diante do fim do mundo, aqueles que comandam as Termas continuavam se comportando com indiferença.
Veio a pandemia. Foram obrigados a fechar. Teimaram no início, mas não houve saída. Fecharam.
Agora, reabrem. Não me arrisquei a ir ao Centro após afrouxarem o controle sobre o vírus, mas o que ouço é que tudo continua igual, a diferença é que as casas estão ainda com mais dificuldade em manter o pulso pulsando. Todas estão na UTI e seus gerentes, arrendatários e donos estão completamente perdidos. Costumo dizer que casas de entretenimento sexual só se conduzem bem nos períodos de vacas gordas, proxenetas são ineptos para navegarem nas tempestades. Você, forista questionador, poderia dizer que todos os empresários sofrem nas tempestades, eu concordaria, mas muitos também sobrevivem e saem até fortalecidos. Por quê? Porque a tempestade exige mentes criativas, pede um corpo flexível, intima a redução da ganância, obriga a valorização do cliente e condições mais atrativas para as meninas. Infelizmente, o proxeneta carioca possui um cérebro petrificado e não compreende nada disso.
Dou um exemplo, nenhum gestor de Termas enxerga os Fóruns ou percebe o potencial de um forista. Alguns nos consideram muquiranas, chupa-cabras, dispensáveis. Não nos seduzem com promoções, não nos recebem com carinho, não nos atendem com capricho. Já ouvi gestor de bordel dizer que fórum é “babaquice”, como já ouvi dizerem que é “imoral”. Imoral?! Acredite, forista sem fé, eu ouvi isso de um rufião. Foristas são valorizados por privês, por freelas, mas nunca por Termas. Pergunto: como essas casas enormes, com despesas imensas, que atualmente se tornaram elefantes brancos, podem se dar ao luxo de desprezarem os fóruns? Fóruns são painéis de marketing gratuitos. E o melhor é que a publicidade é feita pelo cliente satisfeito. Na verdade, esses gestores desprezam a Internet como um todo, resumem-se a manipular WhatsApp e criar páginas no Facebook e *naopode* para nos exaurirem com aqueles banners pouco criativos e insistentes. Falta se modernizarem, estudarem ou contratarem alguém que conheça Storytelling para melhorar a publicidade. Quem conhece marketing sabe do que falo.
Por falar em Storytelling, as casas de entretenimento erótico encontram nos foristas exímios praticantes involuntários dessa arte, mas não se interessam em captá-los. Eu queria que algum proprietário de Termas lesse este tópico, mas provavelmente não entenderia nada. Não se interessam. Termas funcionaram por décadas no modo automático, é difícil mudar, é difícil desenvolver inteligência num negócio que funciona apenas por reflexo condicionado.
Pode ser que as Termas do Centro resistam por mais algum tempo no pós-pandemia, mas sou pessimista. O que já estava ruim inevitavelmente ficará pior. Principalmente, pelo cenário econômico da maioria dos cariocas e dos brasileiros. O turismo oriundo do exterior deve rarear, o que complica mais situação. Onde os donos de termas poderiam investir para encontrarem clientes? A resposta é óbvia, nos fóruns, nos foristas, numa nova narrativa, num novo modelo de preços e atendimento. Farão isso? Duvido.
Aqui no fórum, temos um nicho de pessoas que gostam de diversões eróticas. Melhor do que isso, gostam de compartilhar experiências eróticas e opiniões sobre os lugares que frequentam. Um fórum é uma caixa cheia de clientes. Não falo dos foristas que marcam encontros, reuniões ou festas, esses são os piores, falo daqueles que aparecem aqui para ler e coletar dicas. São milhares. Mas as Termas desprezam isso e seus donos nem sequer querem ouvir falar.
As palavras que resumem este longo texto são falta de visão, incompetência, arrogância e estupidez. Por tudo isso, o que prevalece em quem observa o cenário é o pessimismo e a tristeza por saber que os bons tempos talvez nunca mais voltem.
Li uma matéria em O Globo alertando que 40% das salas comerciais do Centro do Rio estão sendo devolvidas aos proprietários. O número é alarmante, são 40% do total de salas em prédios comerciais que ficarão vazias e sem perspectivas de nova ocupação. Já se fazia visível a decadência do Centro antes da pandemia, talvez pelo alto índice de desemprego da cidade, pelo fechamento de muitas empresas ou pelo início da falência do comércio da região. O avanço da crise também podia ser testemunhado por quem frequenta as Termas, que na maior parte da semana ficavam às moscas ou com movimento significativamente reduzido, apoiavam-se no imprevisível movimento de clientes às quintas e sextas-feiras. Até mesmo os trashs estavam sendo afetados pelos efeitos de devastação econômica.
Quem ainda mantinha o hábito de excursionar à noite pelas ruas no entorno da Av. Rio Branco e Marechal Floriano, percebia que após às 20h tudo começava a ficar ermo e ameaçador. Conheci gente que foi assaltada quando transitava pela Marechal Floriano por esse horário; eu quase fui assaltado na Av. Rio Branco indo em direção à Cinelândia, em torno das 21h. Quem andava pelo Centro há dez anos não o reconhecia atualmente. A imagem árida e empobrecida machuca o boêmio de hoje.
No meio do apocalipse, estão as velhas e renomadas Termas. O que restou? A internacional 4x4 aparenta ter se transformado em jazigo perpétuo; a 21 caduca e minha previsão é de que não deve sobreviver nos moldes em que tenta existir; a 65 nunca mais conseguiu recuperar a alma da saudosa e original 65, com exceção de um breve período da sua reinauguração; a 502 de segunda a quarta-feira era um pasto sem gado, só voltava a respirar as quintas e sextas. Bombeirinho, 114, 210, Afrodite e os inferninhos da rua Leandro Martins seguiam por um caminho insalubre. A verdade é que boêmios e libertinos estavam vivendo de saudade ou tentando se convencer de que a coisa não era tão ruim assim.
Eu já tinha me restringido a frequentar um único local, o Clube 26 ali próximo à Uruguaiana. Eu me sentia bem atendido em todos os aspectos e não sofria extorsão.
Apesar da queda de receita, da perda de clientes, da ausência de um número razoável de mulheres bonitas, todas as boates insistiam nos seus erros ancestrais, como se a realidade do entorno não fosse real para os gestores dessas casas. Valores dos itens de consumo cobrados com cifras de agiotagem, programas que feriam o poder aquisitivo da maioria dos potenciais clientes, péssima recepção e atendimento ruim. Diante do fim do mundo, aqueles que comandam as Termas continuavam se comportando com indiferença.
Veio a pandemia. Foram obrigados a fechar. Teimaram no início, mas não houve saída. Fecharam.
Agora, reabrem. Não me arrisquei a ir ao Centro após afrouxarem o controle sobre o vírus, mas o que ouço é que tudo continua igual, a diferença é que as casas estão ainda com mais dificuldade em manter o pulso pulsando. Todas estão na UTI e seus gerentes, arrendatários e donos estão completamente perdidos. Costumo dizer que casas de entretenimento sexual só se conduzem bem nos períodos de vacas gordas, proxenetas são ineptos para navegarem nas tempestades. Você, forista questionador, poderia dizer que todos os empresários sofrem nas tempestades, eu concordaria, mas muitos também sobrevivem e saem até fortalecidos. Por quê? Porque a tempestade exige mentes criativas, pede um corpo flexível, intima a redução da ganância, obriga a valorização do cliente e condições mais atrativas para as meninas. Infelizmente, o proxeneta carioca possui um cérebro petrificado e não compreende nada disso.
Dou um exemplo, nenhum gestor de Termas enxerga os Fóruns ou percebe o potencial de um forista. Alguns nos consideram muquiranas, chupa-cabras, dispensáveis. Não nos seduzem com promoções, não nos recebem com carinho, não nos atendem com capricho. Já ouvi gestor de bordel dizer que fórum é “babaquice”, como já ouvi dizerem que é “imoral”. Imoral?! Acredite, forista sem fé, eu ouvi isso de um rufião. Foristas são valorizados por privês, por freelas, mas nunca por Termas. Pergunto: como essas casas enormes, com despesas imensas, que atualmente se tornaram elefantes brancos, podem se dar ao luxo de desprezarem os fóruns? Fóruns são painéis de marketing gratuitos. E o melhor é que a publicidade é feita pelo cliente satisfeito. Na verdade, esses gestores desprezam a Internet como um todo, resumem-se a manipular WhatsApp e criar páginas no Facebook e *naopode* para nos exaurirem com aqueles banners pouco criativos e insistentes. Falta se modernizarem, estudarem ou contratarem alguém que conheça Storytelling para melhorar a publicidade. Quem conhece marketing sabe do que falo.
Por falar em Storytelling, as casas de entretenimento erótico encontram nos foristas exímios praticantes involuntários dessa arte, mas não se interessam em captá-los. Eu queria que algum proprietário de Termas lesse este tópico, mas provavelmente não entenderia nada. Não se interessam. Termas funcionaram por décadas no modo automático, é difícil mudar, é difícil desenvolver inteligência num negócio que funciona apenas por reflexo condicionado.
Pode ser que as Termas do Centro resistam por mais algum tempo no pós-pandemia, mas sou pessimista. O que já estava ruim inevitavelmente ficará pior. Principalmente, pelo cenário econômico da maioria dos cariocas e dos brasileiros. O turismo oriundo do exterior deve rarear, o que complica mais situação. Onde os donos de termas poderiam investir para encontrarem clientes? A resposta é óbvia, nos fóruns, nos foristas, numa nova narrativa, num novo modelo de preços e atendimento. Farão isso? Duvido.
Aqui no fórum, temos um nicho de pessoas que gostam de diversões eróticas. Melhor do que isso, gostam de compartilhar experiências eróticas e opiniões sobre os lugares que frequentam. Um fórum é uma caixa cheia de clientes. Não falo dos foristas que marcam encontros, reuniões ou festas, esses são os piores, falo daqueles que aparecem aqui para ler e coletar dicas. São milhares. Mas as Termas desprezam isso e seus donos nem sequer querem ouvir falar.
As palavras que resumem este longo texto são falta de visão, incompetência, arrogância e estupidez. Por tudo isso, o que prevalece em quem observa o cenário é o pessimismo e a tristeza por saber que os bons tempos talvez nunca mais voltem.